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As Primeiras Aproximações com Pesquisas que Versam sobre A Constituição dos Saberes Elementares Matemáticos

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Academic year: 2021

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Texto

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no curso primário

Heloisa Helena Silva Jéssica Cravo Santos Wilma Fernandes Rocha

Introdução

Neste texto são apresentadas as primeiras aproximações obtidas com produções acadêmicas no âmbito do GHEMAT – Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática, com o intuito de identificar temas, objetivos, fundamentação teórica e os enredos1 apresentados sobre A constituição dos saberes elementares matemáticos: a Aritmética, a

Geometria e o Desenho no curso primário em perspectiva histórico-comparativa, 1890-19702.

A justificativa para a produção deste trabalho, é que antes mesmo de realizarmos a seleção no programa de mestrado, do Núcleo de Pós-graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática (NPGECIMA), vinculado à Universidade Federal de Sergipe (UFS) em 2014, fomos convidadas a participar do projeto do GHEMAT sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª Ivanete Batista dos Santos3.

Cientes que precisaríamos efetuar outras leituras e de nos apropriarmos do ferramental teórico-metodológico adotado por pesquisadores vinculados ao GHEMAT, fomos orientadas no primeiro momento a realizar um exame de trabalhos já produzidos, na tentativa de revermos as nossas propostas de investigação. Para isso, identificamos e examinamos os trabalhos defendidos no âmbito do projeto, contando com cinco dissertações de mestrado. E como já dito anteriormente com o intuito de identificar possíveis contribuições aos nossos trabalhos, para quem sabe em um futuro próximo, estabelecermos aproximações e distanciamentos da

1 Entenda-se por “enredo” toda e qualquer informação/consideração já produzida, e que tem relevância aos nossos

projetos de pesquisa.

2 O projeto é coordenado pelo Prof. Dr. Wagner Rodrigues Valente e tem por objetivo “analisar a trajetória de

constituição dos ensinos de Aritmética, Desenho e Geometria em diferentes estados brasileiros em perspectiva histórico-comparativa”.

3 Doutora em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2006).

A referida professora é adjunto da Universidade Federal de Sergipe e coordena o grupo de pesquisa Núcleo de Investigação sobre História e Perspectivas Atuais da Educação Matemática (NIHPEMAT) e orienta as autoras deste texto no mestrado do NPGECIMA.

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constituição do ensino dos saberes elementares matemáticos entre Sergipe e em outros estados brasileiros.

Optamos inicialmente por responder às seguintes questões: Quais as fontes utilizadas nas pesquisas já realizadas? O que abordaram sobre os grupos escolares e o ensino primário? Qual o aporte teórico utilizado em cada um desses trabalhos? Será que o que foi dito em relação a outros estados pode também ser identificado para o caso de Sergipe? De modo geral, procuramos identificar quais as representações construídas por meio desses trabalhos em relação aos saberes elementares matemáticos: a Aritmética, a Geometria e o Desenho no curso primário, para em seguida começarmos a traçar um roteiro para construirmos ou não representações diferenciadas das já apresentadas.

Os trabalhos examinados foram orientados pelo Prof. Dr. Wagner Rodrigues Valente4 e pela Profa. Dra. Maria Célia Leme da Silva5 e estão apresentados a seguir.

 A Matemática na formação do professor primário nos Institutos de Educação de São Paulo e Rio de Janeiro (1932-1938) de autoria de Denis Herbert de Almeida.

 Manuais pedagógicos e as orientações para o ensino de matemática no curso primário em tempos de Escola Nova de autoria de Josiane Acácia de Oliveira Marques.

 Escola Nova, Escola Normal Caetano de Campos e o ensino de matemática na década de 1940 de Adauto Douglas Parré.

 Escola de práticas pedagógicas inovadoras: Intuição, Escolanovismo e Matemática Moderna nos primeiros anos escolares de Nara Vilma Lima Pinheiro.

 A matemática na pedagogia, da FFCL-USP e FNFi (1939-1961) de Martha Raíssa Iane Santana da Silva.

Um primeiro estudo sobre esses trabalhos nos permite identificar uma série de fontes a exemplo de decretos, leis, livros de atas, guias, programas escolares, provas, programas normativos, manuais pedagógicos, livros didáticos, anuários, relatórios entre outros. Em

4 Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo/INRP - Paris (1997). Pós-Doutor pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (1999). Livre Docente no Departamento de Educação da Universidade Federal de São Paulo (2010). Coordenador do GHEMAT - Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática (www.unifesp.br/centros/ghemat). E Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP (informações retiradas do currículo lattes).

5 Doutora em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002). Realizou estágio

pós-doutoral na Universidade Nova de Lisboa (2006). É pesquisadora do GHEMAT - Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática no Brasil desde 2005. Professora Adjunta da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo. E Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação e Saúde da UNIFESP (informações retiradas do currículo lattes).

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Sergipe já foram localizados alguns decretos, leis e regulamentos. Que outras fontes ainda poderão ser localizadas para o caso de Sergipe?

É possível destacar também, a visibilidade a nomes e ações de professores que atuavam à época. Por exemplo, Parré (2013) ao investigar a formação de professores identificou a existência de profissionais que no exercício da docência deixam registros fundamentais para a compreensão da história das disciplinas escolares, pois, tais sujeitos atuaram na elaboração dos currículos e foram capazes de realizar práticas envolvendo os saberes disciplinares, em particular, os saberes elementares matemáticos.

Em Almeida (2013) também há a apresentação de professores, pois ao procurar analisar como a matemática era proposta e ensinada em cursos de formação de professores, destacou o trabalho da professora Alfredina de Paiva e Souza. Por meio do exame das fontes o autor destaca o trabalho desenvolvido pela referida professora que ampliou as possibilidades de ensinar a tabuada no Brasil, a partir da realização de pesquisa experimental e inédita, passando a desenvolver e difundir uma formação de professores primários diferenciada, em que a educação ganha status de Ciência e passa a ser respaldada por pesquisas.

Outro destaque dessa pesquisa foi o professor Antonio Firmino de Proença, responsável pela disciplina Matérias e Prática de Ensino no Instituto de Educação de São Paulo de 1933 a 1937, mesmo tendo em sua formação e em sua experiência docente a defesa do método intuitivo. Identificou que o professor Proença se apropriou das propostas vindas do ideário renovador como centros de interesse, aprendizagem em situações vitais, globalização e projetos com bibliografia, em sintonia com as principais referências da Escola Nova, apresentando planos de aula que remetem ao método ativo.

O exame do trabalho de Almeida (2013) nos permite fazer as seguintes indagações: Será que é possível localizar professoras ou professores que atuaram de forma diferenciada em Sergipe? E caso seja identificado, em que medida as práticas serão diferentes das já apresentadas nos trabalhos examinados?

Já em Silva (2013) que teve como tema os processos de academização e legitimação de áreas de conhecimento em ascensão pode-se considerar uma proposta de formação do pedagogo em seu currículo, uma matemática a serviço da disciplina Estatística Educacional. A referida disciplina mesmo em processo de estabilização à época, como campo de conhecimento, como “comunidade disciplinar”, a Estatística dava autoridade ao discurso dos educadores, que junto

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com a disciplina Complementos de Matemática, compunha a Matemática da formação do pedagogo do período investigado.

No caso do exame do trabalho de Pinheiro (2013), cujo período de pesquisa foi delimitado por três grandes movimentos educacionais: a pedagogia intuitiva, a pedagogia renovada e a pedagogia moderna. É possível destacar que para compreender a transição dos movimentos educacionais torna-se necessário aprofundar as considerações a respeito da cultura escolar, apropriações, estratégias e táticas, pois, segundo Pinheiro (2013), esses são conceitos que podem revelar práticas pedagógicas e mudanças ocorridas para o ensino de novos conteúdos escolares.

O exame desses trabalhos nos permitiu identificar uma série de autores em relação a cada um dos movimentos e a necessidade de efetuarmos leituras de referenciais teóricos, como Roger Chartier e Michel de Certeau adotados por Marques (2013) com relação à base teórico-metodológica da História Cultural. Dito de outra forma, precisamos passar a ler sobre uma série de outros autores até então desconhecidos, principalmente porque, ao examinarmos os trabalhos muitas vezes ainda não entendemos como eles foram utilizados como fundamentação teórica.

Considerações

Diante do exposto, constatamos que para a realização das investigações, aqui apresentadas, os autores inicialmente se apropriaram de entendimentos relacionados, por exemplo, ao pensamento escolanovista, aos métodos de ensino e às propostas pedagógicas utilizadas à época. E essa é uma tarefa que teremos que executar para construirmos enredos para as nossas fontes.

Foi possível verificar também, no que diz respeito aos enredos já traçados pelos pesquisadores, que eles versam basicamente sobre escolas, professores, programas e aspectos do ensino dos saberes elementares matemáticos, para o caso do Rio de Janeiro e São Paulo. Será que é possível para o caso de Sergipe, identificarmos nomes de professores, temáticas e características das escolas primárias, conteúdos e programas de ensino, recursos e métodos, diferentes dos adotados em São Paulo e Rio de Janeiro? E de outros estados da federação? Esses são alguns dos questionamentos que nortearão nossas pesquisas.

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Assim, fizemos as primeiras leituras sobre História da Educação Matemática, Valente (2013) e sobre os saberes elementares matemáticos em Sergipe, Santos (2013). Elaboramos projetos com as seguintes temáticas:

 Materiais de Ensino: uma história sobre seu(s) uso(s) para o ensino dos saberes elementares matemáticos a época dos grupos escolares sergipanos (1911-1971) (CRAVO, 2013).

 Uma investigação sobre os saberes elementares matemáticos presente no(s) processo(s) de seleção dos professores do ensino primário dos grupos escolares sergipanos (1911-1970) (SILVA, 2013).

 Os saberes elementares de matemática nos grupos escolares da rede municipal de Aracaju, desde a sua criação até o ano de 1970 (ROCHA, 2013).

E foi com essas temáticas que cada uma de nós conseguiu a aprovação no processo seletivo6.

Por fim, vale ressaltar que o exame dos trabalhos nos permitiu elencar um rol de perguntas que por certo nortearão a reescrita dos nossos projetos de pesquisa. Mas, acima de tudo nos mostrou uma forma de produção que cria “representações” a partir do uso de fontes e referenciais que ainda precisamos nos apropriar, não apenas com o olhar voltado para Sergipe, mas também para outros estados da federação. Pois, pretendemos produzir "enredos" sobre história da educação matemática que contribuam para a produção de estudos históricos comparativos, com o destaque que já possuímos o que deve nortear o papel do historiador, inspiradas nas representações já produzidas.

Referências

ALMEIDA, D. H. de. A Matemática na Formação do Professor Primário nos Institutos de Educação de São Paulo e Rio de Janeiro (1932-1938). Dissertação de Mestrado. Guarulhos: Universidade Federal de São Paulo, 2013.

6 Os projetos sofreram algumas alterações levando em consideração as sugestões e orientações postas entre os

examinadores dos trabalhos do XI Seminário Temático no âmbito do GHEMAT.

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MARQUES, J. A. de O. Manuais Pedagógicos e as Orientações para o Ensino de Matemática no Curso Primário em Tempos de Escola Nova. Dissertação de Mestrado. Guarulhos: Universidade Federal de São Paulo, 2013.

PARRÉ, A. D. Escola Nova, Escola Normal Caetano de Campos e o Ensino de Matemática na Década de 1940. Dissertação de Mestrado. Guarulhos: Universidade Federal de São Paulo, 2013.

PINHEIRO, N. V. L. Escola de Práticas Pedagógicas Inovadoras: intuição, escolanovismo e matemática moderna nos primeiros anos escolares. Dissertação de Mestrado. Guarulhos: Universidade Federal de São Paulo, 2013.

SILVA, M. R. I. S. da. A Matemática na Pedagogia, da FFCL-USP e FNFi (1939-1961). Dissertação de Mestrado. Guarulhos: Universidade Federal de São Paulo, 2013.

SANTOS, I. B. Em Busca do Ensino de Aritmética, Geometria e Desenho nos Grupos Escolares Sergipanos (1911-1935). VII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. Cuiabá, MT: UFMT, 2013.

VALENTE, W. R. Oito temas sobre História da Educação Matemática. REMATEC - Revista de Matemática, Ensino e Cultura. Ano 8, n. 12. Natal, RN: EDUFRN, 2013.

Referências

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