• Nenhum resultado encontrado

O impacto do afecto e da criatividade no reconhecimento de oportunidades de negócio em potenciais empreendedores

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O impacto do afecto e da criatividade no reconhecimento de oportunidades de negócio em potenciais empreendedores"

Copied!
40
0
0

Texto

(1)

FACULDADE DE PSICOLOGIA

O IMPACTO DO AFECTO E DA CRIATIVIDADE NO

RECONHECIMENTO DE OPORTUNIDADES DE

NEGÓCIO EM POTENCIAIS EMPREENDEDORES

Andreia Alexandra Salgueiro de Oliveira Rosa

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das

Organizações)

(2)

FACULDADE DE PSICOLOGIA

O IMPACTO DO AFECTO E DA CRIATIVIDADE NO

RECONHECIMENTO DE OPORTUNIDADES DE

NEGÓCIO EM POTENCIAIS EMPREENDEDORES

Andreia Alexandra Salgueiro de Oliveira Rosa

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das

Organizações)

Dissertação orientada pelo Professor Doutor Luís Curral

(3)

“...Enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.” (Miguel Torga) E por fim alcancei... Este projecto de investigação representa o culminar de uma etapa académica que muito significa para a minha vida profissional e pessoal. Ao longo deste percurso, por vezes sinuoso, pude contar com o contributo de diversas pessoas. Cabe-me agora expressar o meu profundo apreço por elas e agradecer todo o tempo que me dedicaram, tornando a finalização deste percurso possível.

Em primeiro lugar, agradeço ao Professor Doutor Luís Curral, por me transmitir o seu conhecimento e por me inspirar com ideias arrojadas e desafiantes. Agradeço o tempo disponibilizado a ouvir as minhas dúvidas aparentemente intermináveis e a sua capacidade em encontrar sempre uma solução para os problemas. Agradeço em especial o facto de ter ouvido e respeitado as minhas opiniões e decisões, o que muito contribuiu para o desenvolvimento da minha autonomia enquanto profissional.

À Dra. Susana Correia Santos (Management Research Center - ISCTE, IUL), pela preciosa co-orientação, disponibilidade e ajuda incondicional. Pelas ideias, pelo rigor e pelos comentários enriquecedores que sempre teceu a este trabalho, um especial obrigado.

Aos professores da Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações pela exactidão e coerência científica a que sempre nos obrigam. Dirijo um especial agradecimento à Professora Doutora Filipa Castanheira, por muitas vezes ter de partilhar o seu gabinete de trabalho e à Professora Doutora Alexandra Marques Pinto por me ter ajudado a encontrar um caminho dentro da numerosa literatura sobre os afectos.

A todos os Professores que me possibilitaram a aplicação das medidas para este estudo em sala de aula e a todos os alunos que contribuíram com a sua participação.

A todos os meus amigos da Faculdade de Psicologia pelas horas bem dispostas que passamos juntos, pelo apoio, pela preocupação, pelos risos e pelas conversas no bar que tantas

(4)

considerar diferentes alternativas e abordagens aos problemas. Aos meus amigos de sempre por continuarem presentes e por me fazem sentir que o tempo não significa necessariamente distância (em especial à Andreia, por me ter proporcionado uma solução para o que parecia irresolúvel!).

Um emocionado agradecimento à minha família, em especial à minha mãe, à minha avó e à minha tia. À minha mãe, por me ter ensinado que a vida nem sempre é fácil e que a luta é o único caminho para o sucesso; a ela devo a minha força e resistência. À minha avó pela alegria genuína com que sempre festejou as vitórias ao longo do meu percurso académico. À minha tia por me ter possibilitado a ajuda que muitas vezes precisei e por nunca ter deixado que alguma coisa me faltasse.

À família Pratas por sempre me terem acolhido tão bem.

Por último, ao Frederico por ter sido um grande companheiro ao longo desta jornada. Pelo racionalismo e pelos comentários críticos, pelo amor e pela segurança com que sempre encontrei junto dele e, acima de tudo, por me ter ensinado a acreditar em mim e nas minhas competências. Sem ele teria sido tudo muito mais difícil.

(5)

Tabela de Conteúdos

Lista de Figuras ii Lista de Tabelas ii Resumo iii Abstract iv Introdução 2

Estatuto do Problema e Relevância da Investigação 2

Reconhecimento de Oportunidades de Negócio 3

Afecto 5 Criatividade 9 Método 12 Participantes 12 Procedimento 12 Material 12 Estímulos. 12 Medidas. 13 Resultados 15 Verificação da Manipulação 15 Estatística descritiva 15 Teste de Hipóteses 15 Discussão 18 Principais Descobertas 18

Limitações e Sugestões para Investigações Futuras 21

Contribuições 22

(6)

Lista de Figuras

1. Modelo e hipóteses testadas 11

2. Diagrama de resultados das hipóteses testadas 17

Lista de Tabelas

1. Médias, desvio-padrão e correlações 16

2. Regressão linear para efeitos de moderação para análise da

(7)

Resumo

O reconhecimento de oportunidades de negócio constitui uma fase importante do processo empreendedor. Contudo, pouco se sabe acerca da influência que variáveis de natureza afectiva e cognitiva exercem durante esta fase. O presente estudo pretende explorar o efeito do afecto e da criatividade no reconhecimento de oportunidades de negócio. Mais especificamente, pretende-se analisar o papel do afecto nos atributos/factores do reconhecimento de oportunidades e o papel da criatividade como moderadora desta relação. Esta análise é baseada no modelo do

reconhecimento de oportunidades de negócio como detecção de padrões (Baron & Ensely, 2006)

e do afecto como fonte de informação (Schwarz & Clore, 1988). Enquadrada na perspectiva tradicional, que considera que o afecto positivo promove o processamento de informação heurístico enquanto que o afecto negativo, pelo contrário, favorece um processamento de informação mais detalhado, previa-se que o afecto negativo influenciasse positivamente o reconhecimento de oportunidades. Para além disto, sendo a criatividade uma variável importante para o processo empreendedor, estimulando a criação de ideias de negócio novas e úteis, previa-se que esta intensificasprevia-se ou atenuasprevia-se o efeito do afecto no reconhecimento de oportunidades de negócio. Recorrendo a amostra de 120 estudantes universitários mediu-se a criatividade (Kirton, 1976), manipulou-se o afecto positivo e negativo através da histórias tristes vs. alegres (Kuvaas & Kaufmann, 2004) e verificou-se o seu efeito na importância atribuída aos factores/atributos de oportunidades de negócio mediante uma escala criada para o efeito. Finalmente, testou-se a significância das hipóteses propostas através do método de regressão linear. Os resultados não confirmam as hipóteses previstas. Contudo, verifica-se que o afecto positivo influencia positivamente o reconhecimento de oportunidades baseado na singularidade/novidade do produto, enquanto que a criatividade influencia o reconhecimento de oportunidades baseado quer na singularidade/novidade do produto quer na sua utilidade.

Palavras-chave: afecto, criatividade, empreendedorismo, reconhecimento de oportunidades de negócio.

(8)

Abstract

Business opportunity recognition is a crucial phase in entrepreneurial process. At present, we know relatively little about the influence of affective and cognitive variables on its occurrence. The present research addresses this issue by exploring the influence of affect and creativity on opportunity recognition. In particular, we analyze the role of affect in attributes or factors of opportunity recognition and the role of creativity as a moderator of this relationship. Our analysis is grounded in the model of opportunity recognition as detection of meaningful

patterns (Baron & Ensely, 2006), and affect-as-information (Schwarz & Clore, 1988).

Considering the traditional perspective, in which positive affect promotes heuristic processing and negative affect encourages a more systematic processing, we expected negative affect to positively influence opportunity recognition. Furthermore, because it has been assumed that creativity is an important factor that contributes to opportunity recognition by stimulating novel and useful ideas, in this work we propose that it can intensify or attenuate the influence of affect on opportunity recognition. Our experimental results were obtained using a sample of 120 university students. We began by measuring creativity (Kirton, 1976), then by inducing positive and negative affect through sad vs. happy stories (Kuvaas & Kaufmann, 2004), and by checking the effect of both variables on the factors/attributes of opportunity recognition (measured by a scale created for this purpose). Finally, we present the linear regression procedure that was performed to test the significance of the original hypothesis. Although the results obtained in this research do not provide support for the hypothesis originally proposed, they reveal that both positive affect and creativity are positively related to opportunity recognition. Namely, the former is associated with the product/service novelty, and the latter through both product novelty and its utility.

(9)

1

Introdução

Conteúdos

Estatuto do Problema e Relevância da Investigação 2

Reconhecimento de Oportunidades de Negócio 3

Afecto 5

Conceptualização do constructo e estrutura 5

Afecto e processamento de informação 6

Afecto e reconhecimento de oportunidades de negócio 7

Criatividade 8

Conceptualização do constructo 8

Estilo cognitivo 9

(10)

Introdução Estatuto do Problema e Relevância da Investigação

O ambiente no qual os empreendedores operam é altamente imprevisível (Lichtenstein, Dooley & Lumpkin, 2006). Por este motivo o processo de criação de uma nova actividade de negócio é rico em experiências afectivas, umas positivas e outras negativas. Tal como Schumpeter (citado por Goss, 2005) reconheceu, este processo de criação é inerentemente emocional (Goss, 2005), sendo que os empreendedores são geralmente caracterizados como indivíduos entusiastas e persistentes mesmo quando se deparam com adversidades (Cardon, Ziestma, Saparito, Matherne & Davis, 2005). Um conjunto de afectos positivos como o entusiasmo, a alegria ou a paixão têm sido considerados recursos emocionais que os empreendedores dispõem para lidar com os desafios inerentes ao início da actividade empreendedora (Cardon, Wincent, Singh, & Drnovsek, 2009). Para além disto, sendo o empreendedorismo um processo complexo, os indivíduos empreendedores recorrem a mecanismos cognitivos que permitem simplificar a sua realidade e, por este motivo, têm uma maior propensão a enviesamentos cognitivos e à utilização de heurísticas, sendo a influência dos estados afectivos disso exemplo (Baron, 1998). Deste modo, tem havido uma crescente preocupação em demonstrar a relação empírica entre a experiência afectiva e o processo empreendedor, em especial, desde a publicação do artigo teórico de Baron, em 2008.

As evidências da literatura têm apontado para o impacto dos afectos no comportamento, sendo esta relação explicada através de processos cognitivos que influenciam o modo como os indivíduos preferem agir (e.g. Schwartz & Clore, 1996). Uma vez que o afecto influencia aspectos importantes da cognição, e sendo o reconhecimento de oportunidades de negócio um processo fundamentalmente cognitivo, parece razoável sugerir que o afecto influencia esta fase do processo empreendedor (Baron, 2008). De acordo com Baron (2008), este efeito pode ser explicado por duas maneiras diferentes: (a) através da influência que o afecto pode ter na criatividade; e/ou (b) através efeito moderador dos afectos nos factores que influenciam o processo de reconhecimento de oportunidades, especificamente, na vigilância (em inglês,

(11)

Apesar do estudo de Foo, Uy e Baron (2009) ser um dos primeiros estudos publicados a demonstrar o efeito dos afectos no empreendedorismo, evidenciando a influência da afectividade no esforço dos empreendedores, existem ainda muitas questões por responder, revelando que esta é uma problemática de investigação que necessita de desenvolvimento.

Uma vez que o reconhecimento de oportunidades de negócio é a primeira fase do processo empreendedor (e.g., Baron & Shane, 2005), e por este motivo crucial para a emergência do processo, torna-se relevante a investigação empírica sobre este fenómeno. Neste sentido, o presente estudo pretende contribuir para a compreensão de dois aspectos relevantes (a) de que maneira os afectos, positivo e negativo, influenciam o processo empreendedor, mais concretamente, a fase do reconhecimento de oportunidades de negócio; e (b) de que maneira a criatividade (conceptualizada enquanto estilo cognitivo inovador) modera o impacto dos afectos no reconhecimento de oportunidades.

Apesar do empreendedorismo ser estudado em diversas áreas do conhecimento, desde a economia à psicologia (Baron & Shane, 2005), existem algumas limitações no que respeita à compreensão dos processos cognitivos subjacentes a este fenómeno. A relevância deste estudo reside no facto de possibilitar uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos nas fases iniciais do processo empreendedor, contribuindo para o desenvolvimento de um modelo teórico integrativo (Baron, 2007) que reconheça o impacto dos factores de nível individual, nomeadamente variáveis relacionadas com a cognição e o afecto dos empreendedores, no reconhecimento de oportunidades de negócio.

Reconhecimento de Oportunidades de Negócio

O empreendedorismo é definido como o processo pelo qual “as oportunidades para criar bens e serviços são descobertas, avaliadas e exploradas” (Shane & Venkatareman, 2000, p. 218). Neste sentido, o reconhecimento de oportunidades é um elemento essencial do comportamento empreendedor, sendo visto como o primeiro estádio do processo empreendedor (Baron & Shane, 2005). Compreender o processo de reconhecimento de oportunidades de negócio é importante porque as características dessa oportunidade influenciam o restante processo, particularmente, o valor esperado de cada negócio (Shane, 2005). Quanto à sua natureza e conceptualização, as oportunidades de negócio designam os bens, os serviços, os materiais e os métodos de

(12)

organização que podem ser introduzidos e gerar valor económico, i.e., que podem ser vendidos a um custo maior do que a sua produção (Shane & Venkatareman, 2000). Sendo as oportunidades de negócio definidas desta maneira, o reconhecimento de oportunidades de negócio define o(s) processo(s) cognitivo(s) através do qual(quais) os indivíduos percepcionam que reconheceram uma oportunidade de negócio (Baron, 2006).

Um aspecto importante do reconhecimento de oportunidades de negócio, e que tem motivado muitas investigações empíricas, é o facto de nem todas as pessoas reconhecerem oportunidades de negócio. Assim, como é que os empreendedores reconhecem oportunidades de negócio continua a ser uma das principais questões de investigação sobre o comportamento empreendedor (McMullen, Plummer, & Acs, 2007; Smith, Matthews, & Schenkel, 2009). Para responder a esta questão, diferentes propostas teóricas têm sido sugeridas.

Uma das primeiras explicações foi proposta por Shane (2000), que sugere que as oportunidades são reconhecidas através do conhecimento tácito que os indivíduos possuem. Contrariamente, Galio e Katz (2001) sugerem que as oportunidades são identificadas por indivíduos caracterizados por uma maior vigilância, os quais possuem esquemas mentais mais complexos que guiam o processamento de informação, permitindo-lhes apreender as mudanças no ambiente e reavaliar a situação do mercado. Mais recentemente, baseando-se na teoria do reconhecimento de padrões, Baron (2006) propôs que o reconhecimento de oportunidades envolve um processo cognitivo através do qual os indivíduos extraem ligações entre eventos não relacionados. Deste modo, Baron (2006) sugere que o reconhecimento de oportunidades de negócio envolve o reconhecimento de padrões. Para tal, os indivíduos recorrem a referências cognitivas (designadas por protótipos) que lhes permitem extrair relações e atribuir significado a eventos independentes. Aplicando esta premissa ao empreendedorismo significa que os empreendedores utilizam protótipos para criar ligações cognitivas entre as mudanças tecnológicas, demográficas, governamentais e mercantis, sendo que as ideias para novos produtos/serviços emergem a partir da percepção destes padrões (Baron, 2006).

Os protótipos designam referências mentais que designam representações ideais das características mais típicas de uma categoria (Baron, 2006). Assim, cada protótipo é composto por um conjunto de ideias básicas acerca daquilo que um objecto específico é; por exemplo, uma

(13)

casa tem janelas, quartos e telhado. Aplicando o conceito de protótipos ao reconhecimento de oportunidades de negócio considera-se que os empreendedores comparam ideias para novos produtos ou serviços com o seu protótipo de oportunidades, que é constituído por uma combinação de atributos tais como a originalidade, a novidade ou a utilidade prática. Quanto maior for a congruência entre esta comparação, maior é a probabilidade de os empreendedores concluírem que percepcionaram uma ideia para um novo produto/serviço que constitui uma boa oportunidade para iniciar um negócio (Baron, 2004). Assim, este processo perceptivo pode ser um dos motivos que explica o facto de nem todos os indivíduos reconhecerem oportunidades.

Para testar de reconhecimento de oportunidades de negócio explicado através da teoria de detecção de padrões, Baron e Ensley (2006) realizaram uma investigação exploratória qualitativa com o objectivo de identificar os elementos que constituem as dimensões básicas do protótipo de reconhecimento de oportunidades de negócio. Essencialmente, o objectivo consistia em explorar quais os padrões de estímulos que são reconhecidos pelos empreendedores como oportunidades (Baron, 2004). Os autores identificaram que o reconhecimento de oportunidades é composto por cinco factores ou atributos: (1) resolução de problemas dos clientes; (2) capacidade para gerar lucro; (3) risco moderado; (4) superioridade da oferta do produto/serviço; e (5) potencial para modificar a indústria.

Apesar de Baron e Ensley (2006) terem identificado os principais factores/atributos que caracterizam o protótipo de reconhecimento de oportunidades de negócio é importante esclarecer empiricamente a potencial influência de variáveis de nível individual neste processo, nomeadamente, o afecto e a criatividade.

Afecto

Conceptualização do construto e estrutura.

A terminologia utilizada para designar os construtos relacionados com o afecto variam de acordo com os investigadores. Em termos gerais, o afecto é um termo utilizado para referir diferentes categorias de sentimentos, como as emoções e os estados de espírito (Garcia-Marques, 2001). Por exemplo, Forgas e George (2001) abordam o afecto como um constructo de ordem superior, utilizado genericamente para referir: (a) o estado de espírito (em inglês, moodi),

(14)

definido como estado afectivo de baixa intensidade, mais difuso e prolongado no tempo sem um antecedente saliente e com pouco conteúdo cognitivo (e.g., sentir-me bem vs. sentir-me mal); e/ ou (b) emoções (em inglês, emotions), que designam um estado afectivo mais intenso, com uma causa definida e com conteúdos cognitivos claros. Em resumo, o que distingue o estado de espírito dos estado emocionais é o facto dos primeiros, contrariamente aos segundos, serem sentimentos subtis, de baixa intensidade, difusos e que, sendo omnipresentes, assumem valores num contínuo, variando em valência e intensidade com referência a acontecimentos de natureza interna (Garcia-Marques, 2001)

A investigação conduzida ao longo dos anos tem sugerido diferentes interpretações para a estrutura da experiência afectiva. Essencialmente, duas perspectivas têm dominado a literatura sobre o tema. Uma delas defende a bipolaridade da estrutura afectiva, segundo a qual o afecto positivo e negativo são pólos opostos da mesma dimensão (e.g., Russel, 1980), enquanto que a outra perspectiva argumenta a favor da bi-dimensionalidade do constructo, enfatizando a distintividade e independência dos afectos positivos e negativos (e.g., Watson & Tellegen, 1999). A investigação actual tem defendido como mais válida a conceptualização do afecto positivo e negativo como duas dimensões independentes, sendo três os motivos que lhe subjazem (Barrett & Russell, 1999). Primeiro, motivos teóricos. Segundo, motivos de ordem empírica, tendo sido observadas correlações muito baixas entre o afecto positivo e negativo. Por exemplo, George e Zhou (2007) demonstraram experimentalmente que o afecto positivo e negativo contribuem independentemente para a criatividade; também Larsen, McGraw e Cacioppo (2000) evidenciaram que os indivíduos podem sentir experiências de tristeza e felicidade ao mesmo tempo. Por último, motivos de ordem neurofisiológica, sendo os mecanismos neuronais dos afectos positivos independentes daqueles que suportam os afectos negativos (Cacioppo, Gardner & Bernston, 1997).

Nesta fase é importante clarificar a terminologia utilizada neste projecto de investigação. Assim sendo, o afecto é conceptualizado enquanto estado (por oposição ao afecto enquanto traço) e sem ter um alvo específico.

(15)

Afecto e processamento de informação.

A investigação empírica tem demonstrado a influência do afecto na estratégia de processamento de informação utilizada pelos indivíduos (Schwarz & Clore, 1996). Especificamente, o afecto positivo está associado à utilização de estratégias de processamento de informação baseado em heurísticas enquanto que o afecto negativo está associado a um processamento sistemático da informação (Bless, 2001). Apesar desta relação ser aceite na comunidade científica, parece existir pouca concordância relativamente aos mecanismos subjacentes à influência do afecto na cognição que ajudem a explicar esta relação.

Um dos mecanismos propostos na literatura assume que o afecto funciona como uma heurística através da qual se fazem inferências sobre pessoas, eventos ou estímulos. Este mecanismo foi formulado no modelo do afecto como fonte de informação (em inglês,

affect-as-information) proposto por Schwarz e Clore (1988). De um modo geral, de acordo com esta

perspectiva, o afecto fornece aos indivíduos informações sobre a situação actual. O afecto positivo sinaliza que o ambiente circundante é seguro e satisfatório e que não existe necessidade de ingressar num esforço cognitivo. Pelo contrário, o afecto negativo sinaliza uma situação problemática, de acordo com a qual é necessário entrar em acção.

Esta perspectiva atribui ao afecto uma importância funcional, de acordo com a qual o afecto desempenha uma função de orientação no modo como lidamos com o ambiente social (Garcia-Marques, 2001). Posto deste modo verificamos que a relação entre o afecto e a cognição tem um impacto no comportamento do indivíduo. Carver e Scheier (1999) sugerem que os afectos positivo e negativo têm um impacto diferente no comportamento, sendo que o afecto positivo não conduz necessariamente a um melhor desempenho. Assim, os afectos intervêm na direcção dos objectivos do sistema, sendo que o afecto negativo, ao assinalar uma discrepância face ao estado desejado, gera maior actividade no sistema, ao contrário do afecto positivo, que assinala a finalização do processo.

Afecto e reconhecimento de oportunidades.

Apesar de ter sido sugerido que o afecto desempenha um papel importante no empreendedorismo (Baron, 2008), poucas evidências deste efeito têm sido demonstradas até agora (Baron & Tang, no prelo; Foo, no prelo; Foo et al., 2009). Segundo Baron (2008) o afecto pode ter efeitos na actividade empreendedora, essencialmente, por duas razões. Primeiro, o

(16)

ambiente no qual os empreendedores operam é altamente imprevisível. A investigação na área tem demonstrado que é precisamente em ambientes caracterizados por elevados níveis de incerteza que o efeito do afecto na cognição e no comportamento são maiores (e.g., Forgas & Smith, 2007). Segundo, tem sido demonstrado que o afecto influencia diversas tarefas relacionadas com o lançamento de novos negócios, tais como a tomada de decisão e julgamento, a formação de relações de trabalho positivas, a persuasão e a capacidade de licitar elevados níveis de entusiasmo nos outros. Juntamente com o crescimento de evidências empíricas sobre a importância do afecto no processo empreendedor (e.g., Baron & Tang, no prelo), estas evidências sugerem a importância de investigações desenhadas para clarificar o potencial papel dos afectos nos aspectos-chave do empreendedorismo.

Sendo o reconhecimento de oportunidades de negócio considerado como um dos aspectos cruciais na criação de novos negócios (Baron, 2006; Shane, 2005) e, em parte, um processo cognitivo (Baron, 2006), parece razoável pressupor que os afectos influenciam este processo.

Para clarificar a natureza e a direcção da relação entre o afecto e o reconhecimento de oportunidades, recorreu-se ao modelo do afecto como fonte de informação (Schwarz & Clore, 1983). De acordo com esta perspectiva, o afecto negativo sinaliza um estado problemático, impulsionando os indivíduos a procurarem de modo sistemático estratégicas para resolver o problema. Assim, encoraja os indivíduos a uma análise detalhada e mais focalizada nos dados do que em esquemas pré-existentes (e.g., Schwarz & Bless, 1991). Aplicando esta premissa ao estudo do empreendedorismo podemos prever que o afecto negativo sinaliza o indivíduo que existe uma diferença no progresso da tarefa de reconhecimento de oportunidades e que é necessário analisar mais detalhadamente a informação proveniente do meio. Pelo contrário, o afecto positivo sinaliza o ambiente como não problemático, pelo que os indivíduos não necessitam de exercer um maior esforço na tarefa imediata. Assim, promove um processamento de informação menos sistemático, com recursos a esquemas e heurísticas (e.g., Schwarz & Bless, 1991). Com base nestes argumentos, propõe-se a seguinte hipótese:

H1: O afecto negativo influencia positivamente o reconhecimento de oportunidades de negócio, enquanto que o afecto positivo influencia negativamente o reconhecimento de oportunidades de negócio.

(17)

Criatividade

Conceptualização do constructo.

A criatividade é um constructo multifacetado, complexo e abrangente. Pretendendo capturar a complexidade deste fenómeno, Hannessey e Amabile (2010) propõem uma representação esquemática composta por vários círculos concêntricos onde, na camada mais interna, estão as bases neurológicas da criatividade e, nas camadas mais externas, a cultura na qual o indivíduo está inserido. Esta representação ajuda a explicar a proliferação de investigações e modelos explicativos sobre o constructo. De facto, as metodologias e as métricas utilizadas para estudar a criatividade dependem largamente dos círculos concêntricos que estão a ser investigados.

Quanto à sua própria definição, a criatividade pode ser descrita simultaneamente enquanto resultado e processo (Shalley & Zhou, 2008). Enquanto processo a criatividade envolve a continua resolução de problemas e a implementação de novas soluções. Neste sentido, é um processo iterativo que envolve a reflexão, a procura de feedback, a experimentação e a discussão de novas formas de acção. Enquanto resultado, a criatividade pode ser definida em termos da fluência (o número de ideias geradas), da flexibilidade (o número de categorias de ideias referenciadas) e da originalidade (a produção de ideias únicas). Tal como conceptualizado por Amabile (1983) na sua teoria compósita da criatividade, o processo criativo (designado nas primeiras formulações teóricas como competências criativas) inclui o estilo cognitivo e as características de personalidade que conduzem à independência, à tomada de risco e a novas perspectivas de resolução dos problemas.

Estilo cognitivo.

O estilo cognitivo tem sido definido como a preferência e a abordagem habitual dos indivíduos à organização, representação e processamento de informação (Streufert & Nogami, 1989, cit. por Brigham & Castro, 2003); refere-se ao modo como as pessoas abordam o problema e as suas soluções, bem como à sua capacidade para conjugar ideias em novas combinações (Kirton, 1989). Segundo Kirton (1976), esta orientação natural ou a preferência individual por determinadas formas de resolução dos problemas pode ser conceptualizada num contínuo desde a

adaptação à inovação. Alguém com um estilo cognitivo adaptador tem tendência para utilizar os

(18)

a geração de ideias é consistente com as normas. Pelo contrário, um indivíduo com um estilo cognitivo inovador procura e integra informação diversa, redefine os problemas apresentados, gera ideias que se afastam da norma. Assim, para a produção criativa é necessário que o indivíduo tenha um estilo cognitivo orientado para ir mais além dos esquemas mentais existentes, orientação essa consistente com a definição de estilo cognitivo inovador de Kirton (1976) e com o processo criativo (ou competências criativas) ilustrado por Amabile (1983).

Alguns trabalhos empíricos têm demonstrado que indivíduos com um estilo cognitivo inovador têm níveis de criatividade mais elevados do que aqueles com um estilo cognitivo adaptador (e.g., Muñoz-Doyague, González-Álvarez & Nieto, 2008; Taggar, 2002;Tierney, Farmer & Graen,1999). A explicação para estes resultados pode estar na crítica formulada por Kaufmann (2004). Segundo este autor, enquanto que a resolução inovadora de problemas requer por definição alguns comportamentos criativos, a resolução adaptativa de problemas não tem de integrar este aspecto, podendo ser vista enquanto comportamento eficiente.

No âmbito da actividade empreendedora, o estilo cognitivo é especialmente relevante para diferenciar os empreendedores nesta dimensão psicológica, contribuindo para uma melhor compreensão dos factores cognitivos no processo empreendedor. Nesta tentativa, Brigham e Castro (2003) demonstraram que o estilo cognitivo dos empreendedores e a estrutura organizacional do seu negócio interagem na explicação do comportamento empreendedor. Especificamente, evidenciaram que empreendedores cujo estilo cognitivo é desajustado face ao contexto organizacional tendem a experienciar maiores níveis de burnout, menor satisfação e elevada tendência de abandono. Assim, parece ser importante existir congruência entre o estilo cognitivo do indivíduo e o contexto.

Criatividade e reconhecimento de oportunidades.

O empreendedorismo começa com o reconhecimento de bens e serviços que podem gerar valor económico (Shane &Venkatareman, 2000). Partindo do princípio que as preferências dos consumidores e as mudanças tecnológicas estão associadas a algum grau de imprevisibilidade, os indivíduos empreendedores devem pensar criativamente de modo a criar produtos novos e diferentes que despertem a atenção dos consumidores (Shane, 2005). Na sua essência, os empreendedores exploram as suas cognições sobre a melhor maneira de fazer as coisas.

(19)

Afecto Negativo + Reconhecimento de Oportunidades de Negócio Gerar Lucro + Superioridade Resolução de Problemas Mudar a Indústria Risco Gerível Criatividade H1 H2

Ward (2004) foi um dos autores a reconhecer a importância que a cognição criativa tem no empreendedorismo. Segundo o autor, a originalidade da ideia é determinada pela aplicação de operações mentais básicas às estruturas de conhecimento existentes. Assim, o processo de reconhecimento de novas oportunidades requer criatividade suficiente para combinar os recursos e criar novos significados para os produtos/serviços. Para além da importância da criatividade no reconhecimento de oportunidades, a criatividade dos empreendedores está positivamente relacionada com a inovação nos novos negócios (Baron & Tang, 2009). Neste sentido, a criatividade funciona como um recurso fundamental para a competitividade organizacional.

Outra variável que está positivamente relacionada com a criatividade são os afectos. Apesar de existirem estudos que demonstram que o afecto negativo pode aumentar a criatividade em determinadas circunstâncias (George & Zhou, 2002), a literatura empírica tem sido unânime em demonstrar a influência do afecto positivo na criatividade. Assim, as investigações experimentais têm evidenciado que os participantes que experimentam afecto positivo fazem associações invulgares de estímulos (Isen, Daubman & Nowicki, 1987) e têm um melhor desempenho em tarefas de resolução criativa de problemas (Vosburg, 1988). Pressupondo, com base na literatura anterior, que o afecto positivo pode penalizar o reconhecimento de oportunidades de negócio, a criatividade (especificamente, o estilo cognitivo inovador) pode, contudo, atenuar o impacto desta influência. Analogamente, com base no argumento de que o afecto negativo pode favorecer o reconhecimento de oportunidades de negócio, é possível que este efeito possa ser reforçado pela criatividade dos indivíduos Assim, prevê-se que

H2: A criatividade actua como um moderador da relação entre o afecto e o reconhecimento de oportunidades de negócio.

(20)

2

Método

Conteúdos Participantes 12 Procedimento 12 Material 12 Estímulos 12 Manipulação do afecto 12

Contexto de reconhecimento de oportunidades de negócio 13

Medidas 8

Afectividade 13

Criatividade 13

(21)

Método Participantes

Os participantes foram 120 estudantes da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (102 mulheres e 18 homens, média de idades de 23.30) do 1º e 2º ano do 2º ciclo do Mestrado Integrado em Psicologia (MIP). A amostra foi recolhida voluntariamente, mediante o pedido que o investigador fez a vários professores das diferentes Secções e Núcleos do MIP.

Procedimento

Os participantes foram testados individualmente numa única ocasião. No início da experiência, todos os participantes responderam à escala de Criatividade. De seguida, foi-lhes solicitado que lessem uma história, desenhada para manipular o afecto, e que avaliassem, numa escala de 5 pontos, o grau com que sentiam determinado afecto. Os participantes da condição “afecto positivo” liam uma história que os induzia a experienciarem esse afecto, enquanto que os participantes da condição “afecto negativo” liam uma história congruente com esse afecto. Posteriormente, foi pedido aos participantes para ler o cenário de negócio e listar as oportunidades de negócio reconhecidas, suscitadas pelas pistas do contexto fornecido pela história. Seguidamente, foi-lhes pedido para avaliarem, numa escala de 7 pontos, os aspectos que mais contribuíram para identificar a oportunidade de negócio.

Material

Estímulos.

Manipulação do afecto.

O afecto foi manipulado colocando os participantes a ler uma história com valência quer positiva quer negativa, adaptada de Kuvaas e Kaufmann (2004). A história que manipula o afecto positivo descreve um estudante que foi aceite na faculdade de medicina, enquanto que a história negativa descreve um outro estudante que se depara com um diagnóstico de leucemia. Mitall e Ross (1998) também utilizaram este método de indução do estado afectivo, num contexto de simulação de tomada de decisão, afirmando que este método se assemelha ao tipo de situações que se podem encontrar em contexto real.

(22)

Contexto de Reconhecimento de Oportunidades.

Os participantes foram submetidos a um contexto de reconhecimento de oportunidades de negócio através de cenários de negócio que se tentaram aproximar o mais possível do contexto real com o qual empreendedores reconhecidos já se depararam e no qual reconheceram oportunidades.

Um dos cenários foi inspirado na criação de franchising de ginásios e health-club. O outro cenário foi inspirado na história da fundação da Baby Einstein Company que desenvolve produtos para bebés (e.g., DVD’s) que incorporam estímulos como a música clássica ou a poesia.

Medidas.

Afectividade.

Depois de ler a história utilizada para manipular o afecto os participantes avaliaram como é se sentiam, numa escala de diferencial semântico de 5 pontos com três itens (alegre-deprimido; desanimado-animado; entusiasmado-angustiado), sendo que os valores acima do ponto médio da escala (3) correspondem ao afecto positivo enquanto que os valores abaixo correspondem ao afecto negativo. Os itens desta escala foram retirados do inventário de afectividade positiva e negativa criado por Moreira (2002). No presente estudo, a escala apresentou um alfa de Cronbach de 0.91.

Criatividade.

A criatividade foi medida com 7 itens da escala de Originalidade presente no Inventário de Adaptação-Inovação de Kirton (KAI) (1976). Esta escala avalia a preferência que o indivíduo tem por gerar novas ideias, únicas e diferentes em resposta a um problema (e.g., “Tem perspectivas novas sobre problemas antigo” ou “Frequentemente arrisca fazer coisas diferentes”). Cada item pode ser avaliado numa escala de 5 pontos (1= muito difícil e 5= muito

fácil). Esta escala foi traduzida para português por Milhano (2005), apresentando nesse estudo

uma consistência interna de 0.60 (Milhano, 2005). No presente estudo a escala apresentou um alfa de Cronbach de 0.81 após remoção dos itens 2, 3, 5, 7, 11 e 13 pelo facto de estes apresentarem um peso factorial abaixo de .50 (Maroco, 2007).

(23)

Reconhecimento de Oportunidades de Negócio.

Para medir o reconhecimento de oportunidades foi criado uma escala com base nos factores identificados por Baron e Ensley (2006). A medida é composta por 18 itens que avaliam quais os factores mais importantes para as oportunidades de negócio reconhecidas (e.g., “Gerar muito dinheiro” ou “Ser capaz de responder às exigências de longo-prazo dos consumidores”). Cada item é avaliado numa escala de 7 pontos (1= nenhuma importância e 7= máxima

importância). Depois de sujeitos a análise factorial foi revelado a presença de cinco factores, à

semelhança daqueles encontrados por Baron e Ensley (2006): (1) resolução de problemas, que apresentou um alfa de Cronbach de .60; (2) lucro, que apresentou uma consistência interna de .88; (3) risco, que revelou um alfa de Cronbach de .67; (4) superioridade do produto, com um alfa de .87; e (5) mudar a indústria, que apresentou um alfa de .93.

(24)

3

Resultados

Conteúdos Verificação da Manipulação 15 Estatística Descritiva 15 Teste de Hipóteses 15

(25)

Resultados Verificação da Manipulação

Para verificar se as histórias utilizadas foram bem sucedidas na indução do estado afectivo desejado realizou-se um teste t entre os grupos que leram histórias diferentes. A média do afecto foi significativamente diferente entre as duas histórias (t =10.91, p < .001), com o grupo que leu a história triste a expressar afecto negativo de 2.33 e o grupo que leu a história feliz a manifestar uma média de afecto positivo igual a 3.90. Uma vez que as diferenças entre os grupos são significativas é possível concluir que as histórias triste vs. feliz foram bem sucedidas na indução do afecto, logo verifica-se que a manipulação das condições foi bem sucedida.

Estatística descritiva

Na tabela 1 é apresentada a estatística descritiva (médias, desvios-padrão e correlações de Pearson) das variáveis consideradas.

As correlações mostram que o afecto se correlaciona positiva e significativamente com o factor “capacidade para mudar a indústria” (r = .15, p < 0.05) do reconhecimento de oportunidades de negócio. Verifica-se igualmente que a criatividade está positiva e significativamente relacionada com o factor “capacidade para gerar lucro” (r = .23, p < 0.05), “superioridade do produto/serviço” (r = .37, p < 0.01) e “capacidade para mudar a indústria” (r = .32, p < 0.01) do reconhecimento de oportunidades. Os resultados mostram também que o afecto e a criatividade não estão significativamente relacionadas (r = .09, n.s.).

Teste de Hipóteses

Para testar as hipóteses do presente estudo foram realizadas análises de regressões separadas para cada factor do reconhecimento de oportunidades de negócio. Os resultados da estimação do efeito principal do afecto e do efeito moderador da criatividade são apresentados na tabela 2.

(26)

Tabela 1. Médias, desvio-padrão e correlações. Variáveis M SD 1 2 3 4 5 6 1.Afectivi-dade 3,11 1,10 2.Criativi-dade 3,45 0,60 0,09 3.Resolução de Proble-mas 5,78 0,79 0,02 0,16 4.Lucro 4,99 1,33 0,15 0.23* 0.24** 5.Risco 4,15 1,33 0,06 0,09 0.24** 0.33** 6.Superiori-dade 5,80 1,08 0,07 .41** 0.32** 0.24** 0.38** 7.Indústria 4,77 1,65 .15* .32** 0.28** 0.52** 0.19* 0.43** *p < 0.05. **p < 0.01.

A hipótese 1 considera que o afecto negativo influencia positivamente o reconhecimento de oportunidades de negócio. Como se pode observar na Tabela 2, existe uma influência significativa do afecto apenas no factor “capacidade de mudar a indústria” (β = .17, p < .05) do reconhecimento de oportunidades de negócio. Mais ainda, verificamos que o coeficiente de regressão é positivo, o que significa que o afecto positivo está positivamente associado com mais reconhecimento de oportunidades de negócio baseadas na capacidade que o produto tem de mudar a indústria, enquanto que o afecto negativo está positivamente associado com menos reconhecimento de oportunidades baseados nesse factor. Face a estes resultados pode-se concluir que H1 foi rejeitada.

Tabela 2. Regressão linear para efeitos de moderação para análise da influência do afecto e da criatividade nos cinco factores do RON (N = 120)

Variáveis

Resolução ProblemasResolução

Problemas LucroLucro RiscoRisco SuperioridadeSuperioridade IndústriaIndústria Variáveis Β β Β β Β β Β β Β β Passo 1 Afectividade -.003 -.004 0,15 0,11 0.12 .09 0.05 .05 0.29 .17** Criatividade 0.13 .16* 0.29 .22*** 0.12 .09 0.44 .41**** 0.51 .31**** Passo 2 Afec x Criat 0.003 .003 0.07 .05 0.19 .14 0.07 .06 -0.15 -.09 R2 0.260.26 0.060.06 0.020.02 0.160.16 0.140.14 ΔR2 0.000.00 0.0030.003 0.020.02 0.0040.004 0.000.00 ΔF 0.0010.001 0,350,35 2.352.35 0.550.55 0.060.06 *p < .10. **p < .05. ***p < .01. ****p < .001.

(27)

Afecto Positivo .17 Reconhecimento de Oportunidades de Negócio Gerar Lucro n.s. Superioridade Resolução de Problemas Mudar a Indústria Risco Gerível Criatividade .16 .22 .31 .41 .17

A hipótese 2 propõe que a criatividade actua como uma variável moderadora da relação afecto-reconhecimento de oportunidades de negócio. Para testar os efeitos de moderação recorreu-se à proposta metodológica de Baron e Kenny (1986). No primeiro passo entraram na equação a variável independente (afecto) e a moderadora (criatividade) e no passo seguinte foi introduzido a interacção entre a variável dependente e a moderadora.

De acordo com Baron & Kenny (1986) é desejável que as duas variáveis não se correlacionem entre si. De acordo com a estatística descritiva efectuada é possível verificar-se que não existe uma correlação significativa entre o afecto e a criatividade (r = .09, n.s.), assegurando o requisito da não correlação entre as variáveis. Contudo, os resultados mostram que não existe uma interacção significativa entre o afecto e a criatividade em nenhum dos factores do reconhecimento de oportunidades de negócio, o que significa que a criatividade não é uma variável moderadora da relação afecto-reconhecimento de oportunidades. Deste modo, a hipótese H2 não foi corroborada pelos dados. Pode-se então concluir que a relação entre o afecto e o reconhecimento de oportunidades de negócio não é moderado pela criatividade do indivíduo.

Apesar de não ter sido corroborado o papel moderador da criatividade na relação afecto-reconhecimento, os resultados sugerem o efeito principal da criatividade na variável critério. Tal como é possível verificar na tabela 2 existe uma influência positiva e significativa da criatividade no factor resolução de problemas (β = .16, p < 0.10), lucro (β = .22, p < .01), superioridade do produto (β = .41, p < .001) e indústria (β = .31, p < .05) do reconhecimento de oportunidades de negócio.

(28)

4

Discussão

Conteúdos

Principais Descobertas 18

Limitações e Sugestões para Investigações Futuras 21

Contribuições 22

(29)

Discussão Principais Descobertas

O presente estudo pretendeu investigar o efeito principal do afecto no reconhecimento de oportunidades de negócio bem como o papel moderador da criatividade na relação entre o afecto e o reconhecimento de oportunidades de negócio, de acordo com a visão tradicional que afirma que o afecto positivo exerce uma influência disruptiva na cognição humana.

De um modo geral, a hipótese que considera a influência do afecto negativo no reconhecimento de oportunidades de negócio (H1) e a hipótese que prevê o papel moderador da criatividade na relação afecto-reconhecimento (H2) não encontraram suporte empírico.

Verificou-se que o estado afectivo dos participantes tem um impacto positivo no reconhecimento de oportunidades de negócio baseado na capacidade de mudar a indústria. Contudo, ao contrário do previsto, é o afecto positivo que tem um impacto significativo na relação afecto-reconhecimento de oportunidades.

O reconhecimento de oportunidades atribuído a ideias de negócio baseadas na capacidade de mudar a indústria diz respeito à novidade, singularidade e distinção do produto no mercado (Baron & Enseley, 2006). A investigação no domínio da cognição empreendedora mostrou que o protótipo de oportunidade dos empreendedores é constituído por uma combinação de atributos tais como a originalidade e novidade do produto (Baron & Enseley, 2006). Tal significa que, quando os empreendedores comparam as ideias para novos produtos/serviços com o protótipo de oportunidades existente na sua mente, quando maior for esta congruência, maior é a probabilidade de os empreendedores concluírem que percepcionaram uma oportunidade de negócio (Baron, 2004).

Os resultados evidenciam que os indivíduos com afecto positivo focam os seus esforços de identificação de oportunidades em atributos relacionados com a novidade e singularidade do produto. Uma possível explicação para estes resultados pode ser obtida através do efeito motivacional dos afectos, tal como o postulado pela teoria do afecto-como-input (em inglês,

mood-as-input, Martin, Ward, Achee, & Wyer Jr., 1993).

A maioria da literatura sobre o afecto tem enfatizado os seus efeitos no estilo de processamento da informação. Assim, parece ser unânime considerar que o afecto positivo está

(30)

associado à utilização de estratégias de processamento de informação baseado em heurísticas, enquanto que o afecto negativo está associado a um processamento sistemático da informação (Bless, 2001). Esta diferença parece ser devido ao facto do afecto positivo trazer mais informação à mente dos indivíduos, difundindo a atenção, promovendo a criação de categorias mais amplas ou permitindo uma maior flexibilidade cognitiva (Martin et al., 1993), por oposição ao afecto negativo. É interessante reparar que o afecto desempenha um papel paradoxal na cognição humana, sendo uma mescla de potenciais custos e benefícios. Assim, se por um lado o afecto positivo aumenta a probabilidade de os indivíduos adoptarem um estilo de processamento baseado em heurísticas por outro promove a flexibilidade cognitiva, permitindo aos indivíduos uma maior disponibilidade para fazer associações entre ideias e ver mais relações entre estímulos (e.g., Isen, Daubman & Nowicki, 1987).

Tendo como base este argumento parece plausível considerar que, no presente estudo, o afecto positivo tenha contribuído para percepcionar conexões entre os eventos disponibilizados pelos cenários de negócio, expandindo a categoria de resposta do sujeito, o que permitiu gerar ideias de negócio mais inovadoras. No momento em que os indivíduos comparam essa ideia de negócio singular e única com o seu protótipo de oportunidades de negócio baseadas na criatividade do produto pode ter existido uma correspondência, possibilitando aos indivíduos concluir que reconheceram uma oportunidade de negócio baseada na singularidade e novidade do produto/serviço. Neste caso, o papel do afecto positivo pode ter contribuído quer para alargar a categoria de resposta do sujeito quer para os informar sobre a qualidade do seu julgamento acerca da novidade do produto. Esta explicação é congruente com a teoria do afecto como input, proposta por Martin e colaboradores (1993), segundo a qual um determinado estado afectivo não é condição sine qua non para os indivíduos ingressarem num determinado estilo de processamento; o mais importante parece ser a interpretação que os indivíduos fazem acerca desse estado afectivo num determinado contexto.

Explicando mais detalhadamente: o contexto apelava para a capacidade dos indivíduos reconhecerem oportunidades de negócio. Sabe-se que o protótipo de oportunidade de negócio integra características relacionadas com a inovação do produto. Paralelamente, o afecto positivo promove a geração de ideias mais inovadoras levando, portanto, os indivíduos a criarem uma

(31)

ideia potencialmente única e inovadora. Essa ideia foi posteriormente comparada com o protótipo de reconhecimento de oportunidades de negócio, sendo que os indivíduos avaliaram a congruência relativa à característica “inovação” entre a ideia e o protótipo. O afecto positivo alarga a categoria favorecendo o julgamento de inovação acerca do produto permitindo assim considerar que uma oportunidade de negócio foi reconhecida baseada na conclusão de ser um produto inovador. Deste modo, o afecto positivo pode ter servido como input para o indivíduo avaliar e tomar uma decisão. Assim, tal como afirma Martin, Shelton e Shrira (2002), o afecto transporta diferentes implicações motivacionais de acordo com o contexto, possivelmente porque os indivíduos utilizam os seus afectos para determinar a extensão relativamente à qual o alvo preenche os standards definidos.

O resultados deste estudo mostram que a criatividade não afecta a relação entre o afecto e o reconhecimento de oportunidades de negócio. Assim, ao que parece a criatividade do indivíduo tem um efeito aditivo no reconhecimento de oportunidades, predizendo os factores resolução de problemas, capacidade de gerar lucro, superioridade do produto e capacidade de mudar a indústria. Estes resultados podem ser explicados e discutidos à luz do próprio conceito de criatividade.

A criatividade é geralmente descrita com termos do seu componente de ideação que reflecte a produção (fluência), a originalidade (originalidade) e a variedade de ideias (flexibilidade) (Amabile, 1983). Ser capaz de criar ideias novas sobre produtos ou serviços é o ponto de partida para uma actividade empreendedora bem sucedida (Wong & Cheung, 2005). Assim sendo, as características da criatividade relacionadas com a ideação são passíveis de explicar o motivo pelo qual a criatividade se relaciona com os factores do reconhecimento de oportunidades de negócio relacionados com a novidade do produto.

Contudo, se tal como afirma Baron (2000), o empreendedor de sucesso é aquele que identifica oportunidades e começa uma nova actividade de negócio para desenvolve-la então ter ideias novas e originais per se não é suficiente para se traduzir numa nova actividade de negócio capaz de ser bem aceite no mercado. A investigação empírica tem corroborado esta posição e estudos anteriores indicam que a invenção mental, ou seja, gerar ideias com pouca referência ao mundo exterior, é um factor associado ao fracasso dos novos produtos (Wong & Cheung, 2005).

(32)

Tal como sugere Amabile (1997) para estabelecer um novo negócio é necessário a geração e implementação de ideias novas e apropriadas. Deste modo, a utilidade das ideias de negócio é outra das características que determinam o sucesso da actividade empreendedora. A par disto, outra das características que definem a criatividade é a adequação/utilidade das ideias.

A investigação na área do reconhecimento de oportunidades revela que o protótipo dos empreendedores, para além dos atributos relacionados com a inovação do produto, é composto por características relacionadas com o sucesso do negócio, tais como a capacidade de resolver problemas dos consumidores ou a capacidade de gerar de lucro. Assim, isto significa que o protótipo de oportunidades de negócio dos empreendedores é composto por atributos relacionados com a utilidade das ideias de negócio. Por este motivo, a capacidade criativa do indivíduo, como resultado do seu estilo cognitivo inovador, ajuda-o não apenas a imaginar produtos que ainda não existam mas também a identificar novas soluções para o mercado e para as necessidades dos clientes (Baron & Enseley, 2006). Deste modo, a preferência por criar ideias novas e úteis é compatível com o protótipo de oportunidades, o que significa que o indivíduo empreendedor vai combinar o seu estilo criativo para gerar ideias criativas e percepcioná-las como oportunidades de negócio. Assim, esta é uma explicação para o facto da criatividade se relacionar com o reconhecimento de oportunidades de negócio baseadas na resolução de problemas dos clientes e na capacidade de gerar lucro.

Sumariando, os resultados encontrados no presente estudo indicam que o afecto por si só é capaz de estimular a criação de ideias de negócio únicas e, por este motivo, pode-se concluir que o afecto positivo influencia o reconhecimento de oportunidades de negócio focalizadas nas características inovadoras da ideia para o novo produto. Contudo, para o reconhecimento de oportunidades de negócio baseadas em atributos como a utilidade das ideias de negócio o afecto positivo não é suficiente, necessitando da intervenção da criatividade.

Limitações e Sugestões para Investigações Futuras

Uma das potenciais limitações desta investigação remete para o estudo do efeito de interacção entre uma variável de natureza mais estável (a criatividade conceptualizada enquanto estilo cognitivo) e uma outra variável tratada enquanto estado (afecto). Assim, em estudos futuros seria interessante utilizar outra medida para a criatividade através de, por exemplo, uma

(33)

tarefa de pensamento divergente que permitisse avaliar a fluência, originalidade e a flexibilidade das ideias, i.e., que avaliassem o resultado da criatividade e não a preferência por gerar ideias criativas. Outra das limitações refere-se à utilização de uma amostra de estudantes o que pode limitar a generalização das conclusões retiradas acercas dos resultados. Assim, seria interessante que estudos futuros replicassem o estudo numa amostra de empreendedores experientes.

Contribuições

Numa perspectiva mais global este trabalho permite trazer para o centro da investigação no domínio do empreendedorismo as variáveis relacionadas com o empreendedor, neste caso, o afecto e a criatividade. Tal como afirma Baron (2007), apesar de existirem factores sociais, tecnológicos e de mercado que influenciam o processo empreendedor, o indivíduo empreendedor desempenha um papel importante; em último caso, o empreendedorismo resulta de um conjunto de acções desencadeadas por um indivíduo (Shane & Venkataraman, 2000). Por este motivo, estudar os processos cognitivos, emocionais e motivacionais torna-se importante para compreender o próprio processo empreendedor. Assim sendo, com este trabalho torna-se possível perceber como é que factores cognitivos como a criatividade e factores não-cognitivos como o afecto interferem no processo empreendedor, avançando na investigação relativa ao reconhecimento de oportunidades de negócio.

Apesar de apresentar algumas limitações o presente estudo oferece um conjunto de contribuições para o estudo do empreendedorismo em geral e para o reconhecimento de oportunidades de negócio em particular.

Primeiro, ajuda a clarificar o papel do afecto no reconhecimento de oportunidades de negócio. Apesar sido sugerido que o afecto desempenha um papel importante no empreendedorismo (Baron, 2008), poucas evidências deste efeito têm sido demonstradas até agora (Baron & Tang, no prelo; Foo, no prelo; Foo et al., 2009). A originalidade da investigação ao nível afecto reside essencialmente em dois aspectos: (1) examina simultaneamente o papel do afecto positivo e negativo no reconhecimento de oportunidades de negócio, ao contrário de outros que apenas estudam um deles (e.g., Baron & Tang, no prelo); (2) manipula o estado afectivo positivo e negativo, permitindo uma inferência directa dos seus efeitos em vez de confiar na recordação da média de afectos positivos e negativos sentido pelos participantes.

(34)

Numa perspectiva mais generalista, este estudo contribuiu para evidenciar os benefícios do afecto positivo na cognição humana. Apesar de ser frequentemente considerado como uma fonte de erro que interfere negativamente nos processos cognitivos, tais como o processamento de informação e a tomada de decisão, este estudo permitiu demonstrar o potencial do afecto positivo no reconhecimento de ideias de negócio baseadas na originalidade e inovação do produto. Assim, os resultados do estudo permitem concluir que o afecto positivo é capaz de promover a capacidade de percepção da originalidade das ideias de negócio, necessárias ao desenvolvimento da actividade empreendedora.

Segundo, contribui para demonstrar empiricamente o efeito da criatividade no reconhecimento de oportunidades de negócio, sugerida anteriormente como uma variável importante no processo empreendedor (e.g., Ward, 2004). Mais especificamente, os resultados do estudo permitem concluir que a criatividade é uma variável importante para o reconhecimento de ideias de negócio relacionadas não só com a originalidade do produto mas, ainda mais importante para o sucesso do processo empreendedor, com a sua utilidade no mercado.

Implicações Práticas

Os resultados deste estudo permitem inferir algumas consequências práticas para o desenvolvimento de potenciais empreendedores. Em primeiro lugar emerge a necessidade de potenciar a criatividade. Especificamente, podem ser promovidas estratégias para aumentar a fluência, a flexibilidade e a originalidade do pensamento tais como o brainstorming, pensamento lateral, exercícios de pensamento divergente e de raciocínio analógico (Pluncker & Runco, 1999), seja individualmente seja em grupo. Para além deste componente ideativo, a geração de ideias úteis pode ser promovida através de um processo de incubação, durante o qual os indivíduos têm oportunidade de reflectir sobre as ideias geradas e seleccionar aquelas mais apropriadas, ou ainda através da exposição dessas ideias a especialistas numa determinada área de negócio (Paulus, 2008). Em segundo lugar, não pretendendo negligenciar toda a literatura acerca dos custos do afecto positivo no processamento da informação, considera-se que promover o afecto positivo aquando da geração de ideias novas e criativas pode ser uma estratégica útil para os futuros empreendedores que estejam a tentar percepcionar no meio oportunidades de negócio.

(35)

5

(36)

Referências

Amabile, T. (1983). The social psychology of creativity: A componential conceptualization. Journal of Personality and Social Psychology, 45, 357-376.

Amabile, T. (1997). Entrepreneurial creativity through motivational synergy. Journal of Creative

Behavior, 31, 18-26.

Amabile, T., & Mueller, J. (2008). Studying creativity, its processes, and its antecedents: An exploration of the componential theory of creativity. In2 J. Zhou, & C. Shalley (Eds.),

Handbook of organizational creativity (pp. 33- 64). NY: Erlbaum.

Baron, R. (1998). Cognitive mechanisms in entrepreneurship: Why and when entrepreneurs think differently than other people. Journal of Business Venturing, 13, 275-294.

Baron, R. (2004). The cognitive perspective: A valuable tool for answering entrepreneurship’s basic “why” questions. Journal of Business Venturing, 19, 221-239.

Baron, R. (2006). Opportunity recognition as pattern recognition: How entrepreneurs “connect the dots” to identify new business opportunities”. Academy of Management Perspectives,

20, 104-118.

Baron, R. (2007). Entrepreneurship: A process perspective. In J. Baum, M., Frese, & R. Baron (Eds.), The psychology of entrepreneurship (pp. 19-39). Mahwah, NJ: Erlbaum.

Baron, R. (2008). The role of affect in the entrepreneurial process. Academy of Management

Review, 33, 328-340.

Baron, R., & Ensley, M. (2006). Opportunity recognition as the detection of meaningful patterns: Evidence from comparisons of novice and experienced entrepreneurs. Management

Science, 52, 1331-1344.

Baron, R. & Kenny, D. (1986). The moderador-mediator variable distinction in social psychological research: Conceptual, strategic, and statistical consideration. Journal of

Personality and Social Psychology, 51, 1173-1182.

Baron, R., & Shane, S. (2005). Entrepreneurship: A process perspective. Canada: Thomson South-Western.

Baron, R., & Tang, J. (no prelo). The role of entrepreneurs in firm-level innovation: Joint effects of positive affect, creativity, and environmental dynamism. Journal of Business Venturing, doi:10.1016/j.jbusvent.2009.06.002

Bless, H. (2001). The consequences of mood on the processing of social information. In A. Tesser & N. Schwarz (Eds.), Blackwell Handbook of Social Psychology (pp. 391-412). Oxford, UK: Blackwell Publishers.

(37)

Brigham, K., & Castro, J. (2003). Entrepreneurial fit: The role of cognitive misfit. In J. Katz, & R. Brockhaus (Eds.), Advances in Entrepreneurship, Firm Experience, and Growth:

Cognitive Approaches to Entrepreneurship Research, 37-71. (Elsevier Science)

Cacioppo, J., Gardner, W., & Bernston, G. (1997). Beyond bipolar conceptualization and measures: The case of attitudes and evaluative space. Personality and Social Psychology

Review, 1, 3-25.

Cardon, M., Zietsma, C., Saparito, P., Matherne, B., & Davis, C. (2005). A tale of passion: New insights into entrepreneurship from a parenthood metaphor. Journal of Business Venturing,

20, 23-45.

Cardon, M., Wincent, J., Singh, J., & Drnovsek, M. (2009). The nature of experience of entrepreneurial passion. Academy of Journal Management Review, 34, 511-532.

Carver, C. (2003). Pleasure as a sign you can attend to something else: Placing positive feelings within a general model of affect. Cognition and Emotion, 17, 241-261.

Carver, C. & Scheier, M. (1990). Origins and functions of positive and negative affect: A control-process view. Psychological Review, 97, 19-35.

Foo, M. (no prelo). Emotions and entrepreneurial opportunity evaluation. Entrepreneurship: Theory and Practice. Disponível em SSRN: http://ssrn.com/abstract=1360905

Foo, M., Uy, M., & Baron, R. (2009). How do feelings influence effort? An empirical study of entrepreneur’s affect and venture effort. Journal of Applied Psychology, 94, 1086-1094. Forgas, J. (1995). Mood and judgement: The affect infusion model (AIM). Psychological

Bulletin, 117, 39-66.

Forgas, J. & George, J. (2001). Affective influence on judgements and behavior in organizations: An information process perspective. Organizational Behavior and Human Decision

Processes, 86, 3-34.

Forgas, J. & Smith, C. (2007). Affect and Emotion. In M. Hogg & J. Cooper (Eds.). The sage

handbook of social psychology (pp.146-175). London: Sage.

Gaglio, C., & Katz, J. (2001). The psychological basis of opportunity identification: Entrepreneurial alertness. Small Business Economics, 16, 95-111.

Garcia-Marques, T. (2001). À procura da distinção entre cognição, afecto, emoção, estado de espírito e sentimento. Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, 2, 253-268.

George, J., & Zhou, J. (2007). Dual tuning in a supportive context: Joint contributions of positive mood, negative mood, and supervisory behaviors to employee creativity. Academy of

(38)

Goss, D. (2005). Schumpeter’s legacy? Interaction and emotions in the sociology of entrepreneurship. Entrepreneurship: Theory & Practice, 29, 205-218. doi: 10.1111/j. 1540-6520.2005.00077.x

Hennessey, B., & Amabile, T. (2010). Creativity. Annual Review of Psychology, 61, 569-598. Isen, A., Daubman, K. & Nowicki, G. (1987). Positive affect facilitates creative problem solving.

Journal of Personality and Social Psychology, 52, 1122-1131.

Kirton, M. J. (1976). Adaptors and innovators: A description and measure. Journal of Applied

Psychology, 61, 622–629.

Kirton, M. J. (1989). Adaptors and innovators at work. In M. J. Kirton (Ed.), Adaptors and

innovators: Styles of creativity, and problem solving (pp. 1–36). New York: Routledge.

Kuvaas, B., & Kaufmann, G. (2004). Impact of mood, framing, and need for cognition on decision makers' recall and confidence. Journal of Behavioral Decision Making, 17, 59-74. Larsen, J., McGraw, A., & Cacioppo, J. (2000). Can people feel happy and sad at the same time?

Journal of Personality and Social Psychology, 81, 684-696.

Lichtenstein, B, Dooley, K. J., & Lumpkin, G. T. (2006). Measuring emerges in the dynamics of new venture creation. Journal of Business Venturing, 21, 153-175.

Maroco, J. (2007). Análise estatística com utilização do SPSS. Lisboa: Silabo.

Martin, L., Ward, D., Achee, J., & Wyer Jr., R. (1993). Mood as input: People have to interpret the motivational implications of their moods. Journal of Personality and Social

Psychology, 64(3), 317-326.

Martin, L., Shelton, J., & Shrira, I. (2002). The role of context in determining mood effects.

Psychological Inquiry, 13, 74-76.

McMullen, J., Plummer, L., Acs, Z. (2007). What is an entrepreneurial opportunity?. Small Business Economics, 28, 273-283. doi:10.1007/s11187-006-9040-z

Milhano, C. (2005). Stress, criatividade e engagement em alunos do ensino superior. Dissertação de mestrado apresentada à Universidade de Lisboa.

Mittal, V. & Ross, W. (1998). The impact of positive and negative affect and issue framing on issue interpretation and risk taking. Organizational Behavior and Human Decision

Processes, 76, 298-324.

Moreira, J. (2002). Altera pars autitor: The dual influence of quality of relationships upon

positive and negative aspects of coping with stress (Tese de doutoramento não publicada).

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa: Lisboa, Portugal.

Imagem

Figura 1. Modelo e hipóteses testadas.
Tabela 2. Regressão linear para efeitos de moderação para análise da influência do afecto e da  criatividade nos cinco factores do RON (N = 120)
Figura 2. Diagrama de resultados para as variáveis testadas.

Referências

Documentos relacionados

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,