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Mudas de tamarindeiro em função de tamanhos de recipiente e níveis de vermiculita

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Acta Tecnológica, Vol. 8, N° 1 (2013), 5 - 11

Mudas de tamarindeiro em função de tamanhos de recipiente e doses de vermiculita*

Acta Tecnológica

http://portaldeperiodicos.ifma.edu.br/

César Antônio da Silva1, Marcelo Sales de Almeida2, Berildo de Melo2, Cícero José da Silva3

1Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz".

2Instituto de Ciências Biomédicas, Departamento de Agronomia - Universidade Federal de Uberlândia. 3Instituto Federal Goiano - Campus Morrinhos.

*Trabalho extraído da dissertação do segundo autor.

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento de mudas de tamarindeiro (Tamarindus indica L.) em função de tamanhos de recipiente e doses de vermiculita no substrato. O experimento foi conduzido em viveiro telado, na Fazenda Experimental Água Limpa, município de Uberlândia, Minas Gerais, no período de dezembro 2006 a junho 2007. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 3 x 3, com cinco repetições e cinco mudas por parcela. O primeiro fator foi constituído de três tamanhos de recipiente (18 x 30 cm, 20 x 25 cm e 25 x 35 cm), e o segundo, de três doses de vermiculita (0, 10% e 20%, baseadas em volume) adicionadas ao substrato Bioplant®. Na semeadura, foram colocadas três sementes em cada recipiente, a 1,0 cm de profundidade, fazendo posterior desbaste. As irrigações foram realizadas diariamente, mantendo o substrato na umidade de “capacidade de campo”. Aos 160 dias após a semeadura, foram avaliados: a altura, o diâmetro de caule, o número de folhas, o comprimento do sistema radicular, as massas de matéria seca de raízes e da parte aérea das mudas. O recipiente de 18 x 30 cm, de menor volume, foi mais propício à produção de mudas de tamarindeiro. O acréscimo de 20% de vermiculita no substrato proporcionou mudas de melhor qualidade.

Termos para indexação:Tamarindus indica L., substrato, matéria seca, sistema radicular.

Tamarindus indica L. Seedlings in function of container sizes and vermiculite proportions. ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate the development of tamarind (Tamarindus indica L.) seedlings in function of container sizes and vermiculite proportions in the substrate. The experiment was carried out in a screened nursery, at the Experimental Farm Água Limpa, Uberlândia County, Minas Gerais. The experimental design was entirely randomized, in 3 x 3 factorial arrangements, with five repetitions and five plants per plot. The first factor was composed by three container sizes (18 x 30 cm, 20 x 25 cm and 25 x 35 cm), and the second, composed by three vermiculite doses (0, 10% and 20%, based in content) mixed to the Bioplant® substrate. Three seeds were put in each container, sowed at 1.0 cm of depth, making subsequent rough-hewing. The irrigations were accomplished daily, maintaining the substrate in the field capacity moisture. At 160 days after sowing, the seedlings height, stem diameter; leaves number, root system length, the dry matter of roots and aerial part were evaluated. The 18 x 30 cm container, of lower content, was more suitable to the production oftamarind seedlings. The addition of20% vermiculite in the substrate provided better quality seedlings.

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INTRODUÇÃO

O tamarindeiro (Tamarindus indica L.) é uma

frutífera da família Fabaceae, originária da África tropical, mais precisamente das savanas africanas, de onde se dispersou para regiões tropicais na América do Sul e Ásia. É cultivado em 54 países, principalmente na Índia (SINGH et al., 2007; FERREIRA et al., 2008).

No Brasil, o tamarindeiro é cultivado há séculos e possui grande importância na alimentação humana, pela destinação dos frutos à produção de sorvetes, doces, licores, balas, tortas e, principalmente, sucos concentrados ou polpas. É também utilizado para fins paisagísticos e arborização, devido à sua beleza e produção de sombra,

apesar do lento crescimento, que depende,

funda¬mentalmente, da utilização de mudas de qualidade (ALMEIDA et al., 2010).

Embora apresente alto potencial de cultivo, as pesquisas no que se concerne à produção de mudas de tamarindeiro são escassas. Minami et al. (1994) consideram que, 60% do sucesso de uma cultura perene, como frutífera, estão na utilização de mudas de qualidade, as quais originam pomares mais produtivos e rentáveis. Dentre os fatores que interferem na qualidade das mudas, destacam-se o tamanho do recipiente e o substrato, pois influenciam no desenvolvimento do sistema radicular, na absorção de nutrientes e no movimento da água no sistema substrato-planta-atmosfera (MENDONÇA et al., 2002).

O substrato deve apresentar algumas

características, tais como: boa disponibilidade de nutrientes e capacidade de troca de cátions (CTC), baixa densidade, adequada porosidade e retenção de água; condicionar boa formação de raízes das espécies nele cultivadas (GONÇALVES & POGGIANI, 1996); ser resistente à lixiviação, uniforme, isento de pragas, doenças, substâncias tóxicas e sementes de ervas daninhas; apresentar baixo custo e estar disponível nas proximidades do local de produção das mudas (MINAMI, 2000; DAVID et al., 2008; PAIVA SOBRINHO et al., 2010; SILVA et al., 2011).

Dentre os componentes na formulação de substratos comerciais, a vermiculita é um dos mais importantes, apesar de seu alto custo em relação aos demais componentes (GOMES et al., 1985). Consiste num mineral de argila, do tipo 2:1, hidratado, constituído por duas lâminas tetraédricas de sílica e uma lâmina octaédrica de alumina, de estrutura variável. Apresenta alta CTC, baixa densidade, elevada capacidade de retenção de água e boa disponibilidade de íons de magnésio (OLIVEIRA et al., 2008; SANTOS et al. 2010). Entretanto, são poucas as

pesquisas experimentais que utilizaram este mineral na

produção de mudas.

Gomes et al. (1991) verificaram que, mudas de

Eucalyptus grandis desenvolvidas em vermiculita e esterco

bovino, na proporção de 80:20 apresentaram maior crescimento em altura, dentre 83 tratamentos substratos estudados, resultantes de substratos puros e misturas. Gonçalves & Minami (1994) verificaram que a vermiculita propiciou maior desenvolvimento do sistema

radicular de estacas de calanchoe (Kalanchoe x

blossfeldiana cv. Singapur). Dentre dez substratos utilizados, vermiculita + torta de filtro, nas proporções 3:1, 2:1 e 1:l, vermiculita + casca de arroz carbonizada, na proporção 3:1, e vermiculita + turfa, na proporção 3:1, foram os substratos que mais favoreceram o enraizamento. Tillmann et al. (1994) também concluíram que a vermiculita favorece o enraizamento de estacas de cróton (C. variegatum L.), dada a sua alta porosidade e retenção de água.

Cunha et al. (2002), testando quatro substratos em tubetes de 275 mL, obtiveram maior altura de mudas de cafeeiro (Coffea arabicaL.) com a utilização de vermiculita, na proporção de 20% deste mineral, 20% de terra de subsolo e 60% de composto orgânico. Entretanto, Santos et al. (2010), experimentando esse mineral em mudas de pimentão (Capsicum annuum), obtiveram redução da altura, do comprimento e largura de folhas e da massa de matéria seca das mudas, à medida que aumentaram a dose de vermiculita de 25% para 50% (base em volume), adicionada a vermicomposto de esterco bovino.

Com relação a recipientes, por um lado, os de maiores dimensões requerem grandes quantidades de substrato e área no viveiro. Por outro, recipientes pequenos causam estresse às mudas, enovelamento do sistema radicular e, consequentemente, menor crescimento e produção de biomassa (SAMÔR et al., 2002; CARVALHO FILHO et al., 2003). No Brasil, o saco plástico é ainda o recipiente mais utilizado para a produção de mudas de frutíferas perenes, entretanto, são poucas as pesquisas que definem dimensões ótimas de recipientes para algumas espécies.

Segundo Vallone (2006), em se tratando de recipientes de igual volume, a altura do mesmo é mais importante que o seu diâmetro para o crescimento de mudas

de cafeeiro (C. arabica), o que pode depender ou não da

espécie vegetal.

Danner et al. (2007), utilizando dois tamanhos (diâmetro x altura e volume) de recipiente, R1 (7 cm x 15 cm e 577,0 cm3) e R2 (10 cm x 25 cm e 1.963,5 cm3), em mudas de jabuticabeira (Plinia sp.), obtiveram maior altura

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de planta, diâmetro de caule, área foliar e massas de matéria seca de raízes e da parte aérea, no recipiente de maior volume, independentemente do substrato utilizado, aos doze meses após a semeadura.

Pereira et al. (2010), trabalhando com mudas de

tamarindeiro (T. indica L.), em dois tamanhos de

recipientes (sacos plásticos de 12 x 24 cm e 18 x 30 cm), concluíram que o de maior altura possibilitou maior desenvolvimento do sistema radicular das mudas aos 180 dias após a semeadura.

Costa et al. (2011) experimentaram três tamanhos de recipientes (sacolas de polietileno), em dimensões R1 (7,5 x 11,5 cm e 205,9 cm3), R2 (10,0 x 16,5 cm e 525,2 cm3) e R3 (15,0 x 21,5 cm e 1539,8 cm3), e seis substratos (S1 = solo; S2 = Plantmax; S3 = vermiculita; S4 = fibra de coco; S5 = fibra de coco chips; e S6 = Organosuper® , composto orgânico comercial), no desenvolvimento de mudas de maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis Sims. f. flavicarpa Deg.). Concluíram que o uso de 100% de vermiculita no recipiente R3 propiciou melhores resultados de altura, comprimento do sistema radicular e massas de matéria seca de raízes e da parte aérea das mudas, porém, R2 pode ser uma alternativa por necessitar de menos substrato e ocupar menor espaço em bancadas. Em razão da ausência de informações sobre a produção de mudas de algumas espécies, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento de mudas de

tamarindeiro (T. indica L.), em função de tamanhos de

recipientes e doses de vermiculita adicionadas no substrato comercial.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Setor de Fruticultura da Fazenda Experimental Água Limpa, município de Uberlândia, em viveiro situado a 19º05’23” de latitude sul, 48º21’28” de longitude oeste e a uma altitude de aproximadamente 798 m, no período de dezembro de 2006 a junho de 2007. O viveiro, de 10 m de comprimento, 6,0 m de largura e 2,0 m de altura, apresentava cobertura e laterais de telado antiafídico, de

cor branca e malha 0,38 mm2.

Frutos de duas plantas de tamarindeiro (T. indica L.) foram colhidos no estádio de maturação fisiológica, o qual coincide com o seu desprendimento natural da planta matriz. Após a remoção da casca, os frutos foram despolpados sobre peneira em água corrente, e as sementes armazenadas por 30 dias sob refrigeração, entre 4 e 8°C.

7 Em seguida, foram submetidas a um procedimento para superação de dormência, correspondente à manutenção por 24 horas em temperatura ambiente, com posterior imersão em água à temperatura ambiente por mais 24 horas, conforme Pereira et al. (2009).

O delineamento experimental foi o inteiramente ao acaso, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 3 x 3, com cinco repetições e cinco mudas por parcela, totalizando 225 mudas. O primeiro fator correspondeu a três tamanhos de recipientes: 18 x 30 cm (recipiente A), 20 x 25 cm (recipiente B) e 25 x 35 cm (Recipiente C); enquanto o segundo foi constituído de três doses de vermiculita (0%, 10% e 20%, com base em volume) adicionadas ao substrato. Os recipientes utilizados foram sacos plásticos de forma cilíndrica (Figura 1a), confeccionados em polipropileno pigmentado contra raios ultravioleta e perfurados até 1/3 da altura, para drenagem do excesso de água. Para o enchimento dos recipientes, foi utilizado o substrato comercial Bioplant, constituído de casca dePinus, triturada e carbonizada e enriquecido com NPK e

micronutrientes (Tabela 1).

Figura 1.Recipientes utilizados (a) e mudas de tamarindeiro (T. indica L.) aos 160 dias após a semeadura (b).

Tabela 1.Resultados de análises químicas1 do substrato comercial à base seca (110 ºC).

N Total (Digestão Sulfúrica); P, K, Ca, Mg, S, Cu, Fe, Mn e Zn (Digestão Nitro Perclórico); B (Calorimétrico Azometina-H). 1Análises realizadas pelo Laboratório de Análises de Solos e Calcários, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Uberlândia

Na semeadura, foram colocadas três sementes por recipiente, a 1,0 cm de profundidade. Aos 35 dias após a semeadura, quando as mudas estavam com altura entre 3,0 e 5,0 cm, realizou-se o desbaste, com auxílio de tesoura de poda, deixando-se apenas uma muda por recipiente. As irrigações foram realizadas diariamente, mantendo o substrato na umidade de capacidade de campo.

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Utilizou-se um sistema por microaspersão, dotado de emissores tipo “bailarina”, instalados a 2,0 m de altura em relação à superfície do solo, espaçados 3,0 m entre si, e

com vazão de 120 L h-1.

Adubações suplementares foram realizadas aos 45 e 90 dias após a semeadura, adicionando-se 2,0 g de ureia, 3,0 g de superfosfato simples e 2,0 g de KCl por litro de água, solução esta fornecida às mudas através de um dosador manual, conforme o volume dos recipientes. Plantas daninhas eventuais foram manualmente eliminadas semanalmente. Durante o experimento, não foram aplicados defensivos químicos, em razão da ausência de sintomas de doenças ou ataque de pragas que prejudicassemodesenvolvimentodasmudas.

Aos 160 dias após a semeadura (Figura 1b), foram avaliados em três mudas representativas da parcela, os seguintes parâmetros: altura de planta (AP), mensurada do colo ao ápice das mudas; diâmetro de caule (DC), ao nível do substrato; número de folhas; comprimento do sistema radicular (CR); e as massas de matéria seca de raízes (MSR) e da parte aérea (MSPA). Após coleta da parte aérea, osistema radicular foi separado do substrato e lavado em água corrente. Em seguida, o material (parte aérea e raízes) foi submetido à circulação de ar forçado, em estufa a 65ºC, até atingir massa constante.

Os dados foram analisados através do teste de Tukey, para comparar as médias referentes aos tamanhos de recipiente, e da análise de regressão, para as médias referentes às doses de vermiculita.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito dos tamanhos de recipiente sobre o diâmetro de caule (DC) e o comprimento do sistema radicular (CR), a 0,05 de significância, e sobre a massa de matéria seca da parte aérea (MSPA) do tamarindeiro, a 0,01 de significância. Todavia, a altura (AP), o número de folhas (NF) e a massa de matéria seca de raízes (MSR) das mudas, não foram estatisticamente influenciados pelos recipientes (Tabela 2).

Com relação à vermiculita, este mineral influenciou o DC a 5% de probabilidade, e o NF, a MSR e a MSPA, a 1%, pelo teste F. A interação de recipiente (R) x vermiculita (V) não foi significativa para nenhuma das características avaliadas, o que indica que estes fatores independem quanto às características avaliadas. Esses resultados são coerentes aos de Pereira et al. (2010), uma vez que esses autores não obtiveram interação significativa

de recipientes x substratos em nenhuma característica

avaliada em mudas de T. indica L.

Obteve-se maior diâmetro de caule (DC) das mudas de tamarindeiro no recipiente B, não se diferindo estatisticamente do recipiente A, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade (Tabela 3), enquanto no recipiente C obteve-se menor DC, independentemente da dose de vermiculita adicionada ao substrato.

Tabela 2.Resumo das análises de variância da altura de planta (AP, cm), diâmetro de caule (DC, mm), número de folhas (NF), comprimento do sistema radicular (CR, cm) e massas de matéria seca de raízes (MSR, g muda-1) e da parte aérea (MSPA, g muda-1) de mudas de tamarindeiro, aos 160 dias após asemeadura. Uberlândia- MG, 2007.

**,* - Significativo pelo teste F, a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente. NS - Não significativo.

Tabela 3.Altura (AP), diâmetro de caule (DC), número de folhas (NF), comprimento do sistema radicular (CR) e massas de matéria seca de raízes (MSR) e da parte aérea (MSPA) de mudas de tamarindeiro, aos 160 dias após a semeadura, em função de tamanhos de recipiente e doses de vermiculita. Uberlândia - MG, 2007.

Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 0,05 de significância.

Em compensação, o recipiente C proporcionou maior comprimento do sistema radicular (CR), em média, 13,6% superior ao recipiente B, certamente devido à sua maior altura e volume em relação aos demais. O menor CR das mudas de tamarindeiro no recipiente B se deve à limitação física no fundo, tendo causado enovelamento do sistema radicular. Este resultado é condizente a trabalhos com outras espécies, como Anadenanthera macrocarpa (angico) e Sesbania virgata (sêsbani) (Samôr et al., 2002), C. arabica L. (cafeeiro) (Vallone, 2006) e Plinia sp. (jabuticabeira) (Danner et al., 2007), uma vez esses autores enfatizarem que o uso de recipientes demasiadamente pequenos provocam enovelamento do sistema radicular e, consequentemente, estresse às mudas, sendo preferível

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utilizar os de maior altura.

O recipiente A (18 x 30 cm) propiciou maior MSPA das mudas de tamarindeiro, aproximadamente 42% a mais em relação ao recipiente C, independentemente da dose e de vermiculita, não se diferindo do recipiente B, apesar do primeiro apresentar menor volume (Tabela 3). Isso significa que nem sempre a utilização de recipientes de maior volume é mais adequada, pois requerem, segundo Costa et al. 2011, maior área no viveiro, além de maiores custos com substrato, mão de obra, transporte e distribuição das mudas no campo. Os resultados acerca dos recipientes estão de acordo com Pereira et al. (2010), uma vez também terem verificado que recipientes de 18 x 30 cm produzirammudasdetamarindeirodemelhorqualidade.

Mudas de tamarindeiro de maior diâmetro de caule (6,4 mm) foram produzidas com a adição de 20% vermiculita no substrato comercial, independentemente do tamanho do recipiente. O DC respondeu linearmente em função das doses. Para cada 1% deste mineral adicionado ao substrato, houve um incremento médio no DC de 0,043 mm (Figura 2A).

Figura 2. Diâmetro de caule (A), número de folhas (B) e massas de matéria seca de raízes (C) e da parte aérea (D) de mudas de tamarindeiro, aos 160 dias após a semeadura, em função de doses de vermiculita adicionadas ao substrato. Uberlândia - MG, 2007.

Semelhantemente ao DC, houve resposta linear crescente das doses sobre o número de folhas (NF) e a massa de matéria seca da parte aérea (MSPA) (Figuras 2B e 2D). A dose de 20% de vermiculita propiciou a emissão de

aproximadamente 36 folhas e a produção de 7,5 g muda-1

de MSPA. Esses dados são em parte explicados pelo aumento na capacidade de retenção de água pela vermiculita, pois este mineral retém água em até cinco vezes o seu próprio volume, favorecendo a absorção pelo sistema radicular. Além disso, possui elevada capacidade de troca catiônica, boa disponibilidade de íons de magnésio (Oliveira et al., 2008; Santos et al. 2010), nutriente essencial na formação da clorofila e, consequentemente, no

NF e MSPA.Com relação à massa de matéria seca de raízes (MSR), a equação quadrática (Figura 2C) apresentou o melhor ajuste em função das doses de vermiculita, independentemente do tamanho do recipiente utilizado. A dose ótima de vermiculita para este parâmetro foi de 15,56%, com a qual a MSR é estimada em 5,8 g muda-1. Por

outro lado, o uso de apenas substrato comercial (testemunha), reduziu a MSR em 30,3%, em relação à dose ótima. Resultados similares foram obtidos por Tillmann et al. (1994) e Gonçalves & Minami (1994), ao verificarem

maior enraizamento de espécies como o cróton (C.

variegatum L.) e o calanchoe (K. blossfeldiana), com a adição de vermiculita no substrato.

A partir da dose de 15,56% (v/v) de vermiculita, esse mineral promoveu redução da MSR, sendo prejudicial ao desenvolvimento do sistema radicular das mudas de tamarindeiro. Tal redução, provavelmente se deve ao excesso de retenção de água no substrato e, consequentemente, menor respiração aeróbica e menor formação de radicelas, tendo em vista que segundo Gonçalves & Poggiani (1996), a formação do sistema radicular está condicionada à boa capacidade de aeração ou drenagem, disponibilidade de nutrientes e retenção adequada de água nos substratos.

Esses resultados também corroboram com Santos et al. (2010), ao verificarem redução da massa de matéria seca

de mudas de pimentão (C. annuum), com a incorporação de

superdosagem de vermiculita (50% v/v) no substrato. Nessa condição, a menor produção de matéria seca das mudas se deve, sobretudo, à alta retenção de água, menor desenvolvimento do sistema radicular e deficiências minerais (Gomes et al. 1991), devido à drenagem deficiente.

CONCLUSÕES

O recipiente A (18 x 30 cm), de menor volume que os demais utilizados (20 x 25 cm e 25 x 35 cm), foi mais favorável ao desenvolvimento vegetativo das mudas de tamarindeiro (T. indica L.).

A adição de 20% de vermiculita no substrato comercial propiciou mudas de tamarindeiro de melhor qualidade.

O uso de apenas substrato comercial originou mudas menos desenvolvidas.

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Imagem

Tabela 1. Resultados de análises químicas1 do substrato comercial à base seca (110 ºC) .
Tabela 3. Altura (AP), diâmetro de caule (DC), número de folhas (NF), comprimento do sistema radicular (CR) e massas de matéria seca de raízes (MSR) e da parte aérea (MSPA) de mudas de tamarindeiro, aos 160 dias após a semeadura, em função de tamanhos de r
Figura 2. Diâmetro de caule (A), número de folhas (B) e massas de matéria seca de raízes (C) e da parte aérea (D) de mudas de tamarindeiro, aos 160 dias após a semeadura, em função de doses de vermiculita adicionadas ao substrato

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