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Educação artístico-musical : cenas, actores e políticas

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Academic year: 2021

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Índice

Organizações internacionais: principais características e alguns pressupostos 1

1. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico 1

2. UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura 3

A Educação Artística 4

Conferência Mundial da Educação Artística 5

O Estatuto do Artista 9

3. International Society for Music Education - ISME 12

4. União Europeia 14

Artes, cultura e educação artística e artístico-musical 18

Música 22

5. O Parlamento Europeu 26

6. Conselho da Europa 27

7. European League of Institutes of the Arts -ELIA 34

8. Conselho Internacional da Música 36

9. Federação Internacional dos músicos 38

10. Associação Europeia de Festivais 39

11. International Society for Contemporary Music (ISCM) 39

12. International Network for Contemporary Performing Arts (IETM) 40

13. Associação Europeia dos Conservatórios, Academias de Música e Musickhochschulen 40

14. European Music School Union (EMU) 43

15. RESEO - European Network for Opera and Dance Education. 44

16. International association of music information centres (IAMIC) 46

17. World Alliance for Arts Education – WAAE 46

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Organizações internacionais: principais características e alguns pressupostos

Ao longo do período em estudo foram identificados diferentes tipos de organizações que de modos diversos e de forma directa e indirecta contribuem para a construção política da educação artístico-musical e que são oriundas de geografias diferenciadas e com pressupostos e acções políticas também diversificadas. Não esgotando todas as organizações que têm intervenção neste domínio, estes diferentes tipos de organizações podem ser agrupados em torno de duas grandes categorias: organizações mundiais, isto é, organizações que desenvolvem a sua acção no contexto da formulação de enquadramentos políticos globais; organizações europeias que desenvolvem predominantemente a sua acção no contexto da união europeia. Dentro desta categorização geral, estas organizações podem ser divididas em quatro grandes dimensões de acordo com a sua natureza. A primeira, organizações “políticas” que desenvolvem estratégias transcontinentais ou de carácter transnacional ao nível do continente europeu; a segunda, organizações socioprofissionais relacionadas com o exercício e o desempenho da actividade de músico, nas suas várias vertentes; a terceira, organizações musicais, relacionadas com o desenvolvimento de actividades artístico-musicais; a quarta, organizações formativas, que englobam redes de escolas de formação

1. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) criada pela convenção de 1961 “reúne os governos dos países comprometidos com a democracia e a economia de mercado” de modo a (a) apoiar um crescimento económico duradouro; (b) desenvolver o emprego; (c) elevar o nível de vida; (d) manter a estabilidade financeira; (e) ajudar os outros países a desenvolverem as suas economias; (f) contribuir para o crescimento do comércio mundial. A OCDE “proporciona um ambiente onde os governos podem comparar experiências de políticas, procurar respostas para problemas comuns, identificar boas práticas e coordenar as políticas nacionais e internacionais”. Envolvendo 33 países esta organização considera-se como “uma das maiores editoras do mundo nos campos da economia e da política pública” sendo que estas publicações “são um veículo privilegiado para a disseminação da produção intelectual da Organização” (http://www.oecd.org).

Com o objectivo de promover e harmonizar as políticas económicas e sociais, no contexto do desenvolvimento de "capital humano" dos países membros, a OCDE considera, sob o ponto de vista da educação que quer os indivíduos quer os países são beneficiados com o seu desenvolvimento. No primeiro caso, “os benefícios potenciais encontram-se na qualidade de vida geral e no retorno económico do emprego” e no segundo, “os benefícios potenciais encontram-se no crescimento económico e no

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2 desenvolvimento de valores que sustentam a coesão social”. Os diferentes países que constituem a organização fazem “investimentos substanciais” quer através de recursos públicos e/ou privados na educação tanto formal como informal assim como no mercado de trabalho sendo por isso “importante assegurar que os programas de educação que eles suportam são eficazes e eficientes e que os benefícios são distribuídos de forma equitativa”. Assim, o trabalho da OCDE no âmbito da educação “pretende desenvolver e rever as políticas que potenciem aumentar a eficiência e a eficácia do ensino e da equidade com que seus benefícios são partilhados. As estratégias incluem revisões temáticas em domínios específicos, e recolha de informação estatística detalhada sobre os sistemas educativos, incluindo medidas de níveis de competência a nível dos indivíduos. As políticas desenvolvidas incluem as implementadas nos países para benefício nacional e as envolvidas na prestação por parte dos países da OCDE, de ajuda ao desenvolvimento para capacitação e para disseminar os benefícios da educação e da formação noutros países” (http://www.oecd.org/about/0,3347,en_2649_37455_1_1_1_1_37455,00.html). Neste contexto, e constituindo-se a OCDE como um organização com uma produção estatística comparada no domínio da educação, de que o publicação “Education at Glance” e o programa PISA (Programme for International Student Assessment) se afiguram como instrumentos privilegiados no desenvolvimento da sua acção político-investigativa. Neste último caso, “o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) é uma avaliação padronizada a nível internacional que foi desenvolvida conjuntamente pelos países participantes e aplicada a estudantes de15 anos de idade”. Este programa “avalia de que modos os estudantes, perto do final da educação obrigatória, adquiriram alguns dos conhecimentos e habilidades que são essenciais para a sua plena participação na sociedade. Em todos os ciclos, os domínios de leitura, e da literacia matemática e das ciências são cobertos não apenas em termos de domínio do currículo escolar, mas em termos de conhecimentos e habilidades

necessárias à vida adulta1” (http://www.oecd.org/department/ 0,3355,en_2649_

35845621_1_1_1_1_1,00.html).

As avaliações do PISA nestas áreas são baseadas num conjunto de competência schave criadas com os contributos do designado DeSeCoProject (Detection and Selection of Core Competencies) que as classifica em três domínios interligado: utilizar as ferramentas de forma interactiva, interagir em grupos heterogéneos e agir

1

“Os inquéritos PISA são realizadas a cada três anos num grande número de países, que juntos compõem

cerca de 90% da economia mundial. O primeiro estudo PISA foi realizada em 2000 em 43 países, o segundo em 2003 em 41 países e mais recentemente a pesquisa foi realizada em 2006 em 57 países. As próximas avaliações terão lugar em 2009, 2012 e 2015. O objectivo principal é a monitorização dos resultados dos sistemas educativos em termos de desempenho do aluno para fornecer informações empiricamente sustentadas, que enformem as decisões políticas. O PISA é dirigida por representantes dos países participantes através do Conselho de Administração do PISA. A Direcção de Educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), administra o PISA e baseia-se no conhecimento de uma vasta rede de especialistas internacionais” (OCDE, 2009)

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3 autonomamente (http://www.oecd.org/dataoecd/47/61/35070367.pdf). De acordo com Wimmer (2009) “o principal interesse da maioria dos envolvidos no PISA reside na adequação das actividades de educação artística para cumprir os seus objectivos. O estado significativo da arte pode ser experienciado na apresentação de um representante da OCDE na Conferência Mundial da UNESCO sobre Educação Artística, em Lisboa 2006, quando Bernard Huggonier tentou demonstrar uma relação entre o número de livros de letras de canções existentes nos lares e o desempenho dos estudantes oriundos dessas famílias em matemática” (p.49).

2. UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

A UNESCO (United Nations Educational, Scientific, and Cultural Organization, www.unesco.org) é uma organização criada depois da segunda grande guerra e em que “o seu principal objectivo é o de contribuir para a paz, desenvolvimento humano e segurança no mundo, promovendo o pluralismo, reconhecendo e conservando a diversidade, promovendo a autonomia e a participação na sociedade do conhecimento” (http://www.unesco.pt/cgi-bin/unesco/unesco.php). Sob o ponto de vista dos seus objectivos estratégicos no âmbito da educação centram-se no (a) “promover a educação como direito fundamental, estabelecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos”; (b) “melhorar a qualidade da educação através da diversificação dos seus conteúdos, métodos e a promoção dos valores partilhados universalmente” e (c) “promover a experimentação, a inovação a difusão e utilização partilhada da informação e melhores práticas, assim como o diálogo sobre políticas em matéria de educação”. No plano da cultura propõe-se (a) “promover a elaboração e a aplicação de instrumentos normativos de âmbito cultural”; (b) “salvaguardar a diversidade cultural e promover o diálogo entre culturas e civilizações” e (c) “fortalecer os vínculos entre ciência e desenvolvimento, através do desenvolvimento das capacidades e o aproveitamento partilhado do conhecimento” (Idem).

De acordo com Wimmer (2006) as funções da Unesco apresentam-se como um “laboratório de ideias e uma agência de normalização e padronização para formar acordos universais num conjunto de assuntos éticos emergentes” (p. 18) servindo também para a divulgação e partilha de informação e de conhecimento e promovendo a cooperação internacional entre os seus 193 Estados membros e sete associados nas áreas da educação, ciência, cultura e comunicação.

Sob o ponto de vista do desenvolvimento do seu trabalho, em termos de “apelos” e de recomendações as profissões artísticas, as artes e a educação bem como a promoção da diversidade e do património material e imaterial apresentam-se como algumas das áreas de intervenção com significado em termos internacionais

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A Educação Artística

Em 1999, a UNESCO lançou, através do Director Geral Federico Mayor o "Apelo Internacional para a Promoção da Educação Artística e Criatividade na Escola como contributo para a construção de uma Cultura de Paz2” em que se salienta que existe “uma falta da mediação e da criatividade em todos os lugares, especialmente nas escolas. As artes faltam nas nossas vidas e nós estamos dando lugar à violência. "Isto é o que o famoso violinista e maestro Lord Yehudi Menuhin viu à sua volta no fim deste século, depois de ter dedicado sua vida à música e na procura de um mundo melhor. Hoje estamos de uma forma clara e fortemente conscientes da importante influência do espírito criativo na formação da personalidade humana, trazendo à tona todo o potencial das crianças e adolescentes e manutenção de seu equilíbrio emocional - todos os factores que estimulam um comportamento harmonioso”. Assim, defende-se um maior equilíbrio na educação em que as áreas a par de áreas om carácter científico, técnico e disciplinas desportivas, as ciências humanas e educação artística sejam colocadas “em pé de igualdade nas diferentes etapas da escolaridade”. Neste contexto convidam-se vários tipos de actores (professores das áreas disciplinares, artistas e instituições culturais, produtores de material, os media, assim como os pais e membros da comunidade internacional e organizações não governamentais a desenvolverem trabalho no sentido da promoção das educação artística.

Este apelo, conduziu à criação da LEA (Links para Educação e Arte) uma rede internacional de especialistas e profissionais que tem como objectivos alargar os contactos entre especialistas de educação artística, a fim de alcançar o intercâmbio e a divulgação de melhores práticas, métodos pedagógicos e materiais de cada disciplina. Um foco especial é de LEA reforço das competências dos professores de disciplinas de arte e cultura, não tanto na Europa, mas principalmente no desenvolvimento de partes do mundo3

Por outro lado, para a UNESCO (2006), partindo desta diferenciação, existente desde a década de 60, preconiza que “existem dois métodos principais de Educação Artística (que podem ser aplicados ao mesmo tempo, não se excluindo mutuamente)”: o primeiro é o de que as artes “podem ser ensinadas como matérias de estudo individuais, através do ensino das várias disciplinas artísticas, desenvolvendo assim nos estudantes as aptidões artísticas, a sensibilidade e o apreço pela arte”; o segundo método, as artes podem ser “encaradas como método de ensino e aprendizagem em que as dimensões cultural e artística são incluídas em todas as disciplinas”. Acrescenta que, no que se refere ao segundo método, “o método da Arte na Educação *AiE – Art in

2

Este “apelo” do Director-Geral Federico Mayor encontra-se em:

http://portal.unesco.org/culture/en/ev.php-RL_ID=9747&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html

3

Ver http://portal.unesco.org/culture/en/ev.php-URL_ID=2916&URL_DO= DO_TOPIC&URL_SECTION=-473.html)

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5 Education] utiliza as formas de arte (e as correspondentes práticas e tradições culturais) como meio para ensinar disciplinas de natureza geral e como instrumento para o aprofundamento da compreensão dessas disciplinas” e, para “produzir efeitos, esta abordagem interdisciplinar exige mudanças nos métodos de ensino e na formação dos professores (p. 10).

Conferência Mundial da Educação Artística

Para a UNESCO este tipo de argumentação está presente no discurso inaugural da Conferência Mundial de Educação Artística4, Koïchiro Matsuura lembrou aos participantes que “num mundo confrontado com novos problemas à escala planetária, *…+ a criatividade, a imaginação e a capacidade de adaptação, competências que se desenvolvem através da Educação Artística, são tão importantes como as competências tecnológicas e científicas necessárias para a resolução desses problemas”.

No relatório elaborado por Lupwishi Mbuysmba (UNESCO, 2007) acrescenta-se que “em sociedades onde têm de coexistir uma multiplicidade de culturas diferentes e em que há necessidade de desenvolver ou adaptar políticas de expressão e diálogo culturais, as artes têm vindo a assumir uma especial importância, “na medida em que exprimem cultura ao mesmo tempo que contêm em si a promessa de diálogos

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Na introdução ao programa Koïchiro Matsuura, Director-Geral da Unesco, pretende que a Conferência

“consiga concentrar a atenção internacional sobre duas prioridades: a necessidade de alargar a definição da educação artística para além do conceito tradicional do domínio de uma especialidade artística ou instrumento específicos; e a importância de manter uma educação artística de qualidade”. Para Matsuura “hoje em dia os especialistas reconhecem que a educação artística abrange esferas da aprendizagem cognitiva e emocional e tem um papel a desempenhar em áreas tão diversas como o desenvolvimento infantil, as novas tecnologias e métodos de ensino, o desenvolvimento social e económico, o desenvolvimento sustentável, a capacidade de resolução de conflitos e a educação para a paz, bem como a diversidade cultural”. Por outro lado, “muitas sociedades contemporâneas estão a ter seriamente em consideração um dos maiores desafios do nosso tempo: como preparar a mudança paradigmática de uma economia industrial para uma economia criativa” (UNESCO, 2007:2). Desta conferência, intitulada “Desenvolver capacidades criativas para o século XXI”, realizada em 2006, em Lisboa, destacam-se quatro tópicos principais que

estiveram na agenda: (a) defesa da educação artística, salientando a importância da diversidade e da

“criatividade cultural e artística numa economia pós-industrial”; (b) impacto da educação artística com

apresentação de investigações e boas práticas “como elementos preponderantes de coesão social e de

respeito pela diversidade cultural, não-violência, apreço pelo património cultural, aperfeiçoamento dos resultados da aprendizagem, resolução de conflitos, trabalho em grupo, pensamento criativo e criatividade artística” (p. 6); (c) estratégias para promover políticas de educação artística de modo a tentar “encontrar um mecanismo que possa reduzir a distância entre as políticas planeadas e e as práticas na Educação Artística” e

em que “o objectivo maior será o definir o papel da educação artística como instrumento que prepara as

crianças para encontrarem o seu lugar num sistema globalizado, sem perderem a sua identidade, e ainda conjugando os esforços para uma educação artística com o programa da UNESCO “Educação para Todos””;

(d) políticas para a formação de professores em que procurava “reforçar a necessidade de competências

básicas para o ensino da educação artística” e ainda “definir e ter em consideração o papel dos artistas no processo educativo” (p. 6). Por outro lado procurava-se dar “especial atenção à cooperação regional e internacional para criar uma sinergia internacional relativamente à importância das artes na edução global das crianças” (Idem).

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6 inesperados”. Assim se promove o respeito inter-cultural e uma fonte inesgotável de descobertas. Por isso a UNESCO reconhece que “a Educação Artística pode frequentemente ser um estimulante instrumento para enriquecer os processos de ensino e aprendizagem e tornar essa aprendizagem mais acessível e mais eficaz”, como algumas experiências no campo da educação preventiva, em particular na educação sobre o VIH/SIDA, já demonstraram” (p. 3).

Desta conferência, intitulada “Desenvolver capacidades criativas para o século XXI”, realizada entre 6 e 9 de Março de 2006 em Lisboa, destacam-se quatro tópicos principais que estiveram na agenda: (a) defesa da educação artística, salientando a importância da diversidade e da “criatividade cultural e artística numa economia pós-industrial”; (b) impacto da educação artística com apresentação de investigações e boas práticas “como elementos preponderantes de coesão social e de respeito pela diversidade cultural, não-violência, apreço pelo património cultural, aperfeiçoamento dos resultados da aprendizagem, resolução de conflitos, trabalho em grupo, pensamento criativo e criatividade artística” (p. 6); (c) estratégias para promover políticas de educação artística de modo a tentar “encontrar um mecanismo que possa reduzir a distância entre as políticas planeadas e e as práticas na Educação Artística” e em que “o objectivo maior será o definir o papel da educação artística como instrumento que prepara as crianças para encontrarem o seu lugar num sistema globalizado, sem perderem a sua identidade, e ainda conjugando os esforços para uma educação artística com o programa da UNESCO “Educação para Todos””; (d) políticas para a formação de professores em que procurava “reforçar a necessidade de competências básicas para o ensino da educação artística” e ainda “definir e ter em consideração o papel dos artistas no processo educativo” (p. 6). Por outro lado procurava-se dar “especial atenção à cooperação regional e internacional para criar uma sinergia internacional relativamente à importância das artes na edução global das crianças” (Idem).

Baseado nos debates realizados no decurso e após a Conferência Mundial sobre Educação Artística, aprovou-se o “Roteiro para a Educação Artística5” em que se propõe “explorar o papel da Educação Artística na satisfação da necessidade de

5 Uma nova conferência Mundial sobre a Educação Artística foi realizada em Seul entre 25 e 28 de Maio de

2010. Desta conferência resultou um documento designado “ Seoul Agenda: Goals for the Development of

Arts Education” (http://portal.unesco.org/culture/en/ev.php-URL_ID=41117&URL_ DO= DO_ TOPIC&URL_

SECTION=201.html) em que se procura operacionalizar o roteiro aprovado em 2006: “o roteiro oferecia um

importante quadro teórico e prático que serviu de orientação para o avanço do desenvolvimento e crescimento qualitativo da educação artística. Um objectivo central da Conferência de Seul foi reavaliar e incentivar a continuação da implementação do Roteiro. A Agenda de Seul vai servir como um plano concreto de acção que integra o conteúdo do roteiro, dentro de uma estrutura de três grandes objectivos, cada um acompanhado por uma série de estratégias práticas e acções específicas”. O primeiro objectivo propõe “assegurar que a educação artística é acessível como um componente fundamental e sustentável de uma renovação de qualidade da educação”; o segundo “assegurar que as actividades de educação artística e programas são de alta qualidade na sua concepção e realização”; o terceiro, “aplicar os princípios e práticas da educação artística de modo a contribuir para resolver os desafios sociais e culturais com que o mundo de hoje se defronta”

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7 criatividade e de consciência cultural no século XXI, incidindo especialmente sobre as estratégias necessárias à introdução ou promoção da Educação Artística no contexto de aprendizagem” (Comissão Nacional da UNESCO, 2006). Neste “Roteiro” apontam-se quatro grandes objectivos da Educação Artística: (1) defender o direito humano à educação e à participação cultura; (2) desenvolver as capacidades individuais; (3) melhorar a qualidade da educação e (4) promover a expressão da diversidade cultural. No primeiro objectivo, atendendo às “declarações e convenções internacionais têm por objectivo assegurar para todos, crianças e adultos” decorre “o direito à educação e a oportunidades que lhes garantam um desenvolvimento completo e harmonioso e uma participação na vida cultural e artística”. Isto porque, “a cultura e a arte são componentes essenciais de uma educação completa que conduza ao pleno desenvolvimento do indivíduo. Por isso a Educação Artística é um direito humano universal, para todos os aprendentes, incluindo aqueles que muitas vezes são excluídos da educação, como os imigrantes, grupos culturais minoritários e pessoas portadoras de deficiência” (p. 5).

No que se refere ao “desenvolver as capacidades individuais” argumenta-se que “todos os seres humanos têm potencial criativo” e que “a arte proporciona uma envolvente e uma prática incomparáveis, em que o educando participa activamente em experiências, processos e desenvolvimentos criativos”. Daí que, “para que as crianças e adultos possam participar plenamente na vida cultural e artística, precisam de progressivamente compreender, apreciar e experimentar expressões artísticas através das quais outros seres humanos – normalmente designados por artistas – exploram e partilham vários aspectos da existência e coexistência”.

No contexto da igualdade de oportunidades no âmbito das actividades culturais e “é necessário que a educação artística constitua uma parte obrigatória dos programas de educação para todos. A educação artística deverá igualmente ser sistemática e ser facultada durante vários anos, uma vez que se trata de um processo a longo prazo (p. 6). Por outro lado, “a Educação Artística contribui para uma educação que integra as faculdades físicas, intelectuais e criativas e possibilita relações mais dinâmicas e frutíferas entre educação, cultura e arte” capacidades estas que “são particularmente importantes para enfrentar os desafios que se levantam à sociedade do século XXI” quer no que diz respeito (a) às transformações sociais “que afectam as estruturas familiares” no que diz respeito ao acompanhamento das novas gerações quer na dificuldade de “transmissão de tradições culturais e práticas artísticas no ambiente familiar, em especial nas áreas urbanas (p. 6-7); (b) à necessidade das sociedades contemporâneas de possuírem “um cada vez maior número de trabalhadores criativos, flexíveis, adaptáveis e inovadores, e os sistemas educativos têm de evoluir de acordo com as novas necessidades” (p. 7).

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8 Em relação à melhoria da qualidade da educação, e entendendo esta como “uma educação que propicia a todos os jovens e outros educandos as capacidades relevantes de que necessitam em termos locais para actuar com sucesso na sua sociedade; é adequada relativamente às vidas, aspirações e interesses dos estudantes, das suas famílias e das sociedades; e é inclusiva e baseada em direitos” (p. 8), a “aprendizagem na arte e pela arte” pode reforçar alguns destes factores.

Relacionado com o objectivo de “promover a expressão da diversidade cultural” sustenta-se que “a arte é simultaneamente manifestação de cultura e meio de comunicação do conhecimento cultural” e que “cada cultura possui as suas expressões artísticas e as suas práticas culturais específicas” e que ”as culturas, na sua diversidade, e os seus produtos criativos e artísticos, representam formas contemporâneas e tradicionais de criatividade humana que contribuem de forma incomparável para a nobreza, o património, a beleza e a integridade das civilizações humanas”. Deste modo, “a consciência e o conhecimento das práticas culturais e das formas de arte fortalecem as identidades e valores pessoais e colectivos, e contribuem para salvaguardar e promover a diversidade cultural” e neste contexto, “a Educação Artística reforça a consciência cultural e promove as práticas culturais, constituindo o meio pelo qual o conhecimento e a apreciação da arte e da cultura são transmitidos de geração em geração (Idem).

Neste contexto, os diferentes representantes, incluindo os governamentais, adoptaram este roteiro para actuação futura no âmbito da educação artística sintetiza bem o “estado da arte” em relação aos objectivos e às recomendações que existem de modo a demonstrar a pertinência da educação artística. Este “Roteiro” é uma longa lista de recomendações dirigidas aos professores, pais, artistas, directores de escolas e instituições de formação, poderes políticos e decisores políticos, e outras organizações intergovernamentais e não governamentais. Todas as recomendações têm em comum:

 a noção que o desenvolvimento de um sentido estético, da criatividade e das faculdades de pensamento crítico e de reflexão é um direito de todas as crianças e jovens e que o acesso a todos os bens, serviços e práticas culturais devem fazer parte do sistema educativo e cultural;

 o reconhecimento do papel da Educação Artística na sensibilização dos auditórios e dos diferentes públicos para a apreciação das manifestações artísticas;

 a compreensão dos problemas colocados pela diversidade cultural nas sociedades contemporâneas, pelos processos de globalização, pelas complexas transformações sociais, culturais e económicas e ambientais, que interpelam a necessidade crescente da imaginação, criatividade e cooperação de modo a

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9 promover e valorizar a diversidade cultural assim como o património (tangível e intangível);

 a constatação de que a arte foi tradicionalmente, e em muitos casos continua a ser, uma componente integrante nos quotidianos dos indivíduos e das sociedades;

 o reconhecimento do papel das artes nos processo de ensino-aprendizagem no que se refere aos desenvolvimentos das capacidades cognitivas e sociais, no contributo à melhorai das aprendizagens atendendo à importância de estruturas flexíveis e à cooperação entre os sistemas e recursos de aprendizagem formal e não formal;

 o considerar que a educação artística, como forma de construção política e cívica, constitui uma ferramenta de base para a coesão social podendo contribuir para a resolução de alguns problemas de natureza social nomeadamente o crime e a violência, o analfabetismo persistente, as desigualdades de género (incluindo o insucesso masculino), os maus-tratos de crianças e a negligência, a corrupção política e o desemprego (pp. 18-21)

O Estatuto do Artista

Nas recomendações relativas à condição de artista da UNESCO aprovadas em 1980 procura-se reconhecer que os artistas6, nos seus diferentes modos de intervenção, constituem-se como uma profissão atípica mas uma profissão e que incumbia ao poder legislativo dos diferentes estados membros adaptarem a legislação do trabalho e da segurança social às particularidades deste tipo de profissionais e não o contrário. A recomendação propõe aos Estados de darem aos artistas os meios para que eles possam defender os seus direitos, de ter em conta a liberdade de expressão e de ter em consideração a intermitência do emprego e as diferentes variações existentes nos seus recursos financeiros. O texto faz um conjunto alargado de sugestões desde a criação de bolsas e de lugares nos estabelecimentos de ensino e de instituições culturais à adaptação das leis fiscais e de condições de reforma. Um outro tipo de recomendações relaciona-se com os direitos de autor e as novas condições de distribuição e de difusão nomeadamente nas designadas indústrias culturais.

Sob o ponto de vista da “vocação e da formação do artista” esta recomendação salienta a necessidade dos Estados Membros “devem incentivar, na escola e desde

6

O conceito de artista é um conceito que apresenta algumas ambiguidades no que se refere à sua definição. A UNESCO (1980) define-o como “qualquer individuo que crie ou dê expressão criativa a, ou recrie obras de

arte, que considere a sua criação artística como parte essencial da sua vida, que contribui desta forma para o desenvolvimento da arte e cultura e que é ou pede para ser reconhecido como artista, quer esteja ou não ligado por qualquer tipo de laços laborais ou associativos” (p. 149).

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10 uma idade precoce, todas as medidas que contribuam para reforçar o respeito pela criação artística e da descoberta e desenvolvimento de vocações artísticas, devendo-se ter em consideração que, para ser eficaz, o estimulo da criatividade artística necessita de uma necessária formação profissional de modo a que se possam produzir obras de qualidade” (p. 150). Neste contexto, apela-se que se tomem medidas que permitam, entre outras, (a) desenvolver “uma educação destinada a estimular o talento e a vocação artística; (b) se garanta, em colaboração com os artistas, que a “que a educação dá a devida importância para o desenvolvimento da sensibilidade artística e contribui para a formação de um público receptivo à expressão de arte em todas as suas formas” (c)“ instituir ou desenvolver o ensino de disciplinas artísticas específicas; (d) incentivar através de “concessão de bolsas de estudo ou licença remunerada para estudos, para assegurar que os artistas têm a oportunidade de trazer os seus conhecimentos actualizados nas suas próprias disciplinas ou especialidades afins e campos, para melhorar suas habilidades técnicas , para estabelecer contactos que vai estimular a criatividade, e se submeter a reciclagem, a fim de ter acesso ao trabalho e em outros ramos da arte, para estes fins” (e) adoptar e desenvolver políticas coordenadas de formação e de programas de “tendo em conta a situação específica de emprego dos artistas e permitindo-lhes participar de outros sectores de actividade, se necessário”; (f) “reconhecer a importância das artes e do artesanato, as formas tradicionais de transmissão de conhecimentos e, em particular das práticas de iniciação de diversas comunidades, e tomar todas as medidas apropriadas para proteger e incentivá-los; (g) “reconhecer que a educação artística não deve ser separada da prática de viver a arte, e ver que o ensino seja reformulado de modo a que os estabelecimentos culturais, teatros, estúdios de arte, as organizações de radiodifusão e televisão, etc, desempenham um importante participar neste tipo de formação e de aprendizagem”; (h) “reconhecer que a vida artística e a prática das artes têm uma dimensão internacional” devendo-se, por isso, promover actividades e meios que facilitem esta dimensão (Idem).

Em 1997, aquando do “Congresso Mundial sobre a aplicação da recomendação relativa à condição do Artista” a Directora da Divisão de criatividade, das indústrias culturais e dos direitos de autor da UNESCO refere que “o papel do Estado reduz-se num contexto de uma economia liberal, quer seja através da descentralização do poder administrativo, quer seja simplesmente porque a sociedade civil começa a tomar conta de um conjunto de funções que anteriormente pertenciam à esfera do Estado, como a promoção das artes” (Otchet, 1997:7). As temáticas do congresso incluíram as novas parcerias relativas ao financiamento público e privado, a educação artística e as novas tecnologias. Nesta abordagem quatro possibilidades são privilegiadas: “o apoio indirecto do governo, através de legislações que obriguem a que um promotor de um edifício público consagre 1% do financiamento a instalações artísticas”, as “fundações privadas que oferecem bolsas aos artistas, mas que ajudam mais frequentemente as organizações artísticas e os museus”, o mecenato empresarial “em busca de

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11 publicidade” e as “indústrias culturais que asseguram a promoção das obras com objectivos lucrativos” (idem:7-8).

Na Declaração Final, chama-se a atenção para que “a diminuição dos recursos públicos consagrados à criação artística” e que “a tendência para a uniformização dos modos de pensar e das produções culturais” sujeitas “a considerações de rentabilidade máxima e imediata constitui um perigo para a diversidade da criação” e a importância de neste contexto “da manutenção do financiamento público das artes” e que, no âmbito da educação artística ela “deve ser introduzida e desenvolvida em todos os níveis da educação formal e não formal” onde os artistas poderão desempenhar um papel indispensável num quadro de definição de uma estratégia comum. Das diferentes propostas que pretendem reforçar a Recomendação de 1980 em diferentes domínios: financiamento das artes; apoio à criação; educação e formação artísticas; a arte e as novas tecnologias; os direitos de autor e os direitos dos artistas intérpretes; as condições de trabalho, fiscalidade e saúde dos artistas e a promoção da recomendação de 1980.

No âmbito do presente trabalho interessa-me sobretudo dois domínios: o financiamento da cultura e as condições de trabalho. No que se refere ao financiamento propõe-se que “em cada país, pelo menos 1% do montante global dos recursos públicos seja consagrada às actividades de criação, de expressão e de difusão artística” e “os novos meios de financiamento privado, da grande fundação à pequena empresa, devem ser encorajados com fontes complementares, nomeadamente para apoiar a criação, a expressão e a difusão das obras contemporâneas”. Sob o ponto de vista da educação e da formação considera-se “o papel preponderante da arte, da criação e da experiência artística no desenvolvimento intelectual, físico, emocional e sensitivo das crianças e dos adolescente” e que “a iniciação às diferentes disciplinas e a sua aprendizagem devem situar-se, no âmbito dos sistemas educativos, no mesmo plano que as outras matérias”. Dividindo a educação artistas entre a sua utilização como aprendizagem própria ou como meio de ensinar outro tipo de matérias afirma-se que “a educação artística deve afirma-ser multicultural, tendo em conta a cultura na sua diversidade, e proscrever toda a tentativa de hierarquização entre as expressões artísticas de diferentes culturas” e deve ser acessível ao longo da vida e “tendo em conta a emergência de novas necessidades, os desenvolvimentos regulares e as reformas da educação artística são e continuarão a ser necessárias”. Solicitam à UNESCO que crie “uma rede internacional para difundir, discutir e actualizar os dados sobre as “experiências positivas” no domínio da educação e da formação de artistas profissionais”.

No que se refere às condições de trabalho escreve que “tendo em conta a tendência crescente, na maior parte dos sectores artísticos, da precariedade do emprego e da insegurança das condições de trabalho dos artistas intérpretes” reafirma-se “que

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12 nenhum artista deverá ser descriminado em termos de fiscalidade, segurança social e liberdade de associação”. Por outro lado, recomenda-se “uma melhor coordenação entre as instâncias governamentais competentes a nível nacional” como um elemento indispensável “para assegurar aos artistas das condições de vida tendo em conta a duração limitada” de algumas das carreiras” assim como “ as discussões entre as instâncias governamentais e intergovernamentais competentes devem ter lugar com vista a promoção de condições justas em matéria de fiscalidade, segurança social e condições de emprego em todos os países tendo em conta o incremento da mobilidade internacional relativa ao emprego dos artistas” propondo por isso que a UNESCO faça um inventário dos diferentes regimes fiscais dos diferentes países e que haja reuniões de modo a promover a harmonização dos diferentes regimes “adaptadas às especificidades das actividades artísticas”.

3. International Society for Music Education - ISME

A International Society for Music Education (ISME) foi fundada em 1953 em Bruxelas sob os auspícios da UNESCO através do International Music Council7, e é membro do Conselho Internacional da Música (http://www.isme.org). “Inicialmente descrita por

Charles Seeger na sua proposta original como um “grupo de interesses8”, a ISME

desenvolveu-se de um modo firme ao longo dos anos numa organização que representa e serve os seus membros em mais de 70 países do mundo. [A ISME] transcende a variedade e as diferentes ideologias políticas dos seus membros no sentido de alcançar a harmonia em relação ao papel e ao valor da música e do seu ensino. [ O sucesso da ISME] centra-se nos princípios que enformam a sua visão, que é para servir os ‘educadores musicais’ do mundo, e a sua missão, que está centrada na construção e manutenção de uma comunidade mundial de ‘educadores musicais’ caracterizada pela entreajuda e respeito mútuo, promovendo o entendimento internacional e intercultural, a cooperação e alimentado, advogando e promovendo a educação musical e a educação através da música em todas as partes do mundo” ” (Oliva, 2003: 13-14).

7

A ISME foi fundada durante a conferência internacional sobre o papel e a lugar da música na educação dos jovens e adultos realizada em Bruxelas. De acordo com McCarty (2003) esta conferência representou o culminar de diferentes tipos de planos para o estabelecimento de um fórum internacional para a educação musical. Escreve a autora que as influências fundamentais para a constituição desta organização situaram-se na UNESCO, no IMC e na organização norte americana Music Educators National Conference (p. 29).

8

Escreve Seeger, no documento “A Proposal to Found an International Society of Music Education”: “temos

muito que aprender uns com os outros: como é que uma criança africana adquire a habilidade para aprender a tocar num ritual de percussão; como é que o tocador de sitar cria e recria uma raga; como é que se pode lidar da melhor forma com as crianças do pré-escolar; como se pode assegurar a continuidade de uma boa educação musical desde o nível secundário até á idade adulta de um trabalhador médio, homem ou mulher”

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13 A visão da organização assenta na ideia de “servir os ‘educadores musicais’ em todo o mundo e tem como missão: (a) “construir e manter uma comunidade global de ‘educadores musicais’ caracterizada pela entreajuda e o respeito mútuo”; (b) “promover a cooperação e a compreensão intercultural internacional, fornecendo oportunidades acessíveis aos indivíduos, aos grupos nacionais e internacionais para partilharem conhecimento, experiências e expertise sobre educação musical”; (c) “estimular, defender e promover a educação musical e a educação através da música em todas as partes do mundo” (www.isme.org).

A ISME que tem membros associados em mais de 70 países e que publica revistas, como por exemplo o “International Journal of Music Education”, desde Maio de 1983, e outro tipo de material, divide-se em várias comissões, englobando vários tipos de temáticas e problemáticas, que foram sendo construídas e reformuladas ao longo dos anos. Actualmente a ISME é constituída pelas seguintes comissões: Research (1968); Community Music Activity (CMA) (1982); Early Childhood Music Education (ECME) (1978); Education of the Professional Musician (CEPROM) (1974); Music Policy in Educational, Cultural and Mass Media Policies (1976); Music in Schools and Teacher Education (MISTEC) (1974) ; Special Education: Music Therapy, Music Medicine (1974) e o “Forum for Instrumental and Vocal Teaching”. Estas sete comissões realizam seminários, normalmente na semana anterior à da conferência mundial, em que são apresentadas trabalhos de investigação sobre temas específicos dentro de cada temática.

Desde 1961 que, de dois em dois anos, se realiza uma conferência mundial em diferentes continentes e países do mundo, na qual participam professores e investigadores de todo o mundo. Cada um destes encontros mundiais é organizado em torno de um tema central, como por exemplo, SAMSPEL (2002), palavra norueguesa que significa trabalhar conjuntamente em música e noutras áreas da actividade humana (http://www.uib.no/isme2002/welcome/welcome.html); “Sound Worls to Discover” (2004) em Tenerife); A importância destas conferências é traduzida, em 1971, por Franck Callaway (sócio fundador da Organização) do seguinte modo: “as muitas conferências que a ISME tem desenvolvido acerca de vinte anos em diferentes partes do mundo serviram para nos lembrar, apesar das vastas distâncias geográficas que nos separam, que temos um elo comum no nosso desejo de ver a vida das pessoas enriquecida através da música. Trocámos ideias e firmamos contactos artísticos, ouvimos e estudamos música dos nossos diferentes países, consideramos e difundimos a relevância de técnicas musicais e de métodos de educação musical para além dos países que lhe deram origem”. Por outro lado, Egon Kraus, relembra aos associados em 1973 que “não devemos esquecer que as nossas actividades na ISME são contributos para a compreensão e amizade internacional através da música *…+ que ajuda a promover a paz num mundo ansioso e inquieto” (citado por McCarty, 2003: 53).

(15)

14 Nos anos 90 a ISME divulga uma “Declaração de Princípios para a Divulgação Mundial da Educação Musical” que representam a posição da ISME em relação à educação musical. Esta posição pode ser sintetizada no seguinte: (a) na diferenciação entre a “educação em música” e a “educação pela música”; (b) que este tipo de formação deve ser um processo que se desenvolve ao longo da vida e que abrange todas as faixas etárias; (c) que todos os estudantes devem não só ter acesso a um programa educativo equilibrado, implementado por “educadores musicais eficazes” como também esta formação deve ser desenvolvida de modo a “que se proponham desafios à sua inteligência”, se “estimule a sua imaginação” e se “projecte alegria e satisfação na sua vida e se eleve o seu espírito”; (d) que os estudantes tenham oportunidades de prosseguir estudos musicais e que a “qualidade e extensão da educação musical” não devem depender de factores geográficos, socioculturais, económicos, vocacionais ou étnicos e que estas oportunidades devem estar presentes “através de um sistema educativo que responda às suas necessidades individuais”; (e) deve ser proporcionada a possibilidade de participar activamente em actividades e acontecimentos musicais enquanto “ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores”, assim como participar nas músicas das suas culturas e de outras culturas dos seus países e do mundo compreendendo os contextos históricos e culturais da música e “apreender questões estéticas relevantes para a música” e (f) a “ISME acredita na validade de todas as músicas do mundo e respeita o valor que cada comunidade dá à sua própria música. A riqueza e diversidade das músicas do mundo é um factor a celebrar e é uma oportunidade para a aprendizagem intercultural, contribuindo para estimular a compreensão internacional, a cooperação e a paz” (APEM, Boletim, n.º 86, Julho/Setembro, 1995, p. 23)

Um outro documento produzido por esta organização intitula-se “A Política da ISME em relação às culturas musicais do mundo” em que se defende que estas culturas, consideradas individualmente ou como uma unidade “devem desempenhar um papel significativo na educação musical”.

4. União Europeia

A actuação da União Europeia (EU), actualmente constituída por 27 estados membros, desenvolve-se num quadro em que os países se encontram interligados através de diferentes tipos de tratados em que predominam os tratados de natureza económica. Intervindo em diferentes domínio, a EU é caracterizada por uma grande diversidade cultural e em que as prioridades, sob o ponto de vista educativo e cultural, estão centradas no desenvolvimento da “sociedade do conhecimento” e na promoção de

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15 uma identidade cultural comum. A Educação e a cultura apresentam-se como instrumentos estratégicos no desenvolvimento destes desígnios9.

No que se refere à educação para que a Europa se possa desenvolver “como sociedade do conhecimento e ser suficientemente competitiva numa economia mundial cada vez mais globalizada, é essencial que o seu ensino e formação sejam de elevada qualidade. Embora cada país decida da sua própria política da educação, os países da UE estabelecem em conjunto objectivos comuns e trocam entre si boas práticas. Por outro lado, a UE financia um grande número de programas para que os seus cidadãos possam tirar o melhor partido das suas capacidades individuais e do potencial económico da EU *…+” (http://europa.eu/pol/educ/index_pt.htm).

Sob o ponto de vista da cultura “a Europa tem orgulho na sua diversidade cultural. A língua, a literatura, o teatro, as artes plásticas, a arquitectura, o artesanato, o cinema e a radiodifusão podem pertencer a uma região ou país específicos, mas fazem parte do património cultural comum da Europa. A União Europeia quer preservar e apoiar esta diversidade e contribuir para a tornar acessível a outros *…+ Estes objectivos foram fixados no Tratado de Maastricht de 1992, que, pela primeira vez, reconheceu formalmente a dimensão cultural da integração europeia. No entanto, as iniciativas culturais começaram antes, como é o caso do programa de selecção anual de uma Capital Europeia da Cultura, lançado em 1985 *…+. Como parte da sua política regional, por exemplo, a União Europeia ajuda a pagar escolas de música, salas de concertos e

estúdios de gravação10 *…+” (http://europa.eu/pol/cult/index_pt.htm).

9

No plano regional a Assembleia Europeia das Regiões (AER) criada em 1985, e a rede EUROCITIES, fundada em 1986, as questões da educação e cultura, em particular da educação artística, apresentam um interesse renovado nos desígnios destas organizações europeias. No primeiro caso a conferência de 2003 realizada em Budapest e intitulada “Homo ludens versus Homo economicus” os conferencistas concordaram em acentuar o papel das artes na formação dos indivíduos, do seu papel social, cultural e económico e sublinhando que a necessidade do desenvolvimento de em termos “de criatividade e imaginação, a cooperação interpessoal,

motivação e auto-suficiência são fortes razões para fazer das artes uma disciplina obrigatória de todos os sistemas de ensino,” e lamenta-se que alguns destes sistemas de ensino “negligenciam frequentemente a arte e cultura, e, portanto, justificam uma reavaliação do seu lugar e seu papel na educação” (citado por

Wimmer, 2009,pp. 60-61). Esta mesma AER realiza no ano seguinte uma outra conferência intitulada ”What

Place for Arts in Education? Towards a new pedagogical pattern based on creativity & participation”. Esta

conferência em que participaram os ministros da Educação e cultura manifestam por um lado, preocupação

“com o crescente uso económico da educação” e salientam “a importância de todas as formas de arte no nosso processo educacional” procurando fazer “propostas concretas sobre como alcançar um novo equilíbrio entre os aspectos do desenvolvimento económico e humano”. A AER considera que esta conferência “incidirá sobre uma novo paradigma de educação que reafirma o papel das artes na educação para além da pura considerações utilitárias. As regiões estão muito preocupados que apresentam conceitos educativos e contexto com os conceitos educacionais actuais e com o pensamento político dominante que parece seguir uma abordagem predominantemente funcional da educação artística, destacando acima de tudo factores profissionais e do emprego” (http://www.aer.eu/news/2004.html). No que se refere ao segundo caso o

Comité da Cultura da EUROCITIES, criou um grupo de trabalho em 2005 procurando ligar a educação e a cultura e em que se assume um conjunto de ideias relacionadas com as artes e a educação de que se salienta, por exemplo, que a “participação na vida cultural é um assunto de natureza política e não pode ser assegurada pela ‘mão invisível’ do mercado” (cf. Wimmer, 2009, pp. 61-64 e http://www.eurocities.eu).

10

Através da “Resolução do Conselho de 20 de Janeiro de 1997 sobre a integração dos aspectos culturais nas acções comunitárias (97/C 36/04)”. O Conselho da União Europeia “ congratula-se com a apresentação do

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16 Em qualquer uma das áreas11, em que o papel da União se centra fundamentalmente no apoio aos governos nacionais, assiste-se, contudo, a um incremento do papel da EU no sentido do desenvolvimento de políticas comuns neste domínio. Um dos instrumentos utilizados assenta na criação, desde a década de 1980 de vários tipos de programas que se salientam, no período entre 2007-2013, os seguintes: (a) Leonardo da Vinci: programa de apoio a acções de formação profissional, sobretudo estágios para jovens trabalhadores e formadores em empresas fora do respectivo país de origem e projectos de cooperação entre estabelecimentos de formação profissional e empresas; (b) Erasmus: programa de mobilidade e de cooperação entre universidades. Desde que foi criado em 1987, o programa Erasmus contou com a participação de um milhão e meio de estudantes. Um programa mais recente, denominado Erasmus Mundus, permite a jovens licenciados e universitários de todo o mundo obter um mestrado em cursos que envolvem consórcios de, pelo menos, três universidades europeias; (c) Grundtvig: programa de apoio a programas de educação para adultos, especialmente parcerias, redes e acções de mobilidade transnacionais; e (d) Comenius: programa de cooperação entre estabelecimentos de ensino e professores. Estes programas têm em comum o facto de se procura encorajar um maior conhecimento dos outros países que compõem a EU e disseminar as boas práticas de educação e de formação existentes. No caso do processo de Bolonha a EU procura apoiar padrões comparáveis e graus compatíveis em toda a Europa.

O programa “Cultura 2000”, estabelecido entre 2000 e 2006, contribui com bolsas no âmbito de projectos de cooperação cultural em todas as áreas artísticas e culturais, das artes performativas à história cultural. Concebendo a cultura como uma das dimensões da integração social e desempenhando um papel no desenvolvimento socioeconómico, o objectivo central enquadra-se na criação de uma área cultural primeiro relatório da Comissão sobre a consideração dos aspectos culturais na acção da Comunidade Europeia, no qual se afirma não se tratar de uma descrição exaustiva e que, embora sejam consagrados meios substanciais às actividades culturais ou de dimensão cultural, as acções realizadas raramente correspondem a objectivos específicos da Comunidade no domínio cultural” e “acorda em tomar em consideração os aspectos culturais nos fundos estruturais com a finalidade de reforçar a coesão económica e social da Comunidade e de promover um desenvolvimento global harmonioso dentro do actual quadro jurídico comunitário”

(http://eurlex.europa.eu/Notice.do?mode=dbl&lang=ro&ihmlang=ro&lng1=ro,pt&lng2=da,de,el,en,es,fi,fr,it, nl,pt,sv,&val= 221418:cs&page=). Consultar este relatório em (http://aei.pitt.edu/1329/01/culture_report _COM_96_160.pdf).

11

A procura do estabelecimento de relações entre as áreas da cultura e da educação, e formação conduziu à criação pela Comissão Europeia do programa “Connect” em que se procuram “sinergias entre a cultura e os

domínios da educação e da formação que possam envolver a investigação e as novas tecnologias” no

contexto de uma “Europa do Conhecimento” assim como duma “Sociedade da Informação”. (JOC, de 13 de Maio de 1999, C 133/26 a C 133/30) Esta iniciativa terminou em 2002. Contudo, a EU seleccionou o Pólo Universitário européen de Lorraine para a realização deste estudo.com o objetivo “de dar uma visão global

das actuais acções nacionais que ligam a cultura (artes visuais, música, artes cénicas, livros e leitura, património cultural) de forma mais estreita com a educação formal, não formal e informal, a formação profissional e os jovens” (http://ec.europa.eu/culture/key-documents/doc898_en.htm). O relatório

apresentado, salienta a necessidade de uma visão política que seja acompanhada de acções concretas e que a ligação entre a cultura e a educação apresenta-se como um elementos indispensável de integrar nas prioridades políticas da EU. (cf.http://ec.europa.eu/ culture/ pdf/doc903_en.pdf).

(18)

17 comum na EU caracterizada pela sua diversidade e património partilhado. Procura encorajar a criação e a mobilidade artística e cultural, o acesso à todos à cultura e a disseminação das artes e da cultura, diálogo intercultural e o conhecimento da história dos povos europeus. Das várias actividades que este programa apoia incluem festivais, “master classes”, exposições, novas criações e produções artísticas, viagens, traduções e conferências, pensadas para artistas e operadores culturais assim como para o ‘grande público’, em particular os jovens e os mais desfavorecidos. No seguimento deste programa o “Programa Cultura” (2007-2013), abrange também todas as actividades culturais não audiovisuais e tem como objectivos: (a) “promover a mobilidade transnacional das pessoas que trabalham no sector da cultura”; (b) “incentivar a circulação transnacional de obras e produções artísticas e culturais”; (c) “fomentar o diálogo intercultural” (http://ec.europa.eu/culture/pdf/doc1165_pt.pdf). Por outro lado, propõe-se uma “Agenda europeia para a cultura num mundo globalizado”, “uma nova agenda europeia para a cultura, que tenta responder aos desafios da globalização”, atendendo a que, não só “o sector da cultura desempenha um papel essencial, dadas as suas numerosas implicações sociais, económicas e políticas”, como também “a cultura ocupou sempre um lugar fundamental no processo da integração europeia”. Os objectivos da nova agenda para a cultura articulam-se em torno de três prioridades: (a) diversidade cultural e diálogo intercultural12; (b) dinamização da criatividade no âmbito da ‘Estratégia de Lisboa’ para o crescimento e o emprego e (c) dimensão cultural como elemento vital nas relações internacionais. No primeiro caso procura-se incentivar (a) a mobilidade dos artistas e profissionais do campo da cultura e a circulação de todas as formas de expressão artística; e (b) “o reforço das competências interculturais e do diálogo intercultural, mormente pelo desenvolvimento de capacidades que figuram entre as competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, como a sensibilidade e a expressão culturais e a comunicação em línguas estrangeiras”. No segundo, argumenta-se que “as indústrias culturais contribuem para o dinamismo da economia europeia, bem como para a competitividade da UE. A título de exemplo, a cultura emprega cerca de cinco milhões de pessoas na EU” Deste modo, a Comissão propõe os seguintes objectivos: (a) “promover a criatividade na educação e integrar esta dimensão nas medidas relativas à aprendizagem ao longo da vida”; (b) “reforçar as capacidades do sector cultural em

12

Em 2008 a EU designou este ano como o Ano Europeu do Diálogo Cultural por proposta da Comissão em Outubro de 2005. Este ano em que são privilegiados “os domínios da cultura, da educação, da juventude, do

desporto e da cidadania” *…+ constituirá, para além do seu efeito multiplicador, um instrumento único de

sensibilização dos cidadãos e, nomeadamente, dos jovens, para esta problemática. || O Ano Europeu deverá visar, de uma maneira geral, a: (a) Promoção do diálogo intercultural como instrumento para auxiliar os

cidadãos europeus e todos os habitantes da União Europeia a adquirir conhecimentos e aptidões que lhes permitam compreender um ambiente mais aberto e mais complexo; (b) Sensibilização dos cidadãos europeus e de todos os habitantes da União Europeia para a importância do desenvolvimento de uma cidadania europeia activa e aberta para o mundo, no respeito da diversidade cultural e com base em valores comuns”

(http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/05/1226&format=HTML&aged= 0&language= EN&guiLanguage=en).

(19)

18 termos de organização, com especial incidência no empreendedorismo e na formação do sector cultural em competências de gestão (fontes de financiamento inovadoras, dimensão europeia das actividades comerciais, etc.); (c) “desenvolver parcerias eficazes entre o sector cultural e outros sectores (TIC, investigação, turismo, parceiros sociais, etc.) no intuito de aumentar o impacto dos investimentos na cultura”. Por último, “na esteira da Convenção da UNESCO sobre a protecção e a promoção da diversidade das expressões culturais, ratificada por todos os Estados-Membros e pela UE, a nova agenda para a cultura propõe o reforço da dimensão cultural enquanto elemento indispensável das relações externas da UE. Esta prioridade faz-se acompanhar de várias medidas tendentes a: (a) prosseguir o diálogo político no domínio da cultura e fomentar o intercâmbio cultural entre a UE e os países terceiros; (b) favorecer o acesso aos mercados mundiais dos bens e serviços culturais provenientes de países em desenvolvimento, por meio de acordos que prevejam um tratamento preferencial ou de medidas de assistência relacionadas com os intercâmbios; (c) apoiar-se nas relações externas para instaurar apoios financeiros e técnicos (preservação do património cultural, apoio a actividades culturais em todo o mundo); (d) ter em conta a cultura local em todos os projectos financiados pela UE; (e) intensificar a participação da UE nos trabalhos das organizações internacionais activas no domínio da cultura e no processo «Aliança de civilizações» da ONU (EN)”.(http://europa.eu/legislation. summaries/culture/l29019_pt.htm)

Artes, cultura e educação artística e artístico-musical

Em 1998 organiza-se a primeira conferência intitulada “A Creative Culture – Creativity and Cultural Education” em que “a vontade política de criação de uma política comum era encontrar novas formas pedagógicas não apenas para mediar o conhecimento cognitivo, mas para colocar a ênfase na mediação das qualificações-chave: "estas qualificações essenciais incluem a resolução de problemas de forma independente e criativa, *…+ comportamento social, trabalho de projecto e de resolução de conflitos. Novas formas de ensino e aprendizagem devem ser aplicadas em sala de aula ... [..], é essencial desenvolver habilidades criativas dos jovens. Portanto, as escolas não devem de modo algum negligenciar a educação musical e a educação artística: "É fundamental ressaltar o valor da criatividade em toda a formação de professores e criar a consciência de sua importância. A criatividade é promovida especialmente com exercícios lúdicos, tarefas concretas bem como com projectos interdisciplinares e projectos em rede” (Wimmer, 2009: 55).

De acordo com este autor desde esta Conferência que a “criatividade” se transformou numa “fórmula mágica” e, por outro lado a educação para a “sociedade de informação” baseia-se não tanto na “mediação de determinadas competências

(20)

19 académicas dos indivíduos mas num conjunto de competências-chave desenvolvidas num processo de aprendizagem ao longo da vida” (Idem).

A Estratégia de Lisboa ou Agenda de Lisboa delineada em Março de 2000, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia, “para uma Europa da inovação e do conhecimento” “é um conjunto de linhas de acção política dirigidas à modernização e crescimento sustentável da economia europeia, através do incremento da produtividade, com base na valorização dos recursos humanos e no modelo europeu de protecção social” (http://www.ces.pt/file/doc/68). O objectivo estratégico para a primeira década do século XXI no espaço da União Europeia: “tornar-se na economia baseada no conhecimento mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social”. Esta estratégia assenta esta estratégia assenta em três pilares económico; social e ambiental (http://europa.eu/scadplus/glossary/lisbon_strategy _pt.htm).

Conjuntamente com esta “estratégia” o Conselho da Educação elaborou a estratégia “Educação e formação para 2010”. D acordo com o “Relatório do Conselho (Educação) para o Conselho Europeu - "Os objectivos futuros concretos dos sistemas de educação e formação"” de 14 de Fevereiro de 2001, os objectivos gerais que a sociedade atribui à educação e à formação estão centrados (a) no “desenvolvimento do indivíduo, para que possa realizar todas as suas potencialidades e ter uma vida feliz”; (b) no “desenvolvimento da sociedade, em especial através do fomento da democracia, da redução das disparidades e das injustiças entre indivíduos ou grupos e da promoção da diversidade cultural” e no (c) desenvolvimento da economia, assegurando-se que as competências da força de trabalho correspondam à evolução económica e tecnológica” (p. 4). Tendo em conta os desafios das sociedades contemporâneas caracterizadas “por rápidas mutações, uma globalização crescente e uma maior complexidade em termos de relações económicas e sócio-culturais” e em que “as novas sociedades e estruturas económicas são cada vez mais guiadas pela informação e o conhecimento” (p. 5), os ministros da Educação formulam três objectivos estratégicos (a) aumentar a qualidade e a eficácia dos sistemas de educação e formação na União Europeia; (b) facilitar o acesso de todos aos sistemas de educação e formação e (c) abrir os sistemas de educação e formação ao resto do mundo (p. 7). Na procura de operacionalização destes objectivos enumeram-se um conjunto de afiliações para o desenvolvimento destas competências chave13 como por exemplo “manter a faculdade de aprender” (p.

13

Estas competências chave para a aprendizagem ao longo da vida são consideradas como “fundamentais

para cada indivíduo numa sociedade baseada no conhecimento” fornecendo uma “mais-valia para o mercado de trabalho, a coesão social ea cidadania activa, oferecendo flexibilidade e adaptabilidade, satisfação e motivação”. As oito competências chave são: comunicação na língua materna, comunicação em línguas

estrangeiras, competência matemática e competências básicas em ciências e tecnologia, competência digital, aprender a aprender, competências sociais e cívicas, espírito de iniciativa e espírito empresarial, e sensibilidade e expressão cultural. Em relação a esta última sublinha-se que ela implica “a consciência da importância da expressão criativa das ideias, experiências e emoções através de meios distintos (música,

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