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Efeitos na aptidão física e cognição de um programa de dança para a terceira idade

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Efeitos na aptidão física e cognição de um

programa de dança para a terceira idade

Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do grau de Mestre em Atividade Física para a Terceira Idade, ao abrigo do Decreto-Lei nº74/2006 de 24 de Março.

Orientação: Professora Doutora Maria de Lurdes Tristão Ávila Carvalho

Professora Doutora Maria Joana Mesquita Cruz Barbosa de Carvalho

Mestranda: Mariana Freitas da Silva

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Silva, M. (2019). Efeitos na aptidão física e cognição de um programa de dança para a terceira idade. Porto: M. Silva. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: DANÇA, ENVELHECIMENTO, ATIVIDADE FÍSICA,

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Dedicatória

Aos meus pais, Sônia Terezinha e Severino, que tornaram mais esta meta possível.

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Agradecimentos

À Professora Doutora Lurdes Ávila, por todo o apoio, compreensão, ensinamentos e disponibilidade para orientar e me ajudar na elaboração deste trabalho.

À Professora Doutora Joana Carvalho, por toda contribuição, ajuda e por possibilitar a mediação do meu encontro com os alunos da RUTIS Porto.

A todos os participantes do estudo, alunos queridos da turma de Dança da Universidade Sénior RUTIS Porto, por toda a presença, dedicação, disponibilidade, colaboração, e por tudo o que compartilharam comigo durante o processo.

Aos meus pais e à minha família, pelo imenso apoio nesta caminhada e por tornarem possível a realização e concretização dos meus estudos.

Aos meus colegas e amigos, por todo o apoio e escuta neste processo. Em especial, a Victor, que sempre me apoiou, me encorajou e cuja ajuda foi indispensável para a realização deste trabalho.

Aos meus professores de dança, que me ensinaram esta arte tão importante, para que hoje eu pudesse repassá-la para outras pessoas e dar continuidade aos ensinamentos que tive.

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Índice Geral

Dedicatória ... III

Agradecimentos ... V

Índice Geral ... VII

Índice de Tabelas ... XI

Índice de Anexos ... XIII

Resumo ... XV

Abstract ... XVII

Lista de abreviaturas ... XIX

1. Introdução ... 1 Capítulo I ... 5 2. Revisão da Literatura ... 7 2.1 Envelhecimento Populacional ... 7 2.2 Envelhecimento Biológico ... 9 2.3 Envelhecimento Ativo ... 12

2.4 Atividade Física e Terceira Idade ... 14

2.5 Dança e Terceira Idade... 14

2.5.1 Breve História da Dança ... 15

2.5.2 Elementos da Dança ... 20

2.5.2.1 Movimento ... 21

2.5.2.2 Espaço ... 21

2.5.2.3 Som, Ritmo e Tempo ... 22

2.5.2.4 Corpo ... 23

2.5.2.5 Coreografia ... 23

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2.6.1 Dança e Aptidão Física ... 26 2.6.1.1 Equilíbrio ... 26 2.6.1.2 Flexibilidade ... 28 2.6.1.3 Força muscular ... 30 2.6.1.4 Resistência Aeróbia ... 31 2.6.2 Dança e cognição ... 31 Capítulo II ... 35 3. Objetivos e Hipóteses ... 37 3.1 Objetivo Geral ... 37 3.2 Objetivos Específicos ... 37 3.3 Hipóteses ... 37 Capítulo III ... 39 4. Materiais e Métodos ... 41 4.1 Caracterização da Amostra ... 41 4.2 Procedimentos ... 41 4.3 Descrição Metodológica ... 42 4.4 Instrumentos ... 46

4.4.1 Questionário Sociodemográfico/Estado de Saúde ... 47

4.4.2 Avaliação Antropométrica ... 47

4.4.3 Senior Fitness Test ... 47

4.4.4 Escala de Equilíbrio Tinetti ... 48

4.4.5 Montreal Cognitive Assessment (MoCA) ... 49

4.5 Procedimentos estatísticos ... 50

Capítulo IV... 51

5. Resultados ... 53

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5.2 Avaliação dos objetivos propostos ... 53 Capítulo V... 55 6. Discussão ... 57 7. Conclusão ... 59 8. Bibliografia ... 61 9. Anexos ... XXIII 9.1 Anexo 1 – Termo de autorização ... XXV 9.2 Anexo 2 – Questionário Sociodemográfico ... XXVI 9.3 Anexo 3- Questionário de Estado de Saúde (SF-36V2) ... XXIX 9.4 Anexo 4 – Senior Fitness Test ... XXXIII 9.5 Anexo 5 – Avaliação do Equilíbrio Tinetti ... XXXIX 9.6 Anexo 6 – Montreal Cognitive Assessment (MoCA) ... XLI 9.7 Anexo 7 – Planos de aula ... XLII

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Resumo dos temas e conteúdos da dança. ... 24

Tabela 2 – Características antropométricas dos participantes antes e após a intervenção. ... 48

Tabela 3 - Comparação dos resultados do Senior Fitness Test, do Equilíbrio Tinetti e da escala MoCA antes e após a intervenção. ... 49

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Índice de Anexos

9.1 Anexo 1 – Termo de autorização ... XXV 9.2 Anexo 2 – Questionário Sociodemográfico ... XXVI 9.3 Anexo 3- Questionário de Estado de Saúde (SF-36V2) ... XXIX 9.4 Anexo 4 – Senior Fitness Test ... XXXIII 9.5 Anexo 5 – Avaliação do Equilíbrio Tinetti ... XXXIX 9.6 Anexo 6 – Montreal Cognitive Assessment (MoCA) ... XLI 9.7 Anexo 7 – Planos de aula... XLII

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Resumo

O envelhecimento populacional é um fenómeno que está a ocorrer de forma progressiva em todo o mundo. As estimativas são de que até ao ano de 2050, a população mundial acima dos 60 anos ultrapasse o dobro em relação à atual. Neste mesmo panorama, o aumento da população idosa remete às necessidades de uma maior participação destes grupos etários na sociedade, e na prática de atividade física, na tentativa de se diminuir as limitações causadas pela idade. O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto da prática regular da dança na aptidão física e cognição num grupo heterogêneo de idosos. A amostra foi constituída por 22 indivíduos, com idades entre 65 e 85 anos, frequentadores da Universidade Sénior RUTIS Porto, da Associação Mutualista Montepio, no Porto. Os idosos participantes da pesquisa foram submetidos a 90 minutos de um programa de dança, uma vez por semana, durante um período de 6 meses. No momento pré e pós intervenção, foram utilizados os seguintes testes: Senior Fitness Test, Escala de equilíbrio Tinetti e Montreal Cognitive Assessment (MoCA). Os resultados revelaram que a dança contribuiu para aumentar a flexibilidade e força muscular de membros superiores e membros inferiores, agilidade, resistência aeróbia, equilíbrio e cognição de indivíduos idosos, com melhorias significativas em todos os aspetos avaliados após a intervenção. Estes dados sugerem que um programa semanal de dança tem potencial para melhorar a aptidão física e cognição em indivíduos em fase de envelhecimento.

PALAVRAS CHAVE: DANÇA, ATIVIDADE FÍSICA, ENVELHECIMENTO,

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Abstract

Population aging is a phenomenon that has been progressively occurring worldwide. It is estimated that by the year 2050, the world's population over 60 will more than double its current size. With the increase of the elderly

population, there is also the need to promote a greater participation of these groups in the active society and, for this purpose, the practice of physical activity is essential in the attempt to reduce the limitations caused by age. The aim of this work was to conduct a research study in order to access\evaluate the impact of regular dance practice on the overall physical fitness and cognition in a heterogeneous group of elderly individuals. The sample was composed of 22 individuals, aged between 65 and 85 years old, attending the RUTIS Porto. The participants of the research study underwent 90 minutes of a dance program once a week for a period of 6 months. Before and after the weekly intervention, the following evaluation tests were applied: Senior Fitness Test, Tinetti Balance Scale and Montreal Cognitive Assessment (MoCA). The results revealed that dance contributes to an overall increase in flexibility, muscle strength of both upper and lower limbs, agility, aerobic endurance and balance. Further to this, elderly subjects also showed an increase in cognitive ability. In conclusion, the results indicate that a weekly dance program has the potential to improve physical fitness along with the benefits of increased

cognitive health in elderly individuals.

KEY WORDS: DANCE, PHYSICAL ACTIVITY, AGING, PHYSICAL FITNESS,

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Lista de Abreviaturas

ACSM – American College of Sports Medicine

cm – centímetros

IMC – Índice de Massa Corporal

INE – Instituto Nacional de Estatística

kg – quilogramas

m – metros

MoCA – Montreal Cognitive Assessment

OMS – Organização Mundial de Saúde

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1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aumento da população idosa está a ocorrer em grandes proporções em todo o globo. As estimativas são de que até o ano de 2050, a população com mais de 60 anos seja de aproximadamente 22% da total (OMS, 2015).

O que ocorre em Portugal não é diferente do resto do mundo. A diminuição nos índices de mortalidade e fecundidade de forma concomitante com o aumento da expetativa média de vida, reflete-se no aumento da população idosa portuguesa. As estimativas são de que o país, que já apresenta uma população considerada envelhecida (Nunes, 2017), passará de 147 para 317 idosos para cada 100 jovens até 2080 segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2017).

Uma população mais idosa traz diversas repercussões para as sociedades e seus governos (Bloom et al., 2011). Mudanças nas composições familiares e de infraestrutura das cidades, sobrecargas nos sistemas de saúde e previdenciário, além de uma menor produtividade econômica são esperados (Lisenkova et al.,2013; Mahlberg, 2013).

No que se refere à biologia, o envelhecimento pode ser considerado um conjunto que processos que ocorrem em níveis micro e macroscópicos e que levam à perda ou diminuição de capacidades ou funcionalidades (Spirduso, 2005). As mudanças que ocorrem com a velhice trazem consigo o maior risco no desenvolvimento de limitações e doenças (Harman, 2003)

A Organização Mundial de Saúde utiliza o termo “envelhecimento ativo” para caracterizar a potencialização nas condições de saúde, participação e segurança em busca da melhoria da qualidade de vida dos indivíduos ou grupos que envelhecem. Através do envelhecimento ativo, é esperado o aumento na expetativa de vida, associada a uma melhoria na qualidade com diminuição dos efeitos causados pela velhice (OMS, 2002).

A promoção da saúde, que é um dos pilares do envelhecimento ativo, através da atividade física regular, pode trazer grandes melhorias na qualidade de vida durante o envelhecimento (OMS, 2002). Segundo o American College of Sports Medicine (ACSM, 2011), o exercício físico regular previne o surgimento de doenças e limitações causadas pelo sedentarismo e velhice, além de

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promover a saúde e bem-estar.

A dança, como forma de atividade física regular, pode abrandar vários dos efeitos resultantes do envelhecimento (Checom & Gomes, 2015). A melhoria pode ser percebida no bem-estar geral, cognição, atividade motora, equilíbrio, entre outros (Checom & Gomes, 2015).

De acordo com Cruz-Ferreira et al. (2015), a dança tem potencial no que se refere aos benefícios físicos, funcionais, sociais e neurocognitivos de indivíduos em fase de envelhecimento, além de possibilitar o aumento da qualidade de vida desta população.

Assim, considerando as repercussões observadas pelas mudanças e perdas físicas e cognitivas de indivíduos em fase de envelhecimento, torna-se pertinente estudar o potencial da dança, como atividade física regular, num grupo de idosos da comunidade.

Desta forma, o presente estudo traz como principal objetivo averiguar sobre os efeitos da dança na aptidão física e cognição em indivíduos idosos, através de um programa de prática semanal de dança. Para isso recorremos a um grupo heterogêneo de idosos participantes do espaço da Universidade Sénior RUTIS Porto, da Associação Mutualista Montepio.

Face ao exposto, esta dissertação expõe inicialmente o envelhecimento a partir de um contexto demográfico. São indicadas as principais causas para o aumento da população idosa e as repercussões geradas por este crescimento, que se torna mais expressivo com o tempo, não apenas em Portugal, mas também a nível mundial. Em seguida, aponta-se o aspeto biológico do processo de envelhecimento, ao descrever diferentes conceitos e evidenciar as limitações que são observadas de forma diferente por cada indivíduo, assim como as medidas propostas, através da atividade física, para diminuir e/ou prevenir estas questões.

Expomos os conceitos da dança como atividade física e artística, elucidando seu importante papel na história da humanidade e sua relação na melhoria da aptidão física e cognitiva em pessoas idosas. Através da bibliografia, pudemos constatar os seus benefícios, referentes à saúde física e cognitiva de pessoas na terceira idade, ao relacionar diretamente a dança com a melhoria da qualidade de vida dos grupos e indivíduos que a praticam de forma regular.

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realização do estudo, que englobam e caracterizam a amostra e os métodos utilizados para a sua avaliação. São posteriormente apresentados os resultados obtidos através da análise estatística dos dados recolhidos nos momentos pré e pós intervenção do grupo que fez parte da investigação que compôs este trabalho acadêmico.

Através da comparação dos resultados obtidos neste estudo, com os resultantes de trabalhos semelhantes, apresentamos a discussão dos resultados obtidos e interpretados nesta investigação. Segue-se posteriormente a síntese conclusiva, que transcreve os objetivos e hipóteses estabelecidas. Por último, apresentamos as referências bibliográficas que foram utilizadas para a construção deste trabalho acadêmico.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

A população mundial, com o passar dos anos, tem passado por uma transição contínua caracterizada por um aumento das taxas de natalidade e diminuição da taxa de mortalidade. Com essa transição, há também o aumento progressivo da proporção de pessoas idosas e da esperança de vida, além da diminuição relativa do número de jovens (Kalache, 1987).

O envelhecimento populacional compreende a população total e classifica-a como jovem ou envelhecida através do cálculo de proporção realizado entre a quantidade de indivíduos jovens e idosos presentes (Almeida, 2012). Define-se uma população envelhecida demograficamente pelo aumento da importância, em termos numéricos, de pessoas idosas no total populacional (Carrilho & Gonçalves, 2004).

O aumento progressivo da proporção de pessoas idosas, é um fator que se deve à melhoria visível das condições de vida e às consequências do desenvolvimento mundial. Este fenómeno de inversão do perfil das pirâmides etárias é mundial, apesar de ser maior e mais evidente em países desenvolvidos (Farinatti, 2008).

O envelhecimento populacional é um fenómeno global que tem crescido significativamente nas últimas décadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), houve um aumento considerável no número de pessoas acima de 60 anos de idade nos últimos anos e de acordo com as projeções, a tendência é que esse número continue a aumentar futuramente devido à diminuição da taxa de natalidade e ao aumento da expectativa de vida. (OMS, 2002)

Este aumento também pode ser relacionado a diversos fatores, como a mudanças nos modelos sociais e culturais adotados, o aumento dos direitos e da participação das mulheres no mercado de trabalho e maior difusão de métodos contraceptivos (Dias & Rodrigues, 2012). A melhoria nas condições sociais e políticas públicas voltadas para a qualidade de vida, saúde e, por consequência, o acréscimo na expetativa de vida média das pessoas também tem importante correlação no aumento da população idosa (Marques et al.,

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2016).

Estima-se que, em todo o mundo, o número de pessoas com 60 anos ou mais é agora mais de 962 milhões, o que constitui 13% da população mundial. A expectativa é que esse número possa dobrar até o ano de 2050 (OMS, 2002). Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE, 2017), Portugal também está a seguir o mesmo caminho de acordo com os padrões europeus e mundiais de envelhecimento. Com o levantamento feito no ano de 2017, concluiu-se que a população residente em Portugal teve um crescimento negativo de -0,18 %, quando comparado ao ano de 2016. Por outro lado, neste mesmo período, ocorreu um aumento no número de idosos que residem em no país, representando cerca de 21,5% da população total.

Uma população mais envelhecida traz grandes repercussões em uma sociedade, principalmente em relação às questões sócio-econômicas. Este fenómeno traz preocupações aos governos, principalmente nos países mais desenvolvidos, onde o aumento da população idosa é mais expressivo (Bloom et al., 2011).

Uma população mais velha significa também uma menor taxa de natalidade (Carrilho & Gonçalves, 2004), e traz como consequência a mudança das estruturas sociais e familiares. Uma sobrecarga dos sistemas de saúde também é esperada, assim como uma menor produtividade laboral e econômica (Lisenkova et al., 2013; Mahlberg, 2013).

Em Portugal, há uma sociedade considerada envelhecida e este fenômeno concentra-se principalmente nas regiões do interior do país (Marques et al., 2016; Nunes, 2017; Santana, 2000). Facto este correlacionado pela alta procura da população mais produtiva por postos de emprego, nas cidades mais urbanas e com maior concentração de capital, como por exemplo, Porto e Lisboa (Dias & Rodrigues, 2012).

O crescimento negativo se dá diante de alguns fatores principais como o aumento da taxa de migração, que fez o país reduzir boa parte da sua população jovem, e também pelo baixo índice de natalidade. Portugal assim como Espanha, Itália, Áustria e Grécia, tem seu número de nascimentos muito abaixo do esperado para a reposição natural da sua população (Nagarajan, 2016).

Entre os anos de 1950 e 2011, apesar do crescimento geral da população portuguesa, ocorreu um decréscimo entre as pessoas de 0 a 14 anos (-37%),

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assim como entre as de 15 a 24 anos (-27%). Em contramão, no grupo de indivíduos com idade igual ou superior aos 65 anos ocorreu um aumento em torno de 241% neste mesmo período (Bandeira et al., 2014).

Carrilho e Gonçalves (2004) também demonstram este aumento na população portuguesa com idade igual ou superior aos 65 anos tendo mais que dobrado entre os anos 1960 e 2001. O autor ainda afirma que a estimativa seja de que até o ano de 2050, a população idosa de Portugal faça parte de aproximadamente 32% do total de habitantes.

Para Marques et al. (2016), as mudanças demográficas ocorridas não devem repercutir apenas como um problema. A partir do investimento para adaptação das pessoas idosas a suas necessidades, de forma a garantir a sua autonomia e qualidade de vida, é possível melhorar a economia a partir da criação de novos postos de trabalho.

A partir da perspetiva de que o envelhecimento é uma fase a ser aproveitada, e não um problema a ser solucionado, há a noção de que iniciativas voltadas para o desenvolvimento do indivíduo, em todas as idades, devem ser estimuladas. A melhoria da qualidade de vida do idoso, com atenção às suas necessidades sociais e culturais, impactaria de forma benéfica para a sociedade como um todo (Farinatti, 2008)

Dificuldades financeiras, problemas com pensões, reformas e no sistema de saúde são barreiras a serem quebradas pelos governos de países com uma população envelhecida (Lisenkova et al., 2013). Falhas em políticas públicas gerais adotadas para os idosos são esperadas quando trata-se esse grupo etário de forma uniforme e por não considerar a heterogeneidade desta parcela da população (Dias & Rodrigues, 2012).

É importante que esse processo de envelhecimento das sociedades seja acompanhado de intervenções que possam dar suporte e assegurar a integração social e a qualidade de vida dos indivíduos idosos, para que estes possam dar continuidade à sua contribuição na sociedade (Farinatti, 2008).

2.2. ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

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de processos, inerente a todos os seres vivos, em que ocorrem alterações físicas e fisiológicas, perda da capacidade de adaptação e diminuição da funcionalidade (Spirduso, 2005).

O envelhecimento é compreendido como um processo natural, e não pode, por si só, ser considerado como uma doença (Callahan, 1998).

Em ordem cronológica, existem dois parâmetros mais utilizados para se definir o envelhecimento em uma população. São eles, o tempo máximo de vida e a expectativa média de vida dos indivíduos que compõem o grupo populacional a ser estudado (Balcombe, 2001).

O processo de envelhecimento, de forma cronológica, é associado ao processo em que cada ser vivo vivencia a partir do seu nascimento até o momento da sua morte. É possível afirmar então que, nesse sentido, tempo e cronologia estão diretamente associados e vistos como sinônimos (Spirduso, 2005).

De acordo com Ladislas (1995), o envelhecimento pode ser definido e

caracterizado pela incapacidade progressiva do organismo de adaptar-se às condições variáveis do seu ambiente e têm mecanismos irreversíveis.

O declínio das capacidades faz com que o indivíduo idoso tenha propensão a doenças cardiovasculares, doenças crónicas respiratórias, cancro, doenças músculo-esqueléticas e desordens mentais ou neurológicas.

O envelhecimento, de acordo com a biologia, é comumente definido como as diversas mudanças deletérias que ocorrem nas células e, consequentemente, em tecidos e órgãos que são compostos por elas. Com o avançar da idade, as consequências refletem uma maior fragilidade e o aumento do risco em desenvolver doenças e morte. (Harman, 2003) O conceito biológico de envelhecimento retrata de forma diferente o envelhecimento entre grupos etários distintos. O processo que ocorre em crianças e adolescentes é visto como um processo de desenvolvimento. Em contramão, quando analisado em adultos e em idosos, o envelhecimento é associado a disfunções e diminuição das capacidades gerais no organismo (Spirduso, 2005).

Para Paúl (2005), além do processo biológico envolvido, o que a autora denomina de senescência, também existe o envelhecimento social, relativo ao papel exercido em sua sociedade, e o envelhecimento psicológico. Este último se reflete na tomada de decisões do próprio indivíduo, ao experimentar e

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vivenciar o seu próprio processo de senescência e envelhecimento.

O envelhecimento também pode ser classificado como primário ou secundário. O primeiro reflete as transformações gerais que ocorrem por consequência da idade, sem estar relacionadas com processos de doenças ou fatores ambientais. O segundo seria um processo mais célere, resultante de enfermidades e/ou fatores ambientais que o indivíduo ou grupo está sujeito (Spirduso, 2005)

De acordo com Birren e Schroots (1996), o envelhecimento primário pode ser compreendido como o conjunto de mudanças intrínsecas, progressivas, irreversíveis e comuns a todos os seres vivos. O envelhecimento secundário seriam as mudanças causadas por doenças que se apresentam no organismo envelhecido por sua maior vulnerabilidade e pelo aumento da probabilidade de exposição aos fatores de risco.

Para Spirduso (2005), embora as causas sejam diferentes, o envelhecimento primário e o secundário possuem forte interação, uma vez que as doenças e o stress ambiental podem acelerar os processos básicos do envelhecimento.

O envelhecimento terciário refere-se ao período terminal, caracterizado pelo aumento significativo das perdas funcionais, físicas e cognitivas, resultando na ocorrência de morte (Birren & Schroots, 1996).

As teorias biológicas do envelhecimento examinam o processo relacionado ao declínio e à degeneração das funções e estruturas das células e dos sistemas orgânicos, e tendem a focalizar os problemas que podem afetar a precisão do sistema, sejam de origem genética, metabólica, celular ou molecular (Farinatti, 2008).

As teorias biológicas do envelhecimento podem ser divididas em genético-desenvolvimentistas, em que o envelhecimento é compreendido como um continuum controlado ou programado geneticamente, e teorias estocásticas, que sustentam a hipótese de que o envelhecimento dependeria do acúmulo de agressões ambientais que atingem um nível incompatível com a manutenção das funções orgânicas e da vida (Farinatti, 2008).

O processo de envelhecimento é uma experiência única para cada indivíduo. Os componentes genéticos, ambientais e socioeconômicos envolvidos, fazem com que se torne diferente, mesmo em grupos populacionais

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parecidos e em pessoas de um mesmo grupo famíliar (Moraes & Souza, 2005). Com o aumento da idade, surge também a maior possibilidade no surgimento de limitações físicas e psicológicas, assim como o aparecimento de doenças crónicas. Apesar dos avanços que ocorrem na área da medicina para minimizar os efeitos do envelhecimento e para o tratamento dos enfermos, é sabido que as mudanças nos hábitos de vida são necessárias na tentativa de envelhecer com mais qualidade e saúde (Garcia et al., 2002).

Os dados epidemiológicos demonstram que, os indivíduos que adotam uma vida mais ativa, com atividades físicas regulares, apresentam um envelhecimento mais saudável. A mudança nos hábitos de vida leva à prevenção e à diminuição dos efeitos degenerativos e de limitações resultantes da velhice (Matsudo et al., 2001).

2.3. ENVELHECIMENTO ATIVO

A partir da perspetiva de envelhecimento saudável, criou-se o conceito de envelhecimento ativo, que é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos mais velhos (OMS, 2002).

Para que haja um envelhecimento saudável, não basta pensar apenas na assistência à saúde. As dificuldades que surgem com a idade não se limitam apenas ao tratamento de doenças, mas também a atenção e segurança do idoso dentro dos ambientes em que estão. Para isso, é imprescindível que outras necessidades, como o bem-estar psicossocial, financeiro, familiar e em sua comunidade, sejam devidamente assistidas e cumpridas (Kalache et al., 2002).

O envelhecimento ativo é uma forma de manter a autonomia e a independência dos idosos e promove a saúde mental e a melhoria das condições físicas dos mesmos (OMS, 2002).

O objetivo do envelhecimento ativo é o aumento e manutenção da saúde física e mental, assim como a melhoria na qualidade e expectativa de vida dos grupos populacionais e indivíduos que estão passando pelo processo de envelhecimento. Para isso, são necessários esforços por parte de políticas públicas nos pilares da saúde, participação social e segurança (OMS, 2002).

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Para Paúl (2005), o envelhecimento ativo é contemplado quando existe autonomia, independência, qualidade de vida e expectativa de vida saudável. Para o autor, os determinantes do envelhecimento ativo são as características pessoais de cada indivíduo, suas variáveis comportamentais, económicas, do meio físico e social, além da saúde e serviços sociais.

O envelhecimento ativo permite o entendimento das pessoas acerca da importância da sua participação e do exercício dos seus direitos e deveres na sociedade, de forma a aproveitar dos benefícios, que se refletem destes atos, em seu bem-estar físico, social e mental no percurso da sua vida (OMS, 2002)

De acordo com Daniel et. al (2016), a perceção de envelhecimento ativo individual tem grande diferença, no aspeto social, quando se compara homens e mulheres. Entretanto, para ambos os grupos, algumas palavras chave como, “família”, “passeio”, “convívio” e “saúde” foram mais relevantes para a qualidade e satisfação com a vida, o que demonstra a importância das relações sociais para estes indivíduos.

O envelhecimento ativo apresenta características objetivas e subjetivas de diversas áreas. No entanto, quando relacionados a satisfação, questões comportamentais, sociais e econômicas têm se demonstrado de grande importância (Paúl, 2012).

Os critérios de políticas de intervenção que utilizam apenas a idade e a segregação social repercutidas por ela são falhos. Para que possa existir o sucesso das políticas públicas voltadas para o envelhecimento ativo, é necessária a substituição dos critérios pré-estabelecidos de idade, para novos conceitos voltados para a necessidade dos indivíduos e da população idosa (Bárrios & Fernandes, 2014).

O envelhecimento ativo é uma forma de manter a autonomia e a independência dos idosos e promove a saúde mental e a melhoria das condições físicas dos mesmos. Dessa forma, é importante ressaltar a inclusão na rotina do idoso a realização de atividade física regularmente para atenuar os danos físicos (OMS, 2002).

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2.4. ATIVIDADE FÍSICA E TERCEIRA IDADE

Segundo a ACSM (2011), o exercício físico em idosos pode proporcionar benefícios significativos ao diminuir os efeitos de uma vida sedentária e aumentar a qualidade de vida. O exercício físico regular, não somente previne e atenua a ocorrência de doenças frequentes em indivíduos idosos, como pode melhorar a sua saúde psicológica e o bem-estar em geral.

De acordo com Caspersen et. al (1985), a atividade física é todo e qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética voluntária que resulta em gasto energético acima dos níveis de repouso. Exercício físico é uma das formas de atividade física planejada, estruturada, sistemática, efetuada com movimentos corporais repetitivos, com a finalidade de manter ou desenvolver componentes da aptidão física, que seria o conjunto de características possuídas ou adquiridas por um indivíduo, relacionadas com a capacidade de realizar atividades físicas (Spirduso, 2005).

Os exercícios físicos auxiliam na diminuição da sintomatologia de condições características da terceira idade. A melhoria das capacidades físicas e mentais como força, equilíbrio, auto estima e disposição, são algumas das vantagens trazidas após o início e rotina de exercícios moderados (OMS, 2015). Para Okuma (1998), a atividade em grupo é a melhor opção de atividade física na terceira idade, por facilitar a integração e fortalecimento de vínculos, superação de limites físicos, além de reduzir angústias, medos e inseguranças.

A dança, por exemplo, é uma atividade praticada por pessoas de diferentes faixas etárias, e geralmente é uma prática bem-aceita pelos idosos, por favorecer as recordações pessoais, apresentar uma grande exploração de gestos e contribuir para a expressividade e criatividade do indivíduo (Silva & Mazo, 2007).

2.5. DANÇA E TERCEIRA IDADE

A dança é uma atividade que promove a comunicação e expressão do ser, através do movimento. É uma atividade que contribui para o aprimoramento das habilidades básicas e dos padrões fundamentais do movimento, facilita o

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desenvolvimento das potencialidades humanas, a expressão de sentimentos e a socialização (Ossona, 1988).

Segundo Haas & Garcia (2003), a dança é uma das manifestações artísticas e culturais mais antigas da história da humanidade, que possibilita a expressão de sentimentos e emoções através da linguagem corporal.

A prática e a aprendizagem da dança possuem características a lúdicas e criativas, fatores que possibilitam a valorização da dimensão educativa e artística da atividade. A dança pode ser compreendida como arte por abranger conteúdos específicos de expressão estética e por sua natureza conceitual criativa. (Campeiz & Volp, 2004).

Nanni (1995) afirma que a prática regular da dança possibilita a aquisição de habilidades corporais e auxilia na melhoria de aspetos sociais, físicos e psíquicos.

2.5.1. BREVE HISTÓRIA DA DANÇA

A dança surgiu desde as primeiras manifestações místicas e ritualísticas do homem e sua relação com a natureza. O homem primitivo recorria à dança para manifestar as suas emoções e expressá-las exteriormente, assim como para celebrar acontecimentos como a semeadura, a colheita, a caça, nascimentos, mortes, guerras, cerimônias, estações do ano e outros aspetos de comunhão com a natureza (Fahlbusch,1990).

As danças antigas auxiliaram o homem na sua busca pelo conhecimento da natureza, da cultura e da relação com questões religiosas. O homem primitivo dançava para expressar o que sentia em relação ao seu mundo, para festejar acontecimentos individuais ou coletivos, para homenagear divindades, para estabelecer a conexão com os fenómenos e elementos da Natureza (Rengel & Langendonck, 2006).

Segundo Nanni (1995), os desenhos, gravuras ou pinturas rupestres delinearam a intencionalidade das práticas corporais, gestos e movimentos, nos diferentes ciclos da existência do homem. A dança teria sido, primordialmente, uma forma do homem ter experiências de êxtase, comunhão e descarga emocional e assim, o movimento permitiu-lhe a comunicação consigo, com a

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natureza e com entidades superiores.

Para esclarecer a trajetória da dança e seu papel no mundo, é importante destacar a sua história em civilizações antigas como Egito, Índia, Grécia e Roma. Segundo Fahlbusch (1990), a dança no Egito tinha um caráter ritualístico, cerimonial ou sagrado. O autor refere ainda que os egípcios dançavam também para representar os estudos desenvolvidos acerca da astronomia, os movimentos celestes e a harmonia do universo como um todo.

As danças egípcias sagradas homenageavam, através do movimento, deuses como o deus Àmon (deus do Sol), a deusa Íris (deusa da lua), deus Bés (deus da fertilidade), entre outros. A dança que era apresentada em funerais egípcíos traziam um outro significado: a crença de que os movimentos interferiam e assegurariam a passagem do morto para uma nova vida (Rengel & Langendonck, 2006).

A dança na cultura grega ocupava um papel importante e fazia parte dos ritos religiosos, nas festas, na educação e na vida quotidiana do cidadão grego. Os gregos acreditavam na força da dança mágica, ou seja, a dança que tinha a capacidade de influenciar os fenómenos naturais e invocar as divindades gregas, como por exemplo o deus Dionísio, considerado na cultura grega o deus da fertilidade e do vinho (Rengel & Langendonck, 2006).

Em países como a Índia, a dança possuía uma forte conexão com as manifestações sagradas e religiosas. As dançarinas consideradas sagradas faziam parte de uma classe detentora de privilégios e dançavam em templos, em cerimônias e festividades. A dança sagrada indiana é codificada, pois consiste na execução e repetição de gestos, movimentos e ritmos registados em códigos (Ossona,1988).

A dança indiana tem origem na invocação a Shiva, deus da Dança, e os movimentos das danças tradicionais têm como característica a simetria e a rigorosidade na semelhança da execução. Os gestos utilizados nas coreografias são chamados de mudras e, segundo a tradição, são atribuídos a eles valores espirituais e significados específicos (Rengel & Langendonck, 2006).

Em Roma, a trajetória da dança pode ser definida por três períodos distintos: primeiramente, a dança representada por sacerdotes, com funções religiosas; a dança social de divertimento e a serviço da arte dramática e a dança artística independente, realizada por profissionais, com estilo pantomímico,

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representada em circos ou festas privadas das classes mais privilegiadas (Ossona, 1988).

Segundo Fahlbusch (1990) é possível perceber que a dança na Antiguidade tinha um papel similar em diferentes contextos: o papel de dança ritual, dança sagrada e dança mística, de acordo com as manifestações da natureza, atividades e ciclos da vida e da existência. Com o passar do tempo, a dança saiu do lugar de manifestação emocional e religiosa e sofreu mudanças de acordo com as instituições da existência social dos homens, transformando-se numa ação estética de carácter artístico e de espetáculo.

Segundo Rengel & Langendonck (2006), um marco importante na história da dança aconteceu a partir do século XV: o desenvolvimento do ballet. O ballet europeu surgiu em Itália com a finalidade de divertir e entreter a corte e a nobreza, mas foi em França que o ballet exerceu maior influência. Com o reinado de Luís XIV (1638-1715), a arte do ballet foi oficialmente consagrada e houve um movimento de profissionalização do ballet, que deixou de ser uma arte exclusiva da corte. O rei Luís XIV fundou a Academia Real da Música e da Dança, o que possibilitou a expansão da arte e do ballet europeu.

É importante citar nesse contexto a contribuição do francês Jean-Georges Noverre (1727-1810), que foi o artista responsável pela criação dos espetáculos de dança independente das festas da corte, que contribuiu diretamente para que a dança fosse levada aos palcos dos teatros franceses. Noverre também contribuiu para a construção de um novo formato de dança, com ideais que buscavam levar a arte e a cultura para todos (Rengel & Langendonck, 2006).

Segundo Fallbusch (1990), o ballet teve influência dos movimentos artísticos de cada época e, com o surgimento do Romantismo na Europa, surgiu também o ballet romântico. As histórias românticas tinham como temática o amor e os sonhos, e a bailarina romântica passou a ser uma figura idealizada e etérea, o que resultou na utilização de vestimentas leves e a introdução das sapatilhas de ponta na dança.

De acordo com Bourcier (1987), a Rússia também teve grande relevância na história da dança, com a renovação do ballet clássico, primeiramente com a criação da Companhia de Ballet Russo, dirigida por Sergei Diaghilev (1872-1929). As obras dos ballets russos eram originais e incorporavam temas folclóricos à técnica clássica. As coreografias traziam um novo estilo, e foram

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consideradas polêmicas e provocativas para a época. Diaghilev desempenhou um papel fundamental na história da dança, o que resultou na produção de grandes espetáculos e estabeleceu o reconhecimento de bailarinos e coreógrafos russos como artistas de renome da Dança.

A partir das mudanças que aconteceram na produção e realização da dança, surgiu a dança moderna, impulsionada por uma nova conceção de movimentos do corpo e norteada por ideias e pensamentos diferentes das técnicas e temáticas clássicas. A dança moderna permitiu aos bailarinos dançarem com os pés descalços, utilizarem o corpo em contato direto com o solo, movimentarem o tronco de forma flexível, entre outros aspetos (Rengel & Langendonck, 2006).

Nesse contexto da dança, é importante referir artistas que contribuíram para o desenvolvimento da dança moderna. François Delsarte, nascido em 1811, foi considerado um precursor dos princípios fundamentais da dança moderna e estabeleceu uma precisa linguagem corporal, baseada na expressividade dos bailarinos e no gesto como manifestação de emoções e sentimentos (Fallbusch, 1990).

Isadora Duncan (1878-1927) também contribuiu para o início da dança moderna, nos Estados Unidos. A bailarina acreditava que a dança seria o resultado de um movimento interno, cujos princípios essenciais seriam a expressão das suas próprias emoções, a contemplação da natureza e a libertação da mulher. Duncan rejeitava o artificialismo do ballet e as sapatilhas de ponta, dançava de pés descalços e utilizava túnicas soltas, ao estilo dos antigos gregos (Bourcier, 1987).

Ruth St. Denis (1878 – 1968) foi uma bailarina que, por influência das ideias de Duncan, considerou a dança como forma de expressão artística e utilizava temáticas místicas e religiosas. Criou, juntamente com Ted Shawn (1891 – 1972), a escola de dança Denishawn, voltada para o ensino geral da dança, espaço que fez emergir outros bailarinos-coreográfos que, posteriormente, vieram a ser considerados representantes da geração histórica da dança moderna, como Martha Graham (1894 – 1991) e Doris Humphrey (1895 – 1958) (Fahlbusch, 1990).

Rudolf von Laban (1879 – 1958), por sua vez, contribuiu com os seus estudos do movimento para a teorização e organização estrutural da dança.

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Laban acreditava que, assim como a música, a dança poderia ser escrita, e a partir desse pensamento, publicou uma sistematização e anotação de movimentos, chamada de labanotation (Laban, 1978). O método Laban é caracterizado pela sua precisão em conservar a coreografia no seu estado original. O seu método tem princípios simples e claros, como a divisão do espaço em três níveis (vertical, horizontal e axial), as direções e intensidade dos movimentos, a qualidade do movimento e as ações (Bourcier, 1987).

Nesse contexto, é importante citar também o desenvolvimento do Jazz Dance, que surgiu nos Estados Unidos da América do Norte, em meados do século XVIII, a partir de uma fusão de relações entre danças de origens africanas, danças europeias e norte-americanas.

A dança jazz passou por diversas adaptações e transformações, adquiriu aspetos tecnicistas e passou a caracterizar-se pela utilização de elementos específicos como por exemplo a utilização da polirritmia, movimentos rítmicos sincopados e movimentos a partir do isolamento de partes específicas do corpo (Benvegnu, 2011).

Benvegnu (2011) afirma que a dança Jazz começou a ter espaço nos palcos americanos consolidando-se como forma de expressão e manifestação cultural norte-americana, ganhando assim uma maior repercussão no cenário artístico mundial.

A partir da década de 1960, o estadunidense Merce Cunningham apresentou um novo caminho para a dança, que já não pertencia à dança moderna. Por esse motivo, Cunningham foi considerado o precursor da dança contemporânea e criou uma linguagem coreográfica inovadora, introduziu o método do acaso, que consistia em criar sequências de dança e sorteá-las para utilizar na criação coreográfica (Rengel & Langendonck, 2006).

A partir deste período, novas possibilidades de se fazer e compreender a dança foram abertas, o que posteriormente pôde ser compreendido como o início e a expansão da dança e da arte contemporânea.

É nesse contexto que surge também a dança-teatro contemporânea, que tem Pina Bausch como expoente, coreógrafa alemã que buscou a intensificação da expressividade e dialogou com o movimento, música e palavra nas suas composições cênicas (Rengel & Langendonck, 2006).

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narrativa dava lugar à estrutura fragmentada, com o abandono do palco convencional para utilizar outras opções cênicas, o processo de criação criado a partir da experimentação e com o surgimento da independência entre música, figurino, cenário e iluminação (Silva, 2005).

Esta forma de organização do corpo, do pensamento na dança e da construção coreográfica, pode surgir da necessidade de revelar e refletir o estado do mundo e da arte atual e retratar o período no qual esta foi criada (Fahlbusch, 1990).

2.5.2. ELEMENTOS DA DANÇA

A dança é uma atividade corporal que possui características e especificidades próprias, um conjunto de elementos que, em combinação, tornam possível a identificação como tal.

De acordo com Laban (1978), o homem pode modificar a sua conduta de esforço e refinar os seus movimentos habituais até torná-los expressivos, transformando-se em atividades rítmicas orientadas, o que denomina a dança. Rudolf Laban codificou quatro fatores do movimento e as suas respetivas possibilidades qualitativas:

• Fluência - livre ou controlada: é o controle ou expansão do movimento ou das partes do corpo em relação à reação de estímulos internos e externos;

• Espaço - focado ou multifocado: é o lugar que o corpo ocupa e executa formas e movimentos;

• Peso - leve ou firme: a energia e força muscular utilizadas na resistência do peso do corpo em relação à lei da gravidade;

• Tempo - rápido ou lento: é o elemento necessário à observação das ações corporais que se processam durante um período e podem ser medidas através da velocidade, ritmo, pausa, acento ou unidade

É importante ressaltar que estes fatores do movimento podem caracterizar diversos instrumentos utilizados na aprendizagem ou construção da

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dança. Fluência pode abranger continuidade ou pausa. Espaço pode abranger linhas, formas, retas, curvas, sinuosidades. Peso pode abranger força, energia, intensidade. Tempo pode abranger duração, métrica, ritmo, pulsação. (Laban, 1978)

Para uma maior explanação sobre os elementos da dança, vê-se necessária a abordagem mais específica dos seguintes fatores:

2.5.2.1. MOVIMENTO

Segundo Nanni (1995), desde o nascimento o homem utiliza o movimento como uma linguagem para comunicar as suas necessidades, sentimentos e emoções, o que possibilita a interação deste com o meio em que vive e com os outros. Segundo o autor o movimento pode ser compreendido como uma ação motora, resultante da integração de processos físicos, cognitivos, afetivos, sociais e ambientais.

O movimento pode ser compreendido como uma força resultante de uma reação psíquica ou emocional que atua sobre o corpo e determina variações de tensão muscular e gasto de energia (Fahlbusch, 1990).

2.5.2.2. ESPAÇO

O conceito de espaço no contexto da dança pode ser descrito como o lugar que o corpo ocupa em determinados limites e tem como referenciais os planos, sentidos, direções, deslocamentos e trajetórias (Nanni, 1995).

De acordo com Fahlbusch (1990), o espaço na dança significa um potencial de dimensão e de posição para o dançarino. A posição determina o plano do dançarino em relação à superfície do solo e à direção em que ele se movimenta. A dimensão refere-se à amplitude do movimento do dançarino.

Segundo Rengel (2003), a “cinesfera” é o espaço pessoal de cada um, delimitado pelo alcance dos membros e outras partes do corpo a partir de um determinado ponto fixo referencial. A “cinesfera” coexiste com o ambiente, com o espaço e mantém-se em constante relação com o corpo.

Ossona (1988) refere que na dança ou coreografia, há a utilização da formação espacial, que se pode estabelecer de formas diferentes: círculos,

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linhas paralelas, filas, diagonais, divisão em diferentes grupos. Para a autora, cada formação espacial pode conter características expressivas, objetivos específicos ou funções decorativas.

Monteiro (2007), afirma que, na dança, é possível realizar a exploração de uma multiplicidade de elementos a nível de espaço pessoal e geral, como as trajetórias, padrões de deslocamento, progressões espaciais, direções e níveis, exploração de eixos e planos, a delineação de focos ou pontos focais e o design corporal no espaço.

2.5.2.3. SOM, RITMO E TEMPO

O ritmo é a estrutura do desenho do movimento num tempo específico e, no contexto da dança, requer um padrão estruturado de movimentos. O ritmo pode ser compreendido também como fenómeno grupal, que na dança significa a sincronia de movimentos na execução coletiva (Fahlbusch, 1990).

Segundo Nanni (1995), a música pode ser considerada um fator de estimulação e de excitação de todo sistema motor. A música pode favorecer a execução do movimento ao estabelecer o seu ritmo, que é a disposição harmónica entre o movimento potencial e o movimento libertado em diferentes intensidades e vibrações.

De acordo com Fux (1983), o movimento em junção com o estímulo musical permite a total compreensão da musicalidade, ou seja, a compreensão e a apreciação musical são ampliadas a partir da mobilização corporal. A autora defende que é indispensável o estudo do movimento através da expressão musical para que haja a integração e vinculação entre música e dança.

Para Monteiro (2007), o tempo, em termos de dança, pode ser trabalhado com incidência na velocidade e na duração, no fraseamento, na métrica e compasso e nos padrões rítmicos.

O ritmo pode ser considerado o elemento propulsor dos jogos coreográficos, que se estruturam como um todo harmónico com a música, o tempo e os movimentos do corpo (Nanni, 1995).

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2.5.2.4. CORPO

Nanni (1995) considera que o corpo pode ser compreendido em duas dimensões: o corpo individual, que consiste no corpo pelo qual o ser se expressa e toma consciência do mundo de forma geral, e o corpo relacional, que possibilita o diálogo e a troca com o ambiente e com o outro, através das relações e interações.

De acordo com Greiner & Katz (2001) o corpo resulta de negociações contínuas com o ambiente e transporta essa forma de existir para outras instâncias de funcionamento. As autoras afirmam que o processo de troca de informação entre o corpo e o ambiente resulta no estabelecimento de redes de conexão, já que cada tipo de aprendizagem traz ao corpo uma rede conectiva particular. Meio e corpo ajustam-se permanentemente num fluxo de transformações e mudanças.

Segundo Fux (1983), a expressão e a criação no nível do corpo são próprias do ser humano, independentemente de seu estágio cultural ou de suas condições físicas.

Monteiro (2007), afirma que na perspetiva da dança, o corpo pode ser compreendido como um instrumento, um veículo, no sentido de ser um transmissor de mensagens e emoções, e uma matéria, por ser uma realidade física.

2.5.2.5. COREOGRAFIA

Para Moura (2007), na coreografia tradicional o processo de criação deve ser pensado e desenvolvido em função dos objetivos do professor ou coreógrafo, dos participantes e do contexto em que se aplica. A autora afirma que a coreografia é um espaço de composição coreográfica desenvolvida sobre materiais da cultura tradicional, com o objetivo de obter um produto performativo capaz de ser apreciado enquanto elemento de espetáculo.

No processo de composição coreográfica, há elementos estruturantes, como: função, que seria o motivo ou objetivo da dança; materiais, que incluem os materiais físicos, ou materiais móveis, a audiência, que diz respeito ao público

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que visualiza ou aprecia a obra (Moura, 2007).

Em seguida, um quadro com maior abrangência dos fatores de movimento e elementos da dança em geral:

Tabela 1 - Resumo dos temas e conteúdos da Dança (Carvalho & Lebre, 2011)

Temas e conteúdos - Dança

Temas Conteúdos Exemplos/explicação:

N

oçã

o

C

orporal

Ações Deslocar/locomoção, elevar/salto, virar/volta, gesto/isolamento, pausa, queda/desequilíbrio, torcer, fletir/contração, expandir/alongamento, transferir peso….

Partes Cabeça, braços…

Formas Dobradas, alongadas…

N oçã o de te m po

Ritmo/cadência Repetição dos fenómenos em intervalos regulares - (sons, musicas)

Ritmo/estrutura Modificações periódicas qualitativas (intensidade – forte/fraco), ou quantitativas (duração – longo/curto) - (sons, musicas)

N oçã o de E s paç o

Níveis Alto, médio e baixo

Amplitude Abertura, fecho

Direções Cima, frente, trás …

Percursos Retilíneos, curvos, irregulares…

R e la ç ã o

R. com o corpo Tocar, puxar… R. com o/os colega/s Empurrar, aproximar… R. com objetos Afastar, envolver… R. com o meio Interpretar, sentir, reagir …

E

ner

g

ia

Tempo Rápido, descontraído …

espaço Amplo, contido …

peso leve, em esforço …

Fluência Livre, continua, aos solavancos…

Cr ia tiv id a d

e Improvisação Com diferentes estímulos (temas, vídeos, palavras) sem a preocupação de reprodução

Composição De movimentos Membros Superiores, de sons, de passos. Com a preocupação de reprodução/repetição C ore ograf ia Relação

musica/movimento Estreita afinidade e intencionalidade entre o movimento e a música/som

Trabalho de dinâmica coreográfica (grupo)

Execução dos mesmos movimentos de forma sincronizada, em rápida sucessão, em “canon”, em “ contraste “…

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2.6. BENEFÍCIOS DA DANÇA PARA A TERCEIRA IDADE

Sabe-se que o processo de envelhecimento pode ser associado à perda progressiva da aptidão física, o que pode aumentar o risco da ocorrência de quedas e lesões. Sabe-se que, nas mulheres, a diminuição da aptidão física ocorre mais cedo que nos homens e sabe-se que existem perdas em parâmetros físicos como força, flexibilidade, agilidade, equilíbrio e resistência aeróbia (Cruz-Ferreira et al., 2015).

A Organização Mundial de Saúde define atividade física como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requeiram gastos energéticos e acrescenta ainda que a prática de atividades físicas moderadas ou intensas traz benefícios para a saúde (OMS, 2014).

A dança pode ser compreendida como uma atividade física que proporciona o desenvolvimento da criatividade e da expressão artística e corporal, sem exigir habilidades motoras previamente especializadas dos praticantes, fator que favorece a adesão e a participação integrativa de pessoas de diferentes faixas etárias e contextos sociais (Campeiz & Volp, 2004).

Segundo Garcia et al. (2009), a dança pode ser considerada uma atividade saudável que possibilita a melhoria de domínios cognitivos, sociais, afetivos e psicomotores da população idosa, e pode ainda ser uma ferramenta importante para a melhoria da qualidade de vida do idoso e da população em geral.

A dança pode atenuar os efeitos do envelhecimento, possibilitar o aumento das capacidades motoras e funcionais, auxiliar a melhoria das condições articulares, musculares e respiratórias de indivíduos idosos. Ao promover o bem-estar físico e psicológico na velhice, a dança pode ser considerada uma atividade física eficaz e positiva para a manutenção da autonomia e redução de riscos de doenças crónicas em geral (Checom & Gomes, 2015).

A dança contribui para a melhoria da capacidade física dos idosos, promove o bem-estar dessa população, previne a ocorrência de quedas ao melhorar o equilíbrio dos praticantes, aumenta a qualidade de vida e promove a melhoria de aspetos cognitivos. (Varregoso et al., 2016)

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sistematizada e regular para a terceira idade, pode proporcionar a melhoria da condição física, o aumento das capacidades para realização das atividades diárias e os aspetos psicológicos do indivíduo, com o potencial de promover ao idoso autonomia e autoconfiança.

Segundo Cassiano et al. (2009) a dança é um recurso terapêutico na terceira idade. De acordo com os autores, a dança sénior, através da ludicidade e interação grupal, proporcionou aos idosos o desenvolvimento da coordenação motora, facilitou o sentimento de pertença a um grupo, propiciou autonomia e estimulou a melhoria das funções físicas e cognitivas.

Segundo um estudo de natureza qualitativa, realizado com 13 pessoas do sexo feminino, com idades superiores a 65 anos, concluiu-se que a prática da dança proporciona prazer, felicidade, satisfação pessoal e possibilita o bem-estar físico, social e psicológico de mulheres idosas (Leal & Haas, 2006).

Segundo Garcia et al. (2017), a dança possibilita a vida saudável de indivíduos idosos, contribui para a perda ou manutenção do peso estável, estimula a mobilidade articular e reduz o risco de quedas. O mesmo estudo concluiu ainda que a dança de salão pode promover a melhoria do bem-estar, do convívio social e do humor dos praticantes idosos, o que se reflete na melhoria da qualidade de vida em geral desta população.

2.6.1. DANÇA E APTIDÃO FÍSICA

2.6.1.1. EQUILÍBRIO

O equilíbrio é a capacidade de manter a posição do corpo sobre sua base de apoio, estática ou móvel. Pode ser classificado como equilíbrio estático ou equilíbrio dinâmico. O equilíbrio estático é considerado como o controle da mudança postural na posição imóvel e o equilíbrio dinâmico sofre perturbações de estabilidade, externas e internas, para fazer com que o corpo reaja e ative os músculos necessários para prevenir as mudanças no equilíbrio (Spirduso, 2005). Segundo Spirduso (2005), os principais sistemas sensoriais que mantêm o equilíbrio são: o sistema visual, o sistema vestibular (ouvido interno) e o somatossensorial.

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O processo de envelhecimento ocasiona a redução da massa muscular, da força muscular e da qualidade na função contrátil e, para essa redução, dá-se o nome de sarcopenia (Taylor & Johnson, 2008). A força dos membros inferiores é importante para manter o equilíbrio dinâmico, caminhar e prevenir quedas (Morey et al., 1989).

A diminuição do equilíbrio aumenta o risco de quedas e promove a perda da autonomia para a realização das atividades de vida diária (Guralnik et al., 1995; Tinetti, 2003). Como consequência, há um aumento na ocorrência de fraturas e este fator pode também representar cerca de 70% das mortes por acidentes em pessoas com mais de 75 anos (Ruwer et al., 2005). Estas perdas podem ser atenuadas com a prática de exercício físico (Spirduso, 2005), e para isto, é necessário um programa de exercícios que desenvolva o equilíbrio, coordenação, marcha e agilidade para população idosa, com a finalidade de reduzir o risco de quedas (ACSM, 2001).

Estudos sugerem que a prática da dança pode melhorar

significativamente o equilíbrio em praticantes idosos (Federici et al., 2005; Monteiro et al. 2017).

Segundo Filar-Mierzwa et al. (2017), a prática de dançaterapia traz melhorias ao equilíbrio para mulheres com mais de 60 anos, ao aumentar os limites de estabilidade das praticantes.

Alpert et al. (2009) também analisou os efeitos da dança em mulheres adultas mais velhas, ao utilizar um programa de exercícios com aulas de jazz dance. Concluiu-se que a prática de dança pode melhorar o equilíbrio em mulheres em fase de envelhecimento, o que pode ser significativo para a prevenção de quedas desta população.

Em outro estudo que relaciona equilíbrio estático, jazz dance e mulheres acima de 50 anos os resultados foram similares, ao concluir que um programa de jazz dance contribuiu para o aumento do equilíbrio estático das participantes (Wallmann et al., 2009).

Tolocka et al. (2011) verificaram a influência de um programa de dança no padrão de marcha e equilíbrio de idosos. Este estudo de caso avaliou seis indivíduos com a média de idade de 82 anos, residentes num lar para idosos. O programa de dança foi ministrado duas vezes por semana, durante dois meses, num total de 24 sessões. No final do programa, os autores constataram que tanto

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o equilíbrio quanto a marcha foram mantidos e afirmam a possibilidade de que um programa de dança para idosos com patologias pode auxiliar na manutenção da marcha e do equilíbrio.

Silva & Berbel (2015), realizaram um estudo com 19 idosos entre 60 e 85 anos, numa intervenção através da dança sénior que aconteceu duas vezes por semana, durante três meses. Os autores concluíram que a prática de dança sénior trouxe melhorias no equilíbrio e na realização das atividades da vida diária dos indivíduos praticantes.

Um estudo com 40 mulheres idosas saudáveis, acima de 65 anos, concluiu que a prática de dança folclórica turca melhorou o desempenho físico, o equilíbrio e a qualidade de vida de mulheres idosas, o que reforça os programas de dança como ferramenta útil para a manutenção da saúde na terceira idade (Eyigor et al., 2009).

Shigematsu et al. (2002) afirmam que um programa de exercícios de dança aeróbica pode atenuar o risco de quedas em mulheres mais velhas, por constatar a melhoria de componentes de equilíbrio, locomoção e agilidade das praticantes.

2.6.1.2. FLEXIBILIDADE

A flexibilidade é um aspeto físico responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima por uma articulação ou um conjunto de articulações, sem risco de provocar lesões (Llano et. al, 2003).

O processo de envelhecimento induz a perda da amplitude de movimento corporal, ou seja, a perda da flexibilidade. Essa redução pode proporcionar a deterioração dos tendões, ligamentos e músculos (Misner, 1992).

A flexibilidade pode variar de acordo com os indivíduos e diminui com a chegada da idade, o que torna essencial a realização de alongamentos de forma regular de modo a manter ou reduzir as perdas acentuadas desta capacidade física (ACSM, 2011).

Segundo Shephard (1998), durante a vida ativa os adultos podem perder cerca de 8 a 10 centímetros de flexibilidade na região do quadril e região lombar e os fatores que podem contribuir para esta perda são a maior rigidez de

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tendões, ligamentos e cápsulas articulares. O autor afirma que a restrição na amplitude do movimento das grandes articulações acentua-se com o processo de envelhecimento e, consequentemente, a independência funcional pode ser reduzida.

De acordo com Mendonça (2005), a flexibilidade tem o papel de melhorar a elasticidade muscular e aumentar a mobilidade articular, o que aumenta também a amplitude dos movimentos.

Cruz- Ferreira et al (2015), realizaram um estudo que avaliou os efeitos da dança criativa na aptidão física e satisfação com a vida em mulheres mais velhas. Neste estudo, um total de 67 mulheres, de 65 a 85 anos, foram escolhidas de forma aleatória para um grupo experimental e um grupo controle. O grupo experimental participou num programa supervisionado de dança criativa por 24 semanas e, em ambos os grupos, foram avaliados aspetos como aptidão física e níveis de satisfação com a vida das participantes, antes e depois do programa. No presente estudo, foi possível concluir que a flexibilidade aumentou após o programa de intervenção com dança criativa.

Zhang et al. (2008) analisaram a dança social e sua associação à estabilidade postural e à performance física de indivíduos idosos. Nesse estudo, os resultados relacionados à capacidade física flexibilidade demonstraram que a diferença entre o grupo controle e o grupo experimental com faixa etária maior que 60 anos não foi significativa, porém o grupo com idade entre 50 e 59 anos do grupo experimental apresentou melhor desempenho na flexibilidade que o grupo controle.

Hopkins et al., (1990) analisaram os efeitos da dança aeróbica de baixo impacto na aptidão funcional de mulheres idosas. Nesse estudo, os autores concluíram que a flexibilidade do grupo experimental aumentou significativamente após a prática de dança aeróbica, o que reforça positivamente a hipótese de que um programa bem estruturado e regular de dança pode melhorar a flexibilidade dos participantes.

Segundo Delabary et al. (2016), a prática regular de aulas de samba promoveu o aumento da flexibilidade de indivíduos entre 40 e 65 anos. O estudo analisou os efeitos da prática após uma intervenção de 30 sessões de dança, cada uma com duração de uma hora e com a frequência de duas vezes por semana. Os resultados demonstraram ganhos significativos de flexibilidade, o

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que sugere que um programa regular de dança pode ajudar a aumentar esta capacidade física.

2.6.1.3. FORÇA MUSCULAR

A força muscular pode definir-se como a capacidade de um grupo muscular para exercer força máxima em um único esforço voluntário (Knapik, 1989)

As faculdades necessárias para a realização de atividades quotidianas como o exercício profissional, tarefas da rotina diária e mesmo para o entretenimento, dependem do bom desempenho da força muscular (Brill et al., 2000; Hughes et al., 2001). Com o envelhecimento, a capacidade de execução destas práticas podem apresentar-se mais limitadas pela diminuição de diversas capacidades corporais incluindo a redução da força muscular (Maciel, 2010)

A perda de força em idosos pode ser associada diretamente à dificuldade de mobilidade e limitação do desempenho físico, o que também pode causar a incidência de acidentes, por conta da fraqueza muscular e da diminuição do equilíbrio (Okuma, 1998). É importante que o idoso pratique um programa de reforço muscular, pois a perda da força muscular está associada fortemente com as quedas, instabilidade e incapacidade funcional generalizada (Spirduso, 2005).

Mckinley et al. (2008) realizaram um estudo com idosos entre 62 a 91 anos, com um programa bissemanal de tango por 10 semanas, 2 horas por sessão e compararam os efeitos da atividade em relação à realização de caminhadas. Conclui-se que ambas as atividades podem melhorar significativamente a força e a velocidade em indivíduos idosos.

Hopkins et al. (1990) analisaram no seu estudo a componente força, através do teste Sentar e Levantar (Sit-and-Stand Test) e verificaram que o programa de dança aeróbica de baixo impacto aumenta a força de membros inferiores de mulheres idosas praticantes de dança aeróbica.

A dança criativa também demonstrou ser uma ferramenta que melhorou a força muscular de membros superiores e inferiores de mulheres idosas praticantes (Cruz-Ferreira et al., 2015).

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2.6.1.4. RESISTÊNCIA AERÓBIA

A resistência aeróbia é a capacidade do sistema cardiopulmonar em levar nutrientes e oxigênio, através do sangue, para os músculos em atividade durante o período específico de esforço máximo (Lobo, 2010).

De acordo com a ACSM (2014), a aptidão aeróbia relaciona-se com a capacidade de realização de exercícios dinâmicos de intensidade moderada a alta, com envolvimento de grandes grupos musculares e por períodos longos de duração.

Com o envelhecimento, há o declínio desta capacidade, uma vez que ocorre a diminuição do consumo máximo de oxigénio, diminuição da eficiência pulmonar, perda da massa muscular e da sua capacidade oxidativa (Cotton, 1998).

A diminuição da resistência aeróbia está ligada, entre outros fatores, ao sedentarismo (Lobo, 2010) e ao envelhecimento. A redução aeróbia associada à velhice tem correlação com a diminuição da capacidade cardíaca e redução da massa muscular (Fleg & Lakatta, 1988).

Hui et al. (2009) demonstrou a eficácia de um programa de dança na melhoria da resistência aeróbia dos participantes idosos, numa intervenção de 12 semanas, com um total de 23 sessões de prática da dança.

Cruz-Ferreira et al. (2015), no seu estudo, também obtiveram resultados que demonstraram a melhoria da resistência aeróbia em mulheres idosas praticantes de dança criativa.

2.6.2. DANÇA E COGNIÇÃO

O processo cognitivo é mais eficiente em indivíduos fisicamente ativos em razão da melhora na circulação cerebral, alteração na síntese e degradação de neurotransmissores (Spirduso, 2005).

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Tabela 1 - Resumo dos temas e conteúdos da Dança (Carvalho & Lebre, 2011)

Referências

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