DOENÇAS DESMIELINIZANTES
CENTRAIS
Doenças desmielinizantes do SNC
•
Distúrbios imunologicamente mediados
•
Destruição preferencial da mielina do SNC
•
SNP é poupado
•
Esclerose múltipla – doença mais comum
–
Segunda maior causa de incapacidade neurológica
Doenças desmielinizantes
•
Esclerose Múltipla
•
Variantes Clínicas
–
Doença de Devic
–
Doença de Marburg
Esclerose Múltipla
•
Doença desmielinizante autoimune
•
Episódios distintos de instalação de déficits
neurológicos
–
Lesões de substância branca
–
Separadas no tempo e no espaço
Esclerose Múltipla
•
EVOLUÇÃO
–
Recidivas-remissões
–
Progressiva
Inflamação
Perda neuronal
Desmielinização
Gliose
CicatrizaçãoEsclerose Múltipla
•
EPIDEMIOLOGIA
–
Idade de início: 20-40 anos, mas pode surgir em
qualquer extensão da vida
–
3:1
–
↑Latitude →↑risco de EM (sol, vitamina D)
Patogenia
•
Resposta imune contra os componentes da bainha
de mielina
•
Fatores genéticos e ambientais
–
Incidênciax15 quando parentes de 1º grau
–
Incidênciax150 quando gêmeo monozigótico afetado
–
Alteração no complexo de histocompatibilidade maior
–
Polimorfismos em genes dos receptores de citocinas
–
Infecção viral (EBV) ?
Patogenia
•
Células T CD4+
,
Th1 e Th17
•
Reagem contra antígenos da própria mielina
–
Proteína básica da mielina (MBP)
•
Secretam citocinas
•
Th1 → INFγ → ativam macrófagos → TNFα, NO
•
Th17 → recrutamento de leucócitos → produtos
Patogenia
• Barreira Hematencefálica é afetada – Parede do vaso é preservada
• Proliferação dos astrócitos (gliose)
• Remielinização parcial dos axônios desnudos remanescentes pelos oligodendrócitos
sobreviventes ou diferenciados de células precursoras
– Placas-fantasmas
• Aparecimento de folículos linfocíticos ectópcos – Regiões perivasculares e perimeníngeas
• Neurodegeneração
– Perda axônica cumulativa
– Incapacidade neurológica progressiva e irreversível
– Lesão axonal é mediada por células inflamatórias residentes e invasoras
• Doença da substância branca
• Placas escleróticas
• Tamanho variável
• Adjacência dos ventrículos laterais
• Nervo óptico, quiasma, tronco encefálico
• Microscópicamente
• Placas ativas são
Fisiologia
• Pode ocorrer bloqueio de condução
– Quando impulso nervoso é
incapaz de atravessar o segmento desmielinizado
– Membrana axonal em repouso hiperpolarizada devido à
exposição dos canais de potássio dependentes de voltagem
normalmente ocultos sob a bainha de mielina
• Bloqueio variável da condução – Pode advir da temperatura
corporal elevada ou de alterações metabólicas
– Explica flutuações clínicas em associação à febre ou ao exercício
Manifestações clínicas
•
Início abrupto ou insidioso
•
Sintomas triviais até graves
•
RNM por outros motivos → EM assintomática
•
Sintomas variados
–
Dependem da localidade das lesões e de sua
Manifestações Clínicas
•
Fraqueza dos membros
– ↓força, velocidade, destreza, fadiga, distúrbio da marcha
– Fraqueza induzida por exercício – típico da EM
– Padrão de 1º neurônio motor
› Sinais piramidais
› Espasticidade › Hiper-reflexia › Sinal de Babinski
•
Espasticidade → espasmos musculares
– +30% dos pcts
– Pernas
– Dolorosos
– Interferem na capacidade de deambular
– Espontâneos
Manifestações clínicas
•
Neurite óptica
–
↓ acuidade visual
–
Falta de nitidez
–
↓ percepção das cores
–
Raramente há perda total da percepção da luz
–
MONOCULARES, mas podem ser bilaterais
–
Dor periorbital
–
FO normal ou com papilite, com posterior atrofia óptica (palidez)
•
Diplopia
–
Oftalmoplegia internuclear (lesão do m. intrínseco do olho)
› Bilateral → sugestivo de EM
Manifestações clínicas
•
Sintomas sensoriais
–
Variáveis
–
Parestesias (formigamento, agulhadas, etc.)
–
Hipoestesia (dormência, perda da parte do corpo, etc.)
–
Sensações desagradáveis (partes corporais inchadas,
molhadas, nuas)
–
Dor → qualquer área, muda ao longo do tempo
•
Ataxia
–
Tremor cerebelar
Manifestações clínicas
•
Disfunção vesical
–
+90% pcts
–
Incontinência
–
Hiperreflexia do detrusor
›
Polaciúria, urgência, esvaziamento incontrolável
–
Dissinergia do detrusor-esfincter
›
Dificuldade de iniciar/interromper jato urinário, hesitação,
retenção urinária, incontinência por transbordamento,
infecção recorrente.
•
Constipação
Manifestações clínicas
•
Disfunção cognitiva
–
Perda da memória
–
Desatenção
–
Dificuldade nas funções de execução, solução de
problemas, processamento lento das informações, etc.
–
Euforia < 20% pcts
•
Depressão
–
50% dos pcts
Manifestações clínicas
•
Fadiga
–
90% dos pcts
–
Razão mais comum de incapacidade
–
Exacerbada por ↑temperaturas, depressão, esforços
excepcionais, pertubações do sono
•
Disfunção sexual
–
↓ libido
–
↓ sensibilidade genital
–
Impotência em homens
Manifestações clínicas
•
Fraqueza facial
–
Assemelha-se paralisia de Bell idiopática
•
Vertigem
–
Lesão do tronco encefálico
Sintomas auxiliares
•
Sensibilidade ao calor
•
Sintoma de Lhermitte
–
Sensação de choque elétrico suscitada por flexão ou outro
movimento do pescoço, a qual se irradia para o dorso até as
pernas
•
Sintomas paroxísticos
–
Sintoma de Lhermitte, contrações tônicas de um membro,
face ou tronco, disartria e ataxia paroxísticas, pertubações
sensoriais paroxísticas
–
Breve duração (10s a 2min) e alta frequência, sem alteração
da consciência, de evolução autolimitada
Sintomas auxiliares
•
Neuralgia do trigêmio
•
Espasmo hemifacial
•
Neuralgia do glossofaríngeo
•
Mioquimia facial
–
Contrações tremulantes rápidas e persistentes da
musculatura facial
Evolução da doença
4 tipos clínicos
•
EM remitente-recorrente
•
EM progressiva secundária
•
EM progressiva primária
•
EM progressiva/recidivante
Evolução da doença
•
EM remitente-recorrente
–
85% dos casos de EM
–
Ataques distintos, que evoluem durante dias a
semanas
–
Com frequência há recuperação total
–
Quando deambulação é acometida, 50% não
Evolução da doença
•
EM progressiva secundária
–
Sempre começa com a EMRR
–
Em algum momento, a evolução muda
–
Pct apresenta deterioração constante da função,
sem episódios agudos
–
Produz maior grau de deficiência neurológica fixa
do que a EMRR
Evolução da doença
•
EM progressiva primária
–
15% dos pcts
–
Declínio funcional constante desde o início da
doença
Evolução da doença
•
EM progressiva/recidivante
–
5% dos casos
–
Se superpõe à EMPP e EMPS
–
Deterioração constante desde o início da doença
–
Episódios eventuais superpostos á sua evolução
Diagnóstico
•
Critérios de diagnóstico
–
2 ou mais episódios sintomáticos documentados
(+24h, separados por 1 mês ou mais)
–
2 ou mais sinais que reflitam a patologia em tratos
da substância branca do SNC anatomicamente
separados
Exames de diagnóstico
Diagnóstico diferencial
•
Nenhum sinal clínico ou exame isolado é
diagnóstico de EM
•
Diagnóstico é facilmente estabelecido em:
–
adulto jovem com sintomas recidivantes e
remitentes envolvendo áreas diferentes da
substância branca do SNC
Prognóstico
•
Em estudos, 15 anos após o início da doença, apenas 20%
dos pcts não tinham nenhuma limitação funcional e 33-50%
evoluíram para a EMPS
•
Prognóstico mais favorável
–
NO
–
Sintomas sensoriais no início
–
<2 recidivas no primeiro ano da doença
–
Comprometimento mínimo após 5 anos
•
Mais propensos a apresentar incapacidades
–
Ataxia do tronco
–
Tremor de ação
–
Sintomas piramidais
Tratamento
•
Tratamento dos episódios agudos
–
Glicocorticoides
•
Uso de agentes modificadores da doença
–
INFβ
1a, IFNβ
1b, acetato de glatirâmer, etc.
Neuromielite óptica
• A NMO é uma doença que foi descrita dentre as doenças desmielinizantes do SNC, como variante da EM, acometendo somente a medula espinal e o nervo óptico. A presença de lesões na medula espinal com extensão maior que 3 corpos vertebrais, assim como uma ampla extensão transversal associada a NO, com IRM do encéfalo normal, são elementos fundamentais para o diagnóstico da NMO (doença de Devic).
• Também conhecida como Síndrome de Devic
• Distúrbio inflamatório agressivo
• Ataques de NO aguda e mielite
• NO
– Bilaterais (raros na EM)
– Unilaterais • Mielite
– Grave e transversa (rara na EM)
Neuromielite óptica
•
Doença do tronco encefálico
–
náusea e vertigem
•
Grandes lesões dos hemisférios
–
Encéfalopatia ou convulsões
•
Síndrome de causas diversas
•
Até 40% dos pcts apresentam doença autoimune sistêmica
–
LES, Sd. de Sjögren, vasculite associada ao pANCA, Miastenia
Gravis, Tireoidite de Hashimoto ou DMTC.
•
Início pode estar associado com infecçõesa agudas
–
Vírus varicela-zoster, EBV, HIV.
Neuromielite óptica
•
Incapacitante com o passar do tempo
–
Insuficiência respiratória
–
Cegueira
–
Paralisia permanente de um ou + membros
•
Autoanticorpo contra a proteína aquaporina-4
do canal de água dos astrócitos é encontrado
no soro de 60-70% dos pcts.
EM aguda
•
Doença de Marburg
•
Processo desmielinizante fulminante
•
Morte em 1 a 2 anos
•
Sem remissão
•
Lesão solitária, cavitária
•
Dx estabelecido por biópsia
Encefalomielite disseminada
aguda
EMDA
• Desmielinização monofásica difusa
• Reação autoimune aguda
• Pode seguir uma infecção viral (exantemas virais da infância, ex.: sarampo, varicela)
• Raramente segue uma imunização viral (5%)
• Sintomas após 1 a 2 semanas do contato – Febre – Cefaléia – Meningismo – Letargia – Crises epiléticas – Coma
• Curso clínico rápido
• Forma explosiva: Leucoencefalite hemorrágica aguda
Referências
• Harrison – Medicina Interna, 18ªed.
• Robbins & Cotran - Patologia Bases Patologicas da Doencas, 8ª Ed.
• Clínica Médica – USP, Vol. VI