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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia dos Arcos e no Hospital Privado da Trofa

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(1)

M

2016- 17

REALIZADO NO ÂMBITO DO MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Farmácia dos Arcos

Sara Filipa Bezerra Monteiro de Aguiar

RELATÓRIO

DE ESTÁGIO

(2)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia dos Arcos

Fevereiro de 2017 a Maio de 2017

Sara Filipa Bezerra Monteiro de Aguiar

Orientador: Doutora Isabel Cristina Fernando da Costa

_____________________________________

Co-Orientador: Doutor Hélder Fernando Pereira Rocha

_____________________________________

Tutor FFUP: Professora Doutora Susana Casal

(3)

Declaração de Integridade

Eu, Sara Filipa Bezerra Monteiro de Aguiar, abaixo assinado, nº 201203224, aluna

do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste

documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,

mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes

dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a

outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso

colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de _______________ de _______

(4)

Agradecimentos

Obrigada à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a todos docentes que contribuíram para o meu progresso com a formação que me ofereceram, à Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, principalmente à Professora Susana Casal, sempre disponível.

Obrigada à Dr.ª Luísa Peixe, pela oportunidade que me deu de integrar o seu grupo de investigação do Laboratório de Microbiologia e de desenvolver um projeto de investigação. À Dr.ª Carla Novais e Dr.ª Ana Freitas que me guiaram, nos últimos anos deste curso, nesta viagem pelo mundo dos “Enterococcus spp.”, sempre com uma palavra de encorajamento e dedicação exímia.

Obrigada aos meus velhos e novos amigos pelo apoio e tempos de lazer que complementaram a vida académica, em especial à Bia, Carol, Daniela, Teresa, Verinha e Xana, sempre presentes todos os dias nestes últimos 5 anos. Sem dúvida que a estas devo as minhas melhores recordações destes tempos de estudante.

Obrigada aos meus pais, à minha irmã e restante família por me apoiarem incondicionalmente e acreditarem, por vezes mais do que eu, que sou capaz de alcançar o que desejo.

Obrigada Vasco, por me acompanhares nesta louca aventura que é farmácia. Por saberes exatamente quando colocar um travão nos meus devaneios e quando alimentar o “bichinho” farmacêutico. Obrigada por todas palavras de incentivo cruciais em diversos momentos desta etapa da nossa vida.

Por fim, um grande agradecimento especial a toda a equipa da Farmácia dos Arcos que me acolheu de braços abertos e me ajudou a crescer como futura farmacêutica. Obrigada à Dr.ª Isabel pelos princípios, valores éticos e morais de um farmacêutico que me transmitiu, desde o primeiro momento de estágio. Obrigada ao Hélder, ao Nuno e à Susana por me integrarem na equipa e comunidade local, pelo excelente ambiente de estágio que promoveram, pelos conhecimentos técnico-científicos que transmitiram, além das constantes dicas e sugestões, pela confiança que depositaram em mim e, sobretudo, pela amizade.

(5)

Resumo

O estágio curricular marca um primeiro encontro entre aluno de farmácia e o público geral, permitindo o emprego dos conhecimentos e experiência adquirida ao longo dos 5 anos de estudo. É nesta altura, quando nos apresentamos na qualidade de profissional de saúde aos nossos utentes, que se compreende o que é, na prática, o papel do farmacêutico comunitário.

O relatório de estágio descreve, sucintamente, as atividades desenvolvidas neste período para além da apresentação do desenvolvimento de temas adaptados à realidade do local de estágio. Como tal, este relatório é estruturado em duas partes distintas. Na primeira parte é debatido o quadro legal da farmácia comunitária em Portugal, atividades e conhecimentos da prática farmacêutica que pude retirar da minha experiência em farmácia comunitária nas várias temáticas. A segunda parte do relatório é constituída por dois temas propostos ao longo dos 4 meses de estágio. O primeiro tema, sobre suplementação nutricional entérica no idoso, deriva de uma necessidade em adquirir conhecimento sobre a oferta corrente na área. É destacado o impacto da farmácia comunitária no aconselhamento destes produtos à população, de forma personalizada e adaptada à situação, extensível a idosos, ou adultos, com malnutrição, frequência assídua no meu local de estágio.

O segundo tema, sobre o papel do farmacêutico comunitário e intervenção farmacêutica em ostomia, surgiu após um contacto pessoal com utentes ostomizados e participação numa ação de formação acerca do novo perfil legislativo. Neste são desenvolvidos temas integrantes da vida de um ostomizado e um guia de aconselhamento farmacêutico em transtornos menores mais frequentes.

(6)

Índice

Declaração de Integridade ... ii

Agradecimentos... iii

Resumo ... iv

Índice de Figuras ... viii

Índice de Tabelas ... viii

Índice de Anexos ... viii

Lista de Abreviaturas ... ix

Parte 1 – Competências Adquiridas no Estágio ... 1

1. Farmácia dos Arcos ... 1

1.1. Localização e Horário de Funcionamento ... 1

1.2. Recursos Humanos: Direção Técnica e Equipa ... 1

1.3. Espaços Físicos ... 2

1.3.1. Espaço Físico Interior ... 2

1.3.2. Espaço Físico Exterior... 3

1.4. Enquadramento na Comunidade ... 3

2. Gestão e Organização ... 4

2.1. Sistema Informático ... 4

2.2. Aquisição e Gestão de Existências ... 4

3. Encomendas e Aprovisionamento ... 5

3.1. Fornecedores ... 5

3.2. Elaboração de Encomendas ... 5

3.3. Receção de Encomendas ... 6

3.4. Armazenamento ... 7

3.5. Controlo de Humidade e Temperatura ... 7

4. Prescrição Médica e Planos de Comparticipação ... 8

4.1. Prescrição Via Manual... 8

4.2. Prescrição Eletrónica Médica ... 9

4.3. Receita Eletrónica Materializada ... 9

4.4. Receita Eletrónica Desmaterializada ... 9

4.5. Validação da Prescrição Médica ... 10

(7)

5.1.1. Estupefacientes e Psicotrópicos ... 11

5.1.2. Medicamentos Manipulados ... 12

5.1.3. Produtos Destinados ao Autocontrolo da Diabetes Mellitus ... 12

5.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 13

5.2.1. MNSRM de Dispensa Exclusiva em Farmácia ... 13

5.2.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Venda Livre ... 13

5.3. Outros Produtos de Saúde ... 13

5.3.1. Medicamentos Homeopáticos ... 13

5.3.2. Produtos de Dermofarmácia, Cosmética e Higiene ... 13

5.3.4. Nutracêuticos e Suplementos Alimentares ... 14

5.3.5. Artigos de Puericultura ... 14

6. Conferência de Receituário e Faturação ... 15

7. Diário de Gestão ... 16

8. Aconselhamento Farmacêutico ... 16

9. Estratégias de Marketing ... 16

10. Serviços Farmacêuticos Prestados na Farmácia dos Arcos ... 17

10.1. Aconselhamento de Podologia ... 18

10.2. Aconselhamento Nutricional ... 18

10.3. Medição de Triglicerídeos, Colesterol Total e Glicemia ... 18

10.4. Avaliação da Tensão Arterial ... 18

10.5. Equipamentos Específicos ... 19

10.6. Recolha de Radiografias ... 19

10.7. VALORMED ... 19

10.8. Tratamento de Resíduos ... 19

11. Formações no Âmbito do Estágio ... 20

12. Considerações Finais ... 20

Parte 2 – Temas desenvolvidos no decorrer do estágio ... 21

Tema I – Suplementação Nutricional Entérica Oral no Idoso ... 21

1. Introdução ... 21

2. Alimentos Dietéticos Destinados a Fins Medicinais Específicos ... 22

2.1. Definição Legislativa ... 22

2.2. Tipos de Intervenção Nutricional ... 23

2.3. Impacto Suplementação Nutricional ... 24

(8)

3.1. Etiologia da Subnutrição no idoso ... 25

3.2. População Portuguesa ... 26

4. Tipos de Alimentos Dietéticos Destinados a Fins Medicinais Específicos ... 26

4.1. Suplementos Nutricionais Orais Completos ... 28

4.2. Suplementos Hiperproteicos e/ou Hipercalóricos ... 28

4.3. Fórmulas Modulares ... 28

4.4. Alimentação Adaptada ... 29

4.5. Nutrição Oral Específica ... 29

5. Estratégias para Incentivar Adesão aos FSMP ... 30

Tema II – Intervenção Farmacêutica em Ostomia ... 31

1. Introdução ... 31

2. Papel da Farmácia Comunitária em Ostomia ... 31

3. Novo Paradigma na Legislação... 32

4. Consulta de Estomaterapia ... 33

5. Dispositivos Médicos em Colostomia ... 34

6. Aconselhamento na Resolução de Problemas Comuns em Ostomizados ... 34

6.1. Medicação ... 34

6.2. Controlo de Atividade Intestinal ... 35

6.3. Resolução de Problemas Menores em Ostomia ... 36

6.3.1. Gases ... 36

6.3.2. Odor ... 36

6.3.3. Hérnias Intestinais ... 37

6.3.4. Foliculite ... 37

6.3.5. Prolapso do Estoma ... 37

7. Resumo de Atividades após Cirurgia ... 38

7.1. Regresso ao Trabalho ... 38

7.2. Resumir Atividade Sexual ... 38

7.3. Resumir Atividade Desportiva ... 38

Bibliografia ... 40

Anexo I – Ilustrações dos Espaços da Farmácia dos Arcos ... 45

Anexo II – Exemplo de Receita Médica Eletrónica Materializada ... 48

Anexo III – Exemplos de Suplementos Nutricionais Entéricos Orais ... 49

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Índice de Figuras

Figura 1 - Vias de nutrição clínica. ... 24

Figura 2 - Suplementos nutricionais expostos na FA da marca NestleHealthScience ... 27

Figura 3 - Outros suplementos nutricionais expostos na Farmácia dos Arcos ... 27

Figura 4 - Ostomias mais comuns... 31

Figura 5 - Antigo processo de aquisição de dispositivos médicos de ostomia ... 32

Figura 6 - Novo processo de aquisição de dispositivos médicos de ostomia ... 33

Figura 7 – Dispositivos médicos de colostomia. ... 34

Figura 8 - Procedimento de irrigação. ... 35

Figura 9 - Exemplificação Espaços Interiores. ... 45

Figura 10 - Balcões de atendimento. ... 45

Figura 11 - Espaço exterior. ... 46

Figura 12 - Lineares dispostos para promoção de produtos de saúde. ... 46

Figura 13 - Gôndola Promocional. ... 47

Figura 14 - Exemplo de comunicação entre farmacêutico e médico prescritor ... 48

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Formações/Palestras frequentadas durante o estágio curricular na FA ... 20

Tabela 2 - Exemplos de fórmulas comerciais de suplementos nutricionais orais completos ... 49

Tabela 3 - Exemplos de fórmulas comerciais de suplementos hiperproteicos e hipercalóricos ... 50

Tabela 4 - Exemplos de apresentações comerciais de fórmulas modulares ... 51

Tabela 5 - Fórmulas para alimentação básica adaptada, parte 1 ... 52

Tabela 6 - Fórmulas para alimentação básica adaptada, parte 2 ... 53

Tabela 7 - Fórmulas comerciais nutricionais específicas, parte 1 ... 54

Tabela 8 - Fórmulas comerciais nutricionais específicas, parte 2 ... 55

Tabela 9 - Dispositivos médicos utilizados em colostomia. ... 56

Índice de Anexos

Anexo I – Ilustrações dos Espaços da Farmácia dos Arcos ... 45

Anexo II – Exemplo de Receita Médica Electrónica Materializada ... 48

Anexo III – Exemplos de Suplementos Nutricionais Entéricos Orais ... 49

(10)

Lista de Abreviaturas

ANF: Associação Nacional de Farmácias AVC: Acidente Vascular Cerebral

BDNP: Base de Dados Nacional de Prescrição BPF: Boas Práticas Farmacêuticas

CCF: Centro de Conferência de Faturas CNP: Código Nacional do Produto FA: Farmácia dos Arcos

FSMP: Food for Special Medical Purposes

INFARMED: Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. MNSRM: Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM: Medicamentos Sujeitos a Receita Médica PEM: Prescrição Eletrónica Médica

PV: Prazo de Validade

PVF: Preço de Venda à Farmácia PVP: Preço de Venda a Público SNS: Serviço Nacional de Saúde

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Parte 1 – Competências Adquiridas no Estágio

1. Farmácia dos Arcos

1.1. Localização e Horário de Funcionamento

A Farmácia dos Arcos (FA) situa-se na avenida Vasco da Gama, nº1781, em frente à estrada nacional 222 em Oliveira do Douro, Vila Nova de Gaia. A sua localização, no nível térreo de um edifício habitacional, assegura fácil acessibilidade a todos os utentes permitindo ainda, aos que se desloquem em veículos, estacionar à sua porta favorecendo a comodidade.

A FA encontra-se aberta ao público das 9h00 até às 20h00 todos os dias úteis, não encerrando durante a hora de almoço. Adicionalmente, encontra-se em funcionamento aos sábados, entre as 9h00 e as 13h00, e 24h nos dias em que está de serviço permanente, de acordo com o regime de rotatividade definido pela Administração Regional de Saúde do Norte, I.P.1. De acordo

com o definido pela Portaria nº 277/2012, de 12 de setembro, uma farmácia de oficina deverá estabelecer um horário semanal mínimo de 44 horas, salvo ocasiões especiais, sendo que deve garantir funcionamento em dias úteis das 10h às 13h e das 15 até às 19h, pelo que a FA vai de encontro ao definido2.

Ao longo do meu período de estágio cumpri um horário que me permitiu acompanhar o dia a dia na farmácia, numa média de 8h diárias, alternando ocasionalmente as horas de entrada e saída, de forma a vivenciar todo o período de funcionamento da FA.

1.2. Recursos Humanos: Direção Técnica e Equipa

A direção técnica encontra-se a cargo da Dr.ª Isabel Costa. A sua equipa é constituída por um farmacêutico substituto e dois técnicos, cumprindo o definido por lei3. Existe ainda uma

funcionária com o encargo de auxílio na manutenção das boas condições de higiene da farmácia e gestão de arquivo morto.

Todos os membros integrantes, farmacêuticos e técnicos, possuem a responsabilidade de garantir a concretização de tarefas diárias, como a realização e receção de encomendas, atendimento ao público, conferência de receituário e outras tarefas de gestão ou organização farmacêutica. Contudo, existem funções de exclusiva responsabilidade dos farmacêuticos.

Assim sendo, as tarefas diárias são distribuídas de acordo com a equipa em funções, de forma a evitar que as atividades da sua competência fiquem em supenso, até que a equipa seguinte entre ao serviço, promovendo eficiência no dia a dia. Para mim este facto é uma mais valia, uma vez que ao longo do meu período de estágio pude exercitar todas as atividades, de uma forma orgânica e sobretudo mais semelhante à vida ativa real do farmacêutico, o que me permitiu solidificar os conhecimentos e aptidões que adquiri ao longo destes 4 meses.

(12)

1.3. Espaços Físicos

1.3.1. Espaço Físico Interior

O espaço interior de uma farmácia deve primar por um ambiente calmo, profissional, em que se privilegie a comodidade e privacidade do utente. Como tal, na FA durante o horário de expediente existe música ambiente com nível sonoro adequado. Não existem obstáculos entre porta de entrada e o local de atendimento, optando-se pela colocação de lineares e expositores contínuos junto às paredes (Anexo I).

Zona Atendimento

A FA dispõe de 3 balcões de atendimento, distribuídos de forma a permitir atendimentos simultâneos que não prejudiquem a natureza privada da comunicação com o utente. Cada posto tem atribuído um computador, leitor de código de barras, impressora de receitas/talões e caixa. Para o conforto dos utentes e seus acompanhantes existem sofás e um local de entretenimento para crianças (Anexo I).

Área de Exposição Produtos de Venda Livre

A FA possuí vários lineares organizados por categorias e marcas, para além de alguns locais para destaque de produtos junto dos balcões de atendimento. Os produtos disponíveis nestes locais estão dispostos em secções e organizados por marcas, sendo que em cada marca as gamas específicas estão bem identificadas (Anexo I).

Gabinete Serviços Farmacêuticos

De forma a proteger a privacidade dos utentes existe uma sala anexa ao local de atendimento, destinada à realização de testes bioquímicos, medição da tensão arterial e prestação de serviços de podologia e de aconselhamento nutricional, estes últimos em dias estabelecidos. Para execução destas atividades o gabinete possui uma marquesa, mesa e cadeiras, um esfingomanómetro e estetoscópio. Neste local estão expostos os dispositivos de medição de glicémia disponíveis para utentes, bem como alguns produtos ortopédicos e dispositivos inalatórios para demonstração da sua correta utilização.

Zona de Receção de Encomendas

Na FA existe uma área reservada à elaboração e receção de encomendas, equipada com um computador e leitor scanner. Neste local também se realizam algumas tarefas diárias de gestão farmacêutica como verificação de receituário, gestão de devoluções e procedimentos de faturação. Este local é acedido através da zona de atendimentos e serve de passagem a outras divisões da FA como laboratório, gabinete da direção e instalações sanitárias.

Laboratório

(13)

frequentemente, a destruição das matérias primas. Como tal, os medicamentos manipulados são solicitados a farmácias com produção diária satisfazendo os pedidos dos utentes com a maior brevidade possível. Não obstante, a FA continua a dispor de todo o material necessário.

Atualmente são realizadas, neste local, as reconstituições de preparações extemporâneas.

Armazém

Na cave da FA existe um armazém, neste são mantidos produtos cujo stock excede o que é possível manter no piso superior. Neste local é ainda armazenado material de escritório suplente e expositores de campanhas anteriores. Existe ainda uma área, separada, destinada para refeições dos funcionários.

As condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação adequadas aos medicamentos e restantes produtos são asseguradas em ambos os pisos através do controlo dos parâmetros dos termohigrómetros. É realizado um registo diário destes valores como definido nas Boas Práticas Farmacêuticas (BPF)4.

A FA possui ainda um gabinete da direção técnica onde estão disponíveis as fontes de informação que devem estar disponíveis para consulta4. Existem também instalações sanitárias

destinadas utentes e funcionários, bem como um quarto de resguardo.

1.3.2. Espaço Físico Exterior

O manual de BPF estabelece uma guia de apoio para uma fácil identificação das farmácias comunitárias4. De acordo com estas orientações, a FA possui um letreiro com a inscrição do nome

da farmácia e respetiva direção técnica, para além da cruz verde que se mantém iluminada sempre que a farmácia se encontra em funcionamento.

Junto à porta de entrada estão expostas informações relativas ao horário de funcionamento da farmácia e identificação das farmácias de serviço no dia corrente, bem como a descrição da sua localização e contactos (Anexo I)4. Além destes aspetos, existe ainda um dispensador de

preservativos e um postigo, utilizado em atendimento noturno, com comunicação entre o exterior e espaço interior da farmácia.

1.4. Enquadramento na Comunidade

Apesar de se localizar à face de uma estrada com constante movimento, os utentes habituais são os idosos locais, sobretudo os que necessitam de medicação para controlo de patologias crónicas. Não obstante, jovens adultos e adultos também compõem uma porção apreciável da população que se desloca diariamente à farmácia.

Ao longo do estágio, sobretudo durante o período em que realizei atendimentos, contactei com utentes de diferentes estratos socioeconómicos. Com a prática e conselhos prestados pelos funcionários da FA, aprendi a adaptar o meu discurso de acordo com o utente que atendia e a manter-me focada em prestar um serviço que correspondesse ao desejado pelo mesmo.

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Ao longo dos seus 13 anos de serviço a FA conseguiu fidelizar um vasto número de utentes, sobretudo de locais circundantes à farmácia. É com facilidade que se identifica o carinho que os utentes habituais têm para com a farmácia e seus colaboradores, muitas destas relações estabelecidas há anos. Esta foi uma das características que mais me sensibilizou ao longo destes 4 meses de trabalho. Junto destes clientes usuais senti uma maior confiança depositada no aconselhamento farmacêutico.

2. Gestão e Organização

2.1. Sistema Informático

O sistema informático de suporte escolhido para utilidade diária é o SIFARMA 2000, desenvolvido pela Glintt, de carácter intuitivo. Este software apresenta-se como uma ferramenta de suporte à decisão e auxílio de logística, sendo evidentemente prático no atendimento, gestão e demais atividades de farmácia comunitária. Este género de sistemas informáticos são, atualmente, um componente essencial na farmácia.

Além de servir como interface de comunicação entre farmácia, distribuidores, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P (INFARMED) e Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), revelou-se como um meio indispensável na realização das atividades diárias, seja na gestão de stock, nas encomendas, no atendimento ou na faturação.

Durante a realização do estágio tive oportunidade de executar diversas funções neste

software, pelo que pude constatar os benefícios que oferece. Com efeito, nas semanas que

antecederam o fim deste período de estágio, experienciei alguns dias em que existiram problemas oscilantes com o sistema informático e SPMS, que tornaram impossível, por múltiplas vezes, a dispensa de medicamentos mediante apresentação de receita médica eletrónica, evidenciando a relação de dependência entre farmácias e SIFARMA ou outros programas semelhantes. Estes dias serviram-me de exemplo sobre como lidar com falhas parciais, ou totais, do SIFARMA, bem como da plataforma de comunicação com o Estado.

2.2. Aquisição e Gestão de Existências

A primeira atividade farmacêutica que realizei na FA, na qual desenvolvi aptidões práticas e conhecimentos teóricos, foi no âmbito da gestão de stock, envolvendo a organização in loco, aquisições, devoluções. Durante o estágio a equipa da FA demonstrou abertura para, com o seu auxílio, reorganizar e otimizar o espaço de armazenamento de medicamentos e produtos de saúde. Pude também, por iniciativa da equipa, participar na realização do inventário anual, tarefa me que providenciou um treino extensivo na área de gestão de stock.

Na realização de compras, os critérios que se aplicam na requisição são sobretudo a procura pelo produto e a média das vendas mensais. Outros critérios tidos em conta são a sazonalidade produtos, prazo de validade (PV) associado ao produto (por exemplo, em produtos de alimentação artificial o seu PV curto não justifica a aquisição de grandes quantidades), preço e altura do mês em vigor.

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Existem diversas formas de realizar encomendas, seja presencialmente com um delegado de uma empresa farmacêutica, via telefónica, via informática através do SIFARMA ou através de

gadgets de grossistas. Na FA pude conciliar os conceitos de gestão de existências e compras, tendo

a oportunidade de me tornar independente na realização de encomendas.

3. Encomendas e Aprovisionamento

3.1. Fornecedores

A FA colabora com diversas empresas de distribuição grossista, sendo que as mais frequentes são a Empifarma/Magium, Cooprofar e Alliance Healthcare. Em alternativa, são realizadas compras diretas a laboratórios. Estas advêm de protocolos que a FA estabeleceu, através de delegados, com laboratórios como Ratiopharm, Sandoz, Alter, Sanofi-Aventis, Medinfar, Delta, entre outros. Estas encomendas são realizadas via telefónica ao departamento de compras diretas da Cooprofar, por correio eletrónico, diretamente aos laboratórios, ou presencialmente quando os delegados se deslocam em representação do laboratório à farmácia.

3.2. Elaboração de Encomendas

Diariamente são efetuadas encomendas da parte da manhã, entre as 12h e 13h, e da parte da tarde, entre as 15h e 16h e entre as 19h e 20h. Estas encomendas designam-se como “diária” e “esgotados” e são geradas automaticamente pelo SIFARMA, em menu próprio, sendo analisadas previamente ao seu envio.

A encomenda diária destina-se à manutenção do stock dos produtos que foram vendidos, sendo que estes passam para a mesma de acordo com os valores de stock máximo e mínimo predefinidos na ficha do produto. A encomenda de esgotados agrupa os produtos que são identificados na receção de encomendas como esgotados e tem como intuito suprimir estas faltas.

Após o envio destes pedidos de encomendas, estabelece-se contacto com os serviços de atendimento das empresas grossistas para verificação da situação dos produtos esgotados ou sujeitos a rateio, uma vez que a faturação pode ser realizada a outros armazéns nacionais do mesmo fornecedor.

Em situações excecionais assisti a requisições via Programa Via Verde, estabelecido em 2015. Este programa prevê o aprovisionamento necessário de medicamentos cuja exportação é sujeita a comunicação prévia ao INFARMED. Para a realização de uma encomenda deste género é necessário apresentar a receita médica que se pretende aviar. Em seguida, decorre a comunicação via SIFARMA com o distribuidor aderente5. A encomenda irá ser apenas validada para satisfação

dessa receita.

Existe ainda a possibilidade de realizar encomendas instantâneas através do SIFARMA ou

gadgets de grossistas, neste caso da Cooprofar e Empifarma, especialmente utilizados em casos

de pedidos de utentes ao telefone ou ao balcão. Estes gadgets são aplicativos que permitem, em tempo real, saber se o distribuidor possui em stock o produto em questão, qual o preço de venda à farmácia (PVF) e preço de venda a público (PVP), providenciando um instrumento com utilidade

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fundamental para, no momento do atendimento, poder realizar pedidos para utentes que o requeiram de forma célere.

3.3. Receção de Encomendas

Na FA são rececionadas encomendas diariamente, em três períodos diferentes: de manhã, com a abertura da farmácia, entre as 15h e as 17h da tarde e ainda no fim da tarde, por volta das 19h. Esta última encomenda é fornecida pela Cooprofar e normalmente destina-se à satisfação de pedidos de utentes.

As encomendas são entregues em contentores apropriados e devidamente identificados, para um reconhecimento fácil do distribuidor e do tipo de produto entregue: se é de armazenamento frio ou de controlo especial no caso dos psicotrópicos. Cada encomenda é entregue com fatura e duplicado correspondente. No caso da Cooprofar é ainda entregue uma requisição com a descrição dos estupefacientes e psicotrópicos entregues, caso a encomenda os contenha, para preenchimento pelo farmacêutico. Mensalmente, os duplicados são reenviados para a Cooprofar. No caso da Empifarma/Magium e da Alliance Healthcare é enviado um resumo mensal de assinatura única.

As faturas dispõem de informações relativas à encomenda, tais como código nacional do produto (CNP), quantidade pedida e fornecida, PVP, PVF, preço de venda autorizado, margem, desconto, imposto sobre o valor acrescentado (IVA). São também identificados os produtos pedidos não enviados, com devida justificação (esgotado, rateado ou retirado do mercado, por exemplo).

O processo de receção inicia-se com a verificação de que os volumes recebidos correspondem aos referidos na nota de encomenda. Posteriormente, ao dar entrada de cada produto, é analisado se existe algum dano físico da embalagem. O PV do produto é verificado e caso seja inferior ao indicado pelo SIFARMA, este é atualizado. Ao proceder ao armazenamento aplica-se a metodologia “first expired, first out”, ou seja, as embalagens cujo PV é mais curto são dispostas de forma a serem as primeiras a serem dispensadas.

O PVP assinalado nos medicamentos é também conferido, especialmente em épocas de alteração dos preços dos medicamentos referência 4. Durante o meu estágio tive a oportunidade de

presenciar a aplicação da revisão anual de preços e proceder à gestão de stock envolvida. Conforme indicado pela circular informativa, foi atribuído um período de escoamento para armazenistas e para farmácias6. Durante este período, os medicamentos que sofressem alterações de PVP eram

identificados com etiqueta adesiva, indicando o PVP da embalagem e caso existisse no stock produtos marcados pelo preço prévio e atual em simultâneo, a ordem de escoamento,.

A tarefa de receção de encomendas foi a primeira a ser-me atribuída no estágio, providenciando o primeiro contacto com diferentes medicamentos e produtos de saúde.

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3.4. Armazenamento

Numa farmácia comunitária, para uma boa gestão, é essencial uma organização adequada do espaço físico disponível. Como tal, na FA a organização específica é prezada, o que facilita a recolha de medicamentos ou outros produtos a dispensar.

Atrás dos balcões de atendimento e resguardado do local de atendimento, existe um armário principal para armazenamento de medicamentos. Este está estruturado em diferentes secções, sendo que cada uma se encontra ordenada por ordem alfabética. Foram definidas secções diferentes para benzodiazepinas, comprimidos no geral (de venda livre e sujeitos a receita médica), produtos de uso externo (como cremes, géis ou pomadas), produtos de uso nasal, produtos de uso oftalmológico, preparações injetáveis, estupefacientes e psicotrópicos, gotas orais, produtos do protocolo da diabetes (tiras, lancetas e agulhas), enemas, óvulos e supositórios. Além destas, as gavetas inferiores possuem 5 secções distintas, xaropes, ampolas, produtos de higiene íntima, efervescentes e pós para solução oral.

Existem também estantes para o armazenamento de reforço de medicamentos com características de rotação e stock elevado. Nestas, o espaço é organizado por laboratórios, no caso de medicamentos genéricos e por temas, como no caso de produtos de tratamento capilar e medicamentos de venda livre ou exclusiva em farmácia.

No processo de armazenamento, como referido anteriormente, é sempre cumprindo o critério “first expired, first out”.

3.5. Controlo de Humidade e Temperatura

Grande parte dos medicamentos e produtos de saúde que existem nas farmácias possuem especificações de armazenamento, quanto às condições de temperatura e humidade.

A FA dispõe de termohigrómetros para controlo da temperatura e humidade das suas instalações. O frigorífico possui um termómetro digital para controlo de temperatura, que emite um sinal sonoro intermitente quando esta supera os 9ºC.

Diariamente, os valores registados pelos termohigrómetros não ligados ao sistema informático são anotados, realizando-se também a emissão das listagens de registo informático automático, obtidas pelo termohigrómetro digital, para avalização dos parâmetros.

Anualmente, efetuam-se avaliações destes aparelhos, do frigorífico e da balança analítica, por empresas certificadas, deslocando-se um técnico à farmácia. Os relatórios emitidos nestas avaliações são arquivados para consulta, sendo cumpridas as guidelines definidas pelas BPF4.

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4. Prescrição Médica e Planos de Comparticipação

A dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) decorre com a apresentação de um modelo de receita, eletrónica ou manual, válida.

A era tecnológica em que vivemos possibilita a elaboração de um novo paradigma no processo de prescrição, dispensa e faturação que permite uma maior segurança, sobretudo na etapa do atendimento ao utente. Este novo modelo de dispensa assenta na implementação das receitas eletrónicas.

As receitas são prescritas com a denominação comum internacional da substância ativa (sendo que pode ainda ser incluído o nome comercial), descrição da forma farmacêutica, dosagem, apresentação, quantidade e posologia7,8.

No processo da prescrição, o médico pode indicar, de forma clara, justificações técnicas que impeçam a dispensa de medicamentos que não os prescritos. Estas estão definidas por lei e identificam-se por alíneas, a), b) e c)8,9. A alínea a) está reservada para situações em que o

medicamento apresenta margem ou índice terapêutico estreito, a alínea b) para suspeitas devidamente fundadas e comunicadas ao INFARMED sobre uma prévia intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa mas com outra denominação comercial. Por fim, a alínea c) atribui-se a situações em que se deve assegurar a continuidade do tratamento com duração estimada superior a 28 dias8,9.

O farmacêutico deve informar o utente, no ato da dispensa, acerca do seu direito de opção entre medicamento genérico ou original, caso este se aplique (ou seja, excetuando as situações supracitadas)9.

De salientar que o Decreto-Lei 176/2006, de 30 de agosto, refere que as farmácias devem ter sempre para venda, no mínimo, 3 medicamentos de cada grupo homogéneo. Isto é, com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, entre os que correspondem aos cinco PVP mais baixos7.

4.1. Prescrição Via Manual

Apesar das prescrições eletrónicas terem como objetivo a substituição das receitas manuais, na verdade, estas últimas ainda são presença frequente nas farmácias comunitárias. Quando inicializei a tarefa de realização de atendimentos no estágio, observei a preponderância do novo modelo de receita médica. Porém, o modelo antigo e suas especificações ainda tiveram um papel relevante nesta atividade tendo um contacto assíduo com o mesmo.

As razões pelas quais o médico prescritor opta por este tipo de receita estão definidas na legislação, sendo elas:

 Falência do sistema informático;

 Inadaptação do prescritor (que deve ser validada pela respetiva Ordem profissional);  Prescrição realizada no domicílio;

 Quando são prescritas no máximo 40 receitas por mês8.

(19)

Para a validação destas receitas, é necessário certificar que a justificação pela qual a prescrição é manual está assinalada e que nela constam o nome e identificação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) do utente, menção ao regime de comparticipação, vinheta, data, nome e assinatura do médico prescritor10. Estas receitas não permitem a prescrição de mais de 4 medicamentos

diferentes, com limite máximo de 2 embalagens por medicamento, excetuando os casos em que as embalagens são de dose unitária, existindo um limite de 4 embalagens por receita9

.

4.2. Prescrição Eletrónica Médica

Em 2012, com a Lei nº 11/2012, de 8 de março, deu-se o impulsionamento da prescrição eletrónica médica (PEM) centralizada no SNS11. Desde então, passaram a coexistir as prescrições

via eletrónica e via manual, a última utilizada em casos pontuais previstos na legislação como descrito no ponto anterior.

A implementação deste género de prescrição fornece uma maior segurança no processo de prescrição e de dispensa de medicamentos, existindo uma validação realizada pelo software no momento do registo da receita pelo prescritor e na dispensa da mesma na farmácia9. Esta validação

diminui erros relacionados com estas etapas, evitando incorreções na escrita dos medicamentos desejados e prevenindo a entrega de embalagens com dose ou forma farmacêutica distinta da prescrita. Como exemplo de erros frequentes temos a troca entre comprimidos revestidos por comprimidos de libertação modificada de dose e embalagem igual. Este erro pode ser evitado com recurso a uma modalidade do SIFARMA, que permite verificação do produto dispensado pelo CNP. Entre diversas vantagens que as PEM representam, temos a prescrição em simultâneo de diversos medicamentos com diferentes planos de comparticipação e diferentes validades, sendo que o utente pode gerir quando e em que farmácia pretende adquirir os medicamentos prescritos12.

Posteriormente, com a publicação da Portaria n.º 224/2015, de 27 de julho, ocorreu a introdução das PEM desmaterializadas, com medidas de promoção descritas no Despacho nº2935-B/2016, de 24 de fevereiro. Enquanto a total desmaterialização da prescrição não for possível, coexistirão os dois tipos de PEM, impressa - ou materializada - e desmaterializada8,13.

4.3. Receita Eletrónica Materializada

O conceito de PEM materializada significa que a prescrição é impressa, sendo que esta situação pode ocorrer de modo online, com validação e registo na Base de Dados Nacional de Prescrição (BDNP), ou offline. Quando não é possível o acesso à rede para comunicação da prescrição, esta é registada e posteriormente inserida na BDNP. Nestas situações não é possível aceder à receita na farmácia, sendo que esta não pode ser dispensada eletronicamente9.

4.4. Receita Eletrónica Desmaterializada

Desde o dia 1 de abril de 2016 que é exigido por lei a prescrição via eletrónica na forma desmaterializada em todo o SNS13. As receitas prescritas são guardadas na BDNP, desta forma

apenas a utilização do código de dispensa atribuído ao utente permite a recuperação desta para validação da dispensa ao nível da farmácia comunitária.

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O acesso na farmácia a estas receitas pode ser realizado através da consulta do cartão de cidadão, desde que sejam facultados o código de acesso e opção, ou por meio eletrónico com consulta dos códigos, enviados para o telemóvel do utente, portal do cidadão ou email9.

4.5. Validação da Prescrição Médica

O novo plano de prescrição eletrónica, materializada ou desmaterializada, não carece de verificação para validação por parte do farmacêutico ou técnico de farmácia durante o atendimento, visto que a receita é identificada por um código que garante a autenticidade e validade da mesma e dos medicamentos dispensados ao utente, através da comunicação do SIFARMA com o SPMS.

A validação das receitas manuais processa-se como citado anteriormente, com a verificação das componentes obrigatórias como o nome e identificação do SNS do utente, local de prescrição, menção ao regime de comparticipação, vinheta, data, validade, justificação da prescrição manual, nome e assinatura do médico prescritos8,9. Além destes pontos, deve-se verificar que não foi

excedido o valor máximo de embalagens.

4.6. Planos de Comparticipação

Os utentes do SNS que pertençam ao regime geral, beneficiam de uma comparticipação do Estado que paga uma percentagem do PVP dos medicamentos, representada pelo código 01. Além do regime geral, um direito dos utentes do SNS, existe uma diversidade de regimes especiais que se aplicam em situações específicas, de modo a abranger um grupo de indivíduos ou patologia9.

A comparticipação concedida pelo Estado através do SNS no regime geral é dividida em escalões diferentes, de acordo com o grau de incapacidade ou relevância da patologia: no escalão A, com medicamentos com comparticipação 90%, em seguida existe o escalão B com 69%, escalão C com 37% e escalão D com 15% de comparticipação. A razão destes escalões também depende da classificação farmacoterapêutica9,14,15.

Além deste plano, o Estado estabeleceu um regime especial, que acresce às comparticipações supracitadas. Estas comparticipações são atribuídas em função dos beneficiários (caso dos pensionistas), em função de patologias (como doenças autoimunes reumatismais), ou grupos especiais de utentes9,15. De salientar que, para o utente poder beneficiar da comparticipação

concedida por regimes especiais, os diplomas que definem as indicações terapêuticas que estabelecem a comparticipação devem estar indicados na receita, para uma correta dispensa9.

Presenciei situações em que não foi possível aos utentes beneficiar destas condições de comparticipação, devido a uma indevida descrição das portarias nas prescrições médicas, causando transtorno aos utentes, que tiveram de adquirir medicamentos sem o novo plano de comparticipação, ou deslocar-se novamente a uma consulta da especialidade para nova requisição. Existem ainda outros casos especiais de comparticipação, como no caso de medicamentos manipulados, produtos para autocontrolo da diabetes mellitus, dietéticos com carácter terapêutico ou ainda comparticipações especiais de laboratórios.

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Quando um medicamento comparticipado está incluído num grupo homogéneo, como no caso dos medicamentos genéricos, a sua comparticipação irá depender do sistema de preço de referência, nomeadamente da média dos 5 PVP mais baixos praticados no mercado nesse grupo16.

5. Dispensa de Medicamentos e Outros Produtos

5.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

A dispensa de MSRM é efetuada quando o utente apresenta uma receita válida.

De acordo com o Decreto-Lei 176/2006, de 30 de agosto, são inseridos na categoria de MSRM os que se insiram numa das seguintes considerações:

a) Os que possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo que usados para o fim destinado, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

b) Os que possam constituir um risco, direto ou indireto para a saúde, quando utilizados com frequência considerável para o fim ao qual se destinam;

c) Os que contenham substâncias, ou preparações à base destas, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

d) Por fim, aqueles cuja via de administração é parentérica7.

5.1.1. Estupefacientes e Psicotrópicos

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, devido à natureza delicada do contexto em que são utilizados, possuem um rigoroso controlo em todas as etapas, desde a sua receção na FA até à finalização da dispensa ao utente.

Somente um farmacêutico, pode proceder ao atendimento pode aviar receitas que incluam substâncias descritas no Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro, mediante apresentação de receita médica especial. Em caso de extrema necessidade justificada, com o devido controlo e sob sua responsabilidade, os farmacêuticos podem fornecer psicotrópicos na ausência de receita médica, para uso imediato17. Durante a realização do meu estágio, relativamente a estes atendimentos em

específico, não foi necessário socorrer a esta via legislativa. A situação mais crítica ocorreu quando um utente habitual requisitou um psicotrópico num dia em que ocorreu uma falha total do sistema informático. No entanto, este optou por regressar mais tarde, de modo a conseguir adquirir o medicamento comparticipado.

O controlo na dispensa deste género de medicamentos passa por uma identificação do médico que prescreve, da pessoa à qual é feita a dispensa e do utente para o qual a medicação se destina, mediante apresentação de documento legal válido.

As receitas devem ser prescritas de forma isolada com o tipo RE, sendo que no caso das desmaterializadas, a linha de prescrição deve ser do tipo LE9.

No caso de receitas eletrónicas, como a faturação se processa de forma automática, apenas é impresso um talão de identificação do utente dispensado e aviado que possui informações pessoais tais como morada e data de nascimento.

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Caso seja apresentada uma receita manual na dispensa de psicotrópicos, é necessário anexar o talão de identificação referido anteriormente a uma fotocópia da receita médica e enviar uma digitalização dos mesmos para o INFARMED. A listagem das receitas aviadas e dados dos adquirentes são enviados ao INFARMED todos os meses até ao dia 8 do mês corrente9.

Na FA pude acompanhar todo o ciclo a que os psicotrópicos são sujeitos, desde a sua receção até ao término da dispensa e faturação, excetuando a realização do mapa de balanço anual. De facto, fui surpreendida desde cedo com o volume de dispensa de psicotrópicos realizados e os diversos contextos em que se aplicavam. Como vantagem, pude contactar com uma população bastante heterogénea e adaptar o meu comportamento como profissional de saúde a cada situação.

5.1.2. Medicamentos Manipulados

Classifica-se como medicamento manipulado aquele cuja fórmula magistral, ou preparado oficinal, é realizado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico. Entende-se como fórmula magistral, o medicamento executado segundo receita médica que especifica o doente ao qual o medicamento se destina, enquanto que preparado oficinal corresponde a um medicamento preparado segundo as indicações de uma farmacopeia ou formulário, destinado à dispensa direta aos utentes assistidos pela farmácia, ou serviço farmacêutico hospitalar em questão18. Apenas

poderão usufruir de comparticipação pelo SNS os manipulados que sejam prescritos pelos seguintes motivos:

 Inexistência no mercado de uma especialidade farmacêutica com igual substância ativa e na forma pretendida;

 Existência de lacuna terapêutica a nível dos medicamentos preparados industrialmente;

 Necessidade de adaptar doses, ou forma farmacêutica, ao utente em específico, comum em pediatria ou geriatria19.

A comparticipação realizada pelo SNS é de 30% do valor do medicamento9.

Na FA, como mencionado anteriormente, não se realiza a preparação de medicamentos manipulados. Estes pedidos são solicitados preferencialmente à farmácia Barreiros, ou à farmácia Vitália, que possuem produção em grande escala deste tipo de medicamentos. Assisti, ocasionalmente, a pedidos deste género de medicamentos e ao procedimento que se realiza para a sua requisição. O transporte é realizado através da Cooprofar, grossista com o qual o fabricante possui acordo.

5.1.3. Produtos Destinados ao Autocontrolo da Diabetes Mellitus

Com vista à promoção do autocontrolo e prevenção da diabetes, são diversos os produtos que se encontram abrangidos num plano de comparticipação, entre tiras para determinação de glicose, lancetas e agulhas20,21. A legislação define, no âmbito deste protocolo, um numerário

simbólico ou nulo a suportar pelos utentes. Tal como os medicamentos, obedecem às mesmas regras de prescrição em termos de embalagens e validades da prescrição7,22.

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5.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Esta classe de medicamentos engloba os que não se inserem nas categorias previstas para os MSRM, descritas no tópico anterior. A sua aquisição não carece da apresentação de prescrição médica.

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) destinam-se ao alívio de transtornos menores, sendo o seu uso pode ser recomendado por um profissional de saúde, como farmacêutico. A dispensa destes é efetuada de acordo com protocolos estabelecidos23–25.

O INFARMED pode, de acordo com revisões que demonstrem uma alteração do perfil de segurança, ou indicações terapêuticas, reclassificar MSRM em MNSRM de dispensa exclusiva em farmácia ou vice-versa7.

5.2.1. MNSRM de Dispensa Exclusiva em Farmácia

Dentro dos MNSRM existe um grupo que, devido à natureza das patologias envolvidas e para se decorra à promoção da correta utilização por um farmacêutico, a comercialização apenas está disponível em farmácias. Estes classificam-se como medicamentos não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia.

A lista destes medicamentos encontra-se disponível na página do INFARMED, com os respetivos protocolos de dispensa em www.infarmed.pt/web/infarmed/entidades/medicamentos-uso-humano/autorizacao-de-introducao-no-mercado/alteracoes_transferencia_titular_aim/lista_dci. Estes protocolos são de fácil memorização, constituindo uma ferramenta de apoio valiosa no atendimento ao utente.

5.2.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Venda Livre

Em 2005 ocorreu uma alteração na lei que permitiu a comercialização de MNSRM em parafarmácias ou outros pontos de comércio, como supermercados, desde que cumpram a regulamentação adequada. A dispensa destes medicamentos não deixa de depender de um farmacêutico. No entanto, esta tarefa pode ser delegada a alguém sob a sua supervisão26,27.

5.3. Outros Produtos de Saúde

5.3.1. Medicamentos Homeopáticos

Da parte dos utentes da FA, denotei algum desconhecimento sobre o que a homeopatia representa, bem como alguma aversão, por insegurança, a esta classe de medicamentos.

Estes medicamentos são obtidos a partir de matérias primas homeopáticas, obtendo-se um produto final com diluições e dinamizações sucessivas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou uma outra oficial7,28.

5.3.2. Produtos de Dermofarmácia, Cosmética e Higiene

A FA dispõe de uma oferta de produtos cosméticos e de higiene corporal um pouco limitada. Não obstante, ainda existem algumas gamas disponíveis. O motivo prende-se pela diminuta procura destes produtos no seio da comunidade onde a FA se localiza. Ainda assim, a confiança depositada

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pelos utentes na FA, em específico nos seus profissionais de saúde, leva a que sejam pedidos diversos conselhos nesta área, o que torna o aconselhamento em produtos de dermofarmácia regular. De facto, após me sentir mais familiarizada com estes produtos, pude realizar um aconselhamento mais personalizado.

5.3.3. Dispositivos Médicos

A definição de dispositivos médicos é ampla. O seu propósito é de prevenção, diagnóstico ou tratamento de doença humana, sendo que para tal não devem ser dotados de ação farmacológica, metabólica ou imunológica, distinguindo-os dos medicamentos29. Os dispositivos médicos com os

quais tive mais contato na FA foram os dispositivos utilizados em ostomia, fraldas de incontinência, material de penso e dispositivos de contraceção.

5.3.4. Nutracêuticos e Suplementos Alimentares

O Decreto-lei nº74/2010, de 21 de junho, consagra como géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial “aqueles que, devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, mostrando-se adequados as necessidades nutricionais especiais de determinadas categorias de pessoas30.

5.3.5. Artigos de Puericultura

Na FA pude contactar com produtos de puericultura de marcas como Mustela, Mytosil, Chicco, Dr. Brown, bem como gamas de produtos para aplicação em crianças de outras linhas de cosmética como ISDIN ou Uriage. Os artigos de puericultura são, por exemplo, biberões, chupetas, hidratantes corporais, definindo-se como produtos destinados a facilitar o sono, relaxamento, higiene, alimentação e sucção31.

5.3.6. Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário

A utilização de medicamentos de uso veterinário contribui para a saúde pública, através da prevenção de doenças transmissíveis a humanos e da promoção da saúde e bem estar animal32.

Tal como nas receitas para medicamentos de uso humano, neste género de receitas é indispensável a vinheta do médico veterinário ou requisitante. Em situações em que seja apresentada uma receita veterinária de um MSRM, é tirada uma fotocópia do mesmo como justificativo da venda do produto sem receita médica convencional. Durante o estágio atendi um cliente que apresentou uma receita válida, prescrita por um médico veterinário, para aquisição de um medicamento antiepilético.

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6. Conferência de Receituário e Faturação

O processo de dispensa de receitas, sejam elas eletrónicas ou manuais, com medicamentos ou produtos de saúde que sejam comparticipados, requere faturação às entidades correspondentes. Diariamente realiza-se a conferência do receituário na FA. Deste modo, toda a informação constante da faturação, impressa no verso das receitas manuais e eletrónicas materializadas de dispensa manual, é analisada. Na fatura consta informação como: a entidade à qual é realizada a faturação, número da receita dentro do respetivo lote, os medicamentos e número de embalagens dispensados, CNP, PVP, valor a pagar pelo utente e valor da comparticipação pelo SNS.

Na eventualidade da deteção de inconformidades na prescrição, ou no processo de dispensa, é explicada a situação ao utente. Caso o medicamento prescrito ou posologia suscite dúvidas, é estabelecido contacto com o médico prescritor para elucidação. Este contacto pode ser por via telefónica ou, caso o mesmo não seja possível, de forma escrita. De facto, tomei conhecimento de um destes casos, decorrido durante uma noite de serviço, em que um utente se dirigiu à FA com uma receita, vindo do centro de saúde. Na receita emitida vinha descrito um medicamento cuja apresentação não se encontra comercializada. Após tentativa de estabelecer contato com o médico prescritor, procedeu-se à venda suspensa de um medicamento com igual princípio ativo mas embalagem diferente, redigindo uma justificação na receita médica, para posterior regularização da venda suspensa (Anexo II).

Cada conjunto de 30 receitas de cada plano de comparticipação constitui um lote. Após se completar um lote, é impresso o verbete de identificação de lote, através do SIFARMA, que identifica a importância total do lote, organismo de comparticipação, farmácia, mês e ano correspondente, para fecho do mesmo.

No último dia de cada mês é realizado o fecho da faturação de todos os lotes, independentemente do número de receitas que os constitua. As receitas são agrupadas, de acordo com o plano de comparticipação correspondente, sendo emitida a relação de resumo de lotes e uma fatura final mensal. Posteriormente, até dia 8 do mês seguinte, as farmácias devem proceder ao envio das receitas e documentos de faturação aos diferentes organismos à Associação Nacional de Farmácias (ANF), sendo que o correspondente ao SNS é entregue no Centro de Conferência de Faturas (CCF).

O CCF verifica o receituário recebido, determinando a sua validade, antes da compensação da comparticição de medicamentos pelo SNS às farmácias. Na eventualidade da deteção de receitas inválidas, por possuirem erros de prescrição ou em caso omissão de algum componente, as receitas que possuam possibilidade de correção são devolvidas à farmácia.

A faturação das receitas eletrónicas desmaterializadas não carece desta tarefa, uma vez que a faturação é enviada eletronicamente ao CCF.

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7. Diário de Gestão

Em diferentes ocasiões realizei horários de trabalho que me permitiram observar e realizar tarefas de encerramento da farmácia. Após as 20h, cada funcionário deve confirmar o valor que faturou, mantendo um fundo de maneio fixo e contabilizando o numerário restante. Após verificação com o registo de faturação informático de todos os funcionários, é impresso o diário de gestão (através do menu “consulta de caixa” no SIFARMA), o detalhe de vendas e talão recapitulativo, que são arquivados numa capa específica para o efeito.

Por fim, as últimas tarefas incluem desligar os aparelhos eletrónicos (computadores, impressora digital, tensiómetro, balança, entre outros). Em exceção, o computador de back-office é mantido operacional uma vez que pode ser necessário proceder à atualização do sistema, remotamente, através da Glintt, efetuadas na sua maioria à noite. É também neste computador que se faz a segurança diária bem como a semanal no fim de cada semana, sempre no final de cada dia de trabalho.

8. Aconselhamento Farmacêutico

O acesso fácil a diferentes fontes de informação, atualmente com a internet, expõe a população a uma vasta informação não filtrada. Por vezes, esta acessibilidade predispõe os utentes a tornarem-se mais interventivos nos seus cuidados de saúde, recorrendo à automedicação. A minha perceção, após o estágio, é de que o utente procura cada vez mais investigar acerca do seu problema de saúde antes de se deslocar à farmácia ou posto médico.

A automedicação é segura, desde que feita de forma responsável e educada, em casos de distúrbios menores de saúde, cuja resolução possa decorrer com o recurso a MNSRM33. Como

consequência deste acesso facilitado e consulta de fontes não fidedignas, o consumidor pode incorrer em atos prejudiciais à sua saúde. Cabe ao farmacêutico educar os utentes para a saúde e nas atitudes corretas a seguir. Na FA pude assistir e efetuei diversos atendimentos nos quais os utentes tinham a intenção de adquirir produtos de saúde cuja indicação não era a mais apropriada para o seu problema. Nestes casos, se os utentes demonstrassem abertura, procedia-se ao aconselhamento de outras alternativas terapêuticas.

9. Estratégias de Marketing

A farmácia comunitária prima pelas relações de proximidade que estabelece com a comunidade que serve, sendo estas relações o pilar da integração e fator de diferenciação. Apesar disso, hoje em dia, com a vasta oferta de farmácias, sobretudo no centro de cidades, a escolha da farmácia à qual o utente recorre prende-se com fatores diferenciadores, principalmente de marketing. Como tal, a FA dedica-se a estratégias de marketing que atraiam e promovam a fidelização de novos clientes.

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existentes, serviços farmacêuticos disponíveis, contatos úteis na área da saúde (por exemplo linhas de apoio à grávida, ao fumador, linha SOS SIDA…), entre outras.

Gôndola Promocional

Por norma, a adesão a produtos de venda livre, especialmente cosméticos, não permite um escoamento rápido entre stock existente e aquisição de novos produtos. De forma a amortecer o impacto de uma eventual perda de investimento nestes produtos e incentivar a compra dos mesmos, a FA desenvolveu uma estratégia que passa por efetuar promoções em produtos selecionados, numa gôndola, com destaque respetivo (Anexo I). Com carácter quinzenal, são revistos os produtos em promoção, verificando-se se é justificável uma quebra de produto e avaliados os expostos nos lineares, definindo-se uma eventual transferência para a gôndola.

Cartão Cliente

Como estratégia de fidelização, a FA implementou um cartão cliente, logo após ínicio da sua atividade. Por este motivo, não aderiu ao cartão saúda das farmácias portuguesas, que surgiu posteriormente, preferindo optar pelo software Pharmacard.

Com este cartão cliente, os utentes podem acumular 3% do valor monetário de cada compra na sua conta. Posteriormente, podem descontar este valor em produtos de cosmética e medicamentos de venda livre. Para um devido suporte do sistema, não é permitido acumular o numerário de produtos em promoção, ou seja, não é possível utilizar o cartão na aquisição de produtos que estejam com campanhas efetivas ou produtos existentes na gôndola. Outros produtos, como os de uso veterinário, lancetas e tiras do protocolo da diabetes, produtos de nutrição artificial, leites e papas de puericultura também não são acumuláveis em cartão. O motivo pelo qual estes últimos não estão inseridos no plano deve-se à baixa margem de lucro definida pelo Estado, ou pela FA, nos casos em que a margem é imposta pela farmácia.

O sistema Pharmacard (software de fidelização) permite, através da conexão que estabelece no SIFARMA, guardar um histórico de compras do utente. Este pormenor facilitou por diversas vezes os atendimentos que realizei, visto que os utentes regulares tendiam a não saber identificar a embalagem do laboratório preferido para genéricos. Através desta plataforma é também possível enviar mensagens telefónicas aos utentes com campanhas.

10. Serviços Farmacêuticos Prestados na Farmácia dos Arcos

As farmácias têm como dever a promoção da saúde e bem-estar da população que serve. Dentro da diversidade de serviços que se podem prestar numa farmácia temos, como por exemplo, determinação de peso e altura, teste bioquímicos de glucose, colesterol total e triglicerídeos, teste gravidez, determinação tensão arterial, entre outros. Na FA tive oportunidade de observar e realizar as determinações supracitadas.

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10.1.

Aconselhamento de Podologia

Semanalmente encontra-se disponível na FA um serviço de aconselhamento de podologia. A podologia tem como o objetivo prevenir, diagnosticar e tratar as alterações dos pés, prevenindo consequências prejudiciais no resto do organismo34. No decorrer do estágio tive a oportunidade de,

em conjunto com a podologista, aconselhar tratamentos e advertir utentes para cuidados específicos a ter com os pés.

10.2.

Aconselhamento Nutricional

A FA colabora com o projeto Super Premium Diet®. Por marcação prévia e com carácter quinzenal, a nutricionista Dr.ª Patrícia Ferreira realiza consultas de aconselhamento nutricional no gabinete de serviços farmacêuticos da FA.

Este aconselhamento tem como objetivo deliniar um plano alimentar saudável e personalizado. São consideradas as patologias dos utentes que requerem um cuidado na alimentação como diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, entre outras. Durante a sua realização é transmitida informação relevante, sendo definidas estratégias para concretização do plano, em virtude do objetivo definido. Nestas sessões, ocorre a avaliação do histórico do utente e são feitas medições de parâmetros como índice de massa corporal, peso, retenção de líquidos, metabolismo basal, densidade mineral óssea, gordura visceral, a massa gorda e massa magra.

Este projeto fornece uma mais valia aos utentes disponibilizando um seguimento online, em http://superpremiumdiet.com, onde estes podem colocar questões a diversos profissionais de saúde incluídos no projeto, desde nutricionistas, psicólogos, médicos, cozinheiros e personal trainers, num serviço disponível 24 horas.

Estas sessões de aconselhamento são uma vantagem para a FA, pois promovem a fidelização dos utentes e fornecem uma oportunidade para a dispensa de suplementos alimentares34.

10.3.

Medição de Triglicerídeos, Colesterol Total e Glicemia

Dentro dos cuidados farmacêuticos aos quais os utentes podem recorrer nas farmácias, temos a determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos como a glicemia, colesterol total, triglicéridos, pressão arterial. Estas medições são realizadas no gabinete de serviços farmacêuticos sendo que os custos associados, assim como da determinação de tensão arterial e peso corporal, se encontram visíveis à entrada da FA.

10.4.

Avaliação da Tensão Arterial

No gabinete de serviços farmacêuticos realiza-se, com maior privacidade, a determinação da tensão arterial. Antes da mesma ser realizada, aproveitando um período para descontração do utente, são realizadas questões quanto à existência ou não de historial de hipertensão, tipo de medicação e alimentação que realiza e providenciados conselhos personalizados à situação.

(29)

10.5.

Equipamentos Específicos

A farmácia dispõe ainda, para utentes que o prefiram, um tensiómetro automático e uma balança. O utente que deseje utilizar este equipamento é acompanhado, se for desejado, de modo a que as medições sucedam corretamente.

10.6.

Recolha de Radiografias

Em colaboração com a AMI – Assistência Médica Internacional, ANF e farmácias aderentes, decorre anualmente uma campanha para recolha de radiografias com mais de 5 anos ou sem valor de diagnóstico35. Este projeto, atualmente na 22.ª edição, tem como finalidade a proteção do meio

ambiente e recolha de fundos monetários para financiamento de projetos da AMI – Assistência Médica Internacional. A FA colabora com esta iniciativa, promovendo a adesão junto dos seus utentes.

10.7.

VALORMED

VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos, sob a tutela da Agência Portuguesa do Ambiente, que resulta de uma colaboração entre indústria farmacêutica, distribuidores e farmácias. Tem como objetivo proceder à recolha e tratamento de resíduos de medicamentos fora de uso e suas embalagens, tendo em conta a especificidade destes como resíduo. Desta forma é garantido um processo de recolha e tratamento em prol da proteção ambiental36.

A FA é parte integrante deste projeto, possuindo em permanência dois postos de recolha, um junto à porta de entrada e outro atrás dos balcões de atendimento.

Durante o meu estágio, tive oportunidade de realizar a substituição destes postos de recolha de medicamentos fora de uso, por diversas vezes. Uma vez cheios, os contentores são selados e é preenchido um formulário com indicação da farmácia, peso do contentor, data de recolha e rubrica do responsável pelo fecho. Estes são entregues a empresas de distribuição que possuem protocolos para a sua recolha e que posteriormente os encaminham para entidades que procedem à reciclagem e incineração do seu conteúdo.

10.8.

Tratamento de Resíduos

Da execução de práticas farmacêuticas, entre administração de vacinas da gripe, determinação de parâmetros colesterol, triglicerídeos, glicose, ou outros, resultam resíduos que requerem um tratamento específico. Estes integram a classificação de resíduos hospitalares de grupo III - resíduos hospitalares de risco biológico e grupo IV – resíduos hospitalares específicos, onde estão incluídos materiais cortantes e perfurantes37.

A FA possui um protocolo para tratamento destes resíduos de acordo com o regulamentado. Deste modo, a farmácia possui um código APA, da Agência Portuguesa do Ambiente, atribuido pela plataforma SILiAmb – Sistema Integrado de Licenciamento do Ambiente. Anualmente, a FA preenche e submete o mapa integrado de registo de resíduos, enviado pela empresa que presta o serviço de recolha e tratamento de resíduos hospitalares, Cannon Hygiene. Desta forma, a FA demonstra a responsabilidade e sentido de dever de preservação da saúde pública e ambiente.

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11. Formações no Âmbito do Estágio

Ao longo do estágio curricular tive a oportunidade de participar em diversas formações ou palestras com diferentes temáticas que contribuíram para a minha formação enquanto futura farmacêutica e profissional de saúde. As mesmas encontram-se descritas na Tabela 1.

Tabela 1 - Formações/Palestras frequentadas durante o estágio curricular na FA

12. Considerações Finais

Ao terminar estes 4 meses de estágio, é-me possível compreender o valor do farmacêutico na comunidade, a relevância desta proximidade e da fácil acessibilidade do utente a um profissional de saúde apto a esclarecer questões pertinentes.

O farmacêutico contribui para o bem estar dos seus utentes, não apenas no papel de dispensa de prescrições clínicas, mas também no aconselhamento de MNSRM, dispositivos médicos, suplementos alimentares e produtos de ortopedia. O “saber ouvir" as queixas do utentes torna-se essencial para determinar qual a melhor forma de auxílio, de acordo com os recursos disponíveis.

A farmácia também deve desempenhar atividades que atuem na prevenção de atos descurados de automedicação. O utente deve ser informado e educado relativamente ao produto dispensado, promovendo-se desta forma um uso racional do medicamento. Esta matéria também é passível de se realizar com colaboração, em iniciativas de sensibilização e promoção de saúde pública,entre farmácias, distribuidores, ANF e SNS.

Por fim, o conhecimento do farmacêutico não é estanque, em virtude da natureza evolutiva da área da saúde, este deve procurar manter-se atualizado com as constantes inovações, sejam estas novos medicamentos, produtos de saúde ou terapias, procurando providenciar um serviço de excelência.

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