• Nenhum resultado encontrado

Efeitos do treinamento em meio aquático no consumo de oxigênio máximo de idosos: revisão sistemática com metanálise de ensaios clínicos randomizados

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Efeitos do treinamento em meio aquático no consumo de oxigênio máximo de idosos: revisão sistemática com metanálise de ensaios clínicos randomizados"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

Artigo Original Schoenell et al.

Rev Bras Ativ Fís Saúde 2016;21(6):525-533

DOI: 10.12820/rbafs.v.21n6p525-533 RBAFSSOCIEDADE BRASILEIRA DE ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

Brazilian Journal of Physical Activity and Health

RBAFS

Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

Brazilian Journal of Physical Activity and Health

RBAFS

Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde SOCIEDADE BRASILEIRA DE ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE Brazilian Journal of Physical Activity and Health

Brazilian Journal of Physical Activity and Health

Sociedade BraSileira de atividade FíSica & Saúde

1Grupo de Pesquisas em atividade aquáticas e terrestres, escola de educação Física, Fisioterapia e dança, Universidade Federal do rio Grande do Sul, Porto alegre, rio Grande do Sul, Brasil.

2Programa de Pós-graduação em ciências da Saúde: Ginecologia e obstetrícia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do rio Grande do Sul, Porto alegre, rio Grande do Sul, Brasil.

Resumo

O objetivo do presente estudo foi conduzir uma revisão siste-mática com metanálise de ensaios clínicos randomizados para avaliar o efeito do treinamento em meio aquático no consumo de oxigênio máximo (VO2máx) de idosos. Os estudos elegíveis

foram identificados a partir das bases de dados MEDLINE, PEDro, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), Scopus e SportDis-cus até o dia 23 de agosto de 2016. Os dados foram extraí-dos de estuextraí-dos randomizaextraí-dos que incluíram iextraí-dosos (maior ou igual a 60 anos) e que compararam treinamento no meio aquático, na posição vertical, com o grupo controle que não realizou treinamento ou realizou treinamento em meio terres-tre. A metanálise foi conduzida utilizando as diferenças entre as médias dos valores pós-intervenção dos grupos controle e experimental com o modelo de efeitos randômicos e a hete-rogeneidade estatística foi avaliada pelo teste Q de Cochran e inconsistência (I2). De um total de 2229 artigos, sete ensaios

clínicos randomizados foram incluídos com 227 sujeitos. Os resultados do desfecho principal indicaram um efeito signi-ficativo do VO2máx a favor do exercício no meio aquático em

comparação ao grupo controle (95%IC: 7,04 (3,29; 10,79); I2

98%; p<0,05). A partir destes resultados, conclui-se que a hi-droginástica é um exercício efetivo para a melhora do con-dicionamento cardiorrespiratório e pode ser indicada como uma forma de melhorar a capacidade aeróbia de idosos.

Palavras-chave

Exercício; Consumo de oxigênio; Envelhecimento.

Abstract

The aim of the present study was to conduct a systematic review with meta-analyses of randomized controlled trials to evaluate the effect of a water-based exercise training in the maximal oxygen

up-take (VO2máx) in elderly. The eligible studies were identified in the

databases MEDLINE, PEDro, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS),

Scopus and SportDiscus up to August 23rd 2016. Data were

extrac-ted from randomized controlled trials that included elderly people (greater or equal than 60 years old) and that compared water-ba-sed exercise training, in the upright position, with a control group that did not trained or that performed a land-based exercise trai-ning. Meta-analyses were conducted using the differences between the averages of the post-intervention values of intervention and control groups, using the random effect model and the statistical

he-terogeneity was assessed by Cochran’s Q test and inconsistency (I2).

Of a total of 2229 trials, seven were included with a total of 227 subjects. The results of the primary outcome indicated a significant

effect of the VO2máx in favor to the water-based exercise compared

to control group (95%CI: 7.04 (3.29; 10.79); I2 98%; p<0.05). It

can be concluded that water-based exercise training is an effective exercise to improve cardiorespiratory conditioning and can be in-dicated as a modality to improve aerobic capacity in elderly people.

Keywords

Water-based exercise; Oxygen uptake; Aging.

efeitos do treinamento em meio aquático no

consumo de oxigênio máximo de idosos: revisão

sistemática com metanálise de ensaios clínicos

randomizados

Effects of water-based exercise in maximal oxygen uptake in elderly: a

systematic review and meta-analysis of randomized clinical trials

Maira Cristina Wolf Schoenell1, Roberta Bgeginski1,2, Luiz Fernando Martins Kruel1

Introdução

O envelhecimento tem como característica o

surgi-mento de processos degenerativos da função neuro-muscular e cardiorrespiratória, entre eles, o decrésci-mo da massa muscular e, por conseguinte da força muscular, a diminuição da mobilidade funcional e da

independência1,2. Além disso, problemas em relação

(2)

do-enças cardíacas afetam essa população3. Neste cenário, a prática de exercícios físi-cos na terceira idade tem uma grande importância na manutenção da qualidade de vida, preservação e melhora das capacidades físicas para realizar as atividades de vida diária4,5.

Na literatura, diversos estudos têm buscado investigar e comprovar os benefí-cios do exercício no meio aquático em idosos1,6-10,20. Os estudos foram delineados com diferentes métodos de intervenção no meio aquático, entre eles, a hidroginás-tica e a corrida em piscina funda (deep water running) e demonstram que o exercício

de caráter aeróbio no ambiente aquático pode proporcionar incrementos na apti-dão cardiorrespiratória expressa pelo incremento no consumo de oxigênio máximo (VO2máx)1,11-13. Apesar de diversos estudos terem encontrado melhoras significativas no condicionamento cardiorrespiratório a partir do treinamento no meio aquáti-co, as estratégias de treinamento variam muito entre os estudos. Aspectos como a intensidade do treinamento, a utilização de equipamentos específicos para o meio aquático, a seleção dos exercícios, entre outros aspectos do programa de treinamen-to, parece não ter um padrão de utilização nos treinamentos. Portantreinamen-to, dificultam a compreensão sobre os reais benefícios do exercício no meio aquático para os idosos.

Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi de conduzir uma revisão siste-mática, com metanálise de ensaios clínicos randomizados, para avaliar o efeito do treinamento em meio aquático, no consumo de oxigênio máximo de idosos.

Métodos

A presente revisão sistemática e metanálise foram realizadas de acordo com as instruções do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis

(PRIS-MA) statement14.

Estratégias de busca e seleção dos artigos

Foram considerados para a revisão sistemática apenas ensaios clínicos randomiza-dos identificarandomiza-dos nas seguintes bases de darandomiza-dos: MEDLINE, PEDro, Biblioteca Vir-tual da Saúde (BVS), Scopus e SportDiscus até o dia 23 de agosto de 2016. As buscas nas bases de dados foram realizadas utilizando uma pesquisa estratégica similar que foi focada em três grupos principais de termos: “water exercise”, “elderly” e “randomized controlled trial”. Estes termos foram ajustados para a busca em cada base de dados. A

estratégia de busca completa utilizada para a base de dados MEDLINE está descrita no quadro 1. Nenhuma restrição em relação à data de publicação foi imposta. Quadro 1 – Estratégia de busca utilizada na base de dados MEDLINE.

Busca

#4- Search #1 AND #2 AND #3

#3- Search ((randomized controlled trial[pt] OR controlled clinical trial[pt] OR randomized controlled trials[mh] OR random allocation[mh] OR double-blind method[mh] OR single-blind method[mh] OR clinical trial[pt] OR clinical trials[mh] OR (“clinical trial”[tw]) OR ((singl*[tw] OR doubl*[tw] OR trebl*[tw] OR tripl*[tw]) AND (mask*[tw] OR blind*[tw])) OR (“latin square”[tw]) OR placebos[mh] OR placebo*[tw] OR random*[tw] OR research design[mh:noexp] OR follow-up studies[mh] OR prospective studies[mh] OR cross-over studies[mh] OR control*[tw] OR prospectiv*[tw] OR volunteer*[tw]) NOT (animal[mh] NOT human[mh]))

#2- Search (“water exercise” OR “aquatic exercise” OR aquatic OR “water aerobics” OR hydrogymnastic$ OR “water-based exercise” OR “water-“water-based activit$” OR “deep water” OR “deep water exercise” OR “head out water exercise” OR “exercise in water” OR “water environment” OR “water aerobic exercise” OR “aquatic resistance training” OR “aquatic training” OR “aquatic program” OR “water fitness” OR “water fitness program” OR “aquatic training” OR aquatics OR “water resistance training” OR “water training” OR “deep water training” OR “water running” OR “water walking” OR aquajogging OR “shallow water walking” OR “aqua bike” OR “water cycling” OR hydro OR “aqua gym” OR “aquatic environment” OR “water resistance” OR “pool exercise”)

(3)

Critérios de elegibilidade

Foram incluídos somente ensaios clínicos randomizados que avaliaram o efei-to da prática de hidroginástica ou corrida em piscina funda sobre a capacidade cardiorrespiratória de idosos de ambos os sexos, aqui definido como indivíduos com idade maior ou igual a 60 anos. Além disso, para serem incluídos, os sujeitos não poderiam ter nenhum diagnóstico de doença articular e nenhuma doença que utilizasse mediação anti-hipertensiva. Os ensaios clínicos randomizados de-veriam ter pelo menos um braço de intervenção com treinamento em meio aquá-tico. Consideraram-se os estudos em que a intervenção possuía caráter aeróbio, de força ou combinado e com duração superior a oito semanas, sendo excluídos os estudos com fisioterapia aquática. Somente foram incluídos estudos publicados em língua portuguesa, inglesa, espanhola ou italiana. Para ser incluído, o estudo deveria fornecer valores de VO2máx relativo pré- e pós-intervenção e os valores de dispersão. Por fim, apenas os estudos cujos desfechos não apresentassem diferen-ça significativa entre os grupos no momento pré-treinamento foram incluídos.

Seleção de estudos e extração de dados

As citações encontradas foram agrupadas no software EndNote (Versão X5, Thom-son Reuters). Dois revisores independentes selecionaram os títulos e/ou resumos para excluir estudos irrelevantes. Os revisores não foram blindados para o título do periódico, nomes dos autores ou suas instituições. Todos os resumos que fornece-ram informação insuficiente para aplicar os critérios de inclusão ou exclusão fofornece-ram avaliados a partir do texto integral. Caso algum dado não fosse localizado no texto publicado, os autores foram contatados. Os demais textos foram lidos na sua ín-tegra pelos presentes revisores para determinar se os estudos atendiam os critérios de inclusão. Os desacordos foram resolvidos por um terceiro revisor independente.

As seguintes informações dos estudos (se disponíveis) foram extraídas em du-plicata e registradas em um formulário padrão: autor, ano, país de origem, idade e sexo dos participantes, tamanho amostral de cada grupo, estado de saúde dos par-ticipantes, modalidade de treinamento (hidroginástica ou corrida em piscina fun-da), frequência semanal, intensidade do treinamento, tempo de sessão, tempo de intervenção, avaliações físicas, resultados avaliados (média pré e pós intervenção).

Avaliação da qualidade metodológica e do risco de viés

A avaliação do risco de viés foi realizada por dois autores independentes, e consi-derando as seguintes variáveis: a) método de aleatorização dos grupos; b) sigilo da alocação; c) cegamento dos avaliadores dos desfechos; d) análise por intenção de tratar; e) descrição das perdas e exclusões. Os desacordos foram resolvidos por um terceiro revisor independente.

Síntese e análise dos dados

A metanálise foi realizada utilizando-se o software Review Manager 5.315. As

mu-danças absolutas no VO2máx. foram consideradas como desfecho primário do

pre-sente estudo, e foram informadas como os valores pós-intervenção. As diferenças entre as médias pós-intervenção dos grupos controle e intervenção foram exami-nadas. O modelo de efeitos randômicos foi utilizado visto que uma heterogenei-dade clínica entre os estudos é esperada. Os valores de I2 foram considerados como

marcadores de heterogeneidade inter-estudos, no caso de I2 ser maior do que 40%,

a heterogeneidade foi explorada com subgrupo. Esta análise de sensibilidade

(4)

em comparação com os demais estudos. Um alfa ≤ 0,05 foi considerado como estatisticamente significativo.

Resultados

Descrição dos estudos

A busca inicial na literatura resultou em 2229 artigos envolvendo o exercício no meio aquático na posição vertical para idosos. Na leitura de títulos e resumos foram excluídos 2013 artigos que não atendiam os critérios de inclusão. Restaram 145 ar-tigos para a leitura do texto na íntegra, e nesta etapa 138 estudos foram excluídos de acordo com os critérios de inclusão. Ao final, sete estudos foram incluídos na revisão sistemática e na metanálise. A figura 1 representa o fluxograma da seleção dos estu-dos. Um sumário das características dos estudos incluídos pode ser visualizado no quadro 2. Os estudos incluídos acumularam um “n” total de 227 participantes, 127 alocados no grupo intervenção exercício aquático e 100 no grupo controle.

Dos sete artigos incluídos a hidroginástica foi o exercício investigado em cinco estudos11,12,16,18,19 e a corrida em piscina funda foi investigada em dois estudos1,17.

Figura 1 – Fluxograma dos estudos incluídos.

Análise do risco de viés

A avaliação do risco de viés dos estudos incluídos está descrita no quadro 3. Dos sete estudos incluídos, cinco estudos (71,4%) não descreveram a forma de rando-mização. Além disso, em seis estudos (85,7%) o processo de randomização não foi realizado por alguém sem envolvimento direto na pesquisa e em todos estudos (100%) as avaliações não foram realizadas por avaliadores cegados. Em relação à análise por intenção de tratar, todos estudos (100%) não avaliaram a totalidade da amostra no pré e pós-período de treinamento. E por fim, quatro estudos (57,1%) não descreveram a perda amostral (Quadro 3).

(5)

Efeitos da intervenção

Os resultados do desfecho principal indicaram um efeito significativo do VO2máx.

a favor do exercício no meio aquático em comparação ao grupo controle (95%IC: 7,04 (3,29; 10,79); I2 98% e p<0,05; FIGURA 2). Devido à alta heterogeneidade en-contrada, realizou-se uma análise de sensibilidade excluindo-se os estudos que

apresentaram um percentual muito alto de incremento no VO2máx,

diferenciando-se dos demais estudos. Essa análidiferenciando-se demonstrou uma heterogeneidade menor e

a manutenção do efeito positivo e significativo da hidroginástica sobre o VO2máx

(95%IC: 4,70 (2,80;6,59); I2 79% e p<0,05). Quadro 2 – Características dos estudos incluídos.

Autor, ano

(país) Amostra (n) Idade(anos) Sexo

Tempo sessão; frequência semanal; tempo de intervenção

Modalidade

Intensidade Grupo Controle Protocolo de Avaliação do VO2máx

Resultados VO2máx (ml. kg.min-1) Alteração Bocalini et al., 200811 (Brasil) I: 25

C: 10 I: 64±1C: 63±1 F 60 min; 3x/sem;12 sem Hidroginástica70% FCmáx Sem exercício Bruce (esteira)

I: pré (20±3); pós (35±3) C: pré (18±3); pós (20±4,5) I: 75,00 % C: 11,11% Bocalini et al., 201016 (Brasil) I: 27

C: 18 > 62 F 60 min; 3x/sem;12 sem Hidroginástica não descrito Sem exercício Bruce (esteira)

I: pré (21,4±1,7); pós (33,5±2,0) C: pré (21,1±2,3); pós (20,8±0,8) I: 56,12 % C: -1,42% Broman et al., 200617 (Suécia) I: 15

C: 9 I: 69±4C: 69,8±3,5 F 48 min; 2x/sem;8 sem

Corrida em Piscina Funda 75% FCmáx

Sem

exercício Incremental (cicloergômetro)

I: pré (24,5±2,3); pós (27,2±2,1) C: pré (22,5±4,3); pós (23,3±4) I: 11,02 % C: 3,56% Kanitz et al., 20151 (Brasil) I: 16

C: 25 I: 66±4,0C: 65,2±3,8 M 45 min; 3x/sem;12 sem

Corrida em Piscina Funda 85 a 100% da FC do LV2

Período

controle Incremental (cicloergômetro)

I: pré (16,9±3,7); pós (23,9±5,3) C: pré (15,9±3,3); pós (17,9±3,3) I: 41,01 % C: 12,58% Novaes et al., 201418 (Brasil) I: 17

C: 7 I: 66,9±6,1 C: 66,9±6,1 F 45 min; 3x/sem;24 sem

Hidroginástica FC entre 120 e 140bpm

Sem

exercício Bruce (esteira)

I: pré (24,5±3,6); pós (27,8±5,2) C: pré (17,3±3,0); pós (21,3±2,9) I: 13,50 % C: 23,17% Ruoti et al., 199412 (EUA) I: 12

C: 8 I:65,1±5,2C: 56±6,7 F/M 60 min; 3x/sem;12 sem Hidroginástica80% FCmáx Sem exercício Balke e Ware modificado (esteira)

I: pré (23,3±0,4); pós (26,9±0,5) C: pré (23,1±0,5); pós (21,8±0,6) I: 15,32 % C: -5,74% Taunton et al., 199619 (EUA) I: 23

C: 18 65 a 75 F 50 min; 3x/sem;12 sem Hidroginástica60 a 65% FCmáx Exercício em terra Balke modificado (esteira)

I: pré (18,8±3,5); pós (21,1±3,3) C: pré (18,4±3,2); pós (20,9±3,6) I: 12,23 % C: 13,59% I: intervenção; C: controle; F: feminino; M: masculino; FC: frequência cardíaca; FCmáx: frequência cardíaca máxima; VO2máx:consumo de oxigênio máximo; bpm: batidas por minuto; sem: semanas; LV2: segundo limiar ventilatório.

Quadro 3 – Avaliação da qualidade metodológica e risco de viés dos estudos incluídos na metanálise. Autor/ano Aleatorização dos grupos alocaçãoSigilo na Cegamento dos avaliadores intenção de tratarAnálise por das perdasDescrição Bocalini et al., 200811 não não não não sim

Bocalini et al., 201016 não não não não sim

Broman et al., 200617 não não não não não

Kanitz et al., 20151 sim sim não não não

Novaes., 201418 não não não não não

Ruoti et al., 199412 sim não não não sim

(6)

Discussão

O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática com me-tanálise para avaliar os efeitos da prática dos exercícios no meio aquático sobre a capacidade cardiorrespiratória de idosos. Para o nosso entendimento esta foi a primeira metanálise avaliando a literatura a respeito da capacidade cardiorrespira-tória de idosos após um treinamento no meio aquático. Sete estudos foram inclu-ídos nesta revisão e todos verificaram melhoras significativas após o treinamento de hidroginástica ou de corrida em piscina funda no VO2máx1,11,12,16-19. O resultado

da metanálise apontou para uma melhora significativa nos testes de VO2max,

in-dicando que o exercício no meio aquático pode ser uma opção eficiente para a melhoria da capacidade cardiorrespiratória.

O resultado de que o exercício aquático melhora a capacidade cardiorrespira-tória em idosos é importante visto que, em indivíduos idosos a capacidade aeróbia diminui significativamente com o avanço da idade e é acompanhando por perdas neuromusculares24. O benefício do exercício aeróbio para o idoso está relacionado ao seu efeito hipotensor (controle da pressão arterial)13, a melhora da circulação

sanguínea levando a melhoria da metabolização de ácidos graxos25 e ao controle

de doenças cardiovasculares26. Reconhecendo a importância do exercício aeróbio

na saúde dos idosos, nossos resultados adicionam evidências à literatura para jus-tificar a indicação do exercício no meio aquático para o público idoso, principal-mente por melhorar a capacidade cardiorrespiratória e, por proporcionar a este

público um ambiente com menor impacto nas articulações27,28.

Em relação aos estudos que avaliaram o VO2máx, apesar do resultado ser

signi-ficativo a favor do exercício aquático, a heterogeneidade encontrada foi elevada. Isso pode ser explicado pela grande variedade de protocolos de intervenção dentre os estudos, assim como pela grande variedade dos resultados encontrados. Os

in-crementos do VO2máx variaram de 11,02% até 75%. Realizando-se uma análise de

sensibilidade e excluindo os estudos que encontraram valores percentuais acima de 50% a heterogeneidade diminui 95%IC: 4,23 (2,09; 6,37); I2:81% e p<0,05. Esta alta heterogeneidade pode ser observada no quadro 2 no qual são apresentadas as características dos estudos incluídos. Em relação ao tempo de intervenção, este va-riou de oito a 24 semanas, assim como a duração da sessão vava-riou de 45 a 60 min.

Observando-se as formas de prescrição da intensidade dos treinamentos,

al-guns estudos utilizaram uma zona de FC, baseada na FCmáx avaliada no teste

má-Autor/ano Exercício Aquático Controle Peso IV, Aleatório, 95% CIDiferença média Média DP Total Média DP Total

Bocalini et al., 200811 35 3 24 20 4,50 10 13,80% 15,00 (11,96; 18,04) Bocalini et al., 201016 33,52 2,06 25 20,88 0,88 18 15,10% 12,64 (11,74;13,54) Broman et al., 200617 27,20 2,10 15 23,30 4 9 14,00% 3,90 (1,08; 6,72) Kanitz et al., 20151 23,93 5,38 16 17,90 3,30 25 13,90% 6,03 (3,09; 8,97) Novaes., 201418 27,83 5,29 17 21,37 2,91 7 13,60% 6,46 (3,15; 9,77) Ruoti et al., 199412 26,95 0,50 12 21,84 0,60 8 15,20% 5,11 (4,61; 5,61) Taunton et al., 199619 21,10 3,30 18 20,90 3,60 23 14,50% 0,20 (-1,92; 2,32) total (95% ci) 127 100 100% 7,04 (3,29; 10,79) Hereogneneidade Tau2 = 24,04; Chi2 = 273,10; df = 6 (p < 0,00001); I2 = 98%.

Teste para efeito geral: Z = 3,68 (p = 0,0002).

Figura 2 – Diferenças entre as médias e intervalo de confiança de 95% (CI) do consumo de oxigênio máximo (ml.kg.min-1) para o exercício

(7)

ximo em meio terrestre11,12,17,19. Entretanto, diversos estudos têm demonstrado que a FC apresenta um comportamento diferente no meio aquático, tanto em repouso quanto em exercício, apresentando valores menores em relação ao meio terrestre29,30. Portanto, sendo a FC menor em meio aquático e o treinamento sendo prescrito baseado na FC em meio terrestre, este treinamento estaria superestiman-do a FC. Este pode ter sisuperestiman-do um fator importante para os incrementos no consumo máximo de oxigênio encontrado nestes estudos11,12,17,19. Apenas um único estudo1 realizou um teste máximo específico para o meio aquático e prescreveu a intensi-dade baseado na FC relativa ao segundo limiar ventilatório do teste incremental máximo de corrida em piscina funda. Acredita-se que este teste específico realiza-do no meio aquático, apresenta uma FC muito mais representativa realiza-do real esforço

realizado pelos sujeitos neste exercício. Este estudo1 encontrou um incremento

de 41,01% no consumo máximo de oxigênio após 12 semanas de treinamento, enquanto que os estudos que prescreveram a intensidade do treinamento basea-dos na FCmáx de um teste realizado no meio terrestre encontraram 75%11; 15,32%12; 11,02%17 e 12,23%19.

Apesar desta alta heterogeneidade entre os estudos incluídos nesta revisão, o

achado do presente estudo corrobora o resultado de outra revisão sistemática5,

fortalecendo a evidência de que a prática de hidroginástica promove melhoras na capacidade aeróbia de idosos avaliada pelo VO2máx.

As limitações do presente estudo dizem respeito a alta heterogeneidade entre os estudos. Além dos métodos para o treinamento aeróbico ser muito diferente entre os estudos, a alta heterogeneidade também pode ser atribuída a baixa qualidade metodológica dos estudos. Fatores como uma boa randomização dos sujeitos dos grupos com cegamentos dos avaliadores podem influenciar nos resultados obtidos. Conclui-se que a prática do exercício aquático na posição vertical melhora o condicionamento cardiorrespiratório de sujeitos idosos, uma vez que esta moda-lidade promove o incremento do consumo de oxigênio máximo. Como aplicação prática, pode-se indicar o exercício no meio aquático, na posição vertical, como uma opção de treinamento com o objetivo de incrementar a capacidade cardior-respiratória de idosos. Os futuros estudos podem explorar os indivíduos idosos ativos fisicamente, assim como idosos com comorbidades e a avaliação dos efeitos de diferentes modalidades de treinamento nesta população, assim como avalia-ções em atividades submáximas.

Contribuições dos autores

M.C.W.S., R.B. e L.F.M.K. contribuíram para a concepção do estudo, discussão dos resultados, redação, revisão, edição e aprovação da versão final do manuscrito; M.C.W.S. e R.B. contribuíram para o desenho experimental, pesquisa nas bases de dados, análise e interpretação dos resultados.

Referências

1. Kanitz AC, RS Delevatti, T Reichert, GV Liedtke, R Ferrari, BP Almada, et al. Effects of two deep water training programs on cardiorespiratory and muscular strength responses in older adults. Exp Gerontol. 2015; 64: 55-61.

2. Reichert T, AKG Prado, AC Kanitz, and LFM Kruel. Efeitos da hidroginástica sobre a capacidade funcional de idosos: metanálise de estudos randomizados. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2016; 20(5): 447-57.

3. Gappmaier E, W Lake, AG Nelson, and AG Fisher. Aerobic exercise in water versus walking on land: effects on indices of fat reduction and weight loss of obese women. J Sports Med Phys Fit. 2006; 46(4): 564-9.

(8)

4. Sato D, K Kaneda, H Wakabayashi, and T Nomura. Comparison of 2-year effects of once and twice weekly water exercise on activities of daily living ability of community dwelling frail elderly. Arch Gerontol Geriatr. 2009; 49(1): 123-8.

5. Bergamin M, S Zanuso, BA Alvar, A Ermolao, and M Zaccaria. Is water-based exercise training sufficient to improve physical fitness in the elderly?: A systematic review of the evidence. Eur Rev Aging Phys Act. 2012; 9(2): 129-41.

6. Colado JC, NT Triplett, V Tella, P Saucedo, and J Abellán. Effects of aquatic resistance training on health and fitness in postmenopausal women. Eur J Appl Physiol. 2009; 106(1): 113-22.

7. Graef FI, RS Pinto, CL Alberton, WC De Lima, and LFM Kruel. The effects of resistance training performed in water on muscle strength in the elderly. J Strength Cond Res. 2010; 24(11): 3150-6.

8. Alves RV, J Mota, MC Costa, and JGB Alves. Physical fitness and elderly health effects of hydrogymnastics. Rev Bras Med Esporte. 2004; 10(1): 38-43.

9. Tsourlou T, A Benik, K Dipla, A Zafeiridis, and S Kellis. The effects of a twenty-four-week aquatic training program on muscular strength performance in healthy elderly women. J Strength Cond Res. 2006; 20(4): 811-8.

10. Takeshima N, ME Rogers, E Watanabe, WF Brechue, A Okada, T Yamada, et al. Water-based exercise improves health-related aspects of fitness in older women. Med Sci Sports Exerc. 2002; 34(3): 544-51.

11. Bocalini DS, AJ Serra, N Murad, and RF Levy. Water-versus land-based exercise effects on physical fitness in older women. Geriatr Gerontol Int. 2008; 8(4): 265-71.

12. Ruoti RG, JT Troup, and RA Berger. The effects of nonswimming water exercises on older adults. J Orthop Sports Phys Ther. 1994; 19(3): 140-5.

13. Guimaraes GV, LG De Barros Cruz, MM Fernandes-Silva, EL Dorea, and EA Bocchi. Heated water-based exercise training reduces 24-hour ambulatory blood pressure levels in resistant hypertensive patients: A randomized controlled trial (HEx trial). Int J Cardiol. 2014; 172(2): 434-41.

14. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, Group P. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. J Clin Epidemiol. 2009; 62 (10): 1006-12.

15. Manager R, Cochrane handbook for systematic reviews of interventions, G.S. Higgins J, Editor 2011, Chichester:John Wiley & Sons.

16. Bocalini DS, AJ Serra, RL Rica, and L Dos Santos. Repercussions of training and detraining by water-based exercise on functional fitness and quality of life: a short-term follow-up in healthy older women. Clinics (Sao Paulo). 2010; 65(12): 1305-9.

17. Broman G, M Quintana, T Lindberg, E Jansson, and L Kaijser. High intensity deep water training can improve aerobic power in elderly women. Eur J Appl Physiol. 2006; 98(2): 117-23.

18. Novaes GS, JS Novaes, J Vilaça-Alves, G Costa E Silva, ND Garrido, H Furtado, et al. Chronic effects of strength training vs. hydro aerobics on functional and cardiorespiratory ability in postmenopausal women. J Human Kinet. 2014; 43(1): 57-66.

19. Taunton JE, EC Rhodes, LA Wolski, M Donelly, J Warren, J Elliot, et al. Effect of land-based and water-land-based fitness programs on the cardiovascular fitness, strength and flexibility of women aged 65-75 years. Gerontology. 1996; 42(4): 204-10.

20. Bento P, G Pereira, C Ugrinowitsch, and A Rodacki. The effects of a water-based exercise program on strength and functionality of older adults. J Aging Phys Act. 2012; 20(4): 469-83.

21. Arnold CM and RA Faulkner. The effect of aquatic exercise and education on lowering fall risk in older adults with hip osteoarthritis. J Aging Phys Act. 2010; 18(3): 245-60. 22. Wang TJ, B Belza, F Elaine Thompson, JD Whitney, and K Bennett. Effects of aquatic

exercise on flexibility, strength and aerobic fitness in adults with osteoarthritis of the hip or knee. J Adv Nurs. 2007; 57(2): 141-52.

23. Wang TJ, SC Lee, SY Liang, HH Tung, SFV Wu, and YP Lin. Comparing the efficacy of aquatic exercises and land-based exercises for patients with knee osteoarthritis. J Clin Nurs. 2011; 20(17-18): 2609-22.

24. Cadore EL, RS Pinto, CL Alberton, SS Pinto, FLR Lhullier, MP Tartaruga, et al. Neuromuscular economy, strength, and endurance in healthy elderly men. J Strength Cond Res. 2011; 25(4): 997-1003.

(9)

EndErEço para CorrEspondênCia

Maira Cristina WolF sChoenell

mairacws@yahoo.com.br

Recebido 13/05/2016 Revisado 14/08/2016 apRovado 17/08/2016

Rua Felizardo, 750 - Bairro Jardim Botânico

Porto Alegre, RS, Brasil. Fone: 51 3308 5820

25. Greene NP, SE Martin, and SF Crouse. Acute exercise and training alter blood lipid and lipoprotein profiles differently in overweight and obese men and women. Obesity. 2012; 20(8): 1618-27.

26. Asa C, S Maria, SS Katharina, and A Bert. Aquatic exercise is effective in improving exercise performance in patients with heart failure and type 2 diabetes mellitus. J Evid Based Complementary Altern Med. 2012. Article number 349209.

27. Alberton CL, P Finatto, SS Pinto, AH Antunes, EL Cadore, MP Tartaruga, et al. Vertical ground reaction force responses to different head-out aquatic exercises performed in water and on dry land. J Sports Sci. 2015; 33(8): 795-805.

28. Kruel LFM. Alterações Fisiológicas e biomecânicas em indivíduos praticando exercícios de hidroginástica dentro e fora da água. Universidade de Santa Maria. Doutorado em Ciências do Movimento. 2000.

29. Graef FI and LFM Kruel. Freqüência cardíaca e percepção subjetiva do esforço no meio aquático: diferenças em relação ao meio terrestre e aplicações na prescrição do exercício – uma revisão. Rev Bras Ciênc Esporte. 2006; 12(4): 221-8.

30. Alberton CL and LFM Kruel. Influência da imersão nas respostas cardiorrespiratórias em repouso. Rev Bras Med Esporte. 2009; 15(3): 228-32.

Imagem

Figura 1 –  Fluxograma dos estudos incluídos.
Figura 2 –  Diferenças entre as médias e intervalo de confiança de 95% (CI) do consumo de oxigênio máximo (ml.kg.min -1 ) para o exercício  aquático na posição vertical versus o grupo controle em idosos.

Referências

Documentos relacionados

Pássaro Anilha Criador Cidade Classif.. Pássaro Anilha Criador

Hoje, embora as situações possam ter melhorado em alguns dos bairros promotores da Assembleia dos Moradores, as políticas desenhadas e lançadas pelo Governo

Também se adotou a prática de piquetes nas duas propriedades com o objetivo de reduzir a ocorrência de carrapatos e casos da tristeza parasitária bovina, pois ambos trazem

 Descritor : Termo escolhido para representar um conceito no Tesauro e que será utilizado na indexação e na recuperação de determinado assunto.. Quando houver outros termos

...59 Figura 4-18 - Gráfico do volume perdido no desgaste abrasivo no equipamento pino sobre lixa em função da carga normal, do tamanho da partícula abrasiva e do material

(2017) o método de envelhecimento foi descrito para zircônias convencionais e translúcidas.. associados ou não ao envelhecimento in situ sob a resistência à mini flexão e

As principais lideranças do Partido Republicano Federal, como Gaspar Silveira Martins, Francisco da Silva Tavares, João Nunes Tavares (Joca Tavares), Gumercindo

O presente estudo investigou se há relação entre as boas práticas de governança e o desempenho econômico-financeiro nas companhias listadas nos níveis