Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção
(IN)DISCIPLINA
ESCOLAR:
UMA
QUESTÃO
DE
POSTURA
Dissertaçao
de
Mestrado
Acedriana
VicenteSandi
FLoR|ANÓPo|.|s
(IN)DISCIPLINA
ESCOLAR:
UMA
QUESTÃO
DE
POSTURA
Dissertação apresentada
ao Programa de
Pós-Graduação
em
Engenhariade Produção
da Universidade Federal
de
Santa Catarinacomo
requisito parcial para obtençãodo
títulode Mestre
em
Engenhariade
Produção.Orientador: Prof.
Francisco Antonio
Pereira Fialho, Dr.COORDENADORIA
DO
CURSO
DE
PÓS
GRADUAÇÃO
EM
ENGENHARIA
DE
PRODUÇÃO
CANIPUS UNIVERSITÁRIO
-TRINDADE
-CAIXA POSTAL
476CEP
88.040-900 -FLORIANÓPOLIS
-SANTA CATARINA
TEL: (048) 331-7000 - FAX: (048) 331-7075DECLARAÇÃO
Declaramos, para
osdevidos
fins,que
ACEDRIANA
VICENTE
SANDI
defendeu sua
Dissertaçãode
Mestrado no
dia 15de
março
de
2002
intitulada(íN)DISCIPLINA
ESCOLAR:
UMA
QUESTÃO
DE
POSTURA.
Declaramos
ainda que,por
decisãoLmânime,
a Dissertação foiaprovada
na
suaforma
final.Florianópolis, 15
de
março
de
2002
'1
/
NEIVA
.;PARETTo
Chefe da Seção de A diente/Masis. 6670-7
CCPG
/UFSC
Í/ _ '
(IN)DISCIPLINA
ESCOLAR:
UMA
QUESTÃO
DE
POSTURA
Esta Dissertação foi julgada
adequada
paraa obtenção do
títulode
Mestreem
Engenharia, especialidade
em
Engenharia
de
Produção, e aprovadaem
sua
formafinal pelo
Programa de Pós-Graduação
em
Engenhariade Produção da
Universidade Federal
de
Santa
Catarina.Florianópolis, 15
de março
de
2002.Prof. Ricard Mir
nda
arcia, Ph.D.Coordenador do ,o
de
Pós-Graduaçãoem
Engenharia de ProduçãoBanca
Examinadora:
Prof. Fêncisco /Iëtonio Pereirlglho, D-r.
Orientador
Prof. Luiz Fe
Iigueiredo,
Dr.@'o^^^;S\'{4vw\à
Q
Q
.À
grande educadora Maria de Lourdesque
tive a so/te denascer filha, incansável orientadora, incentivadora e amiga,
que sempre acreditou, muito mais do
que
eumesmo,
em
meu
potencial.Com
sua atitude esgarçava, cada vez mais,o
meu
potencial de crescimento pessoal e profissional;Ao
meu
pai Acedir, que teve sua vida interrompida aos27
anos mais que edificou,
com
todosque
tiveram oprivilégio de sua convivência,
um
legadode
exemplos ede amizade que deixaram muitas saudades;
Ao
grande companheiro eamor
Fláviocom
quem
dividoos ideais de educação,
bem
como
uma
linda filha que,mesmo
muito pequena,sempre
entendeu as presenças/ ausentes de suamãe
nas horas necessárias; e por simplesmente estaremem
minha vida, dando-lhe a maiorrazao de sê-la;
À
minha única e estimada irmã Anadricea, que estevepresente
em
cada conquista de minha vida, sempreproferindo palavras de encorajamento e de calma,
mesmo
quando os problemas pareciam superar as expectativas;À
minha grande e verdadeira amiga Marileusa, pelo apreço, carinho, companheirismo, sinceridade e acima de tudo apoioincondicional, na empreitada de escrita dessa dissertação e
por ser minha inna naturalmente consentida;
Aos
milhões de alunos que foram marcadoscomo
(in)disciplinados e/ou marginais no processo educativo, que
nunca saborearam a diferença
como
um
fenômeno
naturalentre seres
humanos
e que temem
suas vidas a irreparável violência contra sua auto-imagem e sua autoconfiança;E
sobretudo, àDEUS
que sob diversas formas esteve presenteem
minha vida, norteandomeus
caminhos.Ao
Prof. Dr. Francisco Antonio Pereira Fialho, pela sua grande capacidadede
liderança e presença de "abelha"em
minha vida, aquem
dedico esta.Ao
Prof. Dr. JudasTadeu
Grassi Mendes, pela grande forçae envolvimento nos
momentos
tão importantes da muitatrajetória de vida.
Também,
por significar para mim,um
exemplo de sucesso e persistência pessoa/ e profissional.
À
todos os professores, mestres e doutores doque
estiveram conosco, pelo convívio pessoal e virtual
fraterno, pela amizade e pelos grandes incentivos.
À
FAE-CDE
pela oportunidade de freqüentar as aulas,mesmo
não fazendo parte de seu quadro de professores,deixando-me
sempre
à vontade ecom
sentimento de serbem
recebida.Aos
colegas, amigos da turma Midia e Conhecimentopelo envolvimento e apoio, principalmente a equipe Paulo Freire: Duglas, Geraldo, Guto, Leatrice, Dirce, Jacque e Flávio, pessoas que estarão guardadas
em
meu
coração.Como
não poderia deixar de ser, agradeço imensamente àDistribuidora Positivo, na pessoa do Sr. Ruben Formighieri,
por todos os minutos, que acabaram transformaram-se
em
horas, que tive que sair mais cedo para poder chegar
em
tempo às aulas.
Também
e finalmente, fico eternamente grata ameus
antigosRESUMO
... _. xiiABSTRACT
... _. xiii 1|NTno|:›uçÃo
... _. 1 1.1 Justificativa ... _. 1 1.2 Estabelecimentodo Problema
... _. 41.3 Objetivos Geral e Específico ... __ 5
1.3.1 Objetivo Geral ... ._ 5
1.3.2 Objetivo Específico ... _. 5
1.4 Hipóteses Gerais e Específicas ... ._ 5
1.5 Metodologia ... ._ 6
1 .6 Limitações ... ._ 6
1 .7 Descrição
dos
Capítulos ... ._ 62 (IN)DISCIPLINA:
CONCEITOS
E
APLICAÇÕES
... _. 82.1
A
Administração da Disciplina ... __ 102.2
A
Naturezado Problema
Disciplinar ... ._ _ 122.3
A
Postura Docente Diante daQuestão
Disciplinar ... ._ 142.4 indisciplina
como
Força Legítima de Resistência ... ._ 162.5
A
Disciplinano
OfícioDocente
Contemporâneo
... ._ 193 LIMITES:
UM
DESAFIO
NO
TRABALHO DOCENTE
... __ 213.1 Desenvolvimento
Humano:
Limites aSerem
Transpostos
... __22
3.2 Convivência Social: Limites a
Serem
Respeitados ... ._24
3.3 Privacidade: Limites para a Intimidade ... ... _. 30
4
MORAL:
ESTEIO,TEÓRICO
PARA
A
COMPREENSÃO DA
DISCIPLINA
... ._ 344.1
Uma
Leitura Piagetiana sobre Moralidade e indisciplina _________________________________ ._ 354.2 Moralidade
Sob
a Óticade Lawrence
Kohlberg esuas Relações
com
a indisciplina ... ._ 415
A CONSTRUÇÃO DA AUTORIDADE NO
AMBIENTE
ESCOLAR
... _.48
5.1 Autoridade e
Autonomia
... _. 51Trabalho Escolar ... ._
6
A
INDISCIPLINA
EAS
RELAÇÕES DE
PODER
-FASCINANTES DESAFIOS
FOUCAULT
E
EDUCAÇÃO
... _.6.1
Mecanismos
Disciplinares nasRelações
de Poder
eo Processo
de
Resistência ... ..6.2
A
instituição Escolar e a PráticaDocente
Sob
a Ótica Foucaltiana ... ..~ ~
7
CONCLUSAO
E
SUGESTOES
PARA FUTUROS TRABALHOS
... ..RE|=ERÊNc|As
... _.ANExo1
-APnEsENTAçÃoz
sL|nEs DE|=EsA
...SANDI,
Acedriana Vicente. (In)discipIina escolar:uma
questão de postura. Florianópolis,2002, 79f. Dissertação (Mestrado
em
Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduaçãoem
Engenharia de Produção, UFSC,'2002.
Questões
relacionadasà problemas
disciplinares deixaram de serum
tema
esporádicoe
particular no cotidianodas
escolas brasileiras para se tomarem, talvezum
dos
assuntos mais discutidos
em
encontro de educadores.O
foco doproblema
estáem
como
interpretar e/ou administrar o ato indisclplinado.E
ainda, atéque
pontoessa
recusa à moldar-se
as
regras institucionais não é a possibilidadede
constituiçãoda
autonomia
-
bandeirade
lutade
muitos projetos político-pedagógicos.O
trabalhodocente acaba
sedeparando
com uma
linha divisória muito tênue entre indisciplinae
violência,esgarçando
os limites da convivência social etomando-se
refémdo
emaranhado
de
significados e valores que a indisciplina escolar comporta.A
indisciplina,como
problema
teórico e prático,em
geral é tratado de maneira imediatista,sem
o circunstanciamento conceitual necessário.Essa
dissertaçãotem
o objetivode
promover
uma
análise abrangente dotema
à luzde
alguns referenciais teóricoscontemporâneos
e imprescindíveiscomo
o poderem
Foucault, a moralidadeem
Piagete
Kohlberg esuas
imbricaçõescom
questão disciplinar. Busca,também,
retirar oônus
disciplinar
da
figura exclusivado
aluno,encaminhando
a análiseda
indisciplina, principalmente,como
produtoda
postura docente.SANDI, Acedriana Vicente. (In)disciplina escolar:
uma
questão de
postura. Florianópolis, 2002, 79f. Dissertação (Mestradoem
Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduaçãoem
Engenharia de Produção, UFSC, 2002.Questions about discipline
problems
will leave tobe
a subject inday
by day
at theBrazilian school
when
it returns the topicmore
argue between
the educators.The
main
problem part in withmanage
indisciplineded.Then
when
a child doesn'twant
tomold
itself about Institute rulesand
can't buildfreedom.
The
teachers job finishwhen
look atbetween
indisciplineand
violence.The
disciplineproblem
theoreticaland
practice then itmake
in thatmoment
withoutconsequence.
ln this text shouldshow
some
geuestions byFOUCAULT
and
moralityby
PIAGET
and
KOHLBERG
and
yourquestions discipline.
We
show
about that the students don'thave
all exclusive faultand
we
are walking an analyse of the indisciplinemain
with the teachers post.Key
words: education; discipline; power; relationship between; teacherand
student.1
|NTRoDuçAo
1.1 Justificativa
No
ambiente
escolar, falarem
(in)disciplina, já setomou
uma
constante. Muitos professores tratamdo
tema
dentrode
um
conte›‹to isoladoe na
maioriadas
vezes,dizendo respeito
somente
à posturados
alunos.A
medida que
vamos
aprofundandoum
pouco mais
otema -
(in)disciplina-
visualizando osdesdobramentos
e efeitos,percebemos
que estamos
diantede
um
acontecimento sustentado por posições éticas(dimensões
da
relação consigo próprio) e políticas (dimensõesda
relaçãocom
o trabalho históricodos
homens)
dianteda
existência.O
que
vem
a serum
ato indisciplinado? Sônia MoreiraFrança
define esse ato"como
aqueleque não
estáem
correspondência
com
as leise
normas
estabelecidas poruma
comunidade,um
gestoque
não cumpre
o
prometido e, por esta razão, imprimeuma
desordem
no até entãoprescrito. Portanto, comportar-se
com
decoro implica, necessariamente, decisões éticas e políticas,ou
seja,um
trabalho sobre simesmo
que
é,ao
mesmo
tempo, análisehistórica
dos
limitesque
omundo
apresenta e experimentaçãodas
possibilidadesde
ultrapassá-los". (Aquino, 1996, p.139).Não
sepode
pensar aeducação
forado
domínioda
éticae
da
política, pois é dentro delaque
nosperguntamoszo que fazemos
para sero que
somos?
E
oque
podemos
fazer para nos modificar e modificar omundo
em
que
vivemos?
Não
existe outra saídaque não
seja debruçar-nosde
forma responsávelsobre
os
estudos produzidos sobre otema
entendendo,em
última instância,que
o atoindisciplinado
é
uma
forçaque
precisa ser trabalhada a fimde
explicitar a que veio.Desguamecido
de
um
aporte teórico, invariavelmente os professoresacabam
por tratara
(in)disciplina atravésde
concepções
parciais, preconceituosas e moralistas.Defendem,
em
quase
todosos
discursos,que
a (in)disciplina escolar écausada
porfamílias desestruturadas,
que
não educam
adequadamente os
filhos e nãoimpõe
os limites necessários.Sugerem
encaminhamentos
para outros profissionais (psicólogos,terapeutas, entre outros) tratando o
comportamento
do
alunoque
se fosseuma
doença
que merece
ser conhecida e curada.Predomina a
versãode que comportamentos
indisciplinados são essencialmente negativos, atrapalhama aprendizagem
escolar,revelam falta de educação, ataque ou patologia e
devem
ser enfrentadas pormedidas
moralizadoras, punitivas ou médico-psicológicas, isto é,
que
seus
portadoresdevem
serculpabilizados, punidos
ou
curados,de
modo
que esses comportamentos
sejam,de
qualquer forma, eliminados.
Esse
raciocínio permite classificar alguns alunoscomo
indisciplinados e concluir
que
eles requerem, paramudar
seu comportamento,
limitesimpostos de fora e transmissão de valores, no intuito
de
suprir a suposta deficiênciamoral.
Nessa
perspectiva, os indivíduoscometem
atosde
indisciplina por razões indi-viduais, cuja origem
pode
ser localizadaem
sua história pessoal ou familiar e explicada por característicasde
personalidade,com
maior oumenor
resistência à frustração.O
dia-a-diada
escoladá
contade
uma
outra realidade.A
disciplina pretendidapelos professores
não
é aquela que, potencializao processo de
ensino ede
aprendizagem
e o respeito entre os protagonistasda
vida escolar.Os
atosde
indisciplina relatados e
observado
pelos professores referem-se àsquestões morais
e
podem
ser discutidos quantoaos seus
aspectos normalizadores e domesticadores,ou
seja, dizem respeito aum
conjuntode
normas
arbitrárias, inconstantes, imprecisas, parciais, ideológicas,porém
raramente,às
regrasnegociadas
enecessárias à vida escolar. Nesta perspectiva, torna-se possível
reconhecer
como
positivas e apropriadas muitas atitudes
dos
alunosconsideradas
(in)disciplina pelosprofessores, e, entender
como
Iúcidas e pertinentes muitas atitudesenquadradas
como
desajustadas. Assim, é preciso resistir a tratare
curar crianças e adolescentesque são
essencialmente saudáveis,como
também, é
fundamental buscar
intervirsobre práticas e
processos
escolares inadequados,e
não
naturais e necessários.Aproximando
o foco sobre a (in)disciplina, este trabalho sepropõe a buscar
referenciais teóricos apropriados para explicar e intervirna complexa
realidadeda
sabemos, inúmeras
relaçõesde poder
dentrodo espaço
institucionalizadoque
chamamos
de
escola.A
questão é:há algum
tipo de relação entre poder e indisciplina? Foucaultnos
deixouum
considerável legadoque
auxilia qualquereducador
que
esteja interessadoem
compreender
as interconecções existentesna
dinâmica
do
poder. Ele acolhe aquiloque
socialmente é considerado àmargem
do
aceitável
elhe
atribui estatutode
existência, explicável pelosmesmos
mecanismos
de
exclusão.Quer
dizer,demonstra
de
modo
consistentecomo
o fatode
estigmatizare
reprimir, pormeio procedimentos
institucionalmente legitimados e/oulegalmente previstos, incita as práticas
que
se quer eliminarou
combater. Parapodermos
dar contade
algumas formas de
(in)disciplinaque dinamizam
a vida cotidianada
escola, é preciso apreender,na ambigüidade desses fenômenos, seus
modos
específicosde
manifestação.A
escolatem
um
poder dedominação
que
não
tolera as diferenças eesse
processo acionaformas de
resistênciados que não
sesubmetem
às
imposições,simplesmente porque alguém
querque
seja assim.Quanto
maior
a
repressão, maior omovimento
dos
alunos para assegurar a vitalidadeda
sua
existênciacomo
corpo
discente.Como
equacionarmos
os interessesde
alunos e professores?A
visão ingênuade
que a
paz éa
ausênciade
todo o conflitonão
ajudaem
nada
no enfrentamento desseproblema. Muitas dinâmicas no interior
da
escolaque
agridem a 'boa ordem”, retratamentre outros aspectos, os equívocos
dos
professoresem
facedas
necessidades,interesses
e
possibilidades dos alunos.Somente
uma
transformaçãono
tipodas
relações estabelecidas dentro
das
escolas poderá fazercom
que
a (in)disciplina sejaencarada sob
uma
perspectiva diferente.Deve-se
objetivar que os princípios quedêem
sustentação
às
regras aserem cumpridas
tenhacomo
pressupostoa
justiça e seja frutoda
construçãode
todos os envolvidos.As
ações
devem
ter suasbases no
princípiodo
respeito à
essas
regras enão da
obediência cega.A
educação
para a docilidade(obediência cega) desenvolve
nos
alunosuma
dependênciaquase
infantil, que osda
criatividade, do raciocínio e para oamadurecimento das
relações.O
cotidiano escolarnão
é estático e repetitivo, possuium
dinamismo
próprio,em
que os
mecanismos
de dominação
e resistência, opressão e contestação,ocorrem
juntamentecom
a reelaboração dos conhecimentos, atitudes, crençase
diferentesmodos
de
compreender
omundo
e a realidade.1 .2
Estabelecimento
do
Problema
-
Pode
haveraprendizagem
significativasem
disciplina?O
professor, dentro
do
contexto de salade
aula,pode
colaborarcom
a
(in)disciplina?-
A
autoridadedo
professorpode
ser conquistada atravésdas
*suascompetências? Essa
autoridade é necessáriano processo
de
construçãodo
conhecimento?
- Planejamento e a
Organização
docentepodem
contribuir para osucesso
do
processo educativo?-
A
participaçãode
professores e alunosna
elaboraçãodo
regimentointerno
de
uma
escola influenciano cumprimento das
normas
nele estabelecidas?-
A
formação
acadêmica
dos
professores contempla,com
suficiente
profundidade, disciplinas
que
abordam
questões
referentesao
desenvolvimento
humano
e a importânciada
afetividadeno
contextoda
produção
doconhecimento?
-
que
se consideraum
comportamento
"indisciplinado"?Em
quaiscondições
esse comportamento
acontece?1 3 Objetivos Geral
e
Específico
1 3 1 Objetivo geral
Investigar interferências
de
ações do corpo
docentena
postura disciplinardos
alunos
no ambiente
escolar.1 3 2 Objetivo específico
Analisar as relações professor-aluno:
ação
e reação.Contribuir
com
o
corpo docentenuma
reflexão sobresua
postura e asimplicações
desta
no ambiente
escolar.Repensar
oque
se
consideracomportamento
"indisciplinado" e paraquem
o é.Verificar as
condições
em
que acontece o comportamento
"indisciplinado".Hipóteses Gerais
e
Específicas
Salvo alguns distúrbios muito especificos
de
aprendizagem,bem
diagnosticados pela neuropsicologia e por psicólogos clínicos,
a
maioriados
alunosnão
é
indisciplinada por natureza.São
ativos, inquietos, cheiosde
energiae
curiosidade, o que,para
alguns professores, transformou-seem
sinônimode
indisciplina.A
ação
educativa planejada é intencional.A
disciplina interna, entendidacomo
-
disponibilidade para- deve
se
fazer presente tantono
corpodocente quanto
no
discente para o êxitodo
trabalho educativo._
Para
que
o professor consiga interferirno
processo educacionalde
fomwapositiva e significativa
é
precisoque
omesmo
exerça asua
autoridadeem
todasas
dimensões que
compõe
um
grande
profissional: intelectual,-
A
co-responsabilidade nocumprimento
dasnormas
pré-estabelecidas por
um
grupo socialmente constituído, passa inevitavelmente pela participaçãode
todo grupo na elaboraçãodessas
normas.1.5
Metodologia
O
método
de abordagem
é hipotético-dedutivo por preencherum
espaço do
conhecimento,
em
tese conhecido,mas
não suficientemente relacionadocomo
necessário.
Trata-se
de
pesquisa de valor prático-teóricoque
pressupõe resultadoscapazes
de
modificar posturas, tanto do professor quanto do aluno,como
protagonistasdo
processo educativo.
1.6
Limitaçoes
Pela
limitaçãodo
tempo
certos indicadores e pistas identificadasao
longoda
dissertação
não
foram exploradoscom
a profundidadedesejada
pelo autor.1.7
Descrição
dos
CapítulosA
dissertação está estruturadaem
sete capítulos e Referências Bibliográficas.Este primeiro capítulo apresenta o
problema
de pesquisa, justificativas, objetivos,hipótese
e
limitações.O
segundo
capítulo estabelece opano de
fundo a partirdo
qualse
daráa
reflexãoda
autora. Conceitos básicos para o desenvolvimentodo
tema
são estabelecidos.A
discussãodas
trêsdimensões do
"Limite" esuas
relaçõescom
otema
em
questão,
são
apresentados no capítulo três. Pontua-seconcepções
sobre
Moral eexplorando o desenvolvimento
da
consciênciada
regrano
serhumano,
no quartocapítulo. Articula-se estas reflexões
com
os trabalhos desenvolvidos por Durkheim,relacionados a
concepções sobre
respeito,buscando
também
as
contribuiçõesde
Bovet.
O
quinto capítulonos
remete
à reflexõessobre
autoridade e autonomia esuas
imbrioaçõescom
questões
disciplinares,bem como
o contrato pedagógico-
como
um
pacto necessário àorganização do
trabalho escolar.O
sexto capítulo foidestinado
aos
fascinantes desafios impostos por Foucault sobre as relaçõesde
poder, os
mecanismos
disciplinares e o processode
resistência-
profícuo terrenopara discutirmos
a
(in)disciplina.As
conclusões parciaise
possíveissão apresentadas no
sétimo capítulo,2
(IN)DISCIPLINA:
CONCEITOS
E
APLICAÇÕES
Para
entender
oque
vem
a ser disciplina,temos
um
recursoque
auxilia oinício
dessa
reflexão: o dicionário de Língua Portuguesa. AurélioBuarque de
Holanda, traz várias definições para o termo disciplina:
a) relação
de
subordinação do alunoao
mestre;b)
ordem que convém
ao
funcionamento regular deuma
organização (militar,escolar, etc.);
c)
obsen/ância de
preceitos ou normas;d) ensino, instrução, educação.
Iniciaremos
a
análise a partir das definições encontradas neste dicionárioque
registra o
uso
que fazemos
do
termo disciplina.A
partirdessas
definições é possívelrefletir sobre
os
significados própriosao uso dessas
noções,bem como
suas
implicações
sobre as
tarefasde
ensino e as tarefas escolares cotidianas.Seria interessante apontar que, dentre as quatro acepções conferidas,
à
palavra disciplinano
dicionárioem
questão,somente uma,
a letra c,não
faz referência diretaao
processo educacional. Este forte laço entre disciplina e escola está fortemente
arraigado
em
nosso
pensamento, oriundo de outras instituições sociaisonde
aordem
ea
hierarquia se configuramcomo
um
modo
de
vida, caracterizando aspessoas
que
de
alguma
formaferem
estes preceitoscomo
"indisciplinados".É
preciso ressaltarque
as
palavras disciplinae
escola estão umbilicalmente ligadas, pois a própria etimologiado
termo
disciplina, derivada
palavra latina "disco", significa "aprendo". "Sua raiz encontra-se na
idéiade
uma
submissão do
aprendiz às regras e as estruturasdo que
pretendeaprender ou
à
autoridadedo
mestre,como
aqueleque
inicia o discípuloem uma
áreade
conhecimento ou
em
uma
arte". (Carvalho, 1996, p.132).As
regrasencontram seu
significadocomo
um
caminho
para aprendizagem.Chegamos
a
tentação essencialistade
imaginarmos
que
existe a "verdadeira disciplina"-
refletida diretamenteem
impõe-se
como um
objetivo único e universal para o qualdevemos
sempre
tender oudo
qualdevemos
sempre
nos aproximar". (Can/alho, 1996, p.132).É
possível atribuir aessa crença
de
que existaum
único tipode
comportamento,a
que
chamamos
discipli-nado,
a
responsabilidade por muitas afliçõesque temos
em
relação à supostaindisciplina
dos
alunos.Podemos
observar, por exemplo,o
silêncio. Para muitaspessoas o
silêncioem
salade
aulasempre
denota
disciplina,porém,'sabemos
que
o silêncionão
garante a disciplina,nem
muitomenos
pode
garantir o aprendizado: aconstrução
de
conhecimentos. Tal advertência, é importanteporque
ressalta a idéiade
que
seguir regrasem
silêncionão
implicanecessariamente
no trabalhoconsciente
de
conteúdos.Neste
sentido,l"aação
disciplinada é, freqüentemente,um
saber-fazer enão
um
saber
proposicional; éum
tipode ação
enão
aposse de
um
discurso.Transferindo essas idéias para a sala
de
aula, a disciplinanão
necessariamenteprecede
de
forma discursiva o trabalho,mas
concretiza-seem
um
trabaIho"(Carvalho, 1996, p.134).l Ela
nem
sempre
necessitada
clarezadas
regrasdo
comportamento
apresentadas verbalmente,mas
sempre
necessitada
clarezados
meios
e objetivos para odesenvolvimento
de
um
trabalho tantode
ensino quantode
aprendizagem.
Esse
trabalho é possívelporque há
uma
ação
metodódica, portantoregrada e disciplinada,
mesmo
que
nem
todos oscomportamentos
sejam
imediatamente identificados
como
"boa
ordem".A
disciplina está diretamenteassociada a
uma
formaou
um
método de
trabalhoque deve
ser incentivado dentrodo ambiente
escolar.Assim ao
estabelecer regras,formas
de
trabalho, ou seja, disciplina, o professornão impede
o alunode
criar;ao
contrário possibilita a criação.Se
as regrasfossem
sempre
eexclusivamente
regulamentadoras, talvez esseimpedimento
fosse verdadeiro,mas
elastambém
são
constitutivas,ou
seja, as regrase
proibiçõesdo
trânsitonão visam
impedir odeslocamento
de
veículos,mas
Wallon
afirmaque
a
disciplina poder ser entendida diferentemente,segundo
a
tarefa
do mestre
éconsiderada
como
puro ensinoou de educação
esegundo
o
aluno
é consideradacomo uma
simples inteligênciaa
guarnecerde conhecimentos
ou
como
um
ser a formar para a vida (WaIlonapud
De
La
Taille, 1992, p.24).Mesmo
sendo
bastantecomplexo
o entendimentode
disciplina escolar, poissão inúmeros
os
pontos de
vista sobre o assunto, a verdade éque há
um
consenso
sobre o fatode que
sem
disciplinanão
se
pode
fazerum
trabalhopedagógico
significativo.2.1
A
Administração
da
DisciplinaO
que
seriauma
salade
aula disciplinada?Como
caracterizarum
professorque
seja gestor
da
disciplina.Poderíamos
afirmar de fomwabem
objetiva,que
uma
salade
aula disciplinada "é toda aquela
que
ofereça ao professor oportunidadesadequadas
para
o
desenvolvimentodo seu
processo de ajudarna
construção doconhecimento
eno
desenvolvimentode
habilidades e atitudes socialmente aceitas por partedos
alunos". (Celso Antunes, 1999, p.84).
Como
jápontuamos
anteriormente,a
idéiade
disciplina está muito próxima
da
idéia de escola. Atualmente a escola vê-se diantede
três papéisque
são socialmente cobrados.O
papel epistemológico-
trabalhandoos
conhecimentos acumulados
pela humanidade; o papel socializante-
permitindoe
preparando o
convívioem
grupo,e
o papel profissionalizante-
assegurando condiçõespara o acesso
epermanência no mercado
de trabalho.A
eficiente gestãoda
disciplinapor parte
do
professor estáem
saber dirigiruma
salade
aula de forma organizadae
eficaz, portanto
uma
intervenção intencional e planejada alcançando os objetivos aque
se propõe ao
intennediaro
processode
construçãodo
conhecimento,mas
também
o
ajudando no
processode
socialização,em
sintoniacom
as exigênciasdo
mercado.Em
síntese, a disciplina auxilia
o
professor a consolidar o seu planejamento, portanto, atingirseus
objetivos, e, os alunos, favorecendo condiçõesadequadas
para oseu
crescimentocognitivo e emocional.
Esse
conceito parece óbvio,mas
a
escola encontra-se inseridaem
um
contexto maiorque
dá
sustentação e ambiente para a formaçãodas
pessoas, interferindo diretamenteno
processo pedagógico.É
importante estar atentoao
cenáriomais
amplo, porque,as
vezes, oque
parece ser indisciplina,
nada
mais éque
a "disciplina"dos nossos tempos.
Falarem
disciplina no
ambiente
escolar brasileiro, reporta, antesde
mais
nada,a
observânciada
disciplinana
sociedade brasileira.Para
uma
vidaem
sociedade,necessitamos de
regras
que sustentem
as condutashumanas,
propiciandoum
espaço
organizadoonde, no
caso do
Brasil, dê suportea
democracia.As
regras construídasem
uma
sociedade,
vão
desde
o respeito às sinalizaçõesde
trânsito até ocumprimento das
leis constitucionais.
O
exemplo, osensinamentos
de
geração
em
geração,garantem
a
sua
perpetuação e/oumudanças,
se o grupo socialassim
o desejar.Faz-se necessário considerar a história
da
formação do povo
brasileiro,com
aescravidão
gerando comportamento
de
servidão,de
mando
ede
submissão
em
que
o indivíduo é desrespeitado
em
sua
condiçãode pessoa
humana
e
tratadocomo
"objeto"
de manipulação
deseus
"proprietários".Passando
ainda,ao
longoda
história de
nosso
país, oque
setem
observado é
que
mesmo
com
a
implantaçãodo
regime republicano, cujo
fundamento
básicoé o
bem
comum
e obem
público atodos os cidadãos,
esse
quadrode
violênciapouco
se
modificou.Estes
períodostrouxeram elevados custos à convivência
democrática do
povo,com
muitasviolações e mutilações.
Atualmente
a
sociedade, essencialmente capitalista, valorizao consumo,
ascoisas materiais,
a
aparênciaem
detrimentoda
essênciada pessoa
humana. É
um
totaldesvirtuamento
do
significadode
ser gente. Valorescomo
solidariedade, humildade,companheirismo, respeito, tolerância
são pouco
estimuladosna
práticada
convivênciasocial.
A
quase
inexistência dessas práticasdão
lugara
leido
mais forte,a
necessidadede
se levarvantagem
em
tudo, e daía
brutalidadee a
intolerância.O
ideal seriaque
aescola
pudesse
ficar isenta de tais práticas,mas,
na
verdade, todossomos
produtosdo
conjunto das relações sociais
de
uma
determinada sociedadeda
qualfazemos
parte.Daí a importância
de
termosconhecimento de
como
essas
relaçõessão
produzidas2.2
A
Natureza
do
Problema
DisciplinarA
instituição escolarnão
pode
ser vistaapenas
como
reflexoda
pressão,da
violência,
dos
conflitosque
acontecem
na
sociedade.É
importante argumentarque
"as escolas
também
produzem
sua
própria violência esua
própria indisciplina"(Guimarães, 1996, p.77).
A
organização
interna, a eficiênciado
corpo docente eadministrativo,
os
sistemasde
sanções, o estilo de autoridade exercidae as
oscilações diante
de problemas
acadêmicos
são
fatoresque
influenciam diretamentea constituição
da
atmosfera escolar.Não
são poucas
as escolas brasileiras,sobretudo particulares,
que exaltam
osucesso de
seus alunos e este é conseguido,algumas
vezes, por intermédiode
uma
seleção perversa e excludente,de
um
sistema
de
aulasque
exaltaapenas
volume de
informações obtido atravésde
um
regime
de
autoritarismoque
robotiza o aluno,algumas vezes
preparando-o para oingresso
no
curso superior,mas
certamentenão
para o curso superior emenos
ainda para
sua
vidacomo
cidadão.Alguns fundamentos são
imprescindíveis paraque
a escola consiga gerarum
ambiente favorável para a construção
da
aprendizagem, circunstância quenão as
exime
de
ser rigorosa,mas
lhe permite obterde
seus alunos excelentes respostassociais e acadêmicas.
É
preciso apresentarum
conjunto, relativamentepequeno
e simples,de nonnas
disciplinares,que
são, entretanto, extremamente, claras e exercidascom
coerência.Essas
regrasapresentam
fundamentos democráticos e, dessa fonna,os alunos
ajudam
a
construí-lase
reconstruí-las de maneira dinâmica e evolutiva.Canais
claros e imediatosde
comunicação
com
todosos
envolvidos na vidada
escola.
Equipe
Diretiva, professores e alunos abertos ao detalhe e expostos a critica:currículos
e
planospedagógicos que
sepreocupem
com
a
construçãodo
conhecimento,
odesenvolvimento de
habilidades, a exploraçãode
todasas
inteligênciasdo
aluno edo
professor, estratégias emeios
paraque
o aluno seuma
sistemáticade
avaliaçãoque
consiga encorajaros
alunos, diagnosticando asua caminhada
para servircomo
válvula propulsorado
desenvolvimento.Por
último,porém
não
menos
importante, instalaçõesadequadas
para atividades culturais, esportivas e recreativas.Certamente, dentro
de
salade
aula muitasações
pedagógicas
originamproblemas de
natureza disciplinar.Assim
como
os alunos têm
personalidadesdiferentes, e estas muitas
vezes
interferemno quadro
de
leiturada
realidade, issotambém
ocorre entreos
professores.Como em
todas
as profissões, existem profissionais mal preparados, apáticos, e atémesmo
mal
intencionados eque quase
se valem de sua ação
sobre os alunoscomo
meio
de
exercício arrogantede
suas
frustrações. Atitudesdessa
natureza,não apenas no
controle disciplinar,mas
também
na
formacomo
trabalhamseus
currículos,representam
difíceis obstáculosde
superação. Acrescenta-se a isso, amaneira
como
este se apresenta para oaluno, a tolerância
com
relação assuas
dúvidas,a
forma
como
utilizaas sanções,
seus
preparo para alterar aulas expositivascom
outrasformas de
trabalhar, aresponsabilidade
com
que
foi acordadocom
os alunos,seu
senso de
justiça, aintensidade
com
que
acredita no potencialde seus
alunos,sua adaptação
àsturmas, a sobrecarga
que
seimpõe
eque
o afastade
um
trabalhode preparação
cuidadosa, as formas
como
avalia-tudo
isso, senão adequado,
condiciona atitudesde
indisciplina.Sem
dúvida é ingênuo atribuirao docente a
responsabilidadeda
essência (in)disciplinar tanto quanto atribuir
somente a
conduta dos
alunos.Mas
também
deve
ser alvode nossa
reflexão a pergunta:porque
com
determinados
professores os alunos
envolvem-se
e trabalhamde
forma
positiva ecom
outros professores,não?
É
preciso deixar de acreditarque a
paz,a
harmonia
e o equilíbrio,em
salade
aula, signifiquem ausênciade
todo o conflito. Ensinarnunca
foi fácil etodo professor precisa
se
descobrirum
eterno aprendiz;quando
falta esta visão, faltatambém uma
disciplinapensada
e organizada por todos, integrandoas
visões diferentes eponderando
todos os lados envolvidosno processo
educativo.2.3
A
Postura
Docente
Dianteda
Questão
DisciplinarUm
pontocomum
na
discussãodos
professores é que o trabalhonão
poderealmente se efetivar
sem
esforço, dedicação e, principalmente, disciplina.A
disciplina,todavia,
não
pode
ser entendidacomo
se tivesseuma
finalidade educativaem
simesma.
Neste sentido,
não pode
serpuramente
exterior,baseada
num
conjuntode
regras deconduta,
nonnas
disciplinares e hierarquias rígidas.Ao
contrário, a necessidade da disciplina acontecenão
pormero
autoritarismoou
arbitrariedade dos responsáveis pelacondição
do
trabalho escolar,mas como
condição indispensável para conduziruma
prática pedagógica
de
qualidade.Assim
colocaruma
ênfase especial na disciplina implica procurar assegurar, por partedos
professores, o seguinte: deum
lado a garantiado
êxitodo
processode
aprendizagem, e,de
outro colocar o indivíduoem
condições dedesenvolver a
autonomia
consciente parauma
inten/enção social quesempre busque
ajustiça, a honestidade e o comprometimento, melhorando
sempre
as condiçõesda
vidaem
sociedade.Nessa
perspectivaa
disciplina deve seracompanhada
da
suacompreensão da
necessidade,da
sua utilidade,da sua
obrigação.A
disciplinatem-se
constituídoem
preocupação
eapreensão
permanentes
dosprofessores que,
no
entanto,pouco ou
quase nada
tem avançado
na compreensão
do
assunto.Em
geral,quando
oseducadores
referem-seao problema da
disciplinapassa a
serentendido
como
oda
indisciplinado
aluno.As
reclamações
dosprofessores
são
as mais
variadas possíveis: os alunossão
insubordinados;depredam
o patrimônio escolar;roubam;
brigam;não
prestam atenção às aulas;não
estudam; não
fazem
as
liçõesde
casa;e assim
por diante.Podemos
dizerque
essasreclamações
dos professoressão
corretas e pertinentes,na
medida
em
que
oandamento
do
fazer pedagógiconão pode
convivercom
todos esses.desmandos.
Os
professores, perplexos e atordoados,passam
aaplicar medidas- corretivas para tentar eliminar o problema.
Ora, reduzir
o
problema
da
disciplinana
escola às faltas cometidas pelos alunos,pouco
contribui paraa
compreensão dessa
problemática. Isso porque a disciplinanão
pode
ser entendida de maneira estanquecomo
se fosse algoque
dissesse respeitoa
este
ou
aquele elemento envolvidocom
o processo educativo.A
disciplina,ao
contrário,diz respeito a todos os elementos envolvidos
com
a prática escolar e precisa sercompreendida
como
algo necessário para atingirum
fazerpedagógico
coerentee
eficaz, estando, dessa maneira, intimamente relacionada à
forma
como
a escolaorganiza e desenvolve o seu trabalho.
Nesse
sentido, a disciplina está indiscutivelmenteligada
ao
processo de organizaçãodos
conhecimentos elaborados historicamente pelohomem.
Deixa, assim, de seralguma
coisaque
diz respeitoapenas
ao
aluno,ou
apenas
ao
professor, para transformar-seem
preocupação
permanente de
todaa
comunidade
escolar.Com
efeito, a efetivaçãoconseqüente do
trabalho escolar,não
sepode
dara
revoltada
sobrevivênciade
certas ordens,de
certa sistematização,de
certaorganização. Isto porque o trabalho
pedagógico não
éum
processo naturalespontâneo,
nem
tãopouco
ocasional. Acreditarno
contrário significa colocarem
risco o êxito
da
escola e contribuir paraque
elanão
alcanceas
suas
finalidades.Mais do que
isso, pode-se estar contribuindo paraque
a escola caianuma
espéciede
caos
anárquicoonde cada
um
faz oque
quer,não
se evitando assim, o vazio educativo,com
graves prejuízos para aformação do
aluno.A
disciplinanão pode
serpensada de maneira
abstratae
tãopouco
seráalcançada
apenas
com
boas
intenções.Ao
contrário exigeque o
professor, estejaà
altura para exigi-la.Não
qualquer professor,mas
o professorcomprometido, de
fato,com
a socialização do saber elaborado,com
a melhoriada
qualidadedo
ensino e, portanto,com
aaprendizagem
sólida e duradoura.É
importante obsen/arque
segundo Rosenberg
"a criança indisciplinada estátentando dizer
alguma
coisa para o professor.É
precisosaber
ouvir ecompreender
a
mensagem
que
seesconde
por trásde
um
comportamento
manifestocomo
indisciplina" (1985, p.69).
O
que
o
aluno poderia estar tentando dizerao
professorlhe proporciona alegria, satisfação e tão
pouco
uma
aprendizagem
significativa, estando, desta maneira, muito distantede
suas
aspirações e necessidades.A
situação profissionaldos
educadores,no
entanto, é complexa. Elesfazem
partede
uma
"engrenagem
maior",na medida
em
que
passaram
a receberuma
formação
cada
vez mais precária;na medida
em
que
não aprenderam
a lidarcom
o aluno "reaI"de
hoje; namedida
em
que
tiveramuma
forte desvalorização profissional colocando-os àmargem
social.Em
verdade, todas as afinnaçõesacima fazem
parte da realidade atual.A
luta pelo resgateda
valorização dos professores-
passa necessariamente pela qualidadenos
procedimentos pedagógicos compatíveiscom
aaprendizagem
significativa
do
aluno.Deve-se
lutar, então, para encontrar metodologias maisadequadas, material didático apropriado; trabalhar
de
maneira mais integrada, valorizara participação
dos
alunose
sobretudo buscar resgatara
alegriado
processode
ensinare
de
aprender,numa
perspectivaonde
alunose
professoresaprendam
continuamente.O
sucessodo
fazer pedagógico, portanto,depende
em
grande parteda
competênciado
professor,
do seu compromisso
com
aformação
integraldo
aluno,da
integração entre acomunidade
escolar eda capacidade
docenteem
enfatizarno
processo de construçãodo
saber, os conteúdos realmente relevantes e significativos,que
embasarão
averdadeira cidadania.
Na
medida
em
que
o professorcumpra
o seu papel precípuo, adisciplina torna-se
uma
questão
enão
maisum
problema, eque pode
ser conseguidabasicamente através
da competência
edo
convencimento,não
mais atravésda
coerção,
como
tem
sidoa
regra.2.4 indisciplina
como
Força
Legítima
de
Resistência
Muitas revelações
encontram-se
por trásda
indisciplinanos
dias atuais.Um
texto bastante interessantede
oitentaanos
atrás (1922), intituladoRecomendações
Disciplinares,
demonstra
de
forma
transparenteos
ideais disciplinares de então.O
texto será transcrito
em
sua
integra paraque
possamos
perceber a naturalidadecom
Não
há crianças refratarias à disciplina,mas
somente alunos aindanão
disciplinados.A
disciplina é fator essencial do aproveitamento dos alunos e indispensável aohomem
civilizado.Mantêm
a disciplina, mais do que o rigor, a força moral do mestre edo seu cuidado
em
trazer constantemente as crianças interessadasem
algumassunto útil.
Os
alunos sedevem
apresentar na escola minutos antesdas
dez horas, conservando-seem
ordem no corredor da entrada, para dali desceremao
pátio onde entoarao o cântico.Formados
dois a dois dirigir-se-ão depois às suas classesacompanhados
dasrespectivas professoras, que exigirão deles se conservarem
em
silêncio e entraremnas salas
com
calma,sem
deslocar as carteiras.Deverão andar sempre
sem
arrastarcom
os pés, convindo que ofaçam
em
terça,evitando assim o balanço dos braços e movimentos desordenados do corpo.
Em
classe a disciplina deverá ser severa:- os alunos manterão entre si silêncio absoluto; -
não
poderá estarem
pé mais deum
aluno;- a distribuição do material deverá ser rápida e
sem
desordem;
-
não
deverão ser atirados no chão papeis ou qualquercoisas
que
prejudiquem oasseio da sala;
sempre
que se retire da sala, a turma a deixará na mais perfeita ordem.No
recreio a disciplina é ainda necessária para que ele se torne agradável aos alunosbem
comportados:- deverão os alunos se entregar a palestras ou a diversões
que não produzam
grande alarido;
- deverão merecer atenção especial os alunos
em
que se excederem
em
algazarrascom
prejuízo da tranqüilidade dos demais;- serão retirados do recreio ou
sofrerão as penas necessárias os alunos que gritarem, fizerem correrias, danificarem as plantas ou prejudicarem o asseio do pátio
com
papeis, casca de frutas, etc.;- deverão os alunos no fim do recreio formar
fila
com
calma,sem
correrias, pois otoque de campainha é dada
com
antecedência necessária.Deverão os alunos lavar as
mãos
e tomar água no pavimentoem
que
funcionar aNão
poderão tomar água nas mãos, a escola fornece copos aos alunos que nãotrazem o de seu uso.
Deverão ter todo o cuidado para não molhar o chão, ainda
mesmo
junto às pias e talhas.Ao
findarem os trabalhosdo
dia, a classe seguiráem
forma eem
silêncio até aescada da entrada, e só descida esta, se dispersarão os alunos. (Braune apud
Aquino, 1996, p.43).
Esse
texto descreve "ahomogeneização
exercida atravésde
mecanismos
disciplinares-
atividadesque esquadrilham
o tempo,o
espaço, o movimento, osgestos e a atitude
de
professorese
alunos,impondo
submissão
e docilidadeaos
corpos
"(Guimarães, 1996, p.78).
Alguns
professores saudosistas, aindaenxergam
estes procedimentos
como
fazendo
parte: "dosbons
tempos... ",encarando
como
um
modelo
a ser almejado.Mas
o que
o medo,
acoação
e a subserviênciapode
trazer
de
saudade?
Como
a escolatem
esse
poderde
dominação que
não
tolera asdiferenças; ela
também
é recortada porformas de
resistência.Compreender
estasituação implica
em
aceitar a escolacomo um
lugarde
contínua tensão entre forças antagônicas. Pois,com
a diversidadede ações
presentesno ambiente
escolar, o princípioda
homogeneização
imposto,não
acontecede
forma
tranqüila,mas
sob
a resistênciade
alguns gruposque não
aceitam, entre outras coisas, a formacomo
são
partilhados os espaços, otempo, as
relações entreos
alunos,gerando
reaçõesde
indisciplina.Áurea Guimarães,
em
seu
livro "A dinâmicada
Violência Escolar", defendea
tese
de que
ogrande problema
estáno
fatode
a escola/professor se concentrarapenas
nasua
posição normatizadoraachando que
com
isso, conseguirá eliminaros
conflitos. Mas, as efervescênciasda
salade
aulamarca
pela diferença, pela instabilidade, pela precariedade,apontam
paraa
inutilidadede
um
controletotalitário, de
uma
planificação racional, pois os alunosbuscam
de
modo
espontâneoe
não
planejado o "estar junto"que impede
a
instalaçãode
qualquer tipode
autoritarismo.Quanto
maior arepressão
maior a violênciados
alunosem
tentar garantir a vitalidadecomo
grupo.A
indisciplinamais
do que
qualquer outra coisa éuma
forma de
frearas
pretensões do controlehomogeneizado
imposto pela escola.O
mais absurdo
ainda, éuma
disciplinahomogeneizadora
organizada paraalunos
de
um
passado
idealizado ("dosbons
tempos"),não entendendo
que,com
oadvento
da
escolade
massa,
há
outras regras e valores envolvidosque
não
tem
ahaver a
com
experiênciaque
vivemos
no passado.É
preciso encontrarmodos
diferentesde
funcionar e respostas diferentes,
encarando
eassumindo que
o tempo,em
que
apenas
freqüentavaas
escolas alunos socialmente selecionados, acabou. Existeum
conjunto
de
histórias tão diversificadaque
precisam serconhecidas
pelosprofessores para
que descubram
osmundos
de onde
os alunosprovém.
Só
assim
se
pode
organizar e construir práticaspedagógicas onde os
alunos "reais"encontrem
sintoniae
percebam-se
respeitados e integrados.A
indisciplinase
legitima, nesse contexto,quando
sua
gênese
se deslocado
aluno para a rejeição
operada
por essa escola incapazde
administrar asnovas
formas de
existência social concreta, personificadasnas
transformaçõesdo
perfilde
sua
clientela.É
o
movimento
de
confrontaçãodesse novo
sujeito históricoa
velhasformas
institucionais cristalizadas.2.5
A
Disciplinano
OfícioDocente
Contemporâneo
Aproximando
um
pouco
mais o foco nos protagonistasdo
processo educativo-
professor e aluno
-
na sua
relação complementar,percebemos
que
aindanão
se
vêem como
parceirosnessa
empreitada. Alguns professorespodem
estar se pergun- tandonessa
altura: "Equando
os alunosnão
possuem
estrutura moral e/ou "limites"o
trabalhopedagógico?
Sabemos
que
tanto a disciplina, a questãodos
"limites",quanto
a
moral,colocam o problema da
relação do indivíduocom
um
conjuntode
normas.'