A DOENÇA CARDIO VASCULAR
DOENÇA CARDIO VASCULAR são as doenças que ocorrem envolvendo o coração e os vasos sanguíneos. Suas manifestações mais importantes são o INFARTO CARDIACO e o DERRAME CEREBRAL. Também fazem parte delas outras doenças pouco conhecidas em termos populares entre as quais temos:
Tromboangeite obliterante periférica, que é causada pelo cigarro; Microangiopatia diabética, que é causada pelo diabetes;
Arterioesclerose que é causada pelo deposito de gorduras no interior das artérias; Anginas e dores precordiais.
As doenças cardiovasculares lideram as causas de morte em todo o mundo, especialmente nos países desenvolvidos. São doenças que afetam os "vasos" sanguíneos, especialmente os vasos arteriais, e afetam também a bomba propulsora do líquido que flui dentro destes vasos que é o coração.
A doença cardiovascular lidera de longe as causas de óbitos, tanto entre homens como entre mulheres nos Estados Unidos da América do Norte.
Nos Estados Unidos, onde temos estatística para todas as coisas temos:
Um milhão de mortes por ano devido essa doença. Duzentos e oitenta mil ao dia.
Um milhão e meio de atendimento a infartos do miocárdio, dos quais quatrocentos e cinquenta mil morrem na primeira fase desse atendimento.
Quatro mil e duzentas pessoas ao dia que são atendidas e dessas morrem mil e duzentos e cinquenta por dia.
No Brasil, temos o DATASUS que é órgão do governo que controla as causas de óbito no Brasil, o qual revela que a maior causa de morte no Brasil, também é a doença cardiovascular.
A doença cardiovascular pode ser evitada, de modo que se possa diminuir o índice de mortalidade por essa doença.
PREVENÇÃO: PRIMÁRIA OU SECUNDÁRIA.
Prevenção primária das doenças cardiovasculares é aquela que enfoca a identificação e a intervenção nos fatores de risco, mudando-se o estilo de vida, evitando-se os fatores que contribuem para a ocorrência da doença ou admitindo procedimentos que contribuem para afastar essa ocorrência.
A prevenção primária também atua na busca dos casos de risco e na orientação à população em geral quanto aos procedimentos para se evitar a ocorrência da doença cardiovascular
A prevenção secundária atua na busca ativa dos portadores da doença e tratá-los a fim de que se diminua a morbidade dessa doença.
Atua também na reabilitação de pessoas que já sofreram infartos, AVC e o tratamento dos portadores de dores anginosas para que não venham a sofrer o infarto agudo do miocárdio.
Essa doença já está desenvolvida quando ocorre algum tipo de problema com as veias, artérias, ou algum problema com o coração.
Tem vários modos de se desencadear a degeneração das veias e artérias, mas a mais importante delas, especialmente para a ocorrência de infarto no coração ou dos chamados "derrames" que são os acidentes vasculares centrais, é a chamada Hiperlipidemia.
A hiperlipidêmia é o aumento das gorduras na circulação do nosso corpo.
As gorduras são fundamentais para que vivamos bem, elas são elementos de relevada importância não só para que mantenhamos a vida, mas que vivamos uma vida saudável e agradável de viver.
O início da doença cardiovascular ocorre quando "gorduras", representadas pelos ácidos graxos e triglicérides começam a se depositar na parede interna das artérias em nosso organismo. Esse processo recebe o nome de Aterogenese que é o início da arteriosclerose.
A arteriosclerose é um processo que ocorre em todas as artérias do nosso organismo, podendo trazer problemas em qualquer setor de nosso corpo, ocasionando a doença coronariana quando os vasos forem às artérias do coração.
Essas artérias vão diminuindo a sua luz, isto é, vão diminuindo o espaço por onde passa o sangue dentro delas, e pode ocorrer que essa diminuição seja muito importante de modo que o órgão que essa artéria sustenta venha a ter problema com sua saúde.
Quando essa dor no peito é grande, mas ainda não ocorreu nenhum infarto no coração, ela se chama ANGINA DO PEITO ou simplesmente DOR ANGINOSA.
Quando ocorre obstrução em algum ramo dessa coronária então desencadeia o que nós chamamos de infarto do miocárdio, sendo que miocárdio o nome do músculo do coração.
INFARTO AGUDO do miocárdio então, é a perda de fluxo sanguíneo na área infartada, por obstrução da artéria coronária responsável por levar o sangue aquele local.
Essa obstrução é causada pelos lipídios que circulam em nosso sangue e que vão se depositando no interior das artérias.
Esses lipídios se dividem em colesterol e triglicérides.
a) Os colesteróis são lipo-proteínas cuja função principal é o transporte dos lipídios, isto é, das gorduras circulantes.
Os colesteróis se dividem em:
1- LDL- colesterol o qual é uma lipoproteína de baixa densidade.
Constitui um elemento muito importante como causador da doença chamada aterosclerose. 2- HDL - colesterol é uma lipoproteína de alta densidade, mas é considerado um colesterol bom,
porque quanto maior os seus níveis, maior é a proteção que esse colesterol promove no organismo.
3- VLDL - colesterol é uma lipoproteína de baixíssima densidade. É também um colesterol nocivo, isto é, níveis aumentados de VLDL são muito perigosos porque eles provocam a doença cardiovascular.
O maior causador de infartos cardíacos é o LDL, pois a ocorrência de infartos se acham muito associados aos níveis de LDL. O simples aumento de 10% no LDL proporciona um aumento do risco de infarto em 30%.
Chamamos de COLESTEROL TOTAL, a soma desses colesteróis no sangue. CT = LDL + HDL + VLDL
2- Triglicérides são as mais diferentes gorduras que circulam em nosso organismo, provenientes de nossa alimentação e também estão armazenadas nas células adiposas, aquelas que armazenam gorduras.
Dislipidemia é o descontrole dos níveis de gordura, no sangue. Envolve triglicerides e colesteróis Hiperlipidemia também é o aumento dos lipídios no sangue.
Hipercolesterolemia é o aumento dos níveis de colesterol no sangue. Hipertrigliceridemia é o aumento dos triglicérides no sangue.
LDL
O LDL é a lipoproteína de baixa densidade que é responsável por 70% do transporte do colesterol plasmático e, portanto a medida do LDL livre está diretamente relacionado com o desenvolvimento da ATEROSCLEROSE, que é o depósito de gorduras na parede interna das artérias.
Altos índices de LDL estão diretamente relacionados com pacientes que sofreram infarto cardíaco. O LDL não deve ultrapassar 130mg/dl em pessoas sem risco e menos que 100 para portadores de risco.
LDL entre 130 e 180 são altamente preocupantes e níveis acima de 200 são decididamente maléficos à saúde.
Desejável Limítrofe Aumentados
HDL
HDL é o colesterol de alta densidade conhecido como colesterol bom. É uma espécie de colesterol que protege o organismo da doença coronariana.
O colesterol HDL é tão importante como protetor da doença cardiovascular de modo que aqueles que possuem HDL menor do que 40, tem risco de doença cardiovascular independente do colesterol estar menor que 200mg/dl. Níveis de HDL muito menores que 30 são altamente preocupante, sendo necessário providências urgentes para aumentar esses valores.
Em virtude da importância do nível do HDL, este deve ser dosado em todas as pessoas acima de 20 anos de forma periódica.
Desejável Limítrofe Preocupante >40 30 - 40 < 30
VLDL
VLDL é o colesterol de baixíssima densidade, é o principal carregador de triglicérides, de modo que seu aumento na circulação indica possível aumento de triglicérides livres simultaneamente agravando ainda mais o quadro.
Níveis desejáveis são menores que 30, entre 30 - 40 são indicadores de risco e acima de 40 são níveis patológicos.
COLESTEROL TOTAL é a soma dos colesteróis.
O nível de colesterol total associado com a medida do LDL são indicadores extremamente úteis para avaliação do risco das doenças cardiovasculares.
Níveis de colesteróis aumentados são mais tolerados pelos homens que pelas mulheres, o que leva os níveis de segurança das mulheres a serem menores que os dos homens.
ÍNDICES DE RISCO
Os índices de Castelli são muito mais importantes do que os valores isolados dos colesteróis ou suas frações, e também da dosagem dos triglicérides.
CT ÍNDICE 1 DE CASTELI = ______ HDL LDL ÍNDICE 2 DE CASTELI = ____ HDL FATORES DE RISCO
Tabagismo, Hipertensão Arterial, Diabetes Melitus, Obesidade, Alcoolismo, Sedentarismo e Stress. FATORES DE RISCO são situações vivenciadas pelo indivíduo portador da dislipidemia, que aumentam o risco de ocorrência da doença cardiovascular, especialmente o INFARTO CARDÍACO e o ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL.
São fatores ou situação que facilitam o surgimento da doença.
Isto quer dizer que um indivíduo que tem um certo risco X devido ser portador de dislipidemia, terá esse índice muito mais alto se tiver um fator de risco, pior ainda se tiver dois, assim por diante.
TABAGISMO
O tabagismo é um fator de risco muito importante na ocorrência da cardiopatia aguda, decorrente das dislipidemias. É um vício difícil de ser manuseado e muitas vezes se faz necessário o apoio de terceiros para a libertação desse vício.
O risco está muito ligado à quantidade de cigarros que são fumados durante cada dia sendo considerados fumantes pesados aqueles que fumam acima de 20 cigarros/dia.
Os seus efeitos adversos são deletérios a ambos os sexos e não dependem da idade sendo pior nas mulheres.
Quando é cessado o vício do cigarro, o risco começa a diminuir à medida que o tempo passa, caindo bem ao longo de um ano e desaparecendo ao longo de cinco anos.
O fumo prejudica também os pulmões, pois destroem o tecido epitelial normal que recobre a superfície interna dos brônquios e bronquíolos podendo levar ao enfisema pulmonar, o DPOC e podendo precipitar crises de asma brônquica, não só em quem fuma, mas também nas pessoas que as rodeiam.
O cigarro amarela os dentes, queima as extremidades dos dedos e resseca a pele. Devido à destruição do epitélio brônquico e da traquéia diminui muito as defesas pulmonares e facilita a tosse.
A nicotina facilita a deposição do colesterol e atua também no aumento do próprio colesterol,
Contrai as artérias periféricas e facilitam a instalação da doença vascular, tanto periférica, como cardíaca e cerebral,
Aumenta os níveis de pressão arterial.
O fumo prejudica muito quem tem a pressão alta, tornando-a às vezes incontrolável.
Assim sendo o tabagismo é altamente prejudicial à saúde, devido entre outras coisas o aumento dos colesteróis e propiciando o aparecimento dos problemas por ele causados.
Todo fumante tem duas vezes mais riscos de ter um derrame cerebral simplesmente por ser fumante e possui cinco vezes mais o risco de infarto cardíaco quando comparado ao não fumante.
ALCOOLISMO
O alcoolismo é outro vício muito comum em nossa população. Trata-se de um vício que gera dependência física de modo a se constituir numa doença, pois o indivíduo alcoólatra:
1- Evolui para a desnutrição, pois o álcool sendo altamente energético leva a uma diminuição do apetite e a pessoa não se alimenta normalmente.
O álcool é altamente energético e por essa razão o indivíduo diminui a vontade de ingerir alimentos o que leva a um desequilíbrio nutritivo com balanço negativo para o organismo que pode ir para desnutrição grave.
2- Por não se alimentar bem o indivíduo perde peso saudável e começa a ganhar peso por inchaço, o qual mascara a perda de peso e ninguém se apercebe dela.
3- Cria as condições do surgimento das gastrites e úlceras no estômago.
4- O álcool interfere nos níveis pressóricos e alteram o nível dos colesteróis no organismo porque prejudica o fígado alterando o metabolismo das gorduras a nível hepático.
As gorduras provenientes da alimentação chegam ao fígado na forma de quilomicrons os quais são riquíssimos em lipoproteínas ricas em triglicérides e pobres em fosfolipídios e colesteróis. O hepatócito capta esse quilomicrom e hidrolisa os triglicérides quebrando-os em glicerina e ácidos graxos, sendo esses oxidados para formação de outros ácidos graxos úteis ao organismo. O álcool interfere nesse mecanismo de oxidação levando ao acúmulo de gorduras e de colesteróis no organismo. Lembrar que o álcool também promove a hepatite alcoólica.
5- O álcool prejudica o cérebro, o pâncreas e o coração, o que junto com as dislipidemias aumentam as condições da ocorrência da doença cardiovascular.
HIPERTENSÃO ARTERIAL
A hipertensão arterial é o mais importante fator que leva ao óbito quando ocorre um acidente vascular como o infarto ou o AVC.
O hipertenso na faixa etária entre 35 e 60 anos tem 20% de chance a mais de morrer num infarto ou num AVC do que aquele que não sofre deste distúrbio de saúde.
O hipertenso na faixa etária maior que 65 anos tem 13% de chance a mais de ir a óbito que o não hipertenso.
A simples presença da HA já multiplica entre 2 e 4 vezes mais a chance de ocorrência de ocorrência de INFARTO OU AVC em relação àqueles que são normotensos.
A causa da hipertensão é muito importante na ocorrência de óbito.
Um indivíduo que tem PA = 16x12, cuja pressão alta é por outros fatores, tem risco moderado de enfartar, mas aquele que tem PA= 12x16 que tem como causa a hiperlipidemia, certamente morrerá de infarto do coração ou do derrame cerebral.
A hipertensão arterial crônica leva a um desenvolvimento muito importante do ventrículo E, cuja finalidade é manter o processo circulatório. Essa hipertrofia engrossa muito a parede do coração e isso facilita a diminuição da luz arterial, propicia a deposição das gorduras e levam ao processo de desenvolvimento da doença cardiovascular. No caso de ocorrência de infarto cardíaco nesses casos a recuperação e estabilização do infartado é muito difícil.
Pressões mínimas superiores a nove já são deletérias ao organismo, levando a prejuízos incalculáveis. A pressão arterial é um indicativo de tratamento por medicamento para controle dos colesteróis.
DIABETES MÉLITOS
O diabete é uma doença que ocorre em ambos os sexos, homens e mulheres, mais geralmente após os 35 anos.
Os diabéticos que possuem dislipidemias geralmente evoluem para o infarto cardíaco com índice aumentado de óbito em relação aqueles que não sofrem desse distúrbio metabólico.
O diabete tem como complicação própria a vasculopatia diabética que leva à destruição dos rins, a chamada nefropatia diabética.
Quando ocorre um infarto em pessoas que tem diabetes dependente de insulina, a chance de ir à óbito é de 80%.
No caso de ocorrer um infarto em diabético, no qual o indivíduo não é dependente da insulina, a chance de ir a óbito é de 40%
Isso quer dizer que o diabete quase impossibilita a recuperação de infartados.
O diabete descontrolado e a pressão arterial são os piores inimigos do infarto cardíaco e do derrame cerebral.
Isso quer dizer que se um indivíduo é diabético e tem pressão alta, se fizer dislipidemia morrerá de infarto ou derrame.
OBESIDADE
O maior problema da gordura não é exatamente a gordura distribuída por todo o organismo, mas aquela que se localiza nas vísceras e no abdome, principalmente na faixa da cintura.
A obesidade certamente é um fator que contribui muito para o aumento dos triglicerides e dos colesteróis, mas independente disto, a obesidade em si já propicia a ocorrência do infarto cardíaco, devido sobre a carga que lhe impõe.
Nesse caso o obeso tem além de um risco maior de sofrer a DCV tem um risco maior de enfartar porque é gordo.
O risco de infarto em obesos é dado pelo índice de massa corporal que é o peso dividido pela altura ao quadrado, em metros.
Peso (Kg) IMC = ____________
Os valores normais estão entre 18,4 e 24,9. Acima de 25 já está acima do peso e são obesos todo índice de massa corporal maior que 30Kg/m2 .
SEDENTARISMO
O sedentarismo é a falta de exercício ou atividade física de forma regular. O sedentarismo propicia o aparecimento e acúmulo de gorduras nas vísceras e no abdome aumentando em muito o risco do infarto cardíaco.
A atividade física proporciona uma melhor irrigação coronariana, e o controle de outros fatores que levam ao acidente vascular.
A atividade física promove o aumento do HDL e contribuem pela manutenção de um peso mais adequado, e facilita o controle da PA.
A falta de atividade física aumenta a oferta de ácidos graxos e triglicérides na circulação propiciando o aparecimento da DCV e dos acidentes vasculares: infarto ou derrame.
STRESS
O stress é uma palavra utilizada em nossa língua por faltar um vocábulo que traduz a idéia de cansaço associado à tensão nervosa ou emocional muitas vezes decorrente de uma hiperatividade onde não se respeita as limitações do organismo. Assim sendo o stress é prejudicial à saúde e pode ser o desencadeante de um infarto ou AVC na presença de dislipidemias, mormente se associadas a outros riscos.
