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(Des)focos analíticos e investigação qualitativa: reflexões metodológicas sobre as fratrias como objeto dinâmico e multidimensional

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Academic year: 2021

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(Des)focos analíticos e investigação qualitativa: reflexões metodológicas

sobre as fratrias como objeto dinâmico e multidimensional

Andreia Barbas1

1 Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. andreiabarbas@fe.uc.pt

Resumo. Este paper procura contribuir para a reflexão metodológica na investigação qualitativa, partindo de um estudo sociológico sobre as fratrias, em Portugal. Entende-se que as relações entre irmãs/os devem ser compreendidas na diversidade e temporalidade, considerando-as um objeto complexo, dinâmico e multidimensional. A abordagem analítica seguida considera este tipo de relações como relações que se constroem no quotidiano, através das práticas e da interação entre os indivíduos. Combinaram-se duas técnicas de recolha de dados: entrevista em profundidade com um caráter de história de vida e foto-elicitação. As conclusões aqui apresentadas são resultados preliminares de uma amostra de 30 fratrias com diferentes configurações, onde todos os elementos do grupo de irmãs/os foram entrevistadas/os. Focar um lado, implica desfocar o outro, mas permite considerar a complexidade deste tipo de relações, e entendê-las como um objeto dinâmico e multidimensional.

Palavras-chave: relações entre irmãs/os; complexidade; temporalidade; abordagem caleidoscópica;

displaying.

Analytical blur and qualitative research: methodological issues on sibling’s relationships as dynamic and multidimensional object

Abstract. This paper aims to contribute to the debate on qualitative research, from a sociological study on sibling’s relationships, in Portugal. Therefore, considered these relationships should be understood through its diversity and temporality. Indeed, considering them a complex, dynamic and multidimensional object. The analytical approach considered the “everydayness” of relationships, through practices and the interaction between siblings. The research used as techniques of data collection life story in-depth interviews and photo elicitation. The conclusions presented here are preliminary results of a sample of 30 groups of siblings with different configurations. All the elements of the sibling’s group were interviewed. Focusing on one side implies blurring the other but allows us to consider the complexity of this type of relationship and understand them as a dynamic and multidimensional object.

Keywords: sibling’s relationships; complexity; temporality; kaleidoscopic perspective; displaying.

1 Introdução

Este artigo resulta de uma investigação em curso, sobre as relações entre irmã/os. O objetivo do estudo é compreender estas relações olhando a sua complexidade, multiplicidade e temporalidade. O propósito do artigo é mostrar as virtualidades da metodologia qualitativa para dar conta do objeto de estudo. A amostra em análise é composta por irmãs/os que fazem parte de 30 fratrias. Os critérios de seleção foram construídos com base na heterogeneidade: por tipo de família (provenientes de famílias nucleares e recompostas); por número de irmãs/os (2,3, 4 ou mais elementos); por género das fratrias (femininas, mistas e masculinas); e pela idade das mães (nascidas entre 1950-1969); por região (rural ou urbana); e por escolaridade.

Apenas foram consideradas famílias em que todos os elementos do grupo de irmãs/os estiveram de acordo em ser entrevistadas/os. Para efeitos de caraterização as fratrias são identificadas da seguinte forma: por tipologia - nucleares ou recompostas (consoante o tipo de família que as

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origina); por dimensão – díade (2 elementos), tríade (3 elementos) ou alargada (4 elementos ou mais); por composição sexual – mista, feminina ou masculina.

Os resultados aqui apresentados são ainda preliminares, mas demonstram a importância de compreender as relações entre irmãs/os numa trajetória de vida de modo identificar as temporalidades das relações. Revelam, também, que todos os elementos devem ser ouvidos – se a família é comum a todas/os, ela não é “a mesma” para todas/os – as narrativas individuais permitem aceder a diferentes histórias e perceções, “diferentes famílias”.

Recorre-se a vários eixos analíticos para olhar “o mesmo objeto”, mas a partir de diferentes perspetivas e sob diferentes formas, num olhar caleidoscópico possibilitado por técnicas qualitativas. Responder ao “quem”, “quando” e “porquê” foi fundamental para ativar (re)construções analíticas. Este texto procura revelar a multidimensionalidade de um objeto, dar conta da sua complexidade e contribuir nem tanto para o seu conhecimento, mas sim para um menor desconhecimento sobre o mesmo. Como refere Law (2006), os fenómenos sociais são complexos, fluídos, pouco coerentes e numa descrição mais simplista podemos implicar uma maior confusão. Cabe ao método permitir lidar um pouco (mais) com esta multiplicidade.

2 Metodologia

As últimas décadas têm sido generosas na produção de novas abordagens metodológicas e novas formas de olhar para a família, para as relações (afetivas, de amizade, entre outras) e para a vida privada. Bernard (1972) marcou a sociologia da família quando considerou que o casamento tinha diferentes perspetivas, a dele e dela, reconhecendo distintas experiências e realidades com base no género, coexistentes na mesma relação. Mais recentemente, o trabalho de McCarthy et al. (2003) apresenta dois grandes contributos para este objeto. Em primeiro lugar, mostra como conversar com todos os elementos da família confere à/ao investigador/a uma visão panorâmica - no original bird’s

eye view - da família (2003, p. 15). Em segundo lugar, a ideia de construção do conhecimento através

de um caleidoscópio analítico, que sempre que é remexido conduz a outras questões, a outras perspetivas (2003, p. 19).

Gabb & Fink (2015) abordam a utilização de diversos métodos multissensoriais na pesquisa qualitativa. Avançam que embora a entrevista continue a ser a técnica privilegiada, têm sido desenvolvidos métodos alternativos e criativos em estudos que incidem na fase da infância ou em cruzamentos geracionais e familiares (Gabb, 2008; Gabb & Fink, 2015). Gabb (2008) afirma que a aplicação de diferentes métodos, multissensoriais, produzem dados texturizados, capazes de identificar diferentes dimensões de um fenómeno (Gabb, 2008; Gabb & Fink, 2015). A autora menciona que na combinação de diferentes técnicas devem-se considerar todos os dados de modo igualmente autêntico, de forma a não privilegiar uns em detrimento dos outros (Gabb, 2009). Pois, todos eles acrescentam mais uma peça ao quebra-cabeças do fenómeno (idem, p. 13). Gabb reforça ainda que, é na dissonância proveniente dos múltiplos métodos que surge a profundidade dos retratos emergentes (Gabb, 2009, p. 13). A investigação combinou duas técnicas de investigação qualitativa: entrevistas em profundidade com um caráter de história de vida e recurso à foto-elicitação durante o momento da entrevista. Trazer estas duas técnicas procurou chegar às múltiplas temporalidades, a diferentes camadas e texturas de dados.

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2.1 Entrevistas em profundidade com um caráter de história de vida

Recuperando a ideia do “empirismo irredutível” das entrevistas apontado por Kaufmann (1996, p. 16), ao citar Schwartz, considerou-se que esta técnica apresentaria diversas vantagens para o entendimento das relações fraternais, dando conta da sua complexidade. A narrativa biográfica permitiu um olhar longitudinal, que obteve uma descrição detalhada das trajetórias, situando os momentos mais marcantes das relações e compreendendo os sentimentos, pontos de vista e perspetivas dos membros das fratrias (Atkinson, 2002). Pretendeu-se: uma descrição detalhada das trajetórias pessoais e familiares; as narrativas acerca das relações fraternais; a identificação das temporalidades das relações e dos momentos marcantes; compreender as diferentes perspetivas dos elementos que constituem o grupo de irmãs/os.

Veja-se o seu alcance:

“Recordo-me que a minha relação com a Benedita não foi muito fácil [na infância]. Nós discutíamos muito quando éramos pequenas. Não sei se era normal, mas nós tínhamos uma relação muito turbulenta. E acho que foi isso que marcou mais a minha infância. Mas ao mesmo tempo éramos muito más uma para a outra. Éramos muito competitivas e gostávamos muito de chamar a atenção dos nossos pais. [depois de descrever o divórcio da mãe com o pai acrescenta] eu e a Benedita fomos das primeiras a ter pais divorciados na escola. Foi um grande choque para muita gente, ainda não era muito normal. Então muita gente fazia perguntas na escolha (…) e eu e a Benedita acabamos por nos aproximar mais no ano em que estivemos sozinhas com a minha mãe, porque a minha mãe também não estava muito bem nesse ano. Foi um ano de recomposição e de aceitar que acabou. Então eu e a Benedita tivemos que nos unir mais. [mais à frente acrescenta] nós mudámos a nossa relação a certa altura quando ela começou a olhar para mim mais como pessoa, e não como animal de estimação. E começou a encarar-me como uma rapariga, como uma amiga. E foi na nossa adolescência que coencarar-meçámos a ficar com uma relação mais forte. E foi até através de asneiras, de encobrir asneiras uma da outra, e depois começaram os rapazes, se calhar os primeiros cigarros, as primeiras bebedeiras. Em que nós nos encobrimos muito uma à outra e percebemos que tínhamos uma personalidade muito parecida. E depois começamos a partilhar amigos, a partilhar histórias. E começámos a ser melhores amigas. (…) e certa altura, por volta dos meus 16, 17 anos nós construímos a nossa amizade, e acho que a partir dos 18 anos, quando eu fui para a Universidade deixou de haver uma linha que separava a irmã mais nova da irmã mais velha, começou só a ser uma amizade.” (Rute Cartaxo, fratria

recomposta tríade feminina)

2.2 O porquê da foto-elicitação?

A foto-elicitação cabe em primeira mão ao fotógrafo e investigador Collier (1957) face a um problema específico encontrado enquanto trabalhava numa equipa multidisciplinar. O recurso a esta técnica partiu da dificuldade de investigadores de diferentes áreas científicas chegarem a consensos sobre categorias analíticas. Foram realizadas entrevistas com o recurso à fotografia e as mesmas pessoas sem essa utilização visual, existindo diversos benefícios em utilizar esta técnica: maior fluidez da situação de entrevista; estimular a memória dos sujeitos entrevistados; e minimizar os momentos de incompreensão.

Harper (2002) define esta técnica e situa-a na sua história de desenvolvimento na sociologia e na antropologia (duas das áreas que privilegiam esta técnica). A foto-elicitação consiste na ideia que introduzir uma fotografia na investigação (2002, p. 13). Entende-se pelos autores que recorrer à fotografia permite chegar a outro tipo de conhecimento, pois conduz informação, memórias e sentimentos (idem, p. 13). Uma reflexão importante que Harper (2002) nos traz é relativa à (des)coincidência dos mundos da/o investigador/a e do sujeito em análise, relativa ao fosso do contexto cultural entre ambos. Assim, o uso de fotografia permite uma outra forma de comunicação, e estabelece uma aproximação entre eles (Harper, 2002, p. 20).

Existem diversas formas de integrar as fotografias nas investigações: investigadoras/es que levam fotografias para que as/os entrevistadas/os falem sobre elas; outras vezes são os próprios sujeitos

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em análise que tiram fotografias para falar sobre elas, dando-lhes voz sobre os momentos que captaram; entre outras (Harper, 2002; Radley, 2010). Nesta investigação pediu-se que as pessoas levassem para as entrevistas uma fotografia representativa da sua história familiar enquanto irmãs/os. Procurou-se convidá-las/os a refletir sobre as suas relações (como feito em outras investigações, Radley 2010:268), com base numa imagem particular, escolhida pelas/os próprios para produzir outra camada de conhecimento.

No momento de apresentação da investigação, e nas informações dirigidas às/aos participantes informou-se que deveriam levar “uma fotografia que fosse representativa da história familiar enquanto irmãs/os, e da qual tivessem memória”. Se algumas das pessoas escolheram fotografias de momentos comuns, como almoços e jantares de família, sessões fotográficas entre irmãs/os, fotografias com os animais de estimação, outras/os escolheram momentos significativos, marcantes e irrepetíveis do ponto de vista emocional. Elencam-se alguns desses casos:

- Fotografias em casamentos, batizados ou outras festas relevantes

“Podiam ter sido várias [fotografias] mas esta… esta… como foi um acontecimento que eu vivi este ano, e que foi dos acontecimentos mais importantes da minha vida – que foi o meu casamento – acho que representa bem aquilo que também é o meu irmão. Que é uma pessoa bastante importante naquilo que eu sou hoje e pronto. Isto foi de manhã antes de sair para a igreja, e pronto. Ele [o irmão] estava mais nervoso que eu.” (Pedro Mateus,

fratria nuclear díade masculina)

“Aqui estamos as 4. Mas já estamos… Este foi um dia… foi uma festa. Que é já com a minha sobrinha [mais velha]. Na Queima das Fitas da minha sobrinha que tirou o curso de [nome do curso]. Lá está… qualquer motivo serve para fazermos um almoço de festa [risos]. E… e nós estamos aqui todas, pronto. Estávamos alegres e contentes por ela ter acabado uma etapa. (…) nós gostamos muito de tirar [fotografias a] todas as mulheres.” (Clara

Amorim, fratria nuclear alargada feminina) - Fotografias de viagens marcantes

“Esta fotografia foi tirada… foi uma selfie que tiramos em Nova Iorque, num teatro. E eu escolhia, podia ter escolhido qualquer outra, mas escolhia porque foi o realizar de um sonho das duas [irmãs]. Tínhamos pensado já… tínhamos esse sonho em comum de ir a Nova Iorque e termos o interesse comum em teatro musical e… e então quando fomos. Aliás, tínhamos planeado anos antes o que íamos fazer. E ir à Broadway era um dos objetivos. Era o maior até, para mim. E pronto tirámos esta selfie mesmo antes de começar o espetáculo. E pronto, faz-me lembrar isso. Um objetivo em comum, e que fomos juntas, lá. Podia ter sido qualquer outra dessa viagem, ou até quando eramos mais pequenas, mas a do teatro tem ainda mais sentido porque é uma coisa que estamos sempre a falar. Quando sai uma peça nova, quando ela vai ter comigo a [local] vamos sempre ao teatro. É uma coisa que nos une. E que temos um interesse partilhado. (Sofia Leite, fratria nuclear díade feminina)

- Fotografias de momentos marcantes individualmente “A foto que eu queria não era esta.

E. Então qual é era?

e. A foto que eu queria foi uma que ficou muito marcada. A gente normalmente as passagens de anos costumamos fazer sempre juntos [irmãos]. E houve uma que a gente fizemos na… vão-me vir as lágrimas aos olhos… fizemos uma passagem de ano e a minha irmã faz anos no dia 02 [de janeiro]. E ela… fizemos na minha casa e ela chegou ao pé de mim: «Mano. São os primeiros anos [aniversário] que vou passar contigo!» [choro]. Foi mesmo bom.” (Filipe José, fratria recomposta díade mista)

“Portanto, isto somos nós [irmãos] naturalmente. Eu, a minha irmã mais velha, a Helena e a Diana. E eu escolhi esta fotografia porque na minha memória… eu não sei… eu lembro-me do dia. Lembro-me de estar… isto é na aldeia da minha mãe. (…) e eu lembro-me de estar, era um dia de festa e… Isto aqui atrás, por detrás é uma igreja. Então nós estávamos… tínhamos ido… tínhamos ido à missa e havia uma procissão. E nós estávamos ali no adro da igreja os 3. E alguém nos viu e tirou uma fotografia e depois deu aos nossos pais. E na minha memória este foi o primeiro dia em que eu percebi… ou melhor, foi o dia em que eu percebi que era irmão mais novo, mas também era irmão mais velho. E foi por isso que eu escolhi esta fotografia.” (Abel Cerveira, fratria nuclear tríade mista)

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3 (Des)focos analíticos

Trazer a perspetiva de todos os elementos da fratria é crucial para o trabalho que se pretende desenvolver. A opção metodológica por uma “visão panorâmica e caleidoscópica” oferece diversas vantagens:

a) O acesso à(s) “nossa(s) história(s)” – É possível identificar elementos comuns a todas as narrativas. Há episódios, situações e histórias que todos/as referem. Objetivo e subjetivo convergem para uma mesma descrição de um “domínio de todos”. A mesma informação repetida por todas/os dá conta do que é comum, vulgar, consensual, o que não é segredo e o que é partilhado por toda a fratria. Destacam-se sobretudo questões ligadas aos quotidianos, às práticas e aos rituais familiares.

b) O acesso às interpretações singulares das “nossa(s) história(s)” – Existindo elementos que são do conhecimento de todas/os, as perspetivas e narrativas são individuais e subjetivas. Isto é, um tema/episódio/situação pode ser identificada por todos os elementos da fratria, mas apresentar diferentes interpretações para cada pessoa. Entrevistar toda a fratria permite compreender os significados singulares relativamente à(s) história(s), que são construídas num “nós” familiar, mas individualmente interpretadas. Girando o caleidoscópio, geram-se novas imagens. Veja-se o exemplo de Aurora e Duarte Bacelar, que são irmãos e a mãe e o pai divorciaram-se. Quando lhes foi perguntado no decorrer da entrevista situações de desacordo ou conflito ambos identificaram a mesma situação, especificamente, que a interação com o pai não era feita de igual modo por cada um deles, e isso gerava tensão entre ambos.

Na voz da irmã:

“A única coisa que é complicada [sobre assuntos com o pai] é o facto de eu sentir que o meu irmão não está tão presente e não o apoia tanto como seria expectável. […] mas depois ficamos aqui numa situação complicada que é: eu não posso impor ao meu irmão que tenha a mesma atitude perante o meu pai que eu tenho. Eu tenho esta atitude porque quero. Porque chego a esta conclusão no diálogo que eu tenho comigo própria. Não posso impor esse diálogo e essa conclusão ao meu irmão.” (Aurora Bacelar, fratria nuclear díade mista)

E na voz do irmão:

“[…] mas a minha irmã tem bastantes memórias recentes, ou infantis, com o meu pai. E tem a esperança que as coisas… que a relação melhore. E que o meu pai melhore no sentido de… ao falar connosco, ao comunicar connosco e que seja uma relação boa. Eu não tenho muito bem essa ideia. Eu não… não tenho essas memórias, portanto, existe essa dissonância. Por isso… a minha irmã, se calhar, quer ajudar o meu pai: a estar bem, a estarmos bem como família. E eu já não… já não… já vejo a vida para a frente.” (Duarte Bacelar, fratria nuclear

díade mista)

c) O acesso à história de cada um – Aceder às perspetivas individuais permite identificar temas/assuntos que apenas são significativos para um elemento da fratria. As razões para as variações a partir da história comum são múltiplas. No caso, traz-se o discurso da irmã mais velha, fruto da primeira relação da mãe, que mostra como a sua história familiar não é a história das suas irmãs.

No discurso da Benedita:

“(…) O meu padrasto. Espetacular no início, fantástico. O melhor pai de sempre. Depois tornou-se aquela coisa diabólica. Expulsou-nos de casa uma vez. A mim e à minha irmã [do meio]. E pronto. E depois… quando saímos de

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casa acho que foi quando tudo melhorou. Quando a Rute foi para a Universidade. Eu também. Acho que eles sentiram que o peso saiu. E depois começaram-se a tornar mais equilibrados [a mãe e o padrasto]. Mas nós tínhamos que estar longe. E temos que estar longe. Porque quando estamos muito tempo as coisas degradam-se. (…) Acho que eles criaram aquela família [eles os dois juntamente com a irmã mais nova] e encontraram o equilíbrio ali. E podemos ir ao fim de semana e estar lá uma semana de férias, mas não muito mais do que isso. Acho que é… Não sei. É aquele equilíbrio de família entre eles. Encontraram ali o equilíbrio. Estão equilibrados, está tudo bem. Por isso… venho uma semana, duas no máximo de férias. E o meu maior medo de ficar desempregada era ter de voltar para casa.

E. E qual é a perceção que vocês têm que a Ana tem? Da vossa família…

e. Que é equilibrada. Que está tudo bem. Eu acho que para… a Ana não tem perceção nenhuma disto. Ela foi muito protegida, sempre. E ainda bem! O meu padrasto sempre a protegeu muito. (…) Então a perceção que eu acho que ela tem de família é uma família tranquila, normal, tradicional. Nem sequer se apercebe…

E. Vocês nunca partilharam estas coisas?

Não. (…) mas acho que nunca falamos com ela sobre isto porque são coisas muito dolorosas. Que eu acho que não queremos estar a levantar poeiras. Então preferimos ignorar o assunto. (…) quando estamos com ela nunca falamos sobre isto, nem demonstramos que há ali duas famílias.” (Benedita Cartaxo, fratria recomposta tríade

feminina)

d) Responder à questão “Quem é quem?” na fratria e na família - aceder aos diferentes discursos permite situar os elementos no grupo. O cruzamento das auto e das héteros representações permite identificar a organização e o lugar de cada um na família, assim como, dinâmicas relacionais específicas.

Nas palavras de Helena:

“Os meus irmãos sempre tiveram uma relação mais próxima, eles, os dois. Apesar de nos darmos sempre todos muito bem, mas o meu irmão e a minha irmã têm uma relação mais próxima a nível de confidências e de assuntos mais pessoais. Porque… pronto cada um tem a sua vida, não é? Apesar de nos darmos bem há assuntos que dizem respeito a cada um. (…) mas sempre foram assim mais confidentes, os dois.” (Helena Cerveira, fratria nuclear

tríade mista)

e) Diversificar o leque de informação – entrevistar toda a fratria faz com que os sujeitos assumam que a investigadora dispõe de informação prévia à sua própria entrevista, o que conduziu diversas vezes à “descoberta” de novos elementos. A assunção do conhecimento e o efetivo desconhecimento do que já foi revelado ou não pelos outros, trouxe novas histórias, novas informações e novos dados para a investigação. Veja-se o seguinte exemplo. A irmã mais nova não referiu que tinha existido um terceiro irmão. Entrevistar o irmão mais velho trouxe esse novo dado à investigação.

No discurso de Artur:

“Não sei se a Eva falou [na entrevista com a irmã], mas nós tivemos um irmão que faleceu antes de eu nascer. Portanto, tivemos um outro irmão mais velho. (Artur Lemos, fratria nuclear díade mista)

f) Identificar a existência de várias famílias dentro de uma família – A forma de olhar para os dados de forma panorâmica veio mostrar que a partir da identificação de uma primeira família, é possível chegar a outras famílias. Isto revelou-se particularmente nas famílias recompostas. Falar com o irmão que resultou de uma primeira união, não é o mesmo que falar com a irmã da segunda união. Tiveram e viveram diferentes famílias, e as suas perceções partem das suas diferentes experiências. Caetana revela que há temas tabu na relação com o seu irmão:

“Se bem que o tema pai, o tema mãe, e a relação de uns para os outros é assunto que acaba por não existir [entre irmãos]. Para nós conseguirmos darmo-nos bem sem divergências de opinião nesses campos, porque é complicado. E para o Filipe é muito complicado falar sobre isso. E eu também não quero entrar nesse espaço,

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porque isso é a história dele, não é a minha. Porque eu cheguei-lhe a dizer: “o teu pai para ti foi uma pessoa, para mim é outra”. E então a gente não pode e aí não temos termo de comparação. Embora, eu acho que… E compreendo e sei a história dele”. (Caetana José, fratria recomposta díade mista)

Mason (2011) propõe a designada “abordagem de facetas” que se preocupa mais com a forma de recolha dos dados, do que propriamente com a maximização dos mesmos, de forma descritiva (2011, p. 75). Recorre à metáfora visual de uma pedra preciosa e a sua proposta é criar um conjunto de facetas que respondam às linhas de investigação, expondo que o rigor da abordagem pode resultar no modo como a/o investigador/a encontra para captar as múltiplas facetas de um fenómeno, através de diferentes perspetivas (Mason, 2011, p. 77). Sobre isto, Gabb & Fink (2015) afirmam que não existe uma única pedra preciosa de um fenómeno (2015:977). Isto porque as relações conjugais – transponível tantas outras relações familiares – são complexas e difíceis de compreender devido às variáveis que se sobrepõem: o individual; o coletivo; a unidade social; os contextos biográficos; entre outros (Gabb & Fink, 2015, p. 977). Para estas autoras, os focos analíticos podem ser difíceis de sustentar considerando a sua constante evolução.

Aqui considera-se que a família se encontra também em constante evolução. As suas temporalidades, a sua evolução, a entrada de novos membros na família, a saída de outros, processos de divórcio, de reconstituição familiar, entre outros questão são exemplos de como este objeto é permeável a inúmeras mudanças. Smart & Neale (1999) a propósito do divórcio referem como a família é permeável a mudanças ao longo do tempo, refletindo-se nas práticas, nas identidades e nas suas relações (Smart & Neale, 1999, p. 85). Por exemplo, ouvir diferentes elementos que constituem apenas uma família pode parecer desconexo. No sentido em que é possível assinalar (re)ações muito dissemelhantes para as mesmas questões, para os mesmos temas, para as mesmas situações. Ter perspetivas contrastantes não significa que uma seja mais ou menos verdadeira, mas sim que se trata de um objeto dinâmico, e que se alterou, ao longo do tempo. Segundo o discurso de Adelaide:

“Porque as minhas irmãs já tiveram uma juventude totalmente diferente. A da Clara já foi um bocadinho diferente da minha e da Amélia. E a Ema então! Pronto, foi totalmente… Eu nunca fiz férias com o meu marido, eu nunca fiz nada. A Ema não. A Ema fazia, pronto. A Ema foi a juventude dela já… como é agora [risos]. Muito, muito diferente.” (Adelaide Amorim, fratria nuclear alargada feminina)

O entendimento de Benedita:

“A minha mãe começou a tirar férias com o meu padrasto. Ou seja, acabou por haver ali uma distinção. Tanto que, por exemplo, agora… mesmo agora [nos dias de hoje] mas já não me aflige. Nem a mim, nem à minha irmã [a do meio]. Quando vão jantar [fora] é os 3 [padrasto, mãe e irmã mais nova], quando nós não estamos em casa. Porque se estivermos em casa comemos em casa (…) mas acontece sempre. Quando vão fazer um passeio, uma viagem ou comer fora é a 3, nunca é a 4, ou a 5. Mas tentamos nem sequer pensar nisso.” (Benedita Cartaxo,

fratria recomposta tríade feminina O discurso de Rute:

“Foi muito bom ter a Benedita [irmã mais velha] porque acabou a minha mãe por tomar todas as medidas extremas na educação dela e ser muito mais relaxada na minha educação. O que para mim foi incrível. A minha mãe bloqueou imenso a Benedita de fazer, de acontecer, porque queria proteger (…) o dramatismo da primeira criança, de não saber o que é que estava a acontecer. E como percebeu os erros dela durante a educação e que muitas coisas que ela proibiu a Benedita de fazer, ela fez na mesma, e pior… ela comigo já não tinha paciência. E que para mim foi brutal porque eu consegui deslizar em muitas situações da vida sem castigo, sem grandes dramas, porque a minha mãe já não estava para se chatear [mais à frente] mas com a Ana [irmã mais nova] a minha mãe de alguma forma voltou ao estado mais primitivo de mãe, mais controladora possível, que eu não consigo explicar o porquê disso ter acontecido. Mas… eu acharia que no padrão ela seria agora ainda mais relaxada e mais “não quero saber” e não. De alguma forma a minha fez «reset» no botão de mãe e voltou a ser

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uma mãe extremamente galinha e extremamente protetora e… com a mais nova. (Rute Cartaxo, fratria

recomposta tríade feminina)

3.1 A quotidianidade das relações: dos momentos ordinários aos extraordinários

Morgan (1996) identifica que as famílias contemporâneas são essencialmente definidas pelo doing – fazendo – do que propriamente pelo being – sendo. A autora afasta-se da família como estrutura e foca-se nas práticas familiares, referindo que a família representa uma qualidade e não uma coisa (1996:186) olhando para as práticas familiares como fragmentos da vida quotidiana (1996:190). Finch (2007) dialoga com Morgan (1996) mas vai mais além na sua proposta. Recomenda que as relações familiares se reconheçam e desenvolvam a partir do doing, mas, sobretudo, do displaying (exibindo, demonstrando) (2007, p. 65). Ao introduzir este conceito a autora pretende enfatizar a natureza social das práticas familiares e estimular a utilização do conceito, que se carateriza por um processo em que os indivíduos ou grupos atuam na expetativa que os outros entendam essas práticas como familiares (2007, p. 67). Segundo esta perspetiva a ação por si só não tem significado, pois tem de ser entendida como tal. Segue o exemplo de Diana como forma de compreender atividades que são consideradas como momentos exclusivos de irmãs/os:

A minha irmã desde que veio viver para aqui [para a casa dela com o marido e filhas] nós começamos a ter jantares de irmãos muito recorrente. E já há dez anos e não mudou muito. Sempre que eu venho cá, ou que estou uma semana [no local onde a irmã vive] sou capaz de vir cá jantar duas, ou três vezes por semana. (…) por isso, desde o início tivemos sempre esta relação de jantarmos os três. (…) e depois com as minhas sobrinhas para ajudar, para estar, acabou sempre por acontecer muitas vezes. Isso mantivemos sempre desde o início. Antes era um jantar muito mais sofisticado, tinha tudo. Depois começamos assim com coisas mais simples [com a vinda das sobrinhas]. (Diana Cerveira, fratria nuclear tríade mista)

Trazem-se aqui exemplos de atividades que são realizadas entre irmãs/os, em conjunto, mas que não são entendidas e percecionadas como momentos de irmãs/os. Veja-se o discurso de Clara:

E. Vocês partilham as vossas preocupações aqui [entre irmãs, no local onde trabalham juntas]?

e. Sim, sim, sim. Mas isso partilhamos… muito engraçado porque partilhamos tanto com a funcionária – que não nos é nada – como entre a gente as três. É igual. Porque a funcionária também não tem irmãs, tem um irmão. Mas também estamos juntas há 25 anos [no trabalho]. Era minha colega, e depois acabou por ser minha empregada. Mas já é uma relação de amizade. Mesmo ao nível pessoal, preocupações, e não sei quê. (Clara

Amorim, fratria nuclear alargada feminina) Segundo Tiago Borges:

“atividades só nossas [de irmãos] não. Porque nunca fomos pessoas… lá está, nunca… nunca tivemos essa necessidade de fazermos essas atividades só nós. Não. Eu da minha parte falo. Como somos pessoas diferentes, temos gostos diferentes, maneiras de pensar diferentes, maneiras de fazer coisas diferentes. Obviamente ele terá gostos diferentes, e os meus gostos não são os gostos dele. E então como não são os mesmos gostos não nos juntamos para fazer atividades. Não vamos jantar. Não [mais à frente] O que nós partilhamos aqui é trabalho [no gabinete que partilham na empresa de ambos]. Estamos aqui todos os dias a trabalhar os dois juntos, não é?”

(Tiago Borges, fratria nuclear díade masculina)

Gabb & Fink (2015) caraterizam as relações – no caso, entre casais – como pragmáticas, mas também emocionais, assinaladas por escolhas ou até pela falta delas, com períodos de encantamento ou da falta dele, mas reconhecem sobretudo um espectro de muitos outros sentimentos e experiências, no meio disto (2015:971). As autoras defendem que as emoções estão emaranhadas nas relações sociais que se figuram como “cenários emocionais”, onde se cruzam e sobrepõem micro e macro redes de relações (Burkitt, 2014, p. 20; Gabb & Fink, 2015, p. 972). Especificamente, procuram ver estas relações como (re)feitas diariamente, com diferentes dinâmicas e configurações. Olhar as relações

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segundo esta perspetiva quotidiana permite abrir uma fenda analítica que facilita uma análise multidimensional: material-temporal-emocional (Gabb & Fink, 2015, p. 972).

O reconhecimento das relações familiares – sejam elas de que tipo – como quotidianamente (re)construídas é transversal a diversas/os autores/as (Finch, 2007; Gabb & Fink, 2015; Wendy et al., 2016; Harman & Cappellini, 2015). E é com base nessa perspetiva que se desenvolveu esta investigação. Mas, se as relações são feitas de momentos ordinários e quotidianos, também o são de momentos extraordinários e irrepetíveis, episódios marcantes e significativos. Muitas vezes, estes (re)configuram as relações entre os sujeitos e, por isso, devemos considerá-los. Para captar estas multiplicidades e temporalidades compreendem-se as relações fraternais numa perspetiva de trajetória de vida – questionando-se desde as primeiras memórias até à atualidade. Para tal, foi importante o contributo de Smart sobre o papel da linhagem e das memórias (2007; 2011). A autora discute como os ecos do passado estão entrelaçados no presente e criam significado um ao outro (2011, p. 543). Por isso, não podemos ignorar um passado que molda o presente.

Assim, entendem-se as relações entre irmãs/os como relações múltiplas, que integram uma parte da vida social dos sujeitos e que se constituem através de práticas quotidianas e familiares. As realizações dessas práticas familiares têm de ser entendidas como tal, por parte de quem as recebe, ou as vê. Isto, significa que não só a intenção inerente a essa prática, a essa ação tem de ser entendimento como “de irmã/o”, mas quem recebe a ação, ou a vê, deve também a considera-la de “irmã/o”. Como se viu no exemplo do Tiago Borges (em cima), estar diariamente no trabalho com o irmão não produz automaticamente uma atividade de irmãs/os. Isto, porque a relação que existe ali é exclusivamente laboral. Não se falam sobre questões pessoais, e as interações fazem-se em torno do trabalho, não pela relação familiar que ali está subjacente. Olhar para as relações entre irmãs/os sob a perspetiva de Finch (2007) estimula uma compreensão para (re)pensar as relações, e que as mesmas não existem por si só. É preciso identifica-las como coisas de irmãs/os.

4 Conclusões

Este texto procurou dar um contributo para a investigação qualitativa, discutindo as vantagens da combinação de diferentes técnicas de recolha de dados e destacando a importância de incluir as perspetivas dos diferentes sujeitos. Admitiu-se na investigação de base que as relações entre irmãs/os são complexas e, como tal, metodologicamente, construir um olhar caleidoscópio e uma visão panorâmica das mesmas, e através das diferentes posições, das diversas narrativas e interpretações, compreender o lugar de cada elemento na fratria e na família e as temporalidades das relações. Percebe-se, assim, que o fenómeno não é singular, tem diferentes matizes e não existe apenas uma forma de ser, fazer e demonstrar as relações fraternais.

Conversar com todos os elementos trouxe várias camadas de dados e diferentes texturas. A combinação das duas técnicas de análise qualitativa escolhidas, permitiu chegar das interações mais invisíveis às mais visíveis, aos episódios quotidianos e ordinários, mas também aos momentos extraordinários e irrepetíveis. Por oposição a outras relações, entendeu-se o que é de irmãs/os, e o que não é.

Procura-se, assim, uma abordagem metodológica que contribua, também, de modo mais amplo, para a reflexão na investigação qualitativa, sobre objetos dinâmicos e multidimensionais. Cabe às/aos investigadoras/es reconhecer a complexidade dos objetos de estudo, para que possam aplicar técnicas de recolha de dados que minimizem o seu desconhecimento, e que possibilitem a construção de categorias analíticas fora dos padrões tradicionais – na sua maioria binárias. De modo particular, sair da matriz dos «bons» e dos «maus» irmãos e das relações «harmoniosas» ou «conflituosas». Principalmente, estar atento às informações inesperadas que os sujeitos trazem,

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permitidas pela amplitude das técnicas de recolha de dados, de modo a produzirem novos olhares, novos entendimentos, novas informações.

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