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Aconselhamento na Resolução de Problemas Comuns em Ostomizados

Tema II – Intervenção Farmacêutica em Ostomia

6. Aconselhamento na Resolução de Problemas Comuns em Ostomizados

6.1. Medicação

Grande parte das substâncias ativas dos medicamentos são absorvidas para a corrente sanguínea ao nível do intestino. Tendo em consideração esta informação, deve ser analisado com cuidado o tipo de medicamento fornecido a ostomizados, especialmente com medicamentos revestidos, fórmulas de libertação prolongada ou retardada que acabam por não surtir efeito, uma vez que o medicamento acaba por ser expulso antes de ocorrer a sua desintegração. Como consequência podem resultar problemas maiores como obstrução do estoma73. De igual modo, a

aplicação de supositórios é contraindicada visto que a absorção a nível do estoma não é significativa.

Caso não exista alternativa poderá ser necessário pulverizar os comprimidos ingerindo com água como se tratasse de um granulado para suspensão oral tem como desvantagem características organolépticas desagradáveis73.

A medicação mais indicada para ileostomizados são comprimidos não revestidos e formas orais líquidas (xaropes, granulados para suspensão oral)73.

Um ileostomizado não deve tomar laxantes sob risco de entrar num quadro de desidratação severa. Quanto ao uso de contraceptivos orais, em ileostomias pode não ocorrer a necessária absorção para total efeito, pelo que pode haver perda de circulação enterohepática pelo que pode

Figura 7 – Dispositivos médicos de colostomia.

em ileostomia para comprimidos que tenham sido expulsos sem que tenha ocorrido uma devida degradação.

6.2. Controlo de Atividade Intestinal

Um dos maiores estigmas do ostomizado é o facto de se tornar incontinente. Existem métodos que resultam numa maior regulação da atividade intestinal que podem ser sugeridos, como a técnica de irrigação.

A irrigação num ostomizado consiste na realização de um enema, através do estoma, com o intuito de obter um maior controlo sobre os movimentos intestinais 74. A aplicação desta técnica é

uma escolha pessoal e deve ser debatida com um médico da especialidade e estomaterapeuta. Nem todos os géneros de colostomia são compatíveis com a sua execução, sendo somente aplicável em colostomia sigmóide ou descendente.

O kit de irrigação é contemplado na lista de produtos comparticipados a 100% da Portaria nº 264/2016. É constituído por um irrigador com controlo de fluxo, cone maleável, manga de despejo e cinto de contenção (Figura 8)70.

Um estoma pode eliminar por dia um valor de matéria fecal entre 400 e 800mL. Valores superiores a 1000mL poderão ser indicativo de algum problema, pelo que se deve referir ao médico75. A introdução de água no intestino grosso promove a evacuação. Pressupõe-se que um

ostomizado, ao controlar o timing do seu output,, irá usufruir de umas horas sem atividade constante do estoma. Desta forma, pode sentir um maior controlo sobre as suas dejeções optando pela realização desta tarefa no fim ou início do dia sendo que não necessita de se preocupar com uma fuga do conteúdo do saco de ostomia76.

Figura 8 - Procedimento de irrigação.

6.3. Resolução de Problemas Menores em Ostomia

6.3.1. Gases

A produção de gases pelo intestino é normal e varia de indivíduo para indivíduo. Num ostomizado pode torna-se um incómodo, especialmente se o mesmo for acumulado na bolsa. O ostomizado pode sentir-se retraído pela imagem visual do saco cheio de ar e, ainda mais incómodo, há o risco do aumento da pressão no saco permitir fugas através da placa.

Alimentos que promovem produção de gases:  Bebidas alcoólicas,

 Pastilhas elástica,  Brócolos;

 Lacticínios;

 Couve-flor, entre outros72,74,77

6.3.2. Odor

Das temáticas que mais causam constrangimento a um ostomizado releva-se o odor que se pode sentir. A oferta atual a nível de sacos de colostomia previne que se emanem odores menos agradáveis no entanto, o ostomizado é frequentemente intimidado pela possibilidade de outros detetarem. Afeta mais as colostomias devido à maior abundância de flora intestinal no intestino grosso. Num ileostomizado não há estagnação do conteúdo intestinal que permita degradação bacteriológica dos resíduos alimentares, muito por possuir movimentos peristálticos quase contínuos74. O esvaziamento ou troca de saco de ostomia deve ser realizado tão frequentemente

quanto o necessário de modo a evitar fugas, a aplicação da técnica de irrigação também ajuda a tornar este odor mais discreto72.

Alimentos que promovem odores intensos:  Ovos;  Cebola;  Alimentos picantes;  Couves;  Peixe;  Brócolos;  Feijão Cozido;  Aspargos;  Alho;  Manteiga de amendoim;  Queijos fortes72,74,77.

Alimentos que controlam produção de odor  Sumo de arando (cranberry);

 Sumo de laranja;  Sumo de tomate;  Iogurte 73.

6.3.3. Hérnias Intestinais

Uma hérnia ocorre quando uma porção do intestino consegue penetrar uma fracção mais frágil da parede intestinal, verificando-se uma protusão local. A cirurgia para construção de estoma instestinal implica um enfraquecimento dos músculos intestinais uma vez que o estoma atravessa o abdómen. Este enfraquecimento predispõe para esta ocorrência em torno do estoma. Algumas das atividades que podem promover o surgimento de hérnias intestinais são o levantamento de pesos pesados, tosse profusa ou a ocorrência de infeção local prévia72.

6.3.4. Foliculite

Foliculite é uma inflamação dos folículos de pelo que resulta de um processo traumático de remoção do mesmo, ficando a pele sensível a uma proliferação de Staphylococcus aureus. A ocorrência de foliculite é mais frequente em homens. Num ostomizado é frequente ocorrer na pele que é coberta pela placa adesiva, caso a pele fique irritada após a retirada da placa existem pós protetores de pele adequados para ostomizados ajudam na cicatrização.

Como evitar:

Para a prevenção de foliculites deve ser realizada depilação da zona circundante ao estoma que permanece sob a placa adesiva. Caso exista receio de atingir o estoma neste procedimento pode-se criar um escudo recorrendo a um rolo de papel higiénico72.

6.3.5. Prolapso do Estoma

O perfil do estoma difere ao longo do dia, podendo parecer mais ou menos retraído. No entanto, convém distinguir o que são alterações normais ao perfil do estoma e um prolapso do mesmo72.

Quando o estoma se encontra distendido além do habitual do abdómen, mais de 5 cm, acompanhado de sintomas de dor, deve-se indicar ao utente a ida a ao hospital ou a uma consulta de estomaterapia, na qual um(a) enfermeiro(a) especialista poderá avaliar que procedimentos adotar para reversão72,77–79. Um estoma em prolapso é mais susceptível a danos físicos sendo que a exposição da mucosa intestinal e ocorrência de trauma físico pode resultar em ulceração e hemorragia79.

O tratamento do prolapso não implica cirurgia, por vezes recorrendo apenas a uma reposição manual ou a técnicas de osmose com aplicação tópica de açúcar granulado, que resulta numa diminuição do edema facilitando a resolução deste problema79. Para evitar esta ocorrência

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