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A arbitragem e os conflitos individuais de trabalho

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Academic year: 2021

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A ARBITRAGEM E OS CONFLITOS

INDIVIDUAIS DE TRABALHO

ARBITRATION AND INDIVIDUAL WORK CONFLICTS

POLLYANNA RENÉE ALVES DO NASCIMENTO1

RESUMO

No atual cenário jurídico, algumas formas de composição extrajudicial de conflito têm sido incrementadas, e, em nome de uma maior celeridade para a solução da lide, talvez se sacrifique a segurança jurídica. Para se evitar que todos os conflitos trabalhistas sejam solucionados no âmbito da Justiça do Trabalho, novas perspectivas estão sendo apontadas, como a arbitragem jurídica e as Comissões de Conciliação Prévia. A arbitragem jurídica, uma forma de heterocomposição judicial, ganhou força no ordenamento jurídico com o advento da Lei de Arbitragem n. 9.307/96; sendo reforçada com pela recente Lei 13.129, de 26 de maio de 2015, que estabeleceu relevantes modificações quanto à arbitragem. Sendo que, em 2000, houve o surgimento de outra alternativa de solução de litígios extrajudicial; a Lei n. 9.958, que criou as Comissões de Conciliação Prévia. Neste trabalho, analisou-se a arbitragem e a possibilidade de sua aplicação, no âmbito das relações trabalhistas, uma vez que estas se moldam pelos princípios da proteção do hipossuficiente, da irrenunciabilidade e aquelas são aplicáveis a direitos patrimoniais disponíveis. No tocante ao direito coletivo do trabalho há expressa previsão constitucional (art. 114 da Constituição Federal de 1988 – CF/88). Já para o direito individual do trabalho, a discussão pretende tangenciar aspectos diversificados, dentre eles os pertinentes aos princípios do Direito do Trabalho, tais como a irrenunciabilidade do direito, em relação à exigência da Lei de Arbitragem de ser aplicável a direitos disponíveis. Em 2000, surgiu uma outra alternativa de solução de litígios extrajudicialmente: a Lei n. 9.958, que criou as Comissões de Conciliação Prévia. A Lei n. 9.958/00 e a Lei de Arbitragem

1 Mestre em Direito Empresarial - Faculdades Milton Campos. Pós-Graduação

Especialização em Direito Processual Civil - IEC/PUC-MG. Curso de Aperfeiçoamento em Novas Modalidades de Contratos - IEC/PUC-MG. Curso de Aperfeiçoamento em Arbitragem, Conciliação e Mediação pelo Instituto Internacional de Arbitragem, Conciliação e Mediação - INACOM, Assessora Jurídica da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG-PGF/AGU. Professora de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho do Centro Universitário UNA.

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possuem a mesma finalidade: solução extrajudicial de conflitos. Só que, com o advento das Comissões de Conciliação Prévia, a aplicação da Lei de Arbitragem estaria reduzida a campos diversos do contrato de trabalho, pois, como vimos, a partir do ano de 2000, vige lei específica. Em suma, será abordada a possibilidade de se aplicar a Lei de Arbitragem aos conflitos laborais em face das características do Direito do Trabalho.

Palavras Chaves: Direito Individual do Trabalho; Arbitragem; A Lei

n. 9.958/00; Comissões de Conciliação Prévia.

ABSTRACT

In the present legal environment, some forms of extrajudicial settlement of conflicts have been strengthened, and in the name of solving conflicts in speedier manner, it is possible that legal certainty may be sacrificed. To avoid having all labor disputes settled in the Labor Courts, new perspectives are being indicated, like legal arbitration and the Prior Conciliation Commissions. Legal arbitration, a form of judicial heterocomposition, has gained strength in the legal system with the advent of the Arbitration Law, No. 9.307/96; and new Law, Nº 13.129/ 2015, in 2000, yet another alternative solution for extrajudicial disputes appeared: Law No. 9.958, which created the Prior Conciliation Commissions. Arbitration and the possibility of its application in the sphere of labor relations are analyzed in this study. It must be remembered that labor relations are guided by the principles of protection of the weaker party, non-waivability, and principles applicable to negotiable property rights. Since collective Labor Law is expressly established in the Constitution (article 114 of the Federal Constitution/1988), this study will examine a variety of aspects of individual labor rights, among them those that are pertinent to the principles of Labor Law, such as non-waivability of rights, in relation to the restriction of Arbitration Law to be applicable only to negotiable rights. In 2000, another alternative for settling conflicts outside the judicial system came into being through Law No 9.958, which created the Prior Conciliation Commissions. Law no. 9.958 /2000 and the Arbitration Law have the same purpose, which is the extrajudicial settlement of conflicts. Nonetheless, with the advent of the Prior Conciliation Commission, the application of the Arbitration Law was reduced to certain areas of the labor contract, since as we have seen, from 2000 on, a specific Law began to apply. In short, the possibility to apply the Arbitration Law to labor conflicts in light of the characteristics of Labor Law will be examined.

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Key words: Individual Labor Rights; Arbitration; Law Nº 9.958/00;

Prior Conciliation Commissions.

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização do Trabalho (OIT)2, os conflitos, em geral, são resolvidos através de três grandes métodos baseados na intervenção de terceiros: o judicial, a mediação e conciliação e a arbitragem.

Todavia, este artigo somente pretende abordar a arbitragem, principalmente no que diz respeito à área trabalhista, sob o enfoque coletivo e individual.

Carlos Alberto Carmona3 conceitua arbitragem como um meio alternativo de solução de controvérsia através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nela, sem intervenção do estado, sendo a decisão destinada a assumir a mesma eficácia da sentença judicial, que é colocada à disposição de quem quer que seja, para a solução de conflitos relativos a direitos patrimoniais acerca dos quais os litigantes possam dispor.

Para CARNELUTTI a arbitragem é designada como meio equivalente jurisdicional4, por entender que a jurisdição somente poderia ser exercida pelo Estado, reconhecendo ao juízo arbitral apenas semelhança com o método estatal de composição de lides.

Percebe-se, portanto, que a arbitragem nada mais é que um mecanismo privado de solução de litígios, através do qual um terceiro escolhido pelos litigantes, irá impor sua decisão, que, por sua vez, deverá ser literalmente cumprida pelas partes.

A possibilidade de se utilizar a arbitragem como meio de solucionar controvérsias na seara trabalhista brasileira, deve ser precedida de uma análise profunda da questão polêmica que envolve a indisponibilidade dos direitos trabalhistas.

2 Conciliacion y Arbitraje em los Conflictos de Trabajo: Estudio Comparativo. Primera

edición, segunda impresión. Ginebra Suiza: Oficina Internacional del Trabajo,

1987, p.3.

3 Arbitragem e Processo - Um comentário à Lei n. 9.307/96, ed. Atlas, 2004, p.51. 4 Segundo a concepção de Francesco Carnelutti, a composição da lide pode obter-se

por meios distintos do processo civil, seja por obra das próprias partes (autocomposição), seja por obra de terceiros, desprovidos do poder judicial (o árbitro). Arbitragem e Processo – Um comentário à Lei n. 9.307/96, ed. Atlas, 2004, p.52.

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É óbvio que não há que se falar em óbices à utilização da arbitragem no âmbito dos conflitos coletivos de trabalho, em razão de expressa previsão constitucional (art. 114, § 2º da CF).

O problema ocorre quando se propugna utilizar a arbitragem em dissídios individuais de trabalho, porquanto o art. 114 da Constituição Federal menciona apenas a arbitragem nos conflitos coletivos, bem como ao art. 643 da CLT, que determina que os litígios oriundos das relações entre empregados e empregadores deverão ser dirimidos pela Justiça do Trabalho.

Objeções foram e são lançadas na doutrina e na jurisprudência em malquerença da arbitragem nos conflitos individuais do trabalho, diante da total omissão por parte da lei:

2. A ARBITRAGEM NO ÂMBITO TRABALHISTA

2.1. DO DESRESPEITO AO INCISO XXX DO ART. 5°

DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988

O inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal assevera que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Na mesma esteira, o Código de Processo Civil de 2015, no art. 3º, proíbe que se exclua da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. A Lei 9.307/1996, no art. 1º, restringe a possibilidade de arbitragem “a direitos patrimoniais disponíveis”.

Caudalosa jurisprudência após a promulgação da Lei 9.307/1996, suscitava a inconstitucionalidade da arbitragem por haver supressão da apreciação do Poder Judiciário nos feitos arbitrados, havendo, assim, manifesta violação constitucional. A questão chegou ao Supremo tribunal Federal no Agravo Regimental em sentença estrangeira n. 5.206-7, com a arguição da inconstitucionalidade dos art. 6º e 7º da Lei n. 9.307/96.

SE-AgR 5206 / EP – ESPANHA AG.REG.NA SENTENÇA ESTRANGEIRA

Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE Julgamento: 12/12/2001 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação: DJ 3004-2004 PP-00029 VOL-02149-06 PP-00958Parte(s) EMENTA: 1.Sentença estrangeira: laudo arbitral que dirimiu conflito entre duas sociedades comerciais sobre direitos inquestionavelmente disponíveis - a existência e o montante de créditos a título de comissão por representação comercial de empresa brasileira no exterior: compromisso firmado pela

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requerida que, neste processo, presta anuência ao pedido de homologação: ausência de chancela, na origem, de autoridade judiciária ou órgão público equivalente: homologação negada pelo Presidente do STF, nos termos da jurisprudência da Corte, então dominante: agravo regimental a que se dá provimento, por unanimidade, tendo em vista a edição posterior da L. 9.307, de 23.9.96, que dispõe sobre a arbitragem, para que, homologado o laudo, valha no Brasil como título executivo judicial. 2. Laudo arbitral: homologação: Lei da Arbitragem: controle incidental de constitucionalidade e o papel do STF. A constitucionalidade da primeira das inovações da Lei da Arbitragem - a possibilidade de execução específica de compromisso arbitral - não constitui, na espécie, questão prejudicial da homologação do laudo estrangeiro; a essa interessa apenas, como premissa, a extinção, no direito interno, da homologação judicial do laudo (arts. 18 e 31), e sua consequente dispensa, na origem, como requisito de reconhecimento, no Brasil, de sentença arbitral estrangeira (art. 35). A completa assimilação, no direito interno, da decisão arbitral à decisão judicial, pela nova Lei de Arbitragem, já bastaria, a rigor, para autorizar a homologação, no Brasil, do laudo arbitral estrangeiro, independentemente de sua prévia homologação pela Justiça do país de origem. Ainda que não seja essencial à solução do caso concreto, não pode o Tribunal - dado o seu papel de “guarda da Constituição” - se furtar a enfrentar o problema de constitucionalidade suscitado incidentemente (v.g. MS 20.505, Néri). 3. Lei de Arbitragem (L. 9.307/96): constitucionalidade, em tese, do juízo arbitral; discussão incidental da constitucionalidade de vários dos tópicos da nova lei, especialmente acerca da compatibilidade, ou não, entre a execução judicial específica para a solução de futuros conflitos da cláusula compromissória e a garantia constitucional da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário (CF, art. 5º, XXXV). Constitucionalidade declarada pelo plenário, considerando o Tribunal, por maioria de votos, que a manifestação de vontade da parte na cláusula compromissória, quando da celebração do contrato, e a permissão legal dada ao juiz para que substitua a vontade da parte recalcitrante em firmar o compromisso não ofendem o artigo 5º, XXXV, da CF. Votos vencidos, em parte - incluído o do relator - que entendiam inconstitucionais a cláusula compromissória - dada a indeterminação de seu objeto - e a possibilidade de a outra parte, havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, recorrer ao Poder Judiciário para compelir a parte recalcitrante a firmar o compromisso, e, consequentemente, declaravam a inconstitucionalidade de

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dispositivos da Lei 9.307/96 (art. 6º, parágrafo. único; 7º e seus parágrafos e, no art. 41, das novas redações atribuídas ao art. 267, VII e art. 301, inciso IX do C. Processo. Civil; e art. 42), por violação da garantia da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário. Constitucionalidade - aí por decisão unânime, dos dispositivos da Lei de Arbitragem que prescrevem a irrecorribilidade (art. 18) e os efeitos de decisão judiciária da sentença arbitral (art. 31).

VOTAÇÃO E RESULTADO: por unanimidade provido o Agravo para homologar a Sentença Arbitral. Vencidos, parcialmente, os Ministros. Sepúlveda Pertence, Sydney Sanches, Néri da Silveira e Moreira Alves, no que declaravam a inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 6º, do artigo 7º e seus parágrafos; no artigo 41, das novas redações atribuídas ao artigo 267, inciso VII, e ao artigo 301, inciso IX, do Código de Processo Civil; e do artigo 42, todos da Lei-9307, de 23.09.1996.

Embora o Ministro relator Sepúlveda Pertence e os Ministros Néri da Silveira, Sidney Sanches e Moreira Alves tenham votado pela inconstitucionalidade dos referidos dispositivos da lei, sete Ministros votaram em sentido contrário: Ilmar Nascimento Galvão, Maurício José Corrêa, José Celso de Melo Filho, Ellen Gracie Northfleet, Nelson Jobin, Marco Aurélio Mendes de Faria Mello e Carlos Velloso.

Desde então, com o voto dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal, restou confirmada a constitucionalidade da lei de arbitragem.

No mesmo processo, o ex-Procurador Geral da República (1995/2003), Dr. Geraldo Brindeiro, defendeu a constitucionalidade dos dispositivos da lei de arbitragem por entender que o inciso XXXV do art. 5º:

Não determina que os interessados devem sempre levar ao Judiciário suas demandas. Se admite como lícita a transação relativamente a direitos substanciais objeto da lide, não se pode considerar violência à Constituição abdicar do direito instrumental de ação através de cláusula compromissória. E, em se tratando de direitos patrimoniais disponíveis, não somente é lícito e constitucional, mas é também recomendável aos interessados – diante do acúmulo de processos e do formalismo excessivo que têm gerado a lentidão das demandas judiciais – abdicarem do direito ou do poder de ação e buscarem a composição do conflito por meio de sentença arbitral cujos efeitos sejam idênticos àqueles das decisões prolatadas pelo Poder Judiciário.

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O Ministro Ilmar Galvão em seu favorável à constitucionalidade da lei de arbitragem apreciou à época que:

A cláusula nesse caso, não pode ser vista como incompatível com o princípio do livre acesso à jurisdição estatal pelo singelo motivo de que a sua eficácia, em caso de resistência de uma das partes, justamente só poderá ser alcançada por via judicial, sendo certo que a sentença proferida pelo árbitro ou pelos árbitros, além de só poder ser executada na via judicial, que na forma do art. 33 da lei sob exame, poderá ser acionado pela parte interessada em procedimento comum, com alegação de qualquer das nulidades enumeradas no art. 32.

É inadequada a concepção de que o juiz natural não pode ser afastado pelo consenso entre as partes envolvidas, pois o que de fato ocorre não é a renúncia à ação judicial, mas, uma opção consensual por uma via alternativa de solução de conflito.

Pedro A Batista Martins afirmou com segurança que o art. 7º da lei de arbitragem “de cunho eminentemente processual - e não constitucional - é instrumento natural e adequado utilizado, universalmente, para suprir a vontade da parte inadimplente e, assim realizar a justiça entregando ao titular do direito violado o resultado prático pretendido”.5

Sérgio Pinto Martins também rejeitou a inconstitucionalidade da lei de arbitragem acentuando que ela “permite o acesso do interessado ao Judiciário, em caso de vícios e defeitos graves do laudo arbitral (art.33). O empregado pode provar que foi coagido a optar pela arbitragem, socorrendo-se do Poder Judiciário para tornar nulo o compromisso arbitral”.6

Desta feita, não há como confundir o juízo arbitral eleito voluntariamente pelas partes com os tribunais de exceção a que aludem o inciso XXXVI do art. 5º da Lei Maior, como também a jurisdição não é obrigatória, senão quando as partes a buscam; se optam pela eleição de um árbitro para resolver suas demandas, não há falar-se na supressão ilegal do juiz natural.

Como elucidou Cláudio Vianna de Lima não se trata de “rotular de disponível o chamado direito público subjetivo de ação. No momento em que ocorre lesão ou ameaça a direito e o seu titular opta por uma

5 MARTINS, Pedro A Batista; LEMES, Selma M. Ferreira; CARMONA, Car-

los Alberto. Aspetos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p.28.

6 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 19ª ed., São

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das vias, exercitou seu direito à tutela do mesmo direito lesado ou ameaçado”.7

Inocêncio Mártires Coelho atacou com relevo os defensores da inconstitucionalidade da lei de arbitragem advertindo que:

Se ao invés de contraporem a uma só leitura estreita e reducionista dos princípios do juiz natural e da inafastabilidade da jurisdição, as regras da lei de arbitragem que reputam inconstitucionais, esses acusadores buscassem princípios subjacentes àquelas regras, um procedimento que, de resto, tornou-se rotineiro no âmbito da chamada interpretação especificamente constitucional enquanto hermenêutica de princípios, se assim agissem, livres de preconceitos e abertos à discussão e à crítica, esses fomentadores de inconstitucionalidades e adeptos do retrovisor, provavelmente haveriam de encontrar razões de sobra para não esterilizar o mecanismo da arbitragem, um valioso instrumento não estatal de composição e superação de conflitos, cujas vantagens são de todos conhecidas, inclusive e sobretudo dos seus mais ferrenhos adversários.8

Portanto, os argumentos lançados que a via arbitral violava o preceito constitucional que assegurava o acesso ao Poder Judiciário não subsistiram. Entrementes, a conclusão acima feita não estancou as controvérsias na esfera do Direito do Trabalho, pois como relatou em tom categórico Jorge Luiz Souto Maior a renúncia do direito de ação “sob o ângulo dos empregados é inaceitável, já que todo um aparato jurídico, de ordem material e processual, fora criado, exatamente, para a proteção dos direitos do trabalhador, e não seria uma mera manifestação de vontade, cujo vício já se demonstra pelo simples fato de não ter o empregado cumprido o compromisso, que poderia derrogar e tornar letra morta esse ordenamento”.9

Os seguidores de Jorge Luiz Souto Maior ressaltavam que o Direito Individual do Trabalho, não obstante, tem como um de seus princípios fundamentais o da irrenunciabilidade, sendo as suas

7 LIMA, Cláudio Vianna de. A arbitragem no tempo. O tempo da arbitragem. In:

GARCEZ, José Maria Rossani (coordenador). A arbitragem na era da globalização. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1999, p.19.

8 COELHO, Inocêncio Mártires. Arbitragem, mediação e negociação: a

constitucionalidade da lei de arbitragem. In AZEVEDO, André Gomma de (coordenador). Estudos em arbitragem, mediação e negociação. Brasília: Brasília Jurídica, 2002, p.40.

9 MAIOR, Jorge Luiz Souto. Arbitragem e direito do trabalho. In: Temas de processo do

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normas de ordem pública, dotadas de certo grau de indisponibilidade como regra geral.

Face o acima exposto, o debate regular acerca do assunto jurídico restou instaurado de maneira veemente.

2.2. DO SILÊNCIO DO ART. 114 DA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988

O art. 114 da Constituição Federal é silente quanto a possibilidade de se instalar a arbitragem nos conflitos individuais de trabalho, tendo em vista que este somente determina a possibilidade em se tratando de conflitos coletivos de trabalho de natureza econômica.

Face o silêncio constitucional, sempre houve debate acalorado a respeito da aplicação da arbitragem no âmbito das relações de trabalho. O tema apresenta especial interesse, inclusive em face da recente Lei 13.129, de 26 de maio de 2015, que estabeleceu relevantes modificações quanto à arbitragem.

O entendimento dominante é no sentido de que a arbitragem, quanto ao Direito do Trabalho, apenas é aplicável ao âmbito coletivo, sendo incompatível com as relações individuais de emprego. Nesse sentido, destaca-se a seguinte decisão:

Recurso de revista. Coisa julgada. Incompatibilidade do instituto da arbitragem com o Direito do Trabalho. Indisponibilidade dos direitos e princípio da hipossuficiência. No direito do trabalho não há como se entender compatível a arbitragem, pela inserção no contrato de trabalho da cláusula compromissória, ou pelo compromisso arbitral posterior ao fim da relação contratual, com o fim de solucionar o conflito decorrente da relação de emprego, visto que a essência do instituto é a disponibilidade dos direitos que as partes pretendem submeter, conforme art. 1º da Lei da Arbitragem. Ainda que se recepcione, em diversos ramos do direito, a arbitragem como solução de conflitos que acaba por desafogar o Judiciário, é preciso enfrentar que o ato de vontade do empregado não é concreto na sua plenitude, no momento da admissão na empresa, em face da subordinação ínsita ao contrato de trabalho e à hipossuficiência do empregado, a inviabilizar que se reconheça validade à sentença arbitral como óbice ao ajuizamento de ação trabalhista, porque incompatível com os princípios que regem o direito do trabalho. Isso porque à irrenunciabilidade e à indisponibilidade está adstrita ao conteúdo do contrato de trabalho em razão do princípio fundamental a ser protegido, o trabalho, e as parcelas de

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natureza alimentar dele decorrentes, por consequência. Para submeter o conflito trabalhista ao juízo arbitral necessário seria relevar todos os princípios que regem esse ramo do direito, em especial a hipossuficiência, presumida em face da relação contratual em que se coloca o empregado, como a parte mais fraca, a indisponibilidade das verbas decorrentes do trabalho, a sua natureza alimentar e, em especial, a impossibilidade da manifestação volitiva plena, própria do processo arbitral. Recurso de revista conhecido e provido para afastar a coisa julgada e determinar o retorno dos autos ao eg. TRT para o julgamento da pretensão, como entender de direito. (TST, 6ª Turma, RR-2253/2003-009-05-00.9, Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, DJ 15.05.2009).

Todavia, em sentido contrário o Tribunal Superior do Trabalho, proferiu em dissídio individual, decisão que considerou válida a arbitragem, como se observa a seguir:

Agravo de instrumento em recurso de revista. Juízo arbitral. Coisa julgada. Lei 9.307/1996. Constitucionalidade. O art. 5º, XXXV, da Constituição Federal dispõe sobre a garantia constitucional da universalidade da jurisdição, a qual, por definir que nenhuma lesão ou ameaça a direito pode ser excluída da apreciação do Poder Judiciário, não se incompatibiliza com o compromisso arbitral e os efeitos de coisa julgada de que trata a Lei 9.307/1996. É que a arbitragem se caracteriza como forma alternativa de prevenção ou solução de conflitos à qual as partes aderem, por força de suas próprias vontades, e o inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal não impõe o direito à ação como um dever, no sentido de que todo e qualquer litígio deve ser submetido ao Poder Judiciário. Dessa forma, as partes, ao adotarem a arbitragem, tão só por isso, não praticam ato de lesão ou ameaça à direito. Assim, reconhecido pela Corte Regional que a sentença arbitral foi proferida nos termos da lei e que não há vício na decisão proferida pelo juízo arbitral, não se há de falar em afronta ao mencionado dispositivo constitucional ou em inconstitucionalidade da Lei 9.307/1996. Despicienda a discussão em torno dos arts. 940 do Código Civil e 477 da CLT ou de que o termo de arbitragem não é válido por falta de juntada de documentos, haja vista que reconhecido pelo Tribunal Regional que a sentença arbitral observou os termos da Lei 9.307/1996 – a qual não exige a observação daqueles dispositivos legais e não tratou da necessidade de apresentação de documentos (aplicação das Súmulas 126 e 422 do TST). Os arestos apresentados para confronto de teses são inservíveis, a teor da alínea a do artigo 896 da CLT e da Súmula

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296 desta Corte. Agravo de instrumento a que se nega provimento” (TST, 7ª Turma, AIRR 1475/2000-193-0500.7, Rel. Min. Pedro Paulo Manus, DJ 17.10.2008).

Posteriormente, a Subseção I de Dissídios Individuais do TST firmou o entendimento quanto à incompatibilidade da arbitragem para a solução de conflitos individuais trabalhistas, conforme o seguinte julgado:

Arbitragem. Aplicabilidade ao Direito Individual de Trabalho. Quitação do Contrato de Trabalho. 1. A Lei 9.307/1996, ao fixar o juízo arbitral como medida extrajudicial de solução de conflitos, restringiu, no art. 1º, o campo de atuação do instituto apenas para os litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. Ocorre que, em razão do princípio protetivo que informa o direito individual do trabalho, bem como em razão da ausência de equilíbrio entre as partes, são os direitos trabalhistas indisponíveis e irrenunciáveis. Por outro lado, quis o legislador constituinte possibilitar a adoção da arbitragem apenas para os conflitos coletivos, consoante se observa do art. 114, §§ 1º e 2º, da Constituição da República. Portanto, não se compatibiliza com o direito individual do trabalho a arbitragem. 2. Há que se ressaltar, no caso, que a arbitragem é questionada como meio de quitação geral do contrato de trabalho. Nesse aspecto, a jurisprudência desta Corte assenta ser inválida a utilização do instituto da arbitragem como supedâneo da homologação da rescisão do contrato de trabalho. Com efeito, a homologação da rescisão do contrato de trabalho somente pode ser feita pelo sindicato da categoria ou pelo órgão do Ministério do Trabalho, não havendo previsão legal de que seja feito por laudo arbitral. Recurso de Embargos de que se conhece e a que se nega provimento” (TST, SBDI-I, E-ED-RR-79500-61.2006.5.05.0028, Rel. Min. João Batista Brito Pereira, DEJT 30.03.2010).

Nesse mesmo sentido, a 8ª Turma entendeu que a arbitragem não é compatível com o Direito Individual do Trabalho, ao considerar a irrenunciabilidade e indisponibilidade do direito trabalhista. Segue julgado:

RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. ARBITRAGEM. TRANSAÇÃO. ALCANCE NO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO. Esta Corte vem firmando posicionamento no sentido de que a solução de conflitos oriundos da relação de trabalho efetivada perante o juízo arbitral não é compatível com o Direito Individual do Trabalho, considerando-se a significativa gama de direitos indisponíveis e irrenunciáveis e o desequilíbrio entre as

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partes decorrente da hipossuficiência típica da relação de emprego. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR: 1714006720085030075 171400-67.2008.5.03.0075, Relator: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 07/12/2010, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/12/2010.

Portanto, infere-se desse debate doutrinário e jurisprudencial uma grande controvérsia no que tange a aplicabilidade do instituto nos dissídios individuais trabalhistas, sendo que a corrente majoritária do Tribunal Superior do Trabalho entende pela não aplicação da arbitragem no Direito Individual do Trabalho.

Diante da entusiástica discussão a respeito, foi estabelecido o conflito de teses no processo nº E-ED-RR 259006720085030075, fazendo com que os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por maioria, conhecessem dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, entendessem pela incompatibilidade do instituto da arbitragem nos dissídios individuais trabalhistas, nos termos de entendimento infraconsignado:

A meu ver, data vênia da Eg. Quarta Turma, seja sob a ótica do artigo 114, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal, seja à luz do artigo 1º da Lei nº 9.307/1996, no direito positivo brasileiro o instituto da arbitragem não se aplica à solução de conflitos individuais trabalhistas. Em primeiro lugar, porque, ao tratar da competência material da Justiça do Trabalho, o legislador constituinte delimitou a utilização da arbitragem à seara do direito coletivo do trabalho, uma vez frustrada a negociação coletiva (art. 114, §§ 1º e 2º, Constituição Federal). Ora, é sabido que a Constituição Federal não contém palavras inúteis, tampouco permite interpretação ampliativa ou restritiva de seu Texto, mas unicamente uma exegese sistemática de seus dispositivos. Partindo dessa premissa, o exame conjunto das normas dos artigos 114, §§ 1º e 2º, e5º, XXXV (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”), da Constituição Federal autoriza concluir que o legislador constituinte de fato limitou o manejo da arbitragem aos conflitos coletivos de trabalho. Em segundo lugar, porque, como cediço, o artigo 1º da Lei de Arbitragem (Lei nº9.307/1996), autoriza a adoção da arbitragem para “dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. Não desconheço a corrente que sustenta, tal qual a Eg. Quarta Turma, a disponibilidade relativa dos direitos individuais trabalhistas. A ela não me filio, contudo, data vênia. Mesmo no tocante às prestações decorrentes do contrato de trabalho passíveis de transação ou renúncia, a manifestação de vontade

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do empregado, além de apreciada com naturais reservas, deve necessariamente submeter-se ao crivo da Justiça do Trabalho ou à tutela sindical, mediante a celebração de válida negociação coletiva. Em regra, a hipossuficiência econômica ínsita à condição de empregado interfere no livre arbítrio individual. Daí a necessidade de intervenção estatal ou, por expressa autorização constitucional, da entidade de classe representativa da categoria profissional, como meio de evitar o desvirtuamento dos preceitos legais que regem o Direito Individual do Trabalho. Em semelhante circunstância, entendo que o princípio tuitivo do empregado, um dos pilares do Direito do Trabalho, inviabiliza qualquer tentativa de promover-se a arbitragem, nos moldes em que estatuído pela Lei nº 9.307/1996, no tocante a direitos individuais trabalhistas. Sem embargo do respeitável entendimento esposado no v. acórdão turmário, penso que tal proteção estende-se, inclusive, ao período pós-contratual, abrangidas a homologação da rescisão, a percepção de verbas daí decorrentes e até eventual celebração de acordo com vistas à quitação do extinto contrato de trabalho. A premência da percepção das verbas rescisórias, de natureza alimentar, em momento de particular fragilidade do ex-empregado, frequentemente sujeito à insegurança do desemprego, com maior razão inviabiliza a adoção da via arbitral como meio de solução de conflitos individuais trabalhistas, ante o maior comprometimento do arbítrio do trabalhador diante de tal panorama. Robustece tal convicção a disciplina do artigo 477, §§ 1º e 3º, da CLT, no que atrela a validade do “pedido de demissão” ou do recibo de quitação do contrato de trabalho à assistência do respectivo sindicato ou à presença da autoridade do Ministério do Trabalho e, na falta destes, do Representante do Ministério Público, ou do Defensor Público ou, ainda, do Juiz de Paz. De sorte que, sob minha ótica, a intermediação de pessoa jurídica de direito privado - “câmara de arbitragem” - quer na solução de conflitos, quer na homologação de acordos envolvendo direitos individuais trabalhistas, não se compatibiliza com o modelo de intervencionismo estatal norteador das relações de emprego no Brasil.(TST - E-ED-RR: 259006720085030075, Relator: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 16/04/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 22/05/2015).

Todavia, certo é que apesar do julgado acima, nada obsta que os sindicatos dos trabalhadores e dos empregadores pactuem cláusula normativa prevendo que as dúvidas e questões decorrentes da aplicação e interpretação dos direitos e obrigações negociados em

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determinada convenção coletiva de trabalho sejam resolvidas pela via arbitral, uma vez que a ausência expressa da previsão do uso da arbitragem em conflitos coletivos de trabalho de natureza jurídica não implica sua proibição.

Um dos motivos para se aceitar a aplicabilidade do juízo arbitral no dissídio coletivo, é a inexistência de parte hipossuficiente, visto que de um lado encontra-se o empregador e do outro o sindicato que protege os interesses da classe de trabalhadores que representa. Ademais, por o Direito Coletivo do Trabalho ter como objeto interesses de toda uma categoria profissional, a arbitragem se mostra recomendável diante da celeridade de seu procedimento, a fim de se evitar prejuízos a toda uma categoria trabalhadora a espera de uma decisão estatal.

José Cláudio Monteiro de Brito Filho entende ser “a arbitragem de indiscutível utilização nos conflitos coletivos de natureza econômica, e, em casos limitados, nos conflitos de natureza jurídica”. O jurista se justifica dizendo que estes últimos podem ser arbitrados “se os direitos forem disponíveis, como é regra, inclusive, da Lei n. 9.307/96 (art. 1°), sendo estes direitos, em matéria trabalhista, limitados, mas não inexistente”.10

Assim, havendo amparo dos sindicatos representativos dos empregados, recomenda-se a inserção da convenção de arbitragem nos acordos ou convenções coletivas de trabalho já que a interveniência do sindicato compensa a hipossuficiência financeira do empregado e reequilibra as forças da relação empregado empregador

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Da breve análise realizada pode-se concluir que a Justiça do Trabalho sempre foi, e por longo tempo continuará sendo, o foro privilegiado pelas partes que procuram resolver seus litígios trabalhistas, quer de natureza individual ou coletiva, pois como é cediço, é tradição do povo brasileiro buscar a jurisdição estatal e confiar à autoridade judiciária a distribuição da justiça.

Diante dessa cultura arraigada em nosso povo, demoraremos muito em nos acostumar com a ideia de procurar a solução de nossas necessidades básicas e de nossas mazelas sociais, tais como saúde, educação, previdência social, etc., no seio da iniciativa privada.

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Ademais, em virtude do desequilíbrio existente entre empregador (dotado de superioridade econômica) e trabalhador (dotado de hipossuficiência financeira), doutrina e jurisprudência majoritária defende a inaplicabilidade da arbitragem tendo em vista a posição desvantajosa que o empregado se encontra em uma relação de emprego, o que, sem sombra de dúvida, faz com que sua manifestação livre de vontade seja sufocada; aceitando o empregado por vezes condições de trabalho que normalmente não acataria se não fosse sua posição de vulnerabilidade.

Percebe-se que a arbitragem realizada no dissídio individual se mostrou desaconselhável em virtude da vulnerabilidade, dependência e hipossuficiência do trabalhador diante do empregador, sendo este o entendimento pacificado pelo Tribunal Superior do Trabalho. Entretanto, não obstante seja clara a possibilidade – diante dessa vulnerabilidade – do empregado aceitar condições de trabalho e fazer concessões de direitos que normalmente não o faria, entendemos que não se pode subtrair de modo absoluto a utilização do juízo arbitral no âmbito do Direito Individual do Trabalho.

Não se deve meramente desconsiderar a manifestação do trabalhador que opte livremente pela arbitragem como método de composição de seu litígio, uma vez que se poderia estabelecer mecanismos capazes de garantir a segurança do procedimento e que a vontade do empregado não seja viciada diante sua posição desvantajosa face ao desequilíbrio de forças.

Para aplicação do juízo arbitral de forma mais ampla, seria necessário a implementação de normas específicas para regular e garantir a segurança e a lisura do procedimento. Nesse sentido, Carolina Mayer Spina Zimmer entende que:

O que parece ser viável é a criação de certos mecanismos ou, até mesmo, de exigências que visem a dotar de segurança esse meio de solução de conflito. Poderia haver a participação dos órgãos administrativos, cuja finalidade é proteger o trabalhador e assegurar o correto cumprimento das normas trabalhistas, como as Superintendências Regionais ou o próprio Ministério Público do Trabalho. Não se está defendendo a intervenção direta e imediata desses órgãos, mas o exercício de atividades de fiscalização, para que se verifique se estão sendo respeitados alguns princípios básicos, como a boa-fé, a

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autonomia da vontade, além da própria proteção, tão relevante para o estudo do Direito do Trabalho11

Assim, para aplicação ampliada do juízo arbitral, faz-se mister implementar normas específicas para regular e garantir a segurança e a lisura do procedimento.

Podemos asseverar com muita tranquilidade que não será a arbitragem que resolverá todos os problemas da crise estrutural institucional do sistema judicial trabalhista, até mesmo porque a adesão à via arbitral enfrenta grandes e fortes opositores, até mesmo dentro da Justiça do Trabalho e de nosso Tribunal Superior do Trabalho, conforme demonstrado nos julgados, sendo é inegável que a função jurisdicional de cunho estatal continua e continuará sendo uma das atividades mais importantes desenvolvida pelo Estado.

Todavia, para que a via arbitral seja mais um aliado do Poder Jurisdicional Estatal, será preciso amadurecer as instituições que permeiam o veio social trabalhista, com o fortalecimento das entidades sindicais, com a proliferação dos centros arbitrais por toda a extensão de nosso país e de árbitros idôneos e capacitados e com a integração do Poder Judiciário e do Ministério Público do Trabalho incentivando e fiscalizando a utilização das vias arbitrais, de forma participativa, a fim de se obter a máxima eficácia das máquinas jurisdicionais privada e pública.

REFERÊNCIAS

BRITO FILHO, José Cláudio Monteiro de. Direito sindical. São Paulo: LTr, 2000. CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei n. 9.307/96. São Paulo: Malheiros, 1998

COELHO, Inocêncio Mártires. Arbitragem, mediação e negociação: a constitucionalidade da lei de arbitragem. In AZEVEDO, André Gomma de (coordenador). Estudos em arbitragem, mediação e negociação. Brasília: Brasília Jurídica, 2002.

LIMA, Cláudio Vianna de. A arbitragem no tempo. O tempo da arbitragem. In: GARCEZ, José Maria Rossani (coordenador)-A arbitragem na era da globalização. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1999.

MAIOR, Jorge Luiz Souto. Arbitragem e direito do trabalho. In: Temas de processo do trabalho, São Paulo: LTr, 2000.

11 ZIMMER, Carolina Mayer Spina. A Arbitragem e o Direito Individual do Trabalho.

Disponível em <http://www.estadodedireito.com.br/2012/01/15/a-arbitragem-e-o-direito-individual-do-trabalho/>

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MARTINS, Pedro A Batista; LEMES, Selma M. Ferreira; CARMONA, Carlos Alberto. Aspetos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 1999.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 19ª ed., São Paulo: Saraiva, 1999.

ZIMMER, Carolina Mayer Spina. A Arbitragem e o Direito Individual do

Trabalho. Disponível em

<http://www.estadodedireito.com.br/2012/01/15/aarbitragem-e-o-direito-individual-do-trabalho/>. Acesso em: 15 jan. 2012.

recebido em: 25.09.16 aprovado para publicação em: 06.02.17

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