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Artigo Original

Opistótono como sinal de refluxo

gastroesofágico grave

em pacientes pediátricos

Opisthotonus as a sign of severe gastroesophageal reflux inpediatric patients

Lisieux Eyer de JesusCirurgiã pediátrica do Hospital Municipal Jesus e Hospital Universitário Antônio Pedro, UFF. Supervisorade Residência Médica em Cirurgia Pediátrica do Hospital Municipal Jesus/ TCBC. Paulo César Costa MonteiroCirurgiãopediátrico do Hospital Municipal Jesus e Hospital Universitário Antônio Pedro, UFF.Renata Restay SiqueiraElisiane Bezerra MarinhMédicas residentes do 2º ano em Cirurgia Pediátrica do Hospital Municipal Jesus.PedroAugusto Vital NogueiraCirurgião pediátrico do Hospital Municipal Jesus e Hospital da Lagoa. Chefe do Serviço de CirurgiaPediátrica do Hospital Municipal Jesus.Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital Municipal Jesus - Rio de Janeiro -RJ - Brasil.Unitermos: opistótono, refluxo gastroesofágico, pediatria.Unterms: opisthotonus, gastroesophageal reflux disease, pediatrics.

Um dos grandes dilemas atuais no manejo da doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) na criança se refere àsuspeita clínica, que deve precipitar a investigação diagnóstica e eventual indicação cirúrgica. À exceção devômitos (regurgitação), muito comuns em lactentes jovens saudáveis (até um quarto dos lactentes normaiscom até cinco meses têm mais de quatro episódios diários de regurgitação)(1), sinais e sintomas referentes àvia digestiva

(hemorragia digestiva, estenose esofágica) são incomuns(2-3), sutis (anemia por perda oculta desangue, irritabilidade por esofagite ativa) ou muito tardios e problemas

respiratórios podem ter origensdiversas, constituindo sinais de baixa especialidade, apesar de boa sensibilidade para a DRGE. Pneumoniastípicas de aspiração em ápice pulmonar direito são manifestações proporcionalmente raras de DRGE e apenas5% das pneumonias de repetição na infância são causadas pela doença, em crianças não encefalopatas(4). A DRGE se expressa mais freqüentemente em sistema respiratório, com sintomas como broncoespasmorecorrente, crises apnéicas e quadros de infecções "atípicas" de vias aéreas superiores, porém oreconhecimento da associação é difícil nestas circunstâncias, exceto se o profissional mantiver um limiar baixopara suspeita do problema. Irritabilidade e recusa alimentar são típicas, mas de percepção difícil emencefalopatas ou bebês pequenos. Por todas estas dificuldades, a suspeita de DRGE na criança por vezes étardia, eventualmente com conseqüências graves com respeito ao tratamento. É sabido que a presença deDRGE é mais freqüente em pacientes encefalopatas (provavelmente em torno de metade do total de encefalopatas graves) e, nestes últimos, o reconhecimento da doença é ainda mais difícil, pela suscetibilidadeque têm a infecções respiratórias por distúrbios de deglutição, detecção difícil de queixas e nutrição porgavagem. Estas crianças são freqüentemente encaminhadas à cirurgia, para inserção de gastrostomiaalimentar, sem ciência prévia quanto à DRGE grave que eventualmente apresentam.A síndrome de Sandifer (extensão exagerada e rotação lateral do pescoço) é uma manifestação posturalclássica e característica da DRGE em crianças mais velhas (tipicamente escolares), porém rara na práticaclínica. Observamos, no entanto, uma freqüência elevada de postura viciosa em opistótono, em algunspacientes clinicamente portadores de DRGE e/ou manifestações preocupantes de doença respiratória crônica ourecorrente. A postura viciosa foi revertida prontamente e em todos os casos após a execução de fundoplicaturagastroesofágica, sugerindo que a postura viciosa em

hiperextensão cervical possa ser um sinal pouco conhecidode DRGE.

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Descrevemos os pacientes tratados no Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital Municipal Jesus queapresentavam opistótono, associado à DRGE e revertido pelo tratamento cirúrgico anti-refluxo.

PACIENTES E MÉTODOS

O Serviço de Cirurgia do Hospital Jesus é de nível terciário e atende crianças até os 12 anos de idade, funcionandocomo referência em cirurgia e neurocirurgia pediátrica no município do Rio de Janeiro, RJ, BR. Apresentamos nestetrabalho cinco pacientes que apresentavam opistótono, retirados de uma casuística de 55 casos de pacientes quereceberam fundoplicatura

gastroesofágica, em cinco anos (1994-1999) de observação retrospectiva, determinadapela presença de DRGE reconhecido clinicamente ou através de exames complementares e/ou como complementode inserção de gastrostomia alimentar no Serviço de Cirurgia Pediátrica. Em sua totalidade, a casuística observadaapresenta 60% de pacientes do sexo masculino, mediana de idade seis meses, média de idade 17 meses eincidência de 87% de encefalopatas crônicos. O caso clínico nº 6 foi operado no ano 2000 e acrescentado àcasuística por apresentar opistótono como sintoma extremamente destacado, inclusive como queixa clínica materna,associado a

manifestações respiratórias sugestivas de DRGE. Resumo de características clínicas nas Tabelas 1 e 2. 2 de 628/08/2016 10:56

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Caso clínico nº 1: Paciente masculino, três meses de idade, transferido da maternidade onde nasceu para inserçãode gastrostomia alimentar. Criança encefalopata, sindrômica (síndrome de Pierre-Robin), cardiopata (cor triatrium),prematura, portadora de diagnóstico clínico de

traqueomalácia. História de pneumonia, crises apnéicas recorrentes,opistótono, distúrbio de deglutição, regurgitação repetitiva evidente, hemorragia digestiva alta (um episódio). Crises convulsivas controladas através de medicação específica, alimentação por gavagem. Desnutrição protéico-calóricaevidente (peso 62% do percentil 10 para a idade)(5). Estudo contrastado de trato digestivo superior não foi realizado,por dificuldades operacionais do setor de radiologia,

relacionados à gravidade clínica do paciente. Submetido agastrostomia e fundoplicatura à Nissen. Pós-operatório imediato sem intercorrências anormais, opistótono resolvido.Sem ganho ponderal evidenciado até dois meses de seguimento, quando foi transferido para outra unidade hospitalar para cirurgia cardíaca.

Caso clínico nº 2: Paciente masculino, cinco meses de idade, transferido da maternidade onde nasceu para inserçãode gastrostomia alimentar. Criança cardiopata grave (cardiopatia hipertrófica). Quando clínico de desnutriçãoprotéico-calórica grave (peso 39% do percentil 10 para a idade)(5), crises apnéicas recorrentes, distúrbio dedeglutição e opistótono. Alimentação por gavagem. Submetido a gastrostomia e fundoplicatura à Nissen após 60 diasde internação, para estabilização clínica. Óbito no segundo dia pós-operatório, por complicações cardíacas do atoanestésico. Caso clínico nº 3: Paciente masculino, quatro meses de idade, transferido da maternidade onde nasceu para inserçãode gastrostomia alimentar. Paciente encefalopata, prematuro,

broncodisplásico, apresentando crises convulsivascontroladas por medicação específica. Quadro clínico de distúrbio de deglutição, desnutrição protéico-calórica grave(peso 38% do percentil 10 para a idade)(5), alimentação por gavagem, opistótono intenso. Estudo contrastado detrato digestivo superior não demonstrou refluxo gastroesofágico. Submetido a gastrostomia, sem cirurgia anti-refluxoassociada, pelo risco anestésico, considerado proibitivo, após 70 dias de internação para estabilização clínica.Internação pós-operatória em UTI e ventilação controlada até o óbito, aos 46 dias, evidenciando RGE clinicamenteóbvio desde o pós-operatório imediato. Causa mortis: pneumonia.

Caso clínico nº 4: Paciente masculino, nove meses de idade. Uma internação hospitalar prévia, por pneumonia.Encefalopata, prematuro, diagnóstico clínico de traqueomalácia. Crises convulsivas controladas por medicaçãoespecífica. Quadro clínico de pneumonia, desnutrição protéico-calórica (peso 57% do percentil 10 para a idade)(5),regurgitação recorrente e refluxo gastroesofágico demonstrado em estudo contrastado de trato digestivo superior,opistótono, distúrbio de deglutição. Alimentação inicialmente oral, gavagem após internação. Submetido agastrostomia e fundoplicatura à Nissen, após internação de 93 dias para estabilização clínica. Alta no sexto diapós-operatório. Seguimento de dois anos, com um episódio de pneumonia. Ausência de opistótono, observado por médico ou familiares. Melhora da hipertonia verificada no pré-operatório, sem alteração nas doses de medicaçãoanticonvulsivante; hérnia incisional. Persiste com déficit nutricional grave.

Caso clínico nº 5: Paciente masculino, oito anos de idade. Primeira internação hospitalar com diagnóstico depneumonia. Encefalopata crônico após toxoplasmose congênita, crises convulsivas tratadas através de medicaçãoespecífica. Desnutrição protéico-calórica (peso 87% do percentil 10 para a idade)(5), hemorragia digestiva alta (umepisódio), opistótono, distúrbio de deglutição, ruminação freqüente. Alimentação inicial oral, gavagem apósinternação. Estudo contrastado de trato digestivo superior considerado insatisfatório quanto à avaliação de refluxogastroesofágico. Submetido a gastrostomia e fundoplicatura à Nissen após internação para estabilização clínica de 40 dias (colecistectomia incidental por colelitíase e hidropsia de vesícula). Evolução satisfatória, alta no quinto diapós-operatório, ganho ponderal de 17% em seis meses. Melhora neurológica

importante, ausência de opistótono.

Caso clínico nº 6: Paciente masculino, quatro meses de idade, operado anteriormente por atresia de esôfago, comfístula traqueoesofágica distal e distância longa entre os dois cotos esofágicos (>2 corpos vertebrais). Feitalaqueadura da fístula, anastomose esofágica término-terminal e gastrostomia. Desenvolveu fístula esofágicapós-operatória, que cicatrizou com manejo conservador. A criança evoluiu com problemas respiratórios graves, crisesrecorrentes de broncoespasmo e dois episódios de pneumonia, embora não apresentasse quadro clínico de regurgitação. Bom estado nutricional, predominantemente através de gastrostomia. A mãe se queixava de que obebê se mantinha permanentemente irritado e em posição de opistótono

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de pró-motílicos ou bloqueadores H2. Estudo contrastadodo trato digestivo demonstrava leve estenose da anastomose esofágica, aos três meses de pós-operatório, semrefluxo gastroesofágico. A criança foi empiricamente submetida a fundoplicatura gastroesofágica, com alívio imediatodo quadro respiratório e cessação da postura de opistótono desde o primeiro dia pós-operatório. Atualmente nooitavo mês de seguimento se encontra em ótimas condições nutricionais e sem recorrência da postura viciosa

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encontrada anteriormente. DISCUSSÃO

Embora limitados pela natureza retrospectiva de nosso estudo, podemos encontrar uma incidência alta de opistótonoentre os pacientes estudados: 11% do total de 56 pacientes apresentavam este sintoma, extremamente incomum empacientes crônicos que não sejam portadores de distúrbios ortopédicos cervicais. O quadro de opistótono foiresolvido em todos os pacientes operados em que houve a possibilidade de observação clínica no pós-operatório (opaciente 2 foi a óbito no segundo dia pós-operatório e o paciente 3, no segundo mês de pós-operatório, apósinternação prolongada em UTI sob ventilação mecânica).

A presença de postura em opistótono como sinal de DRGE é raramente citada na literatura e Ybarrondo e Mazurcitam a progressão de opistótono episódico em lactente para síndrome de Sandifer, no mesmo paciente quandopré-escolar(6).A postura em opistótono não está presente apenas em pacientes com problemas neurológicos, nesta casuística. Nãohouve diferença quanto à ocorrência desde sinal entre encefalopatas e não encefalopatas, considerando todos ospacientes estudados (n=56). Opistótono, além da primeira infância, só foi verificado em uma criança, restrita ao leite,o que talvez se explique pela impossibilidade de assumir a postura típica da síndrome de Sandifer, necessariamentecaracterística de ortostatismo. Não encontramos explicação para este sintoma haver ocorrido apenas em meninos,em nossa cauística, uma vez que a proporção do sexo masculino, entre os 56 pacientes estudados, é de apenas60%.

Nosso estudo apresenta grande predomínio de encefalopatas. Embora esta tendência se repita na maioria dostrabalhos publicados a respeito de cirurgia anti-refluxo em crianças, reconhecemos um nítido viés de nosso Serviço,por localizar-se em centro de referência regional para tratamento de crianças com lesões neurológicas. A associaçãoentre encefalopatias crônicas, especialmente encefalopatia hipóxico-isquêmica e DRGE, atinge mais de 50% dospacientes(7-8). Temos

verificado que os sintomas posturais de DRGE e hipertonia reacional à irritabilidade,provocada por esofagite em atividade, são freqüentemente atribuídos à doença neurológica, em pacientes

encefalopatas(9,10). Acreditamos que tanto a postura em opistótono quanto uma fração da hipertonia, freqüentesnestas crianças, podem dever-se à DRGE, sendo talvez uma manifestação equivalente à irritabilidade percebida empacientes normais com esofagite e determinando um círculo vicioso de manutenção do RGE: esofagite e refluxogerando hipertonia, que piora a ocorrência de RGE por aumento da pressão intra-abdominal.Verificamos melhora neurológica acentuada em dois dos três pacientes encefalopatas que sobreviveram à cirurgia.Este dado é corroborado em literatura pela diminuição da dosagem necessária de anticonvulsivantes após cirurgiaanti-refluxo(6,11,12). Achamos provável que o achado de opistótono em nossa casuística esteja subestimado, emrazão do estudo ser de observação retrospectiva, em uma população predominantemente de encefalopatas (87%),nos quais a alteração postural pode ter sido menosprezada, como parte da doença de base e não referida emprontuário.

Vômitos repetitivos são freqüentes, tanto entre lactentes normais quanto entre portadores de DRGE e a desnutriçãopode ser atribuída a outros problemas, em pacientes complexos. No entanto, sintomas respiratórios são a principalmanifestação de DRGE em lactentes(2,3,13) e foram verificados em quatro dos cinco pacientes nesta faixa etária:quatro pneumonias, duas crises apnéicas, um "bebê chiador", dois casos de "traqueomalácia sintomática". Apresença de sintomas digestivos é muito mais rara, constando apenas dois episódios de hemorragia digestiva alta eum caso de entenose de anastomose esofágica, que poderia ser atribuído à cicatrização tardia de fístula esofagiana.Estes achados estão de acordo com a literatura pertinente, que demonstra que os sintomas respiratórios são osprincipais em lactentes e que pneumonias típicas não devem ser esperadas para levantar a suspeita de DRGE.

Interessante é a afirmação de Owayed e cols., a partir de estudo quando à etiologia de pneumonias de repetição emaproximadamente 3.000 crianças, de que a faixa etária em que predominam pneumonias por aspiração, a partir dedistúrbios de deglutição em pacientes sem cirurgia prévia é a idade escolar (média de 6,3 anos), ao lado de umaidade muito mais precoce para as infecções respiratórias por DRGE (média 1,4 ano, em crianças nãoencefalopatas)(4). Este dado, a nosso ver, defende a idéia de que pneumonias de repetição em idade precoce,mesmo entre encefalopatas, levantam fortemente a suspeita de DRGE, não devendo o médico ater-seexclusivamente à idéia de que o quadro respiratório se deva à aspiração, a partir de distúrbio de deglutição, tornando

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A ausência de suspeita diagnóstica quando à presença de DRGE em pacientes portadores de doença respiratória

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leva a diagnósticos errados e/ou tardios(6,9,13), em especial em pacientes complexos, nos quais outras entidadesnosológicas podem explicar os sintomas. Adicionalmente, a probabilidade de cura espontânea por maturação dacriança, em casos de DRGE sintomática em encefalopatas, é extremamente incomum(7,14).

Em nosso Serviço é habitual a associação de cirurgia anti-refluxo em todos os pacientes com indicação degastrostomia alimentar, pela freqüência >50% de refluxo novo ou refluxo evidenciado após a cirurgia de gastrostomiaisolada(15,16), inclusive com alguns óbitos pós-operatórios atribuídos a broncoaspiração, hipótese que não pode serdescartada para o paciente número 3. A mortalidade cirúrgica entre os pacientes portadores de opistótono foi significativamente maior que no grupo em queeste sintoma não havia sido referido em prontuário: 25% contra 7% de mortalidade (p<0,05). Não podemos valorizareste dado "per se", em virtude da contaminação da amostra por pacientes cardiopatas graves, outro grupo queapresenta alta mortalidade cirúrgica(17,18). Ainda assim, tanto a presença de opistótono como de desnutrição graveatuaram nesta casuística como variáveis clínicas independentes, relacionadas estatisticamente com maus resultadose é possível que o opistótono sinalize DRGE de maior gravidade, corroborando uma possível equivalência circunstancial entre este sinal e a síndrome de Sandifer.

Um problema metodológico importante, neste estudo, é o fato de que não foram usados testes complementarespadronizados para a determinação de RGE, principalmente pela necessidade primária de inserção de gastrostomiaalimentar, que em nosso Serviço pressupõe a confecção de uma válvula anti-refluxo. Não dispúnhamosrotineiramente de pHmetria e consideramos a

endoscopia digestiva, visto tratar-se de exame invasivo e necessitar deanestesia geral, indicada apenas em circunstâncias específicas (hemorragia digestiva, suspeita de estenoseesofagiana), por necessitar de anestesia geral em crianças. A obtenção de estudo contrastado de trato digestivo alto, embora solicitado em cinco e feito em quatro dos seis casos, em nossa experiência apresenta alto índice de examesfalso-negativos para DRGE, seja pela natureza intermitente da doença, seja por problemas técnicos, conformeverificamos nos casos nos 5 e 6. Adicionalmente, pode cercar-se de riscos operacionais consideráveis, em pacientesque apresentem episódios graves de aspiração ou doença associada grave (paciente nº 1).

De fato, no total de 39 estudos radiológicos contrastados, num total de 55 doentes estudados, foram verificadosquatro episódios de broncoaspiração, embora sem conseqüências mórbidas perceptíveis para o aparelho respiratóriode forma imediata, após seu controle (dados não publicados).

Considerando estes fatos, a somação de dadosclínicos com a necessidade de inserção de gastrostomia nos bastou para indicar a confecção de uma fundoplicaturagastroesofágica nos pacientes desta casuística. Isto nos impede de avaliar precisamente o grau de DRGE presenteno pré-operatório destes pacientes, ou mesmo de afirmar, sem sombra de dúvida, a existência do fenômeno noscasos estudados, apesar de os dados clínicos sugerirem doença grave e de a maioria dos pacientes apresentaremfatores determinantes de alto risco de ocorrência de DRGE (em torno de 50% para encefalopatas e portadores deatresia de esôfago).

Outro argumento pertinente, para supor a relevância de fenômenos relacionados ao RGE no determinismo do quadroclínico de opistótono, é inegável, embora puramente observacional: todos os pacientes sobreviventes tratados comcirurgia anti-refluxo deixaram de apresentar o vício postural assinalado, embora nenhum deles tenha sofrido qualqueralteração na terapêutica geral ou neurológica recebida no pré-operatório. A reversão do fenômeno foi observada emtodos os casos, no pós-operatório precoce, antes que pudesse ocorrer melhora nutricional significativa.

Reconhecemos ser necessário um estudo prospectivo com pHmetria pré-operatória em todos os doentes comindicação de cirurgia anti-refluxo, a fim de demonstrar uma eventual relação entre sinais-sintomas-prognóstico ealterações no exame diagnóstico, o qual pretendemos realizar em breve.

Concluímos que a presença de opistótono pode ser um sintoma relevante de DRGE grave, em crianças com lesãoneurológica de base ou não, independentemente da presença de sintomas digestivos específicos, em especialnaquelas que assumem permanentemente a posição de decúbito (lactentes do primeiro semestre e crianças restritasao leito). A associação de opistótono e doença respiratória, em pacientes encefalopatas, deve levar a investigaçãoquanto à presença de DRGE neste grupo de crianças, não devendo ser assumido, aprioristicamente, que o víciopostural derive da doença neurológica de base ou de anomalias ortopédicas associadas.

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