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ERWIN PANOFSKY. Panofsky com dois colegas

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Academic year: 2021

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Sumário

Os níveis de significado das obras de arte segundo

Panofsky: o natural (pré-iconográfico), o

convencional (iconográfico) e o intrínseco

(iconológico).

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ERWIN PANOFSKY

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ERWIN PANOFSKY

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PANOFSKY

Os 3 níveis de significado:

• Significado primário ou natural. Nível pré-iconográfico.

– Identificação básica (factual) de formas e figuras (seres humanos, animais, etc.) e de atitudes expressionais (triste, contente, etc.).

• Significado secundário ou convencional. Nível iconográfico.

– Identificação de temas, histórias e alegorias.

• Significado intrínseco ou simbólico. Nível iconológico.

– Interpretação do sentido de uma imagem enquanto manifestação visual (consciente ou inconsciente) dos princípios fundamentais de uma cultura, época ou filosofia. A obra de arte como sintoma cultural. Teoria esboçada pela primeira vez na introdução ao livro Herkules am

Scheideweg (1930), mas apenas desenvolvida e estruturada em 1939 (Studies in Iconology). Teve ligeiras modificações em 1955 (Meaning in the Visual Arts).

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PANOFSKY

Fundamentos e contrapesos dos 3 níveis de significado:

• Significado primário ou natural. Nível pré-iconográfico.

– descrição pré-iconográfica (equipamento interpretativo: experiência prática, senso comum. Princípio corretivo: história dos estilos).

• Significado secundário ou convencional. Nível iconográfico.

– análise iconográfica (equipamento interpretativo: fontes literárias. Princípio corretivo: história dos tipos [iconográficos]).

• Significado intrínseco ou simbólico. Nível iconológico.

– interpretação iconológica (equipamento interpretativo: «intuição sintética». Princípio corretivo: história dos «sintomas culturais»).

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PANOFSKY

• Exemplo 1: o homem que levanta o chapéu para cumprimentar.

• Significado primário ou natural. Nível pré-iconográfico.

– Homem levanta o chapéu na rua atendendo à minha presença.

• Significado secundário ou convencional. Nível iconográfico.

– Interpreto o gesto como um cumprimento (herdado do hábito medieval de tirar o elmo para mostrar intenções pacíficas).

• Significado intrínseco ou simbólico. Nível iconológico.

– Percebo o estado de espírito do homem que levanta o chapéu e faço um «diagnóstico» da sua personalidade («condicionada pelo seu fundo

nacional, social e educativo e pela história da sua vida (…) uma maneira individual de ver as coisas e de reagir ao mundo». )

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Exemplo 2: Última Ceia de Leonardo (Milão).

• Significado primário ou natural. Nível pré-iconográfico.

– Um grupo de 13 indivíduos sentados à mesa.

• Significado secundário ou convencional. Nível iconográfico.

– Reconheço essa composição como a Última Ceia (pelo estudo dos Evangelhos e/ou pelo estudo da tradição visual).

• Significado intrínseco ou simbólico. Nível iconológico.

– Interpreto a Última Ceia de Leonardo como um documento da

personalidade de Leonardo ou da civilização do Renascimento italiano. («tratamos a obra de arte como sintoma de outra coisa que se exprime

numa inumerável variedade de outros sintomas, e interpretamos os seus traços composicionais e iconográficos como uma evidência particular dessa “outra coisa”. A descoberta e interpretação desses valores

“simbólicos” (…) é o objecto daquilo que podemos chamar “iconologia” enquanto oposta à “iconografia”»).

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Princípios correctivos:

• Significado primário ou natural. Nível pré-iconográfico.

– Conhecer a história dos estilos para não aplicar princípios contemporâneos a obras anteriores (realismo do séc. XV vs. simbolismo otoniano).

• Significado secundário ou convencional. Nível iconográfico.

– Mulher com espada e cabeça de homem: Salomé e S. João Baptista ou Judite e Holofernes? Ver se existem exemplos iconográficos anteriores de Judites com bandejas (sim) ou Salomés com espadas (não). Porquê a bandeja e não o saco? Pela popularização da imagem devocional da cabeça decapitada de S. João (Norte de Itália e Alemanha).

• Significado intrínseco ou simbólico. Nível iconológico.

– Não são dados exemplos, mas diz respeito a um domínio sólido da História da Cultura. Implica verificar se as nossas conclusões acerca do significado

intrínseco da obra estão em linha com o significado intrínseco de outras

produtos da época relacionados com a obra que estudamos (perigo: circularidade do raciocínio).

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Princípios correctivos:

• Significado primário ou natural. Nível pré-iconográfico.

– «História dos estilos (visão compreensiva do modo como, sob condições históricas variáveis, objectos e eventos são representados por formas).»

Formas objectos e eventos

• Significado secundário ou convencional. Nível iconográfico.

– «História dos tipos (visão compreensiva do modo como, sob condições

históricas variáveis, temas e conceitos específicos são expressos por objectos e

eventos».

Objectos e eventos temas e conceitos

• Significado intrínseco ou simbólico. Nível iconológico.

– «História dos sintomas culturais ou “símbolos” (visão compreensiva do modo como, sob condições históricas variáveis, tendências essenciais do espírito

humano foram expressas por temas e conceitos específicos».

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PANOFSKY

«A interpretação iconológica:

• quanto mais subjectiva e irracional é esta fonte de interpretação ( […] sempre

condicionada pela psicologia e mundividência do intérprete), tanto mais necessária é a aplicação de princípios correctivos.

• tem de ser corrigida por uma visão compreensiva do modo como […] as

tendências gerais e essenciais do espírito humano foram expressas por assuntos e conceitos específicos. […] O historiador da arte terá de conferir aquilo que ele pensa ser o significado intrínseco da obra com aquilo que ele pensa ser o

significado intrínseco de outros tantos documentos civilizacionais historicamente relacionados com aquela obra [i.e., testemunhos das tendências políticas,

poéticas, religiosas, filosóficas, e sociais da personalidade, época ou país investigado]»

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PANOFSKY

Exemplos da interpretação iconológica:

• 1930 (Hércules na Encruzilhada). O interesse renascentista por este

tema mitológico (em que o herói tem de optar entre o caminho fácil

e o difícil) servia de alegoria moral à própria Renascença.

• 1939 (Studies in Iconology). Explica as diferenças entre o estilo de

Ticiano (Veneza) e Miguel Ângelo (Florença/Roma) como sinais da

interpretação diferenciada do neoplatonismo nesses dois locais.

• 1951. (Arq. Gótica e Pens. Escolástico). Explica a evolução da Arq.

Gótica em paralelo com o desenvolvimento do método escolástico.

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Justiça de Cambises

(Sisamnés é esfolado vivo)

Gerard David, 1498

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PANOFSKY

«O sufixo “grafia” deriva do verbo grego graphein,

“escrever”;

implica um método ou procedimento puramente

descritivo

, frequentemente mesmo estatístico. A iconografia é

então, uma descrição e classificação de imagens […]; é um

estudo limitado e auxiliar que informa quando e onde foram

temas específicos visualizados através de outros motivos

específicos. […]. Ao realizar este trabalho, a iconografia é uma

ajuda inestimável para o estabelecimento de datas,

proveniências e, ocasionalmente, autenticidade; e fornece as

bases necessárias para toda a interpretação ulterior.»

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PANOFSKY

«[…] proponho fazer reviver a boa e velha palavra

iconologia

” sempre que a iconografia é retirada do seu isolamento

e integrada com qualquer outro método histórico, psicológico ou

crítico que possamos usar para tentar solucionar o enigma da

esfinge. Porque assim como o sufixo “grafia” denota um processo

descritivo, também o sufixo “logia” – derivado de logos, que

significa “pensamento” ou “razão” – denota um processo

interpretativo […]. Concebo assim a iconologia como

uma

iconografia tornada interpretativa

, que se transforma então numa

parte integral do estudo da arte, ao invés de estar confinada a um

levantamento estatístico preliminar.»

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PANOFSKY, 1955

• «Iconografia é o ramo da história da arte que se ocupa do

significado das obras de arte em oposição à sua forma.»

• «Concebo a iconologia como uma iconografia tornada

interpretativa.»

• «Existe todavia, e reconhecidamente, algum perigo de que

a iconologia se comporte não como a etnologia em

contraposição à etnografia, mas como a astrologia em

contraposição à astrografia.»

Referências

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