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Academic year: 2021

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WATSON e o Behaviorismo

As bases antecedentes do Behaviorismo (a Russia e a Reflexologia)

A Psicologia do Cérebro, a que mais se destacou dentro da neuropsicologia, surgiu nos primeiros anos do século XIX, através de um grupo de fisiologistas russos, que investigaram uma base fisiológica no processo comportamental. Estes fisiólogos tentaram implicar a neuropsicologia como explicação da psicologia comportamental. Contudo, há a ter em conta que estes investigadores russos, não eram psicólogos, reduzindo assim nos seus estudos, a importância da componente psicológica, face a um maior ênfase dos mecanismos fisiológicos como explicação do comportamento.

Investigadores como Ivan Sechenov (1829-1905), Vladimir Bekhterev (1857-1927), antecedem Ivan Pavlov (1849-1936), este último o mais reconhecido a nível da reflexologia russa, pois produziu um estudo compreensivo para a comunidade científica.

Edward Lee Thorndike (1874-1949) foi um investigador americano, com bastante preponderância no percurso do behaviorismo de Watson. Este autor foi bastante produtivo para a psicologia, pois ao longo da sua vida desenvolveu vários estudos. O seu primeiro estudo desenrolou-se com a análise das estratégias de resolução de problemas em diferentes espécies, testados em pequenas caixas. Impressionado com os resultados verificados através da tentativa-erro e da aprendizagem e sucesso

acidental, este autor conseguiu concluir que havia dois princípios básicos na aprendizagem: exercício e efeito. Thorndike esteve na origem do aparecimento do condicionamento operante, pois foi baseado nas suas primeiras experiências, referidas anteriormente, onde descobriu que um ser vivo em resposta a uma consequência agradável, tende a repetir um mesmo comportamento, fazendo o oposto quando a

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consequência lhe é desagradável. Esta teoria permitiu a Skinner desenvolver a sua teoria sobre a aprendizagem,

Pavlov e Thorndike estudaram dois paradigmas diferentes da aprendizagem, contudo é importante realçar que ambos providenciaram investigações no sentido da associação dos processos da aprendizagem, dando assim base para o aparecimento do Behaviorismo, proclamado por Watson.

As três fontes de Behaviorismo de Watson

A investigação de Watson é então relacionável a três fontes principais, tais como, a psicologia funcional de Dewey, Pavlov e o reflexo e a psicologia animal.

Watson aprendeu muito com a psicologia funcional fundada por Dewey (1859 – 1952) e desenvolvida por Angell, que se interessaram mais pela função do psiquismo e pelo papel que desempenha na adaptação ao meio (numa perspectiva darwiniana), apesar das críticas que lhe fez. Era também em Pavlov que via uma

explicação/compreensão para o seu trabalho, contudo, para ele, a psicologia era

afisiológica, desnecessária de conhecimento fisiológico das modalidades do circuito do reflexo, uma vez que dizia ser perfeitamente possível estudar o comportamento sem saber nada do sistema nervoso, glândulas ou músculos e ainda assim escrever um trabalho exacto e complexo sobre as emoções. Debruça-se fundamentalmente na

psicologia animal, observando do exterior os comportamentos dos animais, aplicando os mesmos procedimentos aos homens que tão bons resultados deram aquando estudados nos animais inferiores. Nesta psicologia não se fala de processos conscientes e Watson propõe extinguir a diferença entre psicologia humana da psicologia animal, já que esta não deve ser uma ciência centrada no homem e para tal, a psicologia tinha de se limitar ao estudo dos comportamentos observáveis directa ou indirectamente.

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Watson e a Revolução Behaviorista

O sistema que define a psicologia é o estudo do comportamento, que recebeu este suporte no século XX, este desenvolvimento deu-se essencialmente nos Estados Unidos da América. Podendo ser observável e quantificável, o comportamento assumiu estas características para dar significado a ele próprio, deixando de ser uma simples subentendida manifestação mental. Este movimento da psicologia, foi formalmente iniciado por um psicólogo americano, que se dá pelo nome de John Broadus Watson (1878-1958), aquando de uma publicação sua numa famosa revista, chamada

“Psychology as the Behaviorist Views It”, publicada em 1913.

Nesse mesmo ano, Watson propôs um corte radical com as bases fundamentais da psicologia até ao momento, ao afirmar que o desenvolvimento da psicologia não faria sentido seguindo o estudo do inconsciente do sujeito. Em suma, desacreditou a noção de um estado inconsciente como resposta ao comportamento dos sujeitos, pois os mesmos não seriam possíveis de ser estudados, como é a exigência e objectivo de qualquer ciência. Watson legitimou que apenas os comportamentos observáveis poderiam promover a psicologia como uma ciência verdadeira, sem a mesma ser posta em causa como ocorria anteriormente. A psicologia poderia então medir as respostas e utilizar o método experimental conseguindo um grau de objectividade superior ao método introspectivo.

Apesar de assegurar alguns argumentos que favoreciam o estudo do

comportamento em detrimento do estudo do inconsciente, o autor não fez referência a nenhum assunto totalmente novo. Como foi referido anteriormente, a escola francesa já havia defendido algumas linhas que visavam reduzir a importância do conteúdo mental em detrimento de argumentos mais físicos e consequentemente comportamentais.

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A mudança do estudo do inconsciente e a passagem para o estudo do

comportamento, permitiu que a psicologia seguisse um novo rumo, conseguindo ainda adquirir algum suporte com base em alguns movimentos iniciados no século XIX, nomeadamente com autores como Darwin e a sua observação meticulosa, suportando os princípios da selecção natural; com hipótese da evolução social, por parte de Spencer, que definia o comportamento como uma actividade orgânica.

Watson enfatizava a importância do comportamento em detrimento do

inconsciente como um passo fundamental para o desenvolvimento da psicologia como ciência, permitindo à mesma, a possibilidade de ter termos comparativos.

Este autor, foi bastante bem sucedido nesta linha de acção, que defendeu para o desenvolvimento da psicologia, sendo seguido por vários psicólogos, pois estes

direccionaram todos os seus estudos no sentido dos comportamentos observáveis, permitindo assim a aceitação desta mudança da psicologia. Contudo, apesar de Watson ser visto como o rosto da mudança, deve ser reconhecido que o sucesso seguinte da corrente behaviorista, é melhor definido como uma evolução da psicologia e não como uma revolução.

O Behaviorismo, especialmente nos Estados Unidos, foi mudando gradualmente, em relação, à definição inicial promovida por Watson, para uma maior compreensão do comportamento do ser humano e das actividades que o mesmo não domina, ou seja o inconsciente, através do estudo de várias metodologias empíricas.

Contudo, antes de Watson e do Behaviorismo, vários autores como Hipócrates, Descartes, Locke, de diferentes países, defenderam perspectivas opostas desta, sendo que apenas o americano Locke, no século XX, emergiu a psicologia como uma disciplina empírica, que estudava o comportamento em função dos estímulos

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promovidos pelo ambiente em que o sujeito estava inserido. O organismo do indivíduo adquire as características necessárias para se adaptar a um determinado contexto.

Entende-se então por comportamento, a resposta de um indivíduo a um

determinado estímulo. A base do Behaviorismo é de que um estímulo provoca sempre a mesma resposta pelo que seria possível prever os comportamentos bem como controlar a produção desses comportamentos, E  R (WATSON). Define estímulo como sendo qualquer objecto do meio que desencadeia um comportamento orgânico ou físico a que chamamos de resposta, diferenciando resposta externa como as acções que fazemos no dia-a-dia e resposta interna como as mudanças que ocorrem no organismo. Daí a sua célebre frase, "dêem-me uma dúzia de crianças sadias, bem constituídas e a espécie de mundo que preciso para as educar, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas, ao acaso, prepará-la-ei para se tornar um especialista que eu seleccione: um médico, um comerciante, um advogado e, sim, até um pedinte ou ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, aptidões, assim como da profissão e da raça dos seus antepassados." (Watson, John B. Behaviorism (revised edition). University of

Chicago Press, 1930.)

Formas de Behaviorismo

Behaviorismo Clássico

O conceito Behaviorismo clássico foi utilizado pela primeira vez por Skinner, em 1945, ao referir-se à proposta de ciência do comportamento dos positivistas lógicos, autores que tiveram grande influência nas linhas gerais defendidas pelos behavioristas norte-americanos na primeira metade do século XX.

O Behaviorismo Clássico também conhecido como behaviorismo watsoniano, apresenta a psicologia como um ramo puramente objectivo e experimental das ciências

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naturais, assim, o objectivo da psicologia seria, prever e controlar o comportamento do indivíduo.

Watson propunha, abandonar o estudo dos processos mentais (pensamento ou sentimentos), a fim de mudar o foco da psicologia para o comportamento observável, sendo que seria mais conveniente concentrar-se então apenas no comportamento, visto este ser observável, enquanto os processos mentais não o eram. Assim, qualquer mudança do organismo provocada por um estímulo do meio, seria comportamento.

Por meio disto, o behaviorismo clássico partia do princípio que era o

comportamento, regulado pelo paradigma pavloviano de estímulo-resposta, conhecido como condicionamento clássico.

Contudo, Watson não rejeita a existência de processos mentais, apenas para ele, o problema era não ser exequível analisar os processos mentais de maneira objectiva, pelo menos naquela época. Por isso é que propôs abandonar os processos mentais mesmo que provisoriamente em prole do estudo do comportamento observável.

Uma vez que, para Watson, os processos mentais devem ser ignorados por uma questão de método (e não porque não existissem), o Comportamentismo Clássico também ficou conhecido pela “alcunha” de Behaviorismo Metodológico.

Watson defendia que o meio era o factor mais importante no desenvolvimento do sujeito. Acreditava que qualquer comportamento era exclusivamente explicado por parte da influência que o sujeito sofria por parte do meio que o rodeava, chegando mesmo ao afirmar que, se lhe dessem algumas crianças recém nascidas de forma arbitrária e que se fosse possível controlar o ambiente, o autor determinaria qual a profissão e o carácter que cada sujeito iria ter. Embora por razões óbvias não tivesse sido feita nenhuma experiência deste género, Watson executou uma experiência clássica

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e controvertida do Pequeno Albert, tendo demonstrado que é possível condicionar-se os sentimentos dos seres humanos através do condicionamento responsivo.

Behaviorismo Filosófico

O behaviorismo Filosófico também chamado de Behaviorismo Lógico, compõe-se pela teoria analítica que trata do compõe-sentido e da compõe-semântica, da estrutura do pensamento e dos conceitos, e que defende que a ideia de estado mental é na realidade, a ideia de disposição comportamental, visto que descrições ou padrões de comportamento seriam os estados mentais. São então analisados neste conceito, os estados mentais intencionais e representativos. Esta linha de pensamento fundamenta-se essencialmente nos

postulados Ryle e Wittgenstein.

Behaviorismo Metodológico

Standley Smith Stevens, no seu artigo "Psychology and the science of science" datado de 1939, seguidor do behaviorismo metodológico, aponta o comportamento como uma resposta pública do organismo, defendendo a importância da observação como aspecto central. Para este autor, unicamente as acções directamente observáveis e replicáveis, seriam aceites pois só assim poderia emergir uma ciência, inclusivamente uma ciência do comportamento, contrariando até então os fundamentos da psicologia que eram postos em causa por serem eventos privados e que não eram passíveis de ser medidos e replicados. Esta linha de pensamento foi denominada de Behaviorismo Metodológico, ideia defendida por Skinner, distanciando do Behaviorismo Radical, que incluía eventos privados e não visíveis a todos, dentro do desígnio das ciências do comportamento e a sua interpretação como método legítimo.

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Neo-behaviorismo Mediacional

Nem todos os comportamentos podiam ser confrontados com as conexões de E-R e para isso, vários psicólogos propuseram modelos behavioristas diferentes em complemento ao Behaviorismo Clássico de Watson.

Tolman, foi o primeiro psicólogo comportamentalista do neo-behaviorismo e foi ao conhecer a psicologia da gestalt, através de um estágio junto de Koffka, que Tolman sugere uma visão mais complexa do comportamento e um novo modelo behaviorista baseando-se em alguns princípios discordantes com as teorias de Watson, Pavlov e de Thorndike. Tolman publicou, em 1932, o livro Purposive behavior in animal and men e, nessa obra, ele apresenta um esquema S-O-R em que o organismo (O), são eventos mediacionais, que Tolman chama de variáveis intervenientes que intervém entre o estímulo (S) e a resposta (R) em substituição ao simples esquema de E-R ou S-R, defendendo que o comportamento é determinado pelo objectivo a atingir e por isso é feito de forma intencional e cognitiva voltando a introduzir algo banido por Watson, a noção de intenção.

Tolman, fundamentado nos princípios anteriormente referidos, apresenta uma teoria de aprendizagem sustentada pelo conceito de mapas cognitivos, ou seja, relações estímulo-estímulo, ou S-S, formadas nos cérebros dos sujeitos. As relações S-S iriam gerar expectativas no organismo, levando a que o sujeito adopte comportamentos diferentes e consecutivamente mais ou menos previsíveis para diversos conjuntos de estímulos. Os mapas eram construídos através da interacção do organismo com o meio, quando observa a relação entre vários estímulos. Os processos internos que permitem a criação de um mapa mental entre um estímulo e o outro são habitualmente chamados gestalt-sinais.

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Como se pode comprovar, Tolman aceitava os processos mentais, tal como Watson, mas ao contrário deste último, Tolman utilizava esses mesmos processos mentais no estudo do comportamento. O próprio Tolman, viria mais tarde reafirmar que a sua proposta behaviorista seria uma reescrita da Psicologia da Mente mas em termos Comportamentais. Este autor acreditava ainda no carácter intencional do

comportamento, ou seja, para ele todo o comportamento visa alcançar algum objectivo por parte do sujeito, além de que o sujeito persiste no comportamento até ao objectivo ser alcançado.

Em termos gerais devido a estas duas características da sua teoria (aceitação dos processos mentais e proposição da intencionalidade do comportamento como objecto de estudo), Tolman é considerado um precursor da Psicologia Cognitiva.

Referências

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