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Resistência de união de cimentos resinosos à dentina intrarradicular associados a um adesivo universal e diferentes protocolos de polimerização

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DIOGO HENRIQUE DA SILVA

RESISTÊNCIA DE UNIÃO DE CIMENTOS RESINOSOS À

DENTINA INTRARRADICULAR ASSOCIADOS A UM

ADESIVO UNIVERSAL E DIFERENTES PROTOCOLOS DE

POLIMERIZAÇÃO

Piracicaba 2017

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RESISTÊNCIA DE UNIÃO DE CIMENTOS RESINOSOS À

DENTINA INTRARRADICULAR ASSOCIADOS A UM

ADESIVO UNIVERSAL E DIFERENTES PROTOCOLOS DE

POLIMERIZAÇÃO

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Clínica Odontológica, na Área de Endodontia.

Orientador: Prof. Dr. José Flávio Affonso de Almeida Coorientador: Prof. Dr. Caio Cezar Randi Ferraz

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO

ALUNO DIOGO HENRIQUE DA SILVA E

ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSÉ FLÁVIO AFFONSO DE ALMEIDA.

Piracicaba 2017

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Dedico este trabalho aos meus pais: Ana e Betinho que nunca mediram esforços para que os filhos pudessem realizar os seus sonhos. Uma família que representa o

que é o amor incondicional. Sou privilegiado por ser filho de vocês. Esta e todas as conquistas sempre serão para vocês, por vocês e com vocês.

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Ao meu orientador José Flávio Affonso de Almeida, por prontamente aceitar o desafio de orientar mais alguns alunos com a ausência temporária do Prof. Caio,

inclusive eu. Sua disponibilidade e prontidão, refletem seu caráter e sua competência na arte de ensinar. Seus ensinamentos vão além da Endodontia que pratica com maestria. Obrigado pela oportunidade de aprender mais de perto com o

senhor, tanto clínica, quanto academicamente. Com certeza levarei seus ensinamentos para o resto da vida.

Ao meu coorientador Caio Cezar Randi Ferraz, principalmente pela confiança ao me conceder a oportunidade de cursar o mestrado sob sua orientação. Muito obrigado pelos ensinamentos, pelo estímulo ao pensamento e raciocínio crítico, pelos conselhos, e por todo o apoio mesmo agora de longe em seu pós-doutorado

no exterior. Sua sabedoria, competência e profissionalismo é ímpar, com certeza levarei por toda a vida. Um exemplo de professor e mestre.

A minha namorada Thatiana de Vicente Leite, além de companheira, incansável professora, orientadora, que compartilha, que divide, que me ensina seus conhecimentos e experiências, além da odontologia. Um exemplo de profissional e

mulher, sorte a minha tê-la a meu lado. Essa conquista é nossa! Obrigada por sempre acreditar, sempre ajudar, sempre ser você. Te amo!

Aos meus irmãos Tatiana Maria da Silva Elias e Fábio Augusto da Silva, os melhores, únicos, nossos momentos juntos valhem todo o tempo longe, e toda a

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À Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas – FOP/UNICAMP, na pessoa do Diretor Prof. Dr. Guilherme Elias Pessanha Henriques e do Diretor Associado Prof. Dr. Francisco Haiter Neto.

À Profª. Drª. Cínthia Pereira Machado Tabchoury, coordenadora geral dos cursos de Pós-Graduação e a Profª. Drª. Karina Gonzales Silvério Ruiz, coordenadora do curso de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da FOP – UNICAMP.

Aos funcionários da secretaria de Pós-Graduação, Ana Paula Carone, Claudinéia Prata Pradella, Érica A. Pinho Sinhoreti, Leandro Viganó, Raquel Q. Marcondes Cesar, pela competência, paciência e atenção dispensada a todos os pós-graduandos.

Aos docentes da área de Endodontia da FOP-UNICAMP, Profª. Drª. Adriana de Jesus Soares, Prof. Dr. Alexandre Augusto Zaia, Profª. Drª. Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes, Prof. Dr. Caio Cezar Randi Ferraz, Prof. Dr. Francisco José de Souza-Filho (in memoriam), Prof. Dr. José Flávio Affonso de Almeida, pelos conhecimentos compartilhados e por serem o exemplo e referência na área de Endodontia.

Ao Prof. Dr. Alexandre Augusto Zaia, responsável pela área de Endodontia da FOP – UNICAMP.

Aos funcionários da Endodontia, Ana Cristina Godoy, Maria Helídia, Joana Dias, Janaína Leite, Maicon Passini, por terem sido além de competentes e eficazes em suas funções, amigos e colegas de trabalho de todos os dias durante esses dois anos de mestrado.

Ao Prof. Dr. Mário Fernando de Góes, por todo conhecimento transmitido e colaboração imprescindível para a realização deste trabalho.

Ao Supervisor do CeMi Adriano Luís Martins, por todos os ensinamentos e auxílio no centro de microscopia.

Aos Professores Doutores Américo Bortolazzo Correr, Vanessa Cavalli Gobbo, Daniel Rodrigo Herrera Morante, Maria Rachel Monteiro, pela importante contribuição durante o exame de qualificação deste trabalho;

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Adriano Fonseca de Lima, membros da banca de defesa que prontamente aceitaram o convite, é uma honra poder contar com grandes mestres como vocês.

Aos amigos da pós-graduação, Aline Gomes, Aniele Carvalho, Érika Clavijo, Augusto Lima, Andréa Pereira, Bruna Milaré, Bruna Ueno, Ana Carolina Cerqueira, Eloá Pereira, Felipe Anacleto, Flávia Saavedra, Jaqueline Lazzari, Priscila Francisco, Rafaela Chapola, Rodrigo Vasconcelos. Obrigado pelo companheirismo no dia-a-dia de laboratórios, clínicas e plantões, definitivamente as tarefas se tornaram mais fáceis ao lado de vocês, aprendi muito com todos.

Aos colegas de pós-graduação de turmas anteriores, Ana Carolina Pimentel, Ariane Marinho, Cláudia Leal, Dani Miyagaki, Érika Clavijo, Thaís Mageste, Thiago Farias, Tiago Rosa, Carlos Augusto Pantoja, Carolina Santos, Daniela Miyagaki, Daniel Herrera, Emmanuel Nogueira, Fernanda Signoretti, Jefferson Marion, Maria Rachel Monteiro, Marlos Ribeiro, hoje vocês são referência e exemplo para as novas turmas.

Aos colegas de pós-graduação de outras áreas que contribuíram com esse trabalho.

Aos grandes amigos que tornaram essa caminhada mais leve, com muitas risadas e alegrias, cada um é especial de uma maneira para mim: Aniele Carvalho, Andréa Pereira, Ana Carolina Cerqueira, Ana Pimentel, Augusto Lima, Bruno Vilela, Daniele Miyagaki, Daniel Herrera, Felipe Anacleto, Flávia Saavedra, Jaqueline Lazzari, Luiz Ferreira, Marcos Cunha, Marlos Ribeiro, Priscila Francisco, Rafaela Chapola.

A todos funcionários da FOP, cada um em sua função, impulsionando essa instituição tão amada.

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“O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão do conhecimento” Stephen Hawking

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O objetivo no presente estudo foi avaliar a resistência de união de cimentos resinosos à dentina intrarradicular, na cimentação de pinos de fibra de vidro, associados ou não a um sistema adesivo universal (Single Bond Universal), com diferentes protocolos de polimerização. Foram utilizados 90 incisivos bovinos divididos em 2 grupos de acordo com o cimento resinoso 1- RelyX Ultimate (Ultimate), 2 – RelyX U200 (U200). Uma subdivisão (n=10) foi realizada de acordo com os diferentes protocolos de fotoativação: A: Aplicação do adesivo + aplicação do cimento sem fotoativação; B: Aplicação do adesivo + fotoativação + aplicação do cimento sem fotoativação; C: Aplicação do adesivo + fotoativação + aplicação do cimento + fotoativação; D: Aplicação do adesivo + aplicação do cimento + fotoativação de ambos juntos; E: Aplicação do cimento resinoso RelyX U200 + fotoativação. A unidade fotoativadora utilizada foi o Bluephase G2 - Ivoclar, com irradiância de 1200mW/cm. Após isso os espécimes foram preparados e submetidos ao teste de microcisalhamento por extrusão push-out (duas fatias por terço), na máquina de ensaios universais EZ-TEST. A análise do padrão de fratura foi realizada em lupa estereoscópica (LEICA MZ75), com magnificação de 50x. Os dados coletados foram submetidos à Análise de Variância a dois critérios e teste de Tukey (α=0.05). Os resultados demonstraram que houve superioridade estatística na resistência de união no terço cervical do grupo Ultimate B em relação ao terço cervical dos grupos Ultimate A, U200 A, U200 D, U200; também houve superioridade entre o grupo U200 B em relação ao grupo U200. No terço médio, os grupos Ultimate B e U200 B obtiveram resultados superiores de resistência de união no terço cervical do que o U200. A comparação entre os terços no mesmo grupo, a resistência de união da região cervical do Ultimate B foi estatisticamente superior à apical, da mesma maneira que no grupo Ultimate D. Já no grupo U200 B os terços cervical e médio foram superiores ao apical. A fotoativação foi um fator influente na resistência de união. A fotoativação unicamente do sistema adesivo universal se mostrou um fator significante na resistência de união. A associação entre o sistema adesivo universal e o cimento autoadesivo demonstrou melhores resultados de resistência de união, apenas quando polimerizado o adesivo e o cimento não. O uso unicamente do cimento resinoso autoadesivo promoveu os valores maios baixos de

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The objective of the present study was to evaluate the bond strength of resin cements to the intraradicular dentine, in the cementation of glass fiber posts, associated or not to a universal adhesive system (Scotch Bond Universal), with different polymerization protocols. Ninety bovine incisors were divided into 2 groups according to the resin cement used - RelyX Ultimate (Ultimate), 2 - RelyX U200 (U200). A subdivision was performed according to the different photoactivation protocols: A: Application of the adhesive + cement application without photoactivation; B: Application of the adhesive + photoactivation + application of the cement without photoactivation; C: Application of the adhesive + photoactivation + cement application + photoactivation; D: Application of the adhesive + cement application + photoactivation of both together; E: Application of resin cement RelyX U200 + photoactivation. The photoactivating unit used was the Bluephase G2 - Ivoclar, with irradiance of 1200mW / cm². After that, the specimens were prepared and submitted to the push-out extrusion micro-shear test. The analysis of the fracture pattern was performed in a stereoscopic loupe (LEICA MZ75), with magnification in 50x. The collected data were submitted to Analysis of Variance at two criteria and Tukey's test (α = 0.05). The results showed that there was a statistical difference between the mean bond strength of the Ultimate B group in relation to the Ultimate A, U200 A, U200 D, U200; there was also a difference between the U200 B and U200 groups. In the middle third, the Ultimate B and U200 B groups obtained superior results of bond strength in the cervical third than the U200. In relation to the thirds, in the Ultimate B group the bond strength of the cervical region was statistically superior to the apical, in the same way as in the Ultimate group D. In the U200 B group the cervical and middle thirds were superior to the apical ones. Photoactivation was an influential factor in bond strength. The photoactivation only of the universal adhesive system proved to be a relevant factor in bond strength. The association between the universal adhesive system and the self-adhesive cement showed good bond strength results only when the adhesive was photoactivated and cement were not. The use of self-adhesive resin cement promoted the lowest values of bond strength.

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1 INTRODUÇÃO 15

2 REVISÃO DA LITERATURA 19

2.1 Sistemas adesivos 19

2.2 Restauração de dentes tratados endodonticamente 24

2.3 Cimentos resinosos 26

3 PROPOSIÇÃO 33

4 MATERIAL E MÉTODOS 34

4.1 Obtenção e padronização das amostras 34

4.2 Preparo das amostras 34

4.3 Divisão dos grupos experimentais 35

4.4 Avaliação da resistência de união 37

4.5 Análise do padrão de fratura 41

4.6 Análise estatística 41

5 RESULTADOS 42

5.1 Teste de microcisalhamento por extrusão 42

5.2 Análise do padrão de fratura 44

5.3 Fotomicrografias em MEV 46

6 DISCUSSÃO 49

7 CONCLUSÃO 54

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1 INTRODUÇÃO

Grandes perdas de estruturas dentárias decorrentes de cáries, traumas ou tratamentos endodônticos, inevitavelmente invasivos, geram grande desafio na reabilitação do elemento dental. Para esses casos, pinos de fibra de vidro têm sido amplamente utilizados auxiliando no reestabelecimento da função, na proteção ao remanescente dental, no selamento coronário, e na retenção do material restaurador impedindo possíveis infecções bacterianas secundárias (Wu et al., 1998; Hommez et al., 2002; Iglesia -Puig et al., 2004; Mindiola et al., 2006). Quando comparados aos núcleos metálicos fundidos, os pinos de fibra de vidro possuem inúmeras vantagens como menor tempo clínico para instalação, melhor estética e menor custo. Além disso, apresenta módulo de elasticidade (16-40 GPa) mais próximo ao da dentina (18.6 GPa) e de compósitos resinosos (5.7-25 GPa), diminuindo a carga transferida à dentina prevenindo fraturas radiculares (Schwartz et al., 2004; Rosa et al., 2012; Figueiredo et al., 2015).

Os cimentos resinosos são os materiais mais utilizados para cimentação de pinos intrarradiculares devido a características como: elevada resistência à dissolução, eficiente união aos tecidos dentários e estruturas protéticas e excelentes propriedades mecânicas (Meyer et al. 1998, Rosenstiel et al. 1998, Manso et al. 2011, Conde et al. 2015). Eles podem ser classificados quanto ao seu modo de ativação: química, física ( por luz), ou duplamente ativados (Hoffmann, et al 2001); e também pelo modo de união à dentina: por meio da utilização prévia de um adesivo, ou não (Chang et al., 2013). Os cimentos preferencialmente utilizados para a cimentação de pinos de fibra de vidro são os duplamente ativados, já que a combinação da fotoativação e ativação química faz com que a reação de polimerização ocorra de forma mais uniforme mesmo nas regiões mais apicais, fora do alcance de luz (Braga et al., 1999; Ferrari et al., 2000b; Zorba et al., 2010; Ferrari et al., 2012, Sarkis-Onofre 2014).

Os cimentos resinosos autoadesivos surgiram como alternativa aos cimentos resinosos duais convencionais, por serem uma opção que não necessitam de tratamento prévio dos tecidos dentais, estes diminuem a sensibilidade da técnica, a possibilidade de falhas regionais e por parte do operador (Melo et al., 2008; Radovic et al., 2008ª; Bergoli et al., 2012; Pereira et al., 2013; Shiratori et al., 2013;). Isto elimina a necessidade do controle de umidade ideal

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na hibridização da dentina fazendo com que a cimentação do pino consuma menos tempo (Bouillaguet et al., 2003). Devido aos pinos de fibra de vidro serem passivamente retidos no interior dos canais radiculares, a introdução de cimentos resinosos autoadesivos incentivou muitos estudos sobre a adesão na interface pino-cimento-dentina (Macedo et al., 2010; Ebert et al., 2011; Conde et al. 2015) e por promoverem aplicações clínicas mais fáceis que os convencionais, pesquisas foram direcionadas nesse sentido (Ferracane et al., 2011). Uma recente revisão sistemática de estudos in vitro mostrou que cimentos resinosos autoadesivos são eficazes na retenção de pinos de fibra de vidro no interior de canais radiculares (Sarkis-Onofre et al., 2014; Conde et al., 2015).

No caso de cimentos autoadesivos, mesmo não sendo recomendado pelos fabricantes, Amaral et al. (2009) e Juloski et al. (2013); demonstraram melhores resultados de resistência de união com protocolos que utilizaram a associação destes cimentos a um sistema adesivo autocondicionante. No entanto, outros estudos não apontam benefícios significantes desta associação (Goracci et al., 2005; Bitter et al., 2006; Radovic et al., 2008b; Mazzonni et al., 2009; Sterzenbach et al., 2012), incitando que estudos adicionais devam ser realizados.

Pesquisas associando sistemas adesivos com cimentos resinosos duais juntamente com o desenvolvimento desses materiais têm demonstrado bons resultados no que diz respeito à retenção dos pinos de fibra nos canais radiculares (Ferrari et al., 2000), pois os sistemas adesivos propiciam união química através da formação da camada híbrida (Nakabayashi 1992). Duas técnicas adesivas têm sido mais difundidas para obtenção da camada híbrida. A primeira, chamada de técnica do condicionamento ácido total ou de união úmida, baseia-se no ataque ácido da dentina mediante a aplicação de ácido fosfórico resultando em uma superfície desmineralizada, em que os monômeros resinosos difundem-se para formação da camada híbrida (Kato & Nakabayashi 1996). A outra técnica utiliza monômeros ácidos, chamados primers autocondicionantes, que desmineralizam parcialmente a smear layer e a dentina subjacente, incorporando-as e usando-as como substrato para união (Van Meerbeek et al., 2003).

Tanto os sistemas adesivos precedidos de condicionamento ácido total quanto os autocondicionantes podem ser utilizados para formar camada híbrida entre dentina e os cimentos resinosos convencionais utilizados para retenção de pinos de fibra de vidro. Estudos demonstram que ambos sistemas adesivos

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apresentam boas características estruturais como espessura, homogeneidade da camada híbrida e bom desempenho no selamento marginal da região dentina-resina (Mannocci et al., 2001; Macari et al., 2002). Alguns estudos, no entanto, destacam os sistemas adesivos de condicionamento total, demonstrando que estes podem alcançar melhores resultados de resistência de união devido a uma camada híbrida mais espessa (Mjör & Nordahl 1996; Mannocci et al., 2001) e maior densidade de tags resinosos, quando comparados aos sistemas autocondicionantes (Malyk et al., 2010). Porém, alguns estudos de resistência de união revelaram que sistemas adesivos autocondicionantes apresentaram altos níveis de resistência de união, apesar de terem apresentado uma camada híbrida descontinua e pequenos tags resinosos. (Bitter et al., 2009; Sarkis-Onofre et al., 2014; Conde et al., 2015).

Atualmente existe no mercado um novo grupo de sistemas adesivos multifuncionais – denominados universais -, que podem ou não ser associados ao condicionamento ácido (Hanabusa et al., 2010; Perdigão et al., 2012) e que tem como objetivo poder ser utilizado com qualquer tipo de técnica que o operador preferir e ainda manter a mesma qualidade de resistência de união independente da escolha. Além disso, seu pH mais elevado em relação a outros sistemas adesivos, poderia contribuir na interação entre os sistemas adesivos autocondicionantes e os cimentos resinosos na superfície de dentina, pois há a compatibilidade dos monômeros ácidos residuais com os componentes binários peróxido-amina e amina terciária do cimento resinoso. Por possuírem um monômero fosfatado específico – 10-MDP (Metacriloxidecil Di-hidrogênio Fosfato) – que permite uma ligação estável com a hidroxiapatita que recobre as fibrilas de colágeno dentro da área de união (Yoshida Y, 2000; Yoshihara K, 2011) e silano, estes sistemas adesivos são versáteis, podendo ser aplicados em esmalte, dentina, compósitos, metais, cerâmicas, rendendo-lhes a classificação de universais (Van Landuyt et al., 2015). Porém ainda existem poucos estudos sobre esse tipo de adesivo, sobretudo no que diz respeito ao seu uso na cimentação de pinos de fibra de vidro. Entretanto, a introdução de novos materiais no mercado requer treinamento e conhecimento atual, para garantir a melhor aplicação para estes novos materiais (Brunthaler et al., 2003; Burke et al., 2005; Demarco et al., 2012; Nascimento et al., 2013; Demarco et al., 2013).

A variedade de materiais para a cimentação de pinos de fibra de vidro permite, de acordo com as adversidades e desafios, diferentes protocolos clínicos.

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Uma variação possível de protocolo é quanto à fotoativação, ou não, do conjunto adesivo/cimento/pino (Bonfante et al., 2008). Essa possibilidade somada ao uso de cimentos resinosos de presa dual faz com que a associação de uma ativação química com uma fotoativada, possa garantir excelência na cimentação de pinos intrarradiculares. (Braga et al., 1999; Ferrari et al. 2000(b)). Porém, a maioria dos protocolos necessita da fotoativação do sistema adesivo previamente a aplicação do cimento resinoso, tornando-se um passo crítico no procedimento, podendo ocorrer desadaptações e falhas nas regiões de união, além do tempo clínico ser mais prolongado. Tendo isso em vista, uma das proposições do cimento RelyX Ultimate (3M ESPE), de acordo com o fabricante, é a não necessidade dessa fotoativação prévia, pois ocorre uma reação específica do cimento com o adesivo, uma união química e um efeito sinérgico entre eles, possibilitando a fotoativação de ambos ao mesmo tempo. Este cimento foi desenvolvido com um sistema de oxirredução formado pelo ter-butil peróxido trimetilhilhexanoato e persulfato de sódio para suprir as interações adversas entre o sistema adesivo e o cimento resinoso dual que utiliza na reação de polimerização química a amina terciária (ativador) e o peróxido de benzoila (iniciador).

Desta forma, estudos sobre uma correta e eficiente aplicação dos diferentes sistemas adesivos e cimentos resinosos, bem como o uso associado destes materiais, são necessários na busca de protocolos mais simplificados, produtivos e de qualidade. O objetivo no presente estudo foi avaliar a resistência da união à dentina intrarradicular de dois cimentos resinosos em associação a um sistema adesivo multifuncional, após a cimentação de pinos de fibra de vidro submetidos a diferentes protocolos de polimerização, e avaliar o padrão de fratura da interface de união.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Sistemas adesivos

Em 1982, Nakabayashi e colaboradores revelaram que o condicionamento ácido deixava uma camada de fibras colágenas ancoradas na superfície da dentina desmineralizada e que resinas hidrófilas poderiam penetrar nesse espaço descrevendo pela primeira vez a camada híbrida – um bio composto. Neste estudo, o monômero 4-metacriloxietil trimelitato de anidrido (4-META) foi avaliado e o ataque ácido foi realizado com solução de ácido cítrico e cloreto férrico. Monômeros com grupos hidrófobos e hidrófilos, como o 4-META, promoveram infiltração no tecido mineral. A resistência da união a tração foi de 18 MPa em dentina e a adesão não foi fornecida pela penetração nos túbulos como havia sido considerada anteriormente. Esta observação foi realizada por meio de microscopia eletrônica de transmissão, e posteriormente de varredura.

Munck e colaboradores em 2005, descreveram o mecanismo de adesão como um processo de troca, entre os componentes inorgânicos dos tecidos duros dentais, por monômeros resinosos dos compósitos. Avaliaram isso através de um trabalho de revisão que examinou os processos fundamentais que causam a degradação da adesão de biomateriais no substrato dentinário. Foram avaliados diversas metodologias e protocolos que se propunham a prever a durabilidade da união, como medições de fadiga, tenacidade à fratura, configurações de teste orientados mecanicamente, dentre outros. Eles classificaram os sistemas adesivos modernos de acordo com a técnica de adesão aos tecidos dentais: a primeira denominada úmida – como a descrita por Nakabayashi anteriormente, em que é necessário um condicionamento prévio dos tecidos antes da aplicação do sistema adesivo - e a segunda autocondicionante, em que não é necessário o condicionamento ácido. Além disso, classificaram os adesivos autocondicionantes em três tipos de sistemas adesivo, os “fortes”, os “moderados” e os “suaves”. Os “fortes” apresentam pH em torno de 1, exibindo mecanismo de união e morfologia interfacial em dentina próximo àqueles adesivos de condicionamento total (etch and rinse). Os “moderados” apresentam pH em torno de 1,5, dissolvendo superficialmente a dentina numa profundidade de 1 a 2 micrometros, fazendo com que muitos dos cristais de hidroxiapatita substanciais se incorporem à camada híbrida e interajam com grupos fosfatos ou grupos carboxílicos dos monômeros

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funcionais. Por fim, os “suaves”, que em geral têm pH em torno de 2, desmineralizando a dentina em uma profundidade aproximada de apenas 1 micrometro, porém criando porosidades suficientes na superfície para obtenção de uma interação micromecânica.

Yoshida e colaboradores em 2004 observaram que dentre os monômeros funcionais utilizados nos adesivos autocondicionantes o 10MDP apresentou adesão mais eficiente com a hidroxiapatita, além de ser mais estável em água do que outros monômeros funcionais como o 4-MET e o fenil-P. Devido a isso, materiais que contém 10MDP têm sido desenvolvidos, e atualmente são encontrados em sistemas adesivos e cimentos autoadesivos de diferentes fabricantes.

Van Landuyt et al. (2008), adicionaram diferentes concentrações de HEMA, um monômero altamente fluído e hidrófilo, em quatro sistemas adesivos experimentais autocondicionantes de passo único, e avaliaram sua resistência de união. Foi encontrado uma melhora na resistência de união quando uma pequena quantidade de HEMA (10%) havia sido adicionado. Quando adicionado em concentrações mais elevadas, o efeito benéfico de HEMA sobre a resistência da união não existiu devido a conversão da polimerização reduzida e propriedades físico-mecânicas deficientes.

Yoshida e colaboradores em 2010, utilizou a Espectroscopia de Fotoelétrons de Raio X (XPS) para analisar a interação química de um ácido polialcenóico sintetizado com esmalte e hidroxiapatita sintética. Tanto para o esmalte como para a hidroxiapatita, o pico que representa os grupos carboxil do ácido polialceóico foi detectado como tendo significativamente mudado para uma energia de ligação inferior. A de-convolução deste pico deslocado revelou dois componentes com um pico representando grupos carboxil não reagidos e um pico sugerindo união química à hidroxiapatita. Em média, 67,5% dos grupos carboxil do ácido polialcenóico foram medidos como tendo união à hidroxiapatita. XPS da hidroxiapatita revelou também a sua superfície rica em cálcio e pouco fósforo, indicando que o fósforo foi extraído a uma taxa relativamente mais elevada do que o cálcio. A análise destes dados suporta o mecanismo em que grupos carboxílicos substituem os íons fosfato do substrato e fazem ligações iônicas com íons cálcio de hidroxiapatita. A partir deste estudo, conclui-se que uma camada ultrafina de um ácido polialcenóico pode ser preparada num substrato à base de hidroxiapatita pela remoção cuidadosa de moléculas não unidas. Além disso, com este método de

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processamento de espécimes, o XPS forneceu evidência direta de ligação química, e também permitiu quantificar as porcentagens de grupos funcionais dos ácidos polialcenóicos que se ligam ao cálcio da hidroxiapatita.

Em 2010, Hanabusa e colaboradores com o objetivo de testar a aplicabilidade de um novo adesivo de passo único denominado multi-funcional, seguindo diversas abordagens de condicionamento dos tecidos dentais, quer seja total, seletivo, ou autocondicionante. As hipóteses específicas testadas foram que o condicionamento prévio com ácido fosfórico não afetou a eficácia de união do adesivo de um passo ao esmalte e à dentina, e que a adesão à dentina também não foi afetada quando o adesivo foi aplicado seguindo protocolo de técnica seca ou técnica úmida. Neste estudo foi testou-se a resistência de união à microtração (μTBS) do adesivo autocondicionante de passo único G-Bond Plus (GC, Tóquio, Japão; 1-SEA) quando unido ao esmalte a partir de um protocolo de adesão autocondicionante ou de condicionamento total, e aplicado à dentina quando seguindo um protocolo adesivo autocondicionante, técnica seca ou técnica úmida de condicionamento total. O teste de resistência de união foi corroborado pela análise ultra-estrutural da interação interfacial no esmalte e dentina utilizando microscopia eletrônica de transmissão (TEM). Como resultado foi encontrado que o condicionamento prévio com ácido fosfórico aumentou significativamente a eficácia de união do 1-SEA ao esmalte. Uma superfície micro-retentiva claramente melhorada foi revelada por TEM. Para a dentina, não foi registrada qualquer diferença estatisticamente significativa na eficácia da união quando o 1-SEA foi aplicado seguindo um protocolo autocondicionante ou ambas as abordagens de condicionamento total. A técnica seca de condicionamento total foi significativamente mais eficaz do que a sua versão úmida. No entanto, TEM revelou baixas indicações de hibridização. Concluiu-se que enquanto o condicionamento com ácido fosfórico aumentou significativamente a união do adesivo de passo único autocondicionante ao esmalte, deve-se tomar maiores cuidados com condicionamento ácido adicional à dentina. Apesar da resistência união não ter sido afetada negativamente, as imagens de ultra-estrutura demonstram uma interface mais vulnerável a biodegradação.

Em 2011, Yoshihara e colaboradores, justificando que pesquisas anteriores, nas quais a eficácia de união dos 3 monômeros autocondicionantes HAEPA, EAEPA e MAEPA foi determinada, mostrou que MAEPA foi o mais eficaz.

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Neste estudo, as interações moleculares desses monômeros com hidroxiapatita e dentina foram investigadas pela combinação de difração de raios X, espectroscopia de infravermelho e microscopia eletrônica de varredura. Testou-se então, a hipótese nula de que o desempenho de união destes monômeros não se correlaciona com a formação de sais monômero-cálcio e com a estabilidade hidrolítica destes complexos monómero-cálcio. Soluções de monômero / etanol / água foram preparadas e aplicadas a hidroxiapatita sintética e à dentina. Foi visto que, enquanto a HAEPA e a EAEPA dissolveram a dentina consideravelmente e depositaram sais de cálcio-fosfato instáveis (DCPD), a MAEPA formou os sais monômeros-cálcio resistentes à hidrólise que permaneceram ligados à superfície da dentina mesmo depois de serem enxaguados. Pensa-se que a estabilidade química dos sais de monômero-cálcio contribui em particular para a durabilidade da união, porém este estudo mostra que a formação de sais de monômero-cálcio estáveis também aumenta o desempenho de união "imediata" dos adesivos autocondicionantes.

Van Meerbeek e colaboradores em 2011 demonstraram que com a eliminação do condicionamento ácido para os sistemas adesivos autocondicionantes, a técnica adesiva se tornou menos sensível, eliminando a etapa de molhamento e secagem do canal. Os monômeros ácidos dos sistemas adesivos faziam isso ao mesmo tempo em que infiltravam no substrato dentinário.

Perdigão e colaboradores em 2012, avaliaram a resistência de união à microtração laboratorial de dentina e esmalte e a ultra-morfologia interfacial de um novo adesivo dental multifuncional aplicado sob diferentes estratégias de união. Para o teste de resistência de união foram utilizados 36 molares humanos recém extraídos isentos de cárie foram atribuídos a seis grupos: Grupo CSE - Clearfil SE Bond, adesivo autocondicionante de dois passos (controle autocondicionante); Grupo SBU-SE - Scotchbond Universal Adhesive (SBU), aplicado como um adesivo autoacondicionante de um passo; Grupo OSLm - OptiBond SOLO Plus (OSL), um adesivo de condicionamento total de dois passos aplicado em dentina úmida (controle de condicionamento total); Grupo OSLd - OSL aplicado em dentina seca com jatos de ar; Grupo SBU-ERm - SBU aplicado como um adesivo de condicionamento total em 2 passos sobre dentina úmida; Grupo SBU-ERd - SBU aplicado como adesivo de condicionamento total em 2 passos aplicado sobre dentina seca. As restaurações foram construídas com Filtek Z250 e polimerizadas em três incrementos de 2 mm cada. Os espécimes foram seccionados com uma

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disco diamantado com velocidade lenta sob água nas direções X e Y para obter palitos unidos testados até a falha a uma velocidade de 1 mm/minuto. As análises estatísticas foram calculadas utilizando ANOVA 1 fator seguida de testes pós-hoc a P <0,05. Avaliação ultra-morfológica das interfaces dentina-resina foram preparadas para cada um dos seis grupos, processadas e observadas sob FESEM. A média do grupo OSLm foi significativamente maior (63,0 MPa) do que os outros cinco grupos. Todos os grupos SBU foram classificados no mesmo subconjunto estatístico, independentemente do tratamento dentinário. A média mais baixa de microTBS foi obtida com CSE (47,2 MPa) e OSLd (50,2 MPa), que foram classificadas no mesmo subconjunto estatístico. A avaliação ultramorfológica demonstrou ultramorfologia semelhante para os dois adesivos autocondicionantes. A dentina seca não impediu a formação de uma camada híbrida com SBU-ERd, em oposição à OSLd.

Van Landuyt e colaboradores em 2015, testou a hipótese de que um adesivo à base de TPO é menos tóxico do que um adesivo à base de CQ, já que TPO é um fotoiniciador mais reativo que CQ, e demonstrou maior conversão monomérica com menor quantidade de monômeros residuais. Um adesivo à base de CQ (SBU-CQ) (Scotchbond Universal, 3M ESPE) e sua contrapartida experimental com TPO (SBU-TPO) foram testados quanto à citotoxicidade em células derivadas da polpa humana (tHPC). O estresse oxidativo foi analisado pela geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) e pela expressão de enzimas antioxidantes. Um teste de barreira dentinária (DBT) foi utilizado para avaliar a viabilidade celular nas circunstâncias clínicas simuladas. SBU-TPO não polimerizado foi significativamente mais tóxico do que o SBU-CQ após uma exposição de 24h, e o TPO isolado (EC50 = 0,06 mM) foi mais citotóxico do que a CQ (EC50 = 0,88 mM), EDMAB (EC50 = 0,68 mM) ou CQ / EDMAB EC50 = 0,50 mM). As culturas pré-incubadas com BSO (l-butiionina sulfoximina), um inibidor da síntese de glutationa, indicaram um papel menor da glutationa nas respostas citotóxicas em relação aos adesivos. Embora a geração de ROS não tenha sido detectada, uma expressão diferencial de antioxidantes enzimáticos revelou que as células expostas ao SBU-TPO ou SBU-CQ não polimerizados estão sujeitas a estresse oxidativo. SBU-SBU-TPO polimerizado foi mais citotóxica do que a SBU-CQ apenas em condições experimentais específicas, mas não foi detectada citotoxicidade numa DBT com uma barreira de dentina de 200 μm. A significância clínica deste estudo demonstra que não só o GC e liberação de monômeros determina a biocompatibilidade dos

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adesivos, mas também a citotoxicidade do fotoiniciador deve ser considerada. A adição de TPO tornou um adesivo universal mais tóxico em comparação com CQ. Contudo, este efeito poderia ser anulado por uma fina barreira dentinária.

Rosa e colaboradores em 2015, realizaram uma revisão sistemática sobre os sistemas adesivos autocondicionantes, denominados universais, sobre o melhor protocolo de aplicação para dentina e esmalte, se havia a necessidade de condicionamento ácido ou não, e foi concluído que o condicionamento ácido era estatisticamente significante apenas em esmalte, em dentina não.

2.2 Restaurações de dentes tratados endodonticamente

Em 1998, Wu et al., avaliaram a contaminação ao longo de canais radiculares, após o preparo e cimentação de pinos intrarradiculares. Para este estudo foram utilizados 120 dentes humanos divididos em 6 grupos, de acordo com o cimento utilizado para a cimentação do pino, ou apenas para o preenchimento do conduto radicular. Os pinos foram posicionados nos 7 mm cervicais dos elementos, e foi avaliada a contaminação nos 4 mm apicais que continham apenas materiais obturadores e comparados com a contaminação dos 7 mm preparados para a cimentação dos pinos. Foi constatada uma maior infiltração bacteriana na região apical do que em todo o restante da raiz e, após a cimentação dos pinos, não houve nenhuma infiltração nos 7 mm de pinos cimentados, demonstrando a importância dessa blindagem coronária, e a susceptibilidade da região apical a infiltrações. Os autores concluíram que os 4 mm apicais com material obturador do canal radicular após o preparo do espaço para pino contamina estatisticamente mais do que o conteúdo original do canal radicular total. A contaminação criada pelo preparo do espaço para pino do canal pode ser compensada pelos pinos cimentados.

Hommez et al., em 2002, também confirmaram a importância do selamento coronário através de um estudo, que avaliou a qualidade, clínica e radiograficamente, das restaurações coronárias de dentes tratados endodonticamente, bem como a qualidade das obturações. Para o estudo foram realizadas 745 radiografias periapicais de dentes tratados endodonticamente que não receberam restaurações definitivas desde o ano anterior, escolhidas aleatoriamente de pacientes atendidos na Faculdade de Odontologia de Ghent. Foram avaliadas a qualidade do selamento coronário, a presença de infiltrações ou cáries e lesões periapicais, e qualidade da obturação. Foi realizada uma correlação

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e comparação entre esses dados, através de exames radiográficos e clínicos. Trinta e três por cento dos dentes possuíam periodontite apical diagnosticada clinicamente ,31% dos dentes com restaurações consideradas boas, assim como 33% dos dentes com restaurações consideradas ruins. Radiograficamente, dentes com restaurações definitivas consideradas aceitáveis representavam 23,8% com periodontite apical, enquanto dentes com restaurações consideradas inaceitáveis 49,1%. A presença de uma restauração aceitável e um comprimento e homogeneidade na obturação influenciaram significantemente na presença de periodontite apical. Concluindo que o selamento coronário é tão importante quanto a qualidade da endodontia e da obturação.

Mindiola et al., em 2006, realizaram um estudo retrospectivo em uma população nativa dos Estados Unidos que receberam tratamento entre 1991 até 2000, totalizando 5460 pacientes. Muitos fatores foram avaliados, no intuito de verificar a qualidade e longevidade dos tratamentos prestados e fatores que pudessem afetar o sucesso dos mesmos. Avaliaram a frequência de intervenção endodôntica e a retenção de dentes tratados endodonticamente. Os resultados mostraram que clínicos gerais tendem a realizar tratamentos endodônticos mais simples, como dentes anteriores e restaurá-los imediatamente, enquanto especialistas faziam casos mais complexos como dentes posteriores e retratamentos. Foram observados que pacientes com doenças sistêmicas como diabetes tinham um decréscimo na retenção das restaurações e um alto índice de retratamentos, assim como os hipertensos. Diante disso, este estudo sugeriu que diabetes e / ou hipertensão, retardada ou nenhuma restauração, e aumento da idade, podem todos contribuir para diminuir a retenção de dentes tratados endodonticamente, e que a restauração imediata com pinos intrarradiculares poderiam aumentar a retenção e a longevidade desses tratamentos. No início dos anos 90, muito poucos casos de endodontia de dentes posteriores foram concluídos até o selamento coronário e pode-se inferir que houve maior número de dentes posteriores extraídos por causa deste fato. Isso demonstra como uma combinação de fatores, como tipo de restauração e atendimento especializado, pode fornecer uma gama mais ampla de serviços clínicos endodônticos, apoiando um objetivo do Serviço de Saúde Indígena de fornecer o mais alto nível possível de cuidados de saúde bucal.

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2.3 Cimentos Resinosos

Na constante busca por materiais que promovam selamentos coronários mais eficazes, sobretudo no caso de retentores intrarradiculares, Rosenstiel e colaboradores, em 1998, realizaram uma revisão da literatura sobre os cimentos utilizados na Odontologia. Em busca de determinar quais seriam as características de um material ideal, foram realizadas diversas buscas na literatura sobre: propriedades de resistência mecânica, solubilidade, biocompatibilidade, estabilidade de cor, resistência ao desgaste, sorção de água, dentre outras diversas características. Essas características ideais foram comparadas às características dos materiais disponíveis comercialmente, presentes nos estudos avaliados, e então o bom desempenho dos cimentos resinosos, se destacou nas propriedades de resistência, como a resistência à compressão, maior tempo de trabalho e melhor estabilidade de cor, ocorrendo principalmente quando ativados exclusivamente por luz.

Sendo assim, estudos foram direcionados para avaliar e testar a eficácia dos cimentos resinosos disponíveis, como em 2002, que Braga e colaboradores que investigaram as diferentes categorias desses cimentos disponíveis comercialmente quanto a forma de fotoativação: fotopolimerizável, química e dual; foram realizados testes de resistência flexural, módulo de elasticidade e dureza de quatro cimentos: Enforce, Variolink II, RelyX ARC, C & B. Os resultados foram: RelyX ARC no modo dual demonstrou os maiores valores de resistência flexural do que os outros grupos. Além disso, juntamente com o Variolink II eles dependeram da fotoativação para atingirem maiores valores de dureza. O Enforce mostrou dureza similar nos modos dual e auto-polimerizado.

Também avaliando cimentos resinosos com o mesmo intuito, porém com outras marcas, Hofmann e colaboradores em 2001, realizaram os mesmos testes em outros quatro cimentos duais (Cerec Vita DuoCement, Nexus, Variolink II e SonoCem) e um quimicamente ativado (Panavia 21). Após a análise dos resultados, os autores concluíram que a ativação química em conjunto com a fotoativação é eficaz em cimentos duais. Esses cimentos, quando utilizados na forma dual apresentaram melhores propriedades, mesmo com a presença da espessura da porcelana durante a ativação.

Arrais et al., (2008), realizaram um estudo com o propósito de avaliar o grau de conversão e cinética de polimerização de cinco cimentos de dupla

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polimerização presentes no mercado nos tempos de cinco e dez minutos após a mistura dos componentes. Os cimentos utilizados Duolink, Nexus 2, Lute-It, Calibra e RelyX ARC, foram manipulados e a submetidos a um espectrofotômetro infravermelho. Os materiais foram fotoativados por 40 segundos ou mantidos longe da luz para agir em modo autopolimerizável. O grau de conversão, máxima polimerização e dupla polimerização foram calculados. Todos os grupos autopolimerizáveis exibiram baixo grau de conversão e máxima polimerização em relação aos grupos de dupla polimerização, sendo que os maiores valores obtidos para o grau de conversão foram atingidos no tempo de 10 minutos. Apesar de que a viscosidade não foi diretamente associada ao estudo atual, foram observadas claras diferenças entre alguns produtos durante a sua manipulação. Os autores concluíram que os valores para o grau de conversão de todos os grupos de cimentos autopolimerizáveis foram mais baixos do que aqueles dos cimentos de dupla polimerização, mas as diferenças nos fatores máxima polimerização e dupla polimerização foram dependentes do produto. O grau de conversão de todos os produtos foi maior para o intervalo de 10 minutos apenas no modo autopolimerizável.

Goracci et al. (2006), avaliaram a resistência de união e a morfologia da interface criada na superfície do esmalte e da dentina, de diversos cimentos resinosos, duais e auto-adesivos. Quarenta e oito coroas à base de resina (overlays) foram cimentadas em molares extraídos, com fotoativação final no tempo de 20s. Foi mensurada a resistência de união para avaliar a interação entre o cimento resinoso e o procedimento de cimentação. Foi constatado que o tipo de cimento e o procedimento de cimentação influenciaram na resistência de união, com bons resultados para os cimentos auto-adesivos e duais e que um tempo de espera/pressão para a auto-polimerização foi benéfica. A indução de água que ocorre na superfície dentinária que recebeu o ED primer (componente do cimento autocondicionante Panavia F), no caso em que o mesmo não foi adequadamente polimerizado, pode ser impedida pela técnica do preenchimento da superfície do ED primer com uma adicional camada de resina hidrofóbica fotoativada, reduzindo a permeabilidade da camada adesiva, assim, melhorando a união cimento-dentina, afim de melhorar a eficácia de um cimento dual. A limitada habilidade de condicionar a smear layer dentro da dentina intacta subjacente, juntamente com a alta viscosidade e porosidade é devido a característica tixotrópica do cimento resinoso

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autoadesivo, a união com RelyX Unicem pode ser beneficiada pela aplicação de uma força que exerce pressão durante o processo de presa, como aconteceria em retentores intrarradiculares.

Amaral e colaboradores em 2009, realizaram um estudo almejando avaliar o efeito de diferentes estratégias de cimentação de pinos sobre a resistência de união de pinos de fibra de vidro no canal radicular. Para este estudo, os canais radiculares de 70 dentes bovinos monorradiculares (16 mm de comprimento) foram preparados a 9 mm de profundidade utilizando a broca de um sistema de pinos de fibra de vidro de dupla conicidade (White Post DC, FGM). Cada espécime foi incorporado em um cilindro de plástico utilizando resina acrílica até 3 mm da porção mais coronal do espécime e alocado em um dos sete grupos (n = 10) baseado nas estratégias de cimentação: Gr1- ScotchBond Multi Purpose plus (SBMP) + Relyx ARC; Gr2-Single Bond + Relyx ARC; Gr3- ED Primer + Panavia F; Gr4- SBMP + AllCem; Gr5- Relyx ARC; Gr6- Relyx Unicem; Gr7- Relyx Luting 2 cimentos de ionômero de vidro. Após a cimentação, os espécimes foram armazenados por sete dias (em ambiente úmido a 37 ° C) e submetidos ao ensaio de resistência de união pull-out. Os espécimes testados foram analisados ao microscópio e SEM para análise de fraturas. O estudo demonstrou que a estratégia para cimentação de pinos afetou significativamente a força de retenção (Kgf) (p <0,0001). Gr6 (37,7 +/- 8a), Gr1 (37,4 +/- 5,7a) e Gr4 (31,6 +/- 6,6ab) apresentaram as maiores forças de união pull-out. Gr2 (12,2 +/- 5,6c), Gr3 (6,5 +/- 5,2c) e Gr7 (5,1 +/- 2,8c) apresentaram as mais baixas forças de adesão. Gr5 (24,2 +/- 7,4b) foi semelhante a Gr4 e inferior a Gr6 e Gr1. A partir destes resultados, foi possível concluir que o uso de um sistema adesivo de condicionamento total de três passos parece ser eficaz. A aplicação de outros sistemas adesivos (sistemas de condicionamento total de frasco único e sistemas autocondicionantes) não apresentou altos valores de resistência de união pull-out. O cimento resinoso auto-adesivo simplificado (sem aplicação de adesivo) apresentou bom desempenho de retenção, porém os autores alertam para que estudos adicionais ainda devem ser conduzidos.

Em 2012, Juloski e colaboradores alegando que a adesão de pinos de fibra de vidro com sistemas adesivos simplificados tem sido motivo de grande interesse nos últimos anos, realizaram um estudo com objetivo de avaliar o potencial de retenção de pinos de um cimento resinoso experimental auto-adesivo (EXP) quando utilizado sozinho e em combinação com um adesivo autocondicionante. Os

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pinos de fibra foram colocados em dentes endodonticamente tratados e divididos em quatro grupos (n = 6) de acordo com o material de cimentação, como se segue: grupo 1 (EXP apenas); Grupo 2 (EXP usado com adesivo autocondicionante); Grupo 3 (cimento resinoso dual comercializado com adesivo autocondicionante); e do grupo 4 (cimento auto-adesivo comercializado). O teste push-out foi utilizado para avaliar a resistência de união dos pinos de fibra (expressa em MPa), e os espécimes foram analisados sob um estereomicroscópio para determinar o modo de falha. A interface adesiva entre o cimento e a dentina do canal radicular para cada grupo foi avaliada por microscopia eletrônica de varredura. O potencial pós-retentivo do grupo 1 (EXP) (7,48 ± 4,35 MPa) foi comparável ao dos cimentos comercializados do grupo 4 (6,79 ± 3,68 MPa) e do grupo 3 (8,77 ± 4,58 MPa). Quando o EXP foi utilizado em combinação com adesivo autocondicionante (grupo 2), valores de força de resistência de união push-out foram significativamente maiores (15,87 ± 4,68 MPa) em comparação com os outros grupos.

Shiratori e colaboradores em 2013, avaliaram a influência de diferentes técnicas de manipulação e inserção de cimentos nos condutos radiculares com cimentos autoadesivos e como diferentes técnicas de cimentação eram influenciadas pela região do conduto radicular. As diferentes técnicas de cimentação foram realizadas através de o uso de lentulo, seringa centrix, ou aplicação da própria ponteira automix. Os cimentos avaliados foram: Biscem, Breeze, Maxcem. Para o teste de resistência de união foi realizado o ensaio de push-out. O cimento Breeze mostrou-se com médias maiores em relação aos outros grupos, independente da técnica de cimentação utilizada. Porém houve diferença estatística, em todos os subgrupos testados, mostrando que independente do cimento utilizado, a maneira de aplicação do cimento influencia diretamente na resistência de união dos compósitos.

Também em 2013, Chang et al., avaliaram através do teste de resistência de união push-out, pinos de fibra de vidro cimentados com diferentes tipos de cimentos, com o intuito de investigar seu comportamento em diferentes regiões do conduto radicular. Os cimentos resinosos avaliados eram duais, autoadesivos ou autopolimerizáveis. Todos os cimentos apresentaram uma queda na resistência de união nos terços apicais e médio, com exceção do cimento resinoso autoadesivo Unicem, mostrando superioridade nesse quesito em comparação com os outros cimentos duais ou autopolimerizados.

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Esses resultados corroboram com Bergoli et al. 2012, que também pelo método de avaliação de resistência de união, push-out, termociclagem e diferentes estratégias de cimentação, avaliaram pinos de fibra de vidro cimentados em dentes bovinos, com três tipos diferentes de cimentos: RelyX ARC + scotchbond multi purpose; AdheSE + Multilink; e Relyx U100. Os autores concluíram que o cimento autoadesivo U100 pode ser considerado uma boa alternativa para a cimentação de pinos de fibra de vidro, com altos resultados de resistência de união, baixos valores de estresse de contração de polimerização e menor sensibilidade da técnica.

Os benefícios da fotoativação de cimentos resinosos foram avaliados por Van Meerbeek et al., em 2013. Blocos de cerâmica feldispática foram cimentados sobre a dentina usando OptibondXTR / Nexus 3 (XTR / NX3; Kerr), o adesivo universal Single bond Universal / RelyX Ultimate (SBU / RXU, 3M ESPE) ou ED Primer II / Panavia F2.0 (ED / PAF; KurarayNoritake). Além da avaliação do cimento foram analisadas outras variáveis como: diferentes modos de polimerização: autopolimerização dos cimentos, fotoativação apenas dos adesivos e autopolimerização dos cimentos e fotoativação de ambos os sistemas; diferentes temperaturas de autopolimerização - 21ºC e 27ºC - e diferentes tratamentos na peça cerâmica: silanização, ácido fluorídrico e aplicação de adesivo (Single bond Universal ou Heliobond). Os espécimes foram submetidos ao ensaio de microtração. Os autores observaram, a respeito dos compósitos resinosos que os piores valores de resistência de união foram em relação ao grupo ED/PAF. Quanto aos métodos de polimerização, os menores valores de resistência de união foram atribuídos aos sistemas de autopolimerização exclusiva quando em comparação com os grupos que tiveram pelo menos o cimento ou o adesivo fotoativado. A temperatura mais elevada para a autopolimerização melhorou somente a resistência de união do grupo ED/PAF. A autopolimerização completa levou a inferior resistência de união do que quando o adesivo ou ambos os cimentos resinosos e sistema adesivo foram fotoativados. O uso de um adesivo incorporado com silano não diminuiu a eficácia de cimentação quando o composto também foi fotopolimerizado. Os autores demonstraram que poderia ser obtido bons resultados de união apenas com a fotoativação de um dos sistemas.

Devido a inúmeros artigos na literatura sobre diferentes tipos de cimentos resinosos, especialmente os mais modernos – autoadesivos- foram realizadas diversas revisões de literatura sobre o tema. Em 2008, Radovic e colaboradores

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publicaram uma revisão de literatura sobre os cimentos resinosos autoadesivos. A busca foi realizada no PubMed, afim de recolher informações sobre as propriedades desses cimentos baseados na literatura. Apenas estudos in vitro foram analisados, mas nesse período da revisão apenas dois cimentos autoadesivos eram comercializados: RelyX Unicem o mais pesquisado, e Maxcem. Os autores avaliaram a adesão desses cimentos no esmalte, na dentina, na dentina intrarradicular, em cerâmicas, em retentores intrarradiculares, em abutments de titânio. Além disso, recolheram informações sobre adaptação marginal, microinfiltração, biocompatibilidade, adesão química e liberação de flúor. Foi concluído que a adesão de cimentos resinosos autoadesivos é satisfatória em dentina e em vários tipos de materiais, comparável aos cimentos resinosos de múltiplos passos. A fotoativação geralmente produz maiores valores de resistência de união, porém a adesão ao esmalte se mostra frágil apenas com o uso dos cimentos autoadesivos. Os cimentos resinosos autoadesivos se mostraram promissores, porém era necessário avaliar outras marcas comerciais.

Outra revisão mais recente realizada sobre cimentação de pinos de fibra de vidro com cimentos resinosos foi a de Sarkis-Onofre e colaboradores, em 2014. A justificativa de realização dessa revisão foi de que existem muitas maneiras e protocolos de cimentar retentores intrarradiculares, porém sem nenhum consenso sobre a melhor estratégia. Portanto, essa revisão foi conduzida para determinar se há diferença de resistência de união em dentina entre cimentos resinosos duais e autoadesivos e verificar a influência de outras variáveis na retenção dos pinos de fibra de vidro. As buscas dos diversos artigos relacionados a resistência de união com pinos de fibra de vidro foi realizada no PubMed e Scopus. Uma comparação global foi realizada entre cimentos resinosos duais e autoadesivos e mais dois subgrupos foram analisados: 1) Autoadesivos X Cimento resinoso dual + sistema adesivo de condicionamento úmido; 2) Autoadesivos X Cimento resinoso dual + sistema adesivo autocondicionante. Os resultados mostraram heterogeneidade em todas as comparações, e maiores valores de resistência de união à dentina dos autoadesivos. Entretanto, os artigos incluídos nessa meta-análise apresentaram alta heterogeneidade e alto risco de vieses. A literatura in vitro parece sugerir que o uso de cimentos resinosos autoadesivos poderia melhorar a retenção de pinos de fibra de vidro no interior de canais radiculares.

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existentes atualmente para a cimentação de pinos de fibra de vidro, aliados a diversos protocolos. Sendo assim, se faz necessário a avaliação dos mais recentes e modernos, como os sistemas adesivos universais e os cimentos resinosos autoadesivos, bem como a sua associação e avaliação diante de diferentes protocolos de utilização dos mesmos, almejando alcançar protocolos cada vez mais simplificados porém com grande eficácia.

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3 PROPOSIÇÃO

O objetivo no presente estudo foi avaliar a resistência da união de pinos de fibra de vidro cimentados em canais radiculares com diferentes cimentos resinosos e um sistema adesivo multifuncional, variando-se o protocolo de polimerização.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Obtenção e padronização das amostras

Inicialmente foram selecionados 400 incisivos inferiores bovinos com dimensões semelhantes. Esses foram armazenados em solução de timol 0,2%, por no máximo 6 meses. As amostras foram padronizadas da seguinte maneira: As medidas dos maiores diâmetros vestíbulo-lingual (V-L) e mésio-distal (M-D) foram obtidas por um paquímetro digital. A partir desses valores foi determinado um valor médio para cada uma das raízes: Valor médio = [(V-L) + (M-D)] / 2. Foram selecionadas 90 raízes com valores iguais ou com diferença máxima de ± 0,25mm de média, para a quantidade de estrutura dental remanescente não interferir nos resultados.

Os dentes foram limpos com o auxílio de lâminas de bisturi e curetas periodontais (Duflex, SSWhite, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) para a remoção de remanescentes de ligamentos periodontais e ósseos. Com um disco diamantado dupla- face (KG Sorensen, São Paulo – SP, Brasil) em baixa rotação e sob constante refrigeração, as coroas foram seccionadas perpendicularmente ao longo eixo do dente, a fim de se obter uma padronização da porção radicular em 15 mm, conferida com paquímetro digital (Vonder, Curitiba, PR, Brasil). Dentes com reabsorções radiculares, curvaturas acentuadas e ápices malformados foram excluídos do estudo.

4.2 Preparo das amostras

As raízes foram instrumentadas, através da técnica crown-down, com limas de NiTi pelo sistema Reciproc R50 (VDW, Munique, Alemanha), em movimento reciprocante com limite de trabalho a 1 mm além do ápice radicular, obtendo-se, deste modo, um diâmetro apical final semelhante a uma lima tipo K #55. A cada troca de instrumento foram feitas minuciosas lavagens com cloreto de sódio (NaCl) 0,9%, a fim de remover restos dentários e smear layer. Não foram utilizadas substâncias químicas auxiliares durante o preparo mecânico, como é na prática clínica, justamente para estas não interferirem na adesão dos cimentos resinosos e sistemas adesivos à dentina intrarradicular (Zorba et al., 2010; Cecchin et al., 2011; Conde et al., 2015) que influenciaria diretamente com o objetivo principal do trabalho. A irrigação com cloreto de sódio 0,9% foi realizada com 5 ml após cada

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troca de brocas e quando o operador julgou necessário, a fim de manter o interior do conduto radicular mais livre de detritos possível para a posterior cimentação do pino de fibra de vidro.

Após o preparo, apenas o terço apical das raízes instrumentadas foi preenchido com guta-percha, para que o cimento obturador não interferir nos resultados – termoplastificada com termoplastificador (Touch’n Heat, Sybron Endo, São Paulo, Brasil). Depois de obturadas, as raízes foram mantidas em umidade relativa à 37ºC por dois dias, antes de serem preparadas para a cimentação dos pinos de fibra de vidro.

O conduto foi preparado com brocas de Largo #5 (Maillefer, Ballaigues, VD, Suíça), como recomendado pelo fabricante para o pino de número 3 (Reforpost nº 3 - Ângelus Produtos Odontológicos, Londrina, Paraná, Brasil), até 12mm do conduto radicular deixando, portanto, 3mm de material selador restantes. O pino foi posicionado de modo que 12 mm ficassem dentro do conduto radicular e 6mm externamente ao conduto, totalizando um comprimento de pino de 18mm. Para atingir tal medida, sua parte coronal foi desgastada com pontas diamantadas antes de sua cimentação, simulando o comprimento necessário para a confecção de um núcleo de preenchimento e padronizando a distância da unidade fotoativadora (LED – Bluephase G2, Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein – Irradiância: 1200mW/cm²).

4.3 Divisão dos grupos experimentais

As raízes foram divididas, aleatoriamente, em 2 grupos, de acordo com o cimento resinoso (cor A1) utilizado para a cimentação dos pinos: 1) Relyx U200 – resinoso dual autoadesivo, ou 2) Relyx Ultimate – resinoso dual convencional – 3M ESPE, Sumaré, SP, Brasil). Após essa divisão, uma subdivisão (n=10) foi realizada em cada grupo - separando as amostras em mais 4 grupos no caso do RelyX Ultimate (Ultimate), e 5 grupos no caso do RelyX U200 (U200), cada um de acordo com um protocolo de cimentação e polimerização, como descrito na Tabela 1.

Feita a divisão, os espécimes foram mantidos em umidade relativa a 100%, enrolados em gaze, para a manutenção de sua umidade e simulação de um ambiente in vivo. Desta maneira, iniciou-se os protocolos de cimentação das amostras, buscando alcançar condições de um ambiente in-vivo. A composição química de cada um dos materiais utilizados está descrita na Tabela 2.

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Tabela 1. Subdivisão dos grupos de acordo com o protocolo de cimentação.

Grupo Protocolo de Cimentação

A Aplicação do adesivo + aplicação do cimento sem fotoativação de ambos (6 minutos)

B Aplicação do adesivo + fotoativação por 20s + aplicação do cimento sem fotoativação (6 minutos)

C Aplicação do adesivo + fotoativação por 20s + aplicação do cimento + fotoativação por 20s

D Aplicação do adesivo + aplicação do cimento + fotoativação de ambos juntos por 20s

E Aplicação do cimento resinoso RelyX U200 + fotoativação por 20s

O preparo do conduto radicular prévio à cimentação dos pinos de fibra de vidro foi o mesmo para todos os grupos: 1) Lavagens com 5 ml de NaCl 0,9% a fim de remover o máximo de detritos previamente à cimentação do pino, 2) secagem com cones de papel absorventes e jatos de ar, 3) aplicação ativa com pincel descartável do sistema adesivo universal Single Bond Universal (3M ESPE, Sumaré, SP, Brasil) por 20 s, 4) leve jato de ar por 5 s e secagem com cones de papel absorventes, 5) fotoativação por 20 s (LED – Bluephase G2, Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein – Irradiância: 1200mW/cm²) – se houvesse - de acordo com cada grupo, como descrito na tabela 1. No grupo U200 protocolo de cimentação “E”, não houve o uso de sistema adesivo.

Para o preparo do pino foi realizado: 1) condicionamento com ácido fosfórico 37% Condac (FGM, Joinville, Santa Catarina, Brasil), 2) lavagem abundante com água destilada, 3) secagem com jato de ar, 4) aplicação ativa do adesivo Single Bond Universal (3M ESPE, Sumaré, SP, Brasil) por 20s, 5) leve jato de ar por 5 s, e 6) fotoativação por 20 s. Depois dos pinos de fibra de vidro serem cimentados, os espécimes foram deixados intactos por 10 minutos, e posteriormente foram armazenados em recipientes à prova de luz, umidade relativa 100%, à 37ºC, por 48 horas.

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Tabela 2. Composição química dos materiais utilizados

Materiais Composição Química

RelyX U200(3M ESPE, Sumaré,

SP, Brasil).

Base: Monômeros metacrilatos contendo grupos de ácidos fosfóricos, monômeros metacrilatos iniciadores,

estabilizadores, aditivos reológicos.

Catalisador: Monômeros metacrilatos, cargas alcalinas, cargas silanizadas, componentes iniciadores, estabilizadores, pigmentos, aditivos reológicos. Cargas de

Zircônia/sílica. “Clicker delivery system”. RelyX Ultimate

(3M ESPE, Sumaré, SP,

Brasil).

Base: monômeros metacrilatos, cargas silanizadas radiopacas, componentes iniciadores, estabilizantes e

aditivos reológicos.

Catalisador: monômeros metacrilatos, cargas alcalinas radiopacas, componentes iniciadores, estabilizantes, pigmentos, aditivos reológicos, corante fluorescente, ativador

da polimerização para o adesivo Single Bond Universal. Single Bond

Universal (3M ESPE, Sumaré,

SP, Brasil).

Adesivo: MDP monômero fosfato, compósitos dimetacrilatos, HEMA, copolímero ácido polialcenóico metacrilato modificado, carga, etanol, água, iniciadores,

silano.

4.4 Avaliação da resistência de união

4.4.1 Preparo das amostras para o teste push-out

As raízes de cada grupo foram fixadas em placa de acrílico com cera pegajosa, de forma que o longo eixo do pino ficasse paralelo à placa de fixação. As placas foram fixadas em cortadeira metalográfica de precisão (Isomet 1000; Buehler, Lake Bluff, IL, USA) (Figura 1), e cortes paralelos entre si e perpendiculares ao longo eixo do pino foram realizados com auxílio de um disco diamantado (Extec Corp, Enfield, CT, USA), sob velocidade de 300 rpm e constante refrigeração, a fim de se obter 2 fatias de aproximadamente 1 mm de espessura, correspondendo a cada terço radicular (cervical, médio e apical), totalizando o corte de 6 fatias por raiz

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(Figura 2). Uma primeira secção, a 1,0 mm da borda cervical, foi feita e descartada em todas as raízes, em seguida, as secções de cada terço foram realizadas.

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Figura 2: Fatias obtidas após os cortes na cortadeira de precisão.

4.4.2 Teste de microcisalhamento por extrusão - Ensaio push-out


Para realização do ensaio, inicialmente, a espessura das fatias foi mensurada por um paquímetro digital e, então, as amostras foram colocadas em uma base metálica que apresenta um orifício com 3,0mm de diâmetro na região central, fixada à máquina de ensaio universal -EZ test (Shimadzu Co, Kyoto, Japan) (Figura 3). As amostras foram posicionadas de modo que a porção referente ao pino ficasse posicionada na mesma direção do orifício, para que a carga fosse aplicada no sentido apical-coronal (com a região apical voltada para cima) até que o pino se deslocasse. Uma haste com ponta ativa de 1,0mm foi fixada à célula de carga (200 N) e posicionada sobre o centro do pino e o ensaio de push-out foi realizado a uma velocidade de 0,5 mm/min (Figura 3).

A máxima força de ruptura foi obtida em Newton (N), convertendo-a para MPa, dividindo a força aplicada pela área unida. Tal superfície unida corresponde à

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área lateral de um tronco-cone, calculada pela fórmula:
SL = π (R + r) [(h2 + (R – r)2]0,5. Onde 𝜋= 3,14, R = raio coronal, r = raio apical, h = espessura da fatia.

Figura 3: Máquina de ensaio universal – EZ test

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4.5 Análise do padrão de fratura

A análise do padrão de fratura foi realizada com auxílio de uma lupa estereoscópica (LEICA MZ75) com aumento de 50x, determinando-se a seguinte classificação para os espécimes: AD – adesiva entre dentina e cimento; AP – adesiva entre pino e cimento; M – falha mista.

Após a classificação, os espécimes representativos dos tipos de fratura encontradas foram cobertos com uma camada de ouro-paládio no metalizador (Bal-Tec SCD050 Sputter Coater, São Paulo, Brasil) e observados em Microscópio Eletrônico de Varredura (Jeol, JSM 5600LV – Scanning Electron Microscope, Japão) no modo elétrons secundários, com aceleração 15kV. (Figuras 5 – 9).

4.6 Análise estatística

A verificação da normalidade dos dados foi executada através do teste Shapiro-Wilk, e os dados foram submetidos à Análise de Variância a dois critérios (ANOVA: two-way) e teste de Tukey post-hoc (α=0,05).

Referências

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