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Assistência judiciária gratuita - AJG: procedimentos e condições para obtenção no processo civil, na justiça estadual gaúcha

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GERSON JAIME RODRIGUES

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – AJG:

PROCEDIMENTOS E CONDIÇÕES PARA OBTENÇÃO NO PROCESSO CIVIL, NA JUSTIÇA ESTADUAL GAÚCHA

Santa Rosa (RS) 2012

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GERSON JAIME RODRIGUES

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – AJG:

PROCEDIMENTOS E CONDIÇÕES PARA OBTENÇÃO NO PROCESSO CIVIL, NA JUSTIÇA ESTADUAL GAÚCHA

Trabalho de Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de curso.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DECJS - Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador: MSc. Luiz Raul Sartori

Santa Rosa (RS) 2012

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Dedico este trabalho a minha esposa Vera, meu filho Leonardo e minha filha Helena por toda a paciência, compreensão, estímulo e por estarem sempre ao meu lado. Aos meus pais, Otavico (in memorium) e Terezinha, que sempre sonharam com este momento e por terem dedicados suas vidas a mim. Aos meus irmãos, Edson e Fabricia. Aos meus avós, Edvino e Maria (in memorium). Dedico-lhes esta conquista com gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, professor Mestre Luiz Raul Sartori, pela dedicação e colaboração neste trabalho. Aos meus colegas e amigos que compartilharam desta caminhada. A minha família e ao meu irmão Edson pelo apoio.

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“Se a vida do homem em sociedade pressupõe a existência de um direito, não basta, apenas, que existam normas que regulem a vida dos homens; necessário se faz que estas normas sejam cumpridas.”

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RESUMO

Este trabalho de pesquisa monográfica faz uma análise acerca do Acesso à Justiça Gratuita, desde seu surgimento e evolução, passando pela sua aplicabilidade perante a Legislação, e trazendo a realidade, a formalidade e a efetividade. Estuda, também, os passos para se obter o acesso junto ao judiciário gaúcho, buscando esclarecer o significado deste benefício concedido ao cidadão no judiciário, e seus aspectos fundamentais. Para o deferimento, é necessário cumprir alguns critérios e condições que serão analisados. Faz, ainda, um relato acerca da importância da análise dos rendimentos financeiros dos requerentes, bem como o atual estágio em que se encontra tal benefício sob os olhos da jurisprudência.

Palavras-Chave: Processo Civil. Acesso à Justiça Gratuita. Assistência Judiciária Gratuita. Do Pedido ao Deferimento.

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ABSTRACT

This monograph research makes an analysis about the free justice access, from its emergence, evolution and applicability brought the legislation, bringing the reality formality and effectiveness. Also shows the steps to get access at the Gaúcho Judiciary, searching to clarify the meaning of this benefit allowed to the citizens and its fundamental aspects. In order to have deferment it´s necessary to comply some criteria and conditions that are analyzed, also it was reported the importance of the applicants financial income analysis as well as the current stage of the benefit under the justice view.

Key Words: Civil Process. Free Justice Access. Grant the request. Free Legal Assistance.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 09

1 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA ... 11

1.1 O acesso à justiça: surgimento e evolução ... 11

1.2 Conceito de assistência judiciária gratuita ... 15

1.3 Legislação pertinente ... 16

2 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA NA JUSTIÇA ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL ... 19

2.1 Critérios e condições ... 19

2.2 Rendimentos financeiros dos requerentes ... 22

2.3 Análise da jurisprudência ... 25

CONCLUSÃO ... 28

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objetivo esclarecer alguns pontos sobre o direito de acesso à justiça gratuita, seu surgimento e a possibilidade de concessão da gratuidade judiciária às pessoas físicas e jurídicas, com e sem fins lucrativos.

Um dos pilares fundamentais para uma sociedade mais justa é o acesso à justiça, sistema este, onde as pessoas podem reivindicar seus direitos com igualdade perante seu opositor, no que tange a discussão da lide.

Com os olhos voltados para esta igualdade, é que ao longo dos séculos tal acesso vem sendo aprimorado, e desde os tempos da antiga Roma, esta tão importante concessão já caminhava ao encontro com os mais necessitados. Isto com a intenção de, pelo menos, não deixar que os mais fracos ficassem a mercê dos mais fortes perante a justiça.

Abordar-se-á alguns momentos históricos do acesso ao judiciário pelos menos favorecidos financeiramente, bem como a igualdade dos cidadãos perante a justiça na discussão da lide. Serão demonstradas questões que contemplarão desde o pedido até o deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, e os procedimentos formais para sua postulação.

Verificando-se que no Estado do Rio Grande do Sul, as pessoas físicas e jurídicas, com e sem fins lucrativos, que se encontram impossibilitadas financeiramente de arcar com as custas processuais, possuem o direito à assistência judiciária gratuita – AJG, mediante determinados critérios e condições. O benefício da AJG, no Processo Civil Gaúcho é concedido, principalmente, pela comprovação por meio de documentos levados ao Poder Judiciário (declaração, certidões, extrato de imposto de renda, contra cheque, etc...).

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A assistência jurídica gratuita, constitucionalmente assegurada, tem por finalidade atender as classes mais necessitadas. Para que isso ocorra, é necessário que este acesso seja regrado, pois alguns requisitos devem ser cumpridos para que a ordem e a tramitação dos processos no judiciário permaneçam cotidianamente em pleno funcionamento.

Dessa forma, pretendo apresentar no presente trabalho à possibilidade e viabilidade de acesso à justiça gratuita, no processo civil, na estrutura existente na justiça gaúcha.

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Neste primeiro capítulo abordar-se-á o acesso à justiça, compreendendo o surgimento, evolução e o conceito de Assistência Judiciária Gratuita – AJG – segundo alguns doutrinadores, buscando esclarecer o significado deste benefício concedido ao cidadão no judiciário e a legislação pertinente que se submete.

1.1 O acesso à justiça: surgimento e evolução

O acesso à justiça é fundamental para o equilíbrio dos direitos e deveres, principalmente para amparar os menos favorecidos.

Assim segundo Caovilla, (2003, p.35):

O termo acesso à justiça tem por objetivo alcançar a justiça social, através da conscientização da população de seu real significado, que não pode resumir-se apenas no acesso ao poder judiciário. Por resumir-ser um valor absoluto, a justiça é um princípio que pretende ser válido sempre e em todas as partes, independente do espaço e do tempo.

Com a evolução da humanidade e o crescimento das cidades, os mais diversos tipos de conflitos de interesses surgiram. Em conseqüência, o direito aparece como instrumento necessário para regular a vida do homem em sociedade. Para que estes conflitos sejam solucionados da melhor forma possível, sem que uma das partes obtenha mais vantagem que a outra, é necessário garantir um acesso à jurisdição. Conflitos são cada vez mais comuns, e o acesso ao Judiciário deve acompanhar este aumento na mesma proporção. E um dos instrumentos indispensáveis para esta evolução é, sem dúvidas, a Assistência Judiciária Gratuita.

É uma atividade que consiste na prestação de um serviço que atenda o cidadão perante o judiciário, quando este estiver impossibilitado financeiramente em relação aos gastos com o andamento do processo na defesa dos seus direitos.

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serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico – o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. Primeiro o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos.

Segundo Marcacini (1996, p. 5-6):

Desde os tempos remotos, o Direito guarda relação com o justo, e isto fez com que ao pobre fossem concedidos graças, favores, proteção. A preocupação de não deixar que o fraco fosse oprimido pelo mais forte, já se mostrava presente na Babilônia de Hamurabi. Humberto Peña de Moraes menciona, citando Jayme de Altavila, inscrição que Hamurabi mandou fazer em seu monumento: Eu sou o governador guardião. Em meu seio trago o povo das terras de Sumer e Acad. Em minha sabedoria eu os refreio, para que o forte não oprima o fraco e para que seja feita justiça à viúva e ao órfão. Que cada homem oprimido compareça diante de mim, como rei que sou da justiça. Para defender os pobres em Atenas, eram nomeados dez advogados por ano, conforme antecedentes históricos sobre a assistência jurídica.

Já em tempos antigos, conforme ensina Marcacini (1996, p. 5):

Em Roma, considera-se que tenha sido obra de Constantino a primeira inserção, em texto legal, para que fosse dado advogado a quem não o tivesse, norma que seria incorporada, posteriormente, por Justiniano, ao Digesto, Livro I,Titulo XVI, § 5º.

Seguindo nas palavras de Marcacini (1996, p. 6), onde diz que:

Deverá dar advogado aos que o peçam, ordinariamente às mulheres, ou aos pupilos, ou aos de outra maneira débeis, ou aos que estejam em juízo, se alguém os pedir; e ainda que não haja nenhum que os peça, deverá dá-lo de ofício. Mas se alguém disser que, pelo grande poder de seu adversário, não encontrou advogado, igualmente providenciará para que lhe dê advogado. Demais, não convém que ninguém seja oprimido pelo poder do seu adversário, pois também redunda em desprestígio do que governa uma província, que alguém se conduza com tanta insolência que todos temam tomar a seu cargo advogado contra ele.

É interessante observar, ao final do texto transcrito, que, além da nomeação do advogado guardar relação com critérios de justiça e a equidade, o espírito prático dos romanos já percebia que a impossibilidade material de uma das partes defender-se em juízo obscurecia o próprio poder do “Estado”. Ainda no Digesto, diz o Livro III, Título I, § 4º: “Disse o pretor: se não tiverem advogado, eu lho darei”.

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proteção aos mais fracos, observamos a criação pela Igreja da figura do advocatus pauperum deputatus et stipendiatus.” (MARCACINI, 1996, p. 6, grifos do autor).

Seguindo os ensinamentos de De Masi (2003, p. 251):

Depois do Iluminismo, a revolução burguesa e a sociedade industrial reverteram às relações de força, a ação coletiva superou a individual, a liberdade de pensamento e a democracia parlamentar conquistaram áreas crescentes no planeta. Sendo assim, à época o benefício a ser concedido, seja por caridade ou benevolência, torna o amparo judiciário cada vez mais um direito do homem.

Tratando-se da evolução histórica, no que se refere à justiça, importante salientar o que diz Marcacini (1996, p. 7):

Outros marcos importantes foram a Declaração de Direitos do Estado de Virgínia, de 1776, e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, sob a influência do Iluminismo e do Princípio de que “todos são iguais perante a lei”. Assim, mais do que benefício concedido por caridade ou benevolência, a assistência judiciária passa a categoria de direito do homem, correspondendo a um dever do Estado.

Na medida em que as sociedades começaram a crescer, surgem junto com este crescimento os mais diversos tipos de conflitos, e uma transformação essencial começa a ocorrer, ficando para trás a visão individualista e começa a ser reconhecido os direitos e deveres sociais, sendo estes aplicáveis aos indivíduos, comunidades, associações e governos. Partindo deste ponto começa a ganhar corpo e atenção o “acesso à justiça”, avançando e sendo reconhecido entre as novas interpretações do direito, sejam individuais ou sociais.

Segundo De Masi (2003, p. 151):

A democracia é completa e funcional onde existe virtude da política, a audácia disciplinada e o equilíbrio das criações. Somente assim os resultados serão positivos, diferente do vivido nos dias de hoje, onde se fala muito em democracia e seus acessos mas, no entanto, são poucos os privilegiados.

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igualitário que deve ser atribuído a ambas as partes, quaisquer que sejam as qualidades pessoais que detenham. O processo deve fornecer a ambas as partes os mesmos meios aptos a permitirem a demonstração do direito que afirmam existir

O homem vive em sociedade, o que é inevitável que apareçam conflitos. As normas existem sejam elas tácitas, expressas, de tradição ou cultural, para que a ordem seja mantida. Para regular os conflitos de interesses e determinar qual deve prevalecer, temos como instrumento o direito, necessário à vida do homem em sociedade.

Os acontecimentos em períodos distintos marcam a história, com o crescimento da população mundial, os problemas em sociedade aparecem com mais freqüência.

Segundo Cardoso (2002, p. 1):

No Brasil, a história da assistência judiciária, ou justiça gratuita, pode ter como marco de inicio a própria colonização do país, ainda no século XVI. Pois é verdade que o surgimento de lides, provenientes das inúmeras formas de relação jurídica então existentes, e o chamamento da jurisdição para resolver tais contendas, já davam início à situações em que constantemente as partes viam-se impossibilitadas de arcar com os possíveis custos judiciais das lides. A partir de então, a chamada “Assistência Judiciária Gratuita”, ou como a jurisprudência e doutrina têm preferido denominar atualmente, “Justiça Gratuita” praticamente evoluiu junto com o direito pátrio. Sua importância, atravessou os séculos, sendo garantida nas mais diversas cartas constitucionais, fossem em tempos de ditadura, ou não, e, no século XXI, seu estudo vem acompanhado de aspectos valiosos, que nunca podem ser olvidados.

Para Hommerding ( 2003, p 62):

O aperfeiçoamento das leis e normas está otimizando uma justiça digna para com o cidadão, especialmente os menos favorecidos.

A sociedade brasileira não está acostumada à vida forense e aos Tribunais. Em geral, os juízes, os promotores, e advogados são figuras tidas como estigma, e também opressoras. Os ambientes em que labutam os profissionais do direito também não são receptivos à população, os prédios intimidam, a existência de guardas armados, a figura do juiz usando terno e gravata, são óbices que amedrontam as pessoas leigas ao direito, ocasionando uma repulsa pela justiça.

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No Estado Democrático, uma das principais características é o direito de acesso à justiça, razão pela qual a Constituição Federativa do Brasil de 1988, depositou em seu artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV os valores supremos de uma sociedade com o comprometimento fraterno, abrangendo a todos sem preconceitos, ancorada na paz social e pactuada, na estruturação interna e internacional, para que sejam solucionados de modo pacífico os interesses divergentes da sociedade em geral.

Conforme Marcacini (1996, p. 31):

Por justiça gratuita, deve ser entendida a gratuidade de todas as custas e despesas, judiciais ou não, relativas a atos necessários ao desenvolvimento do processo e à defesa dos direitos do beneficiário em juízo. O benefício de justiça gratuita compreende a isenção de toda e qualquer despesa necessária ao pleno exercício dos direitos e das faculdades processuais, sejam tais despesas judiciais ou não. Abrange, assim, não somente às custas relativas aos atos processuais a serem praticados como também todas as despesas decorrentes da efetiva participação na relação processual.

A Constituição Federal de 1988 foi mais ousada, no que se refere assistência jurídica aos carentes, pois no seu artigo 5º, inciso LXXlV, estabelece que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.

Segundo Rodrigues (1994, p. 59, grifos do autor):

Ao utilizar o adjetivo integral, o legislador constituinte reforça a posição colocada anteriormente, pois a assistência jurídica integral só pode ser entendida como aquela que propicie ao interessado todos os instrumentos jurídicos necessários antes, durante e posteriormente ao processo judicial e mesmo extrajudicialmente, quando aquele não for necessário. Também se inclui aí o acompanhamento dos processos administrativos.

O segundo adjetivo: gratuita, somado ao anterior (integral), quer significar que aquele que não possuir recursos suficientes será isento de todas as despesas que se fizerem necessárias para o efetivo acesso à justiça. Nesse sentido, o texto constitucional também garante a todos, independentemente de pagamento de taxas, o direito de petição aos poderes públicos tanto para a defesa de direitos como contra ilegalidade ou abuso de poder bem como a obtenção de certidões em repartições publicas, visando a defesa de direitos ou o esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV). Também estabelece a gratuidade do acesso nas ações de habeas-corpus e habeas-data, bem como, na forma que a lei estabelecer, a de todos os demais atos necessários ao exercício da cidadania (art. 5º, LXXVII).

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Neste sentido, o constituinte firmou no artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal de 1988, mecanismo de garantia e acesso do cidadão ao poder judiciário, com a visão de dispor aos necessitados o direito de requerer a devida prestação jurisdicional do Estado.

Segundo Marcacini (1996, p. 29):

Os conceitos de justiça gratuita e de assistência judiciária são comumente utilizados como sinônimos, sem que, na verdade, o sejam. Como bem anota José Roberto de Castro, o equívoco tem origem nos próprios textos legislativos, que empregam as duas expressões indistintamente, como se tivessem o mesmo significado. A Lei 1.060/50 utiliza diversas vezes a expressão assistência judiciária ao referir-se, na verdade, à justiça gratuita.

A assistência judiciária gratuita, constitucionalmente assegurada, tem por finalidade atender as classes mais necessitadas. Para que isso ocorra, é necessário que este acesso seja regrado, pois alguns requisitos devem ser cumpridos para que a ordem e a tramitação dos processos no judiciário permaneçam cotidianamente em pleno funcionamento.

Tratando do assunto, Cappelletti (1988, p. 12) entende que:

O acesso à justiça pode, portanto, ser encarado como requisito fundamental – o mais básico dos direitos humanos – de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos.

Contudo a gratuidade judiciária permite a dispensa da parte do adiantamento referente às despesas, judiciais ou a estas envolvidas, relacionadas ao processo, como também a dispensa do pagamento dos honorários advocatícios, estendendo esta garantia a todos aqueles cidadãos carentes de recursos. Sendo no pedido do benefício da justiça gratuita, o próprio juiz da causa será competente para o deferimento ou indeferimento.

1.3 Legislação pertinente

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ordinário era sujeito a preparo, no valor de novecentos reais. Todavia, o pobre estaria isento do pagamento, se rezasse em audiência um Pai Nosso pela alma de D. Diniz. Para os recursos de revista, era necessário o depósito em caução de sessenta cruzados de ouro, que seriam devolvidos ao recorrente em caso de acolhimento da revista, ou reverteriam para os desembargadores da sentença atacada, se improvida. Se a parte fosse pobre, ficaria a critério do Rei determinar, que o depósito fosse feito ou não.

Seguindo as palavras de Marcacini (1996, p. 7-8):

Já nas Ordenações Filipinas, que vigoraram no Brasil até o Código Civil de 1916, mantiveram a disposição das ordenações anteriores. Foram mantidas a dispensa do “preparo” do agravo ordinário – desde que a parte rezasse em audiência pela alma d’ElRey D.Diniz – e dos recursos de revista – ficando a critério do Rei dispensar ou não a parte pobre do pagamento. A alegação de suspeição do Juiz era condicionada ao oferecimento de caução, de valor variável conforme a hierarquia do magistrado, mas o pobre era isento desta caução.

Conforme leciona Marcacini (1996, p. 8): “no Brasil republicano, os códigos de Processo Civil estaduais tratavam do tema, o de Pernambuco, no art. 68, da Bahia, nos arts. 38 e seguintes, de São Paulo, no art. 65 e seguintes, e Minas Gerais, no art. 68.”

Como garantia constitucional, a assistência Judiciária apareceu somente na Constituição de 1934, em seu art. 113, § 32. Excluída da Constituição do Estado Novo, a gratuidade se manteve como norma infraconstitucional, no Código de Processo Civil de 1939. A garantia retornou ao status de norma constitucional em 1946, no art. 141, § 35. Em 1950, foi promulgada a Lei nº 1.060, que disciplina a concessão da assistência judiciária, até hoje em vigor, após uma série de alterações posteriores ao seu texto original. Nas Constituições de 1967 e 1969, o princípio foi mantido, respectivamente, nos arts. 150, § 32, e 153, § 32. A atual Carta, alargando o âmbito da promessa constitucional, garante a assistência jurídica integral e gratuita, em seu art. 5º, inciso LXXIV.

Na Constituição Federativa do Brasil de 1988, está expresso em seu art. 5º, inciso XXXV, que o acesso à justiça é considerado um direito fundamental, onde prevê que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito. Constitucionalmente o inciso quer garantir, principalmente a eficácia das decisões judiciais em benefício de todos, quaisquer que sejam, ricos ou pobres, sem discriminação.

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Cabe salientar que os benefícios da assistência judiciária alcançam todos os atos referentes ao processo até a decisão final do litígio, sendo todas as instâncias, caso ocorra à morte do beneficiário, se extinguirá o benefício, não será ele transmitido ao cessionário de direito. Cabe aos herdeiros solicitar tal benefício conforme suas necessidades, mas na forma estabelecida na Lei.

Nas palavras de Salem Neto (2002, p. 32): “viola o artigo 6º da Lei nº 1.060/50 e artigo 1º da Lei 7115/83, negar a assistência judiciária gratuita a quem pede no curso da lide e declara o estado de pobreza. Aplica-se o princípio da oportunidade.”

A legislação que confere o benefício da Justiça Gratuita sofreu diversas alterações ao longo dos anos, mas todas estas alterações vieram contribuir no aprimoramento de tal benefício.

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GRANDE DO SUL

Neste segundo capitulo abordaremos os critérios e condições, rendimentos financeiros dos requerentes e análise da jurisprudência, no que tange o deferimento da assistência judiciária gratuita, no Processo Civil na Justiça Estadual do Rio Grande do Sul.

2.1 Critérios e condições

A Constituição Federal do Brasil descreve no artigo 5º, inciso LXXIV, que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 9º da Lei 1.060/50, define que os benefícios da assistência judiciária compreendem todos os atos do processo até decisão final do litígio, em todas as instâncias.

Sendo que o entendimento para a concessão da gratuidade para o acesso à justiça é um direito daqueles que não tem condições financeiras de arcar com os custos que envolvem o andamento do processo, e também com as despesas de honorários com advogado. Porém para obter tal acesso é necessário cumprir alguns requisitos indispensáveis. No artigo 5º inciso LXXIV da Carta Magna, prevê que para receber tal benefício, o cidadão deverá ter insuficiência de recursos financeiros, sendo classificado como necessitado.

Para Marcacini (1996, p. 90):

Uma pessoa mesmo fazendo parte da classe média, pode não ter como pagar sequer custas iniciais relativas ao processo em que venha demandar bens de valor desproporcionalmente elevado. Igualmente, a exigência da antecipação integral das custas levaria à denegação do acesso à justiça. Em casos tais, a serem prudentemente analisados pelo juiz, poderá a parte gozar de uma isenção ou dispensa parcial das custas processuais, adequando-as às possibilidades da parte.

A legislação pertinente a (AJG) Acesso Justiça Gratuita, Lei nº 1060, de 5 de fevereiro de 1950, no seu artigo 2º, indica que serão os nacionais ou estrangeiros residentes no país que necessitarem recorrer à justiça civil, penal, militar ou do trabalho que gozarão de tal benefício. Considerando necessitado, para fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe

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próprio ou da família.

O conceito de necessitado segundo Marcacini (1996, p. 84-85):

Não é determinado mediante regras rígidas, matemáticas, não se utilizando limites numéricos determinados. Têm direito ao benefício aqueles que não podem arcar com os gastos necessários à participação no processo, na medida em que, contabilizados os seus ganhos e os seus gastos com o próprio sustento e da família, não lhe reste numerário suficiente para tanto. O direito ao benefício decorre da indisponibilidade financeira do sujeito.

Seguindo nas palavras de Marcacini (1996, p. 87-88):

Temos como regra que a condição de necessitado decorre da inexistência de saldo positivo suficiente no confronto entre os rendimentos da pessoa, de um lado, e, de outro, as despesas que faz com o sustento próprio e de sua família, num padrão mínimo de dignidade. O conceito de pobreza, portanto, não quer dizer indigência ou miséria absoluta.

Cabe salientar que não deve ser levado em conta para a concessão de tal gratuidade, o patrimônio de quem postula o referido benefício, mas com observação para aqueles que demandem visão de lucro extrapolado.

Conforme descrito nos termos do artigo 4º, caput e § 1º da Lei 1060/50, onde menciona que a parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários do advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família. Pois, presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta Lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais.

O pedido de justiça gratuita deve ser solicitado na petição inicial ou na contestação, não sendo a autuação em separado. Em qualquer momento no decorrer do procedimento pode ser indeferida a assistência judiciária gratuita, pois cabe a parte contrária, em qualquer fase do processo, requerer a revogação dos benefícios que são estabelecidos para o possuidor da AJG, sendo que, deve ser provada a carência ou a desaparição dos requisitos que formam a essencialidade para a sua concessão. Feita a impugnação e não sendo acatada pelo juiz, caberá

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recorrer, aplica-se a preclusão. Poderá ser oferecida nova impugnação, porém com razões que não foram argumentadas anteriormente.

Conforme Marcacini (1996, p. 100):

A concessão de justiça gratuita pode ser impugnada pela parte contrária. Nos termos do art. 7º da Lei nº 1.060/50, a impugnação pode ser feita a qualquer tempo, por petição, que será autuada em separado. O fundamento para a impugnação deve ser “a inexistência ou o desaparecimento dos requisitos essenciais à sua concessão”. Ou seja, o impugnante deve alegar que a parte contrária não se encaixa no conceito de beneficiário da gratuidade, tal qual definido acima: deve o impugnante demonstrar que o beneficiário ou não era pobre, ou deixou de sê-lo.

Seguindo ainda nas palavras de Marcacini (1996, p. 101-102):

A concessão da gratuidade deve sempre ser deferida por ato decisório do juiz. Se este não se manifestar acerca do pedido de justiça gratuita formulado pela parte, convém reiterá-lo, a fim de obter decisão expressa sobre a questão. Esta nos parece a melhor solução para a aparente contradição entre o art. 4º, que teve redação dada pela Lei nº 7.510/86, e o art. 5º, que ainda vige em sua redação original. Do texto do art. 4º, isoladamente, seria possível extrair que a gratuidade independe de decisão judicial, pois, “a parte gozará dos benefícios da assistência judiciária mediante simples afirmação...”. “O art. 5º, porém, não revogado, determina que “o juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de plano, motivando ou não o deferimento dento do prazo de 72 horas”. Ficamos com o entendimento de que a gratuidade processual é uma questão processual que deve ser resolvida pelo juiz, e, nos termos do art. 5º, supratranscrito, deve fazê-lo expressamente (Marcacini, 1996, p. 101-102).

Sendo indeferido o pedido do benefício da AJG, pelo juízo “a quo”, caberá recurso, e sobre esta condição Marcacini (1996, p. 117, grifos nossos) descreve:

Como conseqüência da natureza interlocutória da decisão, o recurso cabível contra decisão acerca da concessão da gratuidade é o agravo de instrumento. Em virtude das garantias processuais constitucionais, a parte goza dos benefícios desde logo, até que a gratuidade seja denegada por decisão irrecorrível. Enquanto pendente recurso contra a decisão que negou a concessão da justiça gratuita, gozará a parte das isenções, mesmo que o recurso não seja dotado de efeito suspensivo.

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que durante a discussão da lide, uma das partes, ou ambas que não obtiveram tal benefício, venham a necessitar, poderão solicitar, demonstrando que nesta fase do processo não possuem mais condições para arcar com os valores das custas processuais. Porém, sendo deferido pelo juiz o benefício da AJG, este gozará somente a partir deste momento, não retroagindo, pois o que foi efetuado o pagamento, presume-se que até a presente solicitação possuía condições financeiras de arcar com as devidas custas processuais.

No começo do processo, as custas não se tornam muito elevadas, mas durante o andamento e, principalmente, na fase recursal, os custos podem se tornar bem mais altos, dependendo dos valores e do recurso a ser interposto.

2.2 Rendimentos financeiros dos requerentes

A assistência judiciária gratuita é um dos principais instrumentos que garante o acesso igualitário à justiça para todos os cidadãos que comprovem insuficiência de recursos. Tal acesso é destinado para aqueles que não possuem condições de arcar com as despesas processuais, sem prejuízo de sua própria subsistência, ou do sustento de sua própria família.

No processo civil, no Estado do Rio Grande do Sul, para ter a concessão da assistência judiciária gratuita deferida, é necessário que os rendimentos financeiros mensais sejam inferiores a dez salários mínimos. Para casos mais complexos, serão solicitados para que apresente os seus vencimentos, carteira de trabalho e declaração de imposto de renda.

Mesmo que o solicitante do benefício da AJG possua bens, é possível que seus rendimentos mensais sejam insuficientes para arcar com as despesas processuais, despesas com perícias, honorários advocatícios, entre outras.

Para Marcacini (1996, p. 85-86):

O patrimônio daquele que postula a gratuidade, a menos que notoriamente vultoso, não é parâmetro para se determinar a condição de necessitado. O fato de ter um bem imóvel, ser titular de linha telefônica, ou possuir automóvel, não impede a concessão do benefício. Ora, se mesmo tendo um bem imóvel, os rendimentos da parte não lhe são suficientes para arcar com custas e honorários sem prejuízos do sustento, tal propriedade não é

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custos do processo. Nem se deve presumir que a propriedade sobre um imóvel seja sinal exterior de riqueza, apto a afastar o benefício.

Cabe salientar que, aquele que possui o deferimento da justiça gratuita, e pelas vias do judiciário no decorrer do processo vier aumentar seu patrimônio, seja com bens ou espécies volumosa, pode até ocorrer a perda do benefício da assistência judiciária gratuita.

Conforme Marcacini (1996, p. 87, grifos do autor):

O que até pode ocorrer, em situações tais, é a perda da condição de beneficiário após a demanda, se a parte for vencedora. Mas até que obtenha o bem da vida pleiteado – e se o obtiver -, a parte não terá condições de arcar com as despesas, fazendo jus ao benefício. E, além disso, sendo vencedora a parte beneficiária, mesmo que isso a faça perder a condição de necessitada, não lhe caberá arcar com as custas do processo, mas sim a parte contrária, vencida. Apenas no caso de inventário, se os bens transmitidos forem de tal monta que retirem do sucessor a qualidade de beneficiário, pode-se admitir que sejam devidas às custas, a final.

O acesso à justiça gratuita por parte da pessoa jurídica, também é possível, porém há uma resistência por parte da jurisprudência.

Sendo que a exigência referente ao caso de necessidade do benefício é avaliada com mais profundidade, e existindo a verossimilhança sobre as alegações referente as dificuldades financeiras, tem-se os julgadores na sua grande maioria analisado positivamente tal direito.

Em se tratando de requisitos, Marcacini (1996, p. 89), escreve:

Obviamente, que os requisitos para a obtenção devem ser diversos, uma vez que o próprio conceito legal de necessitado não se ajusta para estas pessoas, pois seria desprovido de senso dizer que uma pessoa jurídica não possa arcar com as custas sem prejuízos de seu sustento e de sua família!

A solução para o problema deve ser encontrada mediante o seguinte raciocínio: se houver um caso concreto em que a não-concessão da gratuidade implique inevitavelmente lesão aos princípios processuais constitucionais, a gratuidade deve ser concedida, ainda que o conceito legal de necessitado não se coadune com aquele que postula o benefício, pois a definição legal não se superpõe àqueles princípios superiores.

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sendo que a sua colaboração é fundamental no crescimento empregatício.

Nas palavras de Marcacini (1996, p. 89-90) entende que:

É possível traçar um perfil genérico de pessoa jurídica que não tenha meios de participar do processo, a menos que lhe concedam a gratuidade. Podem fazer jus ao benefício pessoas jurídicas desprovidas de patrimônio, ou que tenham patrimônio reduzido ou inalienável, que não tenham finalidade lucrativa, nem remunerem seus associados, nem lhes preste serviços, mas que tenham por fim atividades filantrópicas, assistenciais, ou sejam reconhecidas como entidades de utilidade pública. Tais entidades, via de regra, além de suprirem funções mal desempenhadas pelo Estado, não tem como obter recursos para custear uma demanda judicial. Negar o benefício a tais pessoas jurídicas poderá implicar vedar-lhes por completo o acesso à justiça. O que não se pode admitir é a concessão do benefício a entidades que tenham finalidade lucrativa, ainda que deficitárias, ou que, embora não visem a obtenção de lucro, sirvam aos seus associados, como, por exemplo, os clubes e associações desportivas.

Contudo deve ser feito uma análise da pessoa jurídica que busca a gratuidade da justiça, fazendo referência a sua situação econômico, financeira, trazendo por completo, provas de que necessita de tal benefício a fim de poder litigar, sem ter que arcar com as despesas, custas e talvez com os honorários sucumbenciais, relacionados ao processo. Tudo isto para manter a empresa viva, com o intuito de gerar riqueza e trabalho, para a construção do desenvolvimento econômico de uma nação.

Sendo deferida a assistência judiciária gratuita, poderá o cidadão usufruir das seguintes isenções:

a) das taxas

b) dos emolumentos e custas devidos aos serventuários da justiça;

c) das despesas com as publicações indispensáveis no jornal encarregado da divulgação dos atos oficiais;

d) das indenizações devidas às testemunhas que, quando empregados, receberão do empregador salário integral, como se em serviço estivessem, ressalvando o direito

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contra o poder público estadual, nos estados;

e) dos honorários de advogados e peritos;

f) das despesas com a realização do exame de código genético – DNA que for requisitado pela autoridade judiciária nas ações de investigação de paternidade ou maternidade.

Importante salientar que, conforme o artigo 12 da Lei 1060/1950, a parte beneficiada pela isenção do pagamento das custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. Se dentro de 5 (cinco) anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita.

Sendo isto, é de suma importância tanto por parte do Poder Judiciário como pela parte que não possui o benefício, ficarem atentas para que, dentro do prazo estabelecido no artigo 12 da Lei 1060/50 e verificada uma melhora significativa nas condições do beneficiário em relação a sua situação econômica e financeira, sejam cobradas as custas isentadas.

2.3 Análise da jurisprudência

No que se refere à jurisprudência do Tribunal de Justiça no Estado do Rio Grande do Sul, com a visão para a pessoa física, é majoritariamente entendido que para obter o deferimento da assistência judiciária gratuita, o rendimento deve ser inferior a dez salários mínimos, configurando a condição de necessitado. Em casos mais complexos, solicita-se comprovação de suas despesas e de seus rendimentos. Cabe observar que no indeferimento da assistência judiciária gratuita pelo juízo “a quo”, caberá o recurso de agravo de instrumento, e neste será de suma importância que conste documentos mais robustos sobre a devida necessidade do deferimento da AJG.

Nesse sentido cabe demonstrar decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO LITIGANTE COM RENDA INFERIOR A DEZ SALÁRIOS MÍNIMOS. CONCESSÃO DE

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Judiciária Gratuita é destinado àqueles que não possuem condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de sua própria subsistência ou do sustento de sua família, devendo ser deferida quando o litigante comprova rendimento mensal inferior a 10 salários mínimos. RECURSO PROVIDO NOS TERMOS DO ART. 557, § 1º-A, DO CPC (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Também neste sentido, temos a seguinte decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. PLEITO DE CONCESSÃO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PEQUENO PRODUTOR RURAL. RENDIMENTO MENSAL INFERIOR A DEZ SALÁRIOS MÍNIMOS. CABIMENTO. O benefício da AJG é destinado a quem não possui condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo da própria subsistência ou do sustento da família. Na ausência de critérios objetivos que definam a hipossuficiência, esta Corte tem admitido como prova da necessidade o rendimento mensal inferior a dez salários mínimos. Hipótese de deferimento do benefício quando o litigante comprova o atendimento do parâmetro utilizado para a concessão do benefício. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO, NA FORMA DO ART. 557, §1º-A, DO CPC. (RIO GRANDE DO SUL, 2011)

Já para a concessão da AJG, no que se refere à pessoa jurídica, será diferente caso seja ela com ou sem fins lucrativos. Se a pessoa jurídica visa o lucro, deverá ela comprovar a sua miserabilidade por documentos particulares e públicos, sendo a declaração do imposto de renda, livros contábeis registrados na junta comercial, protestos de títulos, etc..., sendo que não basta somente a declaração da empresa que solicita o benefício. Já para a pessoa jurídica sem fins lucrativos, compara-se com o procedimento da pessoa física, bastando à declaração de pobreza, ou provando a necessidade sem comprometimento de sua manutenção.

De outro passo, no que se refere à jurisprudência do Tribunal de Justiça, no Estado do Rio Grande, voltado com os olhos para a pessoa jurídica, esta é mais cautelosa, pois o benefício da assistência judiciária gratuita, somente pode ser concedido à pessoa jurídica, se estiver comprovado que não tem condições de arcar com as despesas do processo, não sendo suficiente a mera alegação de que se encontra em dificuldades financeiras

Para as empresas, nos termos da jurisprudência, é possível a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita às pessoas jurídicas que demonstre a impossibilidade de arcar

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à comprovação cabal da insuficiência de recursos.

Nesse sentido cabe demonstrar decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA PESSOA JURÍDICA. COMPROVAÇÃO. A concessão de AJG às pessoas jurídicas é possível desde que colacionado documentos que comprovem a carência econômica. Agravo de instrumento provido. (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Com relação às pessoas jurídicas sem fins lucrativos, com natureza filantrópica e assistencial, possui o Tribunal de Justiça do Estado do Rio grande do Sul, o entendimento que basta a simples afirmação de que para manter a prestação dos serviços em caráter de filantropia e assistência, não possuindo condições de arcar com as custas do processo e os honorários de advogado, estando comprometida a atividade assistencial no caso de ostentar algo inverídico.

Nesse sentido cabe demonstrar decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA SEM FINS LUCRATIVOS. COMPROVAÇÃO. A concessão de AJG às pessoas jurídicas é possível desde que colacionado documentos que comprovem a carência econômica. Agravo de instrumento provido. (RIO GRANDE DO SUL, 2012)

O que se verifica, é a sensibilidade do Tribunal Gaúcho na concessão deste benefício aos jurisdicionados. Aliás, concessão esta indispensável para viabilizar o acesso à justiça para todos.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou esclarecer o direito que toda a pessoa física, jurídica com ou sem fins lucrativos, dentro do processo civil, no Estado do Rio Grande do Sul possui para obter o acesso à justiça gratuita, por meio da AJG, mediante a comprovação com os documentos exigidos pelo Estado-Juiz. Esse fato constitui-se em elemento essencial para o desenvolvimento da cidadania, sendo um dos principais instrumentos para garantir com igualdade o acesso à justiça, para com aqueles que comprovadamente se encontram em dificuldades financeiras e que desejam estar em um mesmo patamar de condições jurídicas, na discussão da lide perante o judiciário.

Mais do que uma garantia, o acesso à justiça gratuita, é uma conquista do cidadão, e tem como objetivo ir de encontro com a justiça social. Pretendendo alcançar um tratamento igualitário entre os cidadãos, viabilizando o acesso ao ordenamento jurídico justo.

A educação é o caminho mais indicado para a diminuição e resolução dos conflitos sociais, especialmente nas classes necessitadas. Todavia, diante da realidade enfrentada por esta população desfavorecida, a assistência judiciária gratuita busca na medida do possível, estabelecer um acesso e um equilíbrio, entre as pessoas que levam ao Poder Judiciário, seus problemas buscando uma solução. Neste ponto, sem dúvida, o benefício da Assistência Judiciária Gratuita mostra-se o principal e mais eficaz instrumento de acesso à justiça. Além disso, a escolha do tema proporcionou um conhecimento mais amplo sobre o assunto, com visão para a futura atuação profissional.

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REFERÊNCIAS

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Disponível em:

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______. Lei 1060, de 5 de fevereiro de 1950. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L1060.htm>. Acesso em: 27 maio 2012.

______. Lei nº 7510, de 4 de julho de 1986. Disponível em:

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RIO GRANDE DO SUL. Agravo de instrumento Nº 70047710397, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 05/03/2012.

______. Agravo de Instrumento Nº 70048217764, Segunda Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marcelo Cezar Muller, Julgado em 13/04/2012.

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______. Agravo de Instrumento Nº 70048882328, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator Marcelo Cezar Muller, Julgado em 25/05/2012.

______. Agravo de Instrumento Nº 70042015826, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 05/04/2011)

RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Acesso à justiça no direito processual brasileiro. São Paulo: Acadêmica, 1994.

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