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POPULAÇÕES SAMBAQUIANAS COSTEIRAS: saúde e afinidades biológicas dentro de um contexto geográfico e temporal. Mercedes Okumura 1

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Academic year: 2021

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POPULAÇÕES SAMBAQUIANAS COSTEIRAS:

saúde e afinidades biológicas dentro de um contexto geográfico e temporal

Mercedes Okumura1

RESUMO

Nas últimas décadas, vêm aumentando o número de estudos sobre o modo de vida e as relações biológicas dos grupos sambaquianos da costa. Tais estudos não apenas aprofundam questões já levantadas anteriormente, mas também incluem novas perguntas e novas abordagens. Este artigo visa fazer uma revisão sobre os estudos de maior relevância publicados nas últimas décadas e que contribuíram para um maior entendimento sobre esses grupos pré-históricos dentro de um panorama mais geral da arqueologia da costa sudeste e sul do Brasil.

Palavras-chave: Craniometria. Doenças infecciosas. Estresse. Patologia.

ABSTRACT

The number of studies addressing the lifestyle and the biological affinities of Brazilian shellmound groups has seen a sheer increase in the last decades. Such studies have not just resulted in a more detailed picture, but also have included new questions and new approaches to the topic. This article aims to make a review on the most relevant studies that have been published in the last decades and which have contributed to a greater understanding of these prehistoric groups within a large scale picture of the archaeology of the south-eastern and southern Brazilian coast.

Keywords: Craniometrics. Infectious diseases. Stress. Pathology.

Introdução

Embora o próprio título deste artigo faça referência aos sítios arqueológicos do tipo “sambaqui”, isto é, sítios monticulares formados principalmente por conchas de moluscos e por sedimento, sítios afins também serão incluídos, como é o caso dos “acampamentos conchíferos”, definidos por Prous2

como sítios de ocupação litorânea

1 Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, Av. Prof. Almeida Prado, 1466, São Paulo, 05508-070. E-mail: okumuram@usp.br.

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nos quais os vestígios culturais se encontram em uma matriz pouco estratificada, terrosa ou cheia de cinzas, que comporte uma proporção considerável de restos de conchas, geralmente concentradas em bolsões. Tal inclusão se faz necessária não somente devido ao fato de inúmeros estudos terem abrangido esses dois tipos de sítios, mas também porque muitas vezes a colocação de um determinado sitio costeiro em uma ou outra categoria não é clara. Assim sendo, este artigo visa fazer uma revisão sobre o estado da arte do conhecimento que se tem sobre os grupos pré-históricos que habitaram a costa sudeste e sul do Brasil durante a segunda metade do Holoceno médio (aproximadamente entre 6500 e 800 anos Antes do Presente). Nesta revisão, para fins puramente didáticos, tais grupos serão chamados de “sambaquianos” e seus sítios serão chamados de “sambaquis”.

Outros termos que fazem parte do título também merecem ser mais bem explicados. O conceito de saúde, inferido a partir de estudos envolvendo restos esqueletais humanos, refere-se ao estudo de uma miríade de patologias que podem ser observadas no esqueleto, portanto, ignorando uma ampla gama de doenças (em sua maioria, agudas) que podem afetar um indivíduo ao longo de sua vida. Por isso, torna-se necessário levar em conta a ideia do “paradoxo osteológico”3, na qual afirmações sobre o quanto um dado grupo de indivíduos (representados por seus esqueletos) pode ser considerado “saudável” devem ser pensadas com cautela.

Já o conceito de afinidade biológica, neste caso, a ser explorado através da craniometria e dos dados não métricos, teria suas origens na idéia de que grupos biologicamente mais semelhantes apresentariam maiores semelhanças na morfologia craniana. Esta idéia será explicada de forma mais aprofundada posteriormente.

Saúde e estilo de vida: doenças infecciosas, traumas, marcadores de stress e a importância da dieta nas patologias orais

Conforme já discutido brevemente, a maioria das doenças que acometem um indivíduo ao longo de sua vida não deixará nenhum vestígio em seus ossos. Por exemplo, uma gripe não deixará nenhum vestígio no esqueleto. Já no caso de uma perna quebrada, este poderá ser reconhecido através da observação das marcas deixadas no osso da perna. Desta forma, bioantropólogos precisam trabalhar com as poucas

3 WOOD, J. W. et all., The osteological paradox: problems of inferring prehistoric health from skeletal

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evidências que apontem para um determinado padrão de doenças ou de estilo de vida de um grupo. Conforme exemplificado, a presença de traumas como fraturas que atinjam os ossos pode ser verificada no material esqueletal e o tipo de trauma pode indicar uma origem violenta ou acidental. Algumas doenças infecciosas podem atingir os ossos, deixando evidências importantes de que tal indivíduo foi afligido por uma infecção crônica durante a sua vida. Do mesmo modo, hábitos rotineiros, que envolvam, por exemplo, movimentos repetitivos podem deixar suas marcas nas articulações, e inferências sobre o tipo de movimento e sua finalidade podem ser feitas. Finalmente, o tipo de dieta é um dos fatores que mais influencia a presença de algumas evidências de patologias que podem ser observadas no esqueleto. Estas evidências podem apontar para a presença de anemias (causadas geralmente pela interação entre dieta e patologias), assim como para a presença de patologias bucais importantes.

O que sabemos até o momento sobre os padrões de doenças e o estilo de vida dos grupos da costa sudeste e sul do Brasil na segunda metade do Holoceno? Certamente, o estudo sistemático de indivíduos de muitos sítios resultou em um panorama muito mais claro a respeito desses parâmetros, assim como na presença de algumas exceções importantes aos padrões observados. Arqueólogos vêm propondo um modelo onde, entre outros fatores, a abundância de recursos alimentares da costa teria favorecido uma permanência desses grupos nesses locais, ou seja, tais grupos costeiros seriam muito mais sedentários do que se havia pensado. Esse modelo, onde os recursos costeiros e o relativamente alto sedentarismo seriam os fatores principais, também dá algumas pistas do que seria esperado encontrar-se nos ossos desses indivíduos. De fato, através da observação de contextos arqueológicos semelhantes, assim como de estudos etnográficos, é possível propor tendências de padrões de doença de grupos humanos a partir do que se sabe sobre seu modo de vida e sua dieta. Sabe-se, por exemplo, que um modo de vida sedentário e com relativamente alta densidade demográfica (como tem sido proposto para os grupos sambaquianos) geralmente vêm acompanhado de uma maior frequência de doenças infecciosas4. Isso é, de fato, o que tem sido observado em diversos conjuntos de esqueletos exumados em sambaquis, onde a freqüência de tíbias com sinais de infecção varia de 80% a 20%5 (Figura 1a). Infecções específicas, como é

4 RAMENOFSKY, A. F.; WILBUR, A. K.; STONE, A. C, Native American disease history: past, present and future directions, 2003, p. 243.

5 SCHEEL-YBERT, R. et all., Novas perspectivas na reconstituição do modo de vida dos sambaquieiros: uma abordagem multidisciplinar, 2003, p. 120; ______ et al. Subsistence and lifeway of coastal Brazilian

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o caso das treponematoses, foram estimadas em 2,9% do total de mais de 700 indivíduos amostrados em 45 sítios6. Esses números devem ser avaliados levando-se em conta o fato de que pouquíssimas infecções deixam evidências nos ossos estudados. Desta forma, essas porcentagens devem ser encaradas como subestimativas da frequência de doenças infecciosas nesses grupos. Não foram observadas tendências temporais ou geográficas em termos da distribuição de sinais de infecção nesses grupos.

Doenças infecciosas, juntamente com deficiências na dieta, possuem um papel importante no desenvolvimento de lesões ósseas associadas a episódios de estresse, incluindo a presença de anemias. Muito se tem discutido sobre qual dos dois fatores (infecções ou dieta) teriam tido uma maior importância no estabelecimento desses episódios de estresse e é possível sugerir que a alta frequência de infecções, aliada às evidências de uma dieta bastante rica e diversificada (da qual comentaremos depois), apontem para o papel de maior destaque dos agentes infecciosos no estabelecimento de estresses fisiológicos observados nos esqueletos oriundos de sambaquis. Há diversos marcadores que podem ser usados neste caso. A cribra orbitália (Figura 1b) e a hiperostose porótica, são lesões observadas, respectivamente, no teto das órbitas e nos ossos parietais do crânio que têm sido ligadas a anemia, má nutrição, parasitas intestinais e doenças infecciosas, entre outros fatores7. Embora uma etiologia inequívoca não tenha sido determinada até o momento, é possível dizer que tais lesões seriam indícios fortes de períodos de estresse, causados por problemas na dieta e/ou patologias infecciosas. Nos grupos de sambaquis, conjuntos de esqueletos de alguns sítios alcançam frequências bastante altas de ambas lesões, como é o caso de Cabeçuda (SC), onde a frequência observada de cribra orbitália foi de mais de 89% e a de hiperostose porótica de quase 93%8. No caso das hipoplasias de esmalte dental (paradas na deposição de esmalte causadas por episódios de estresse) (Figura 1c), apenas poucos indivíduos de alguns sítios catarinenses foram analisados e as frequências observadas variam de 50% a 28%9.

moundbuilders, 2009, p. 46; OKUMURA, M. M. M.; EGGERS, S. The people from Jabuticabeira II:

reconstruction of the way of life in a Brazilian shellmound, 2005, p. 270.

6 FILIPPINI, J., Treponematoses e outras paleopatologias em sítios arqueológicos pré-históricos do

litoral sul e sudeste do Brasil, 2012. [Resumo]

7 WALKER, P. L. et all, The causes of porotic hyperostosis and cribra orbitalia: a reappraisal of the iron-deficiency-anemia hypothesis, 2009, p. 109.

8 MELLO E ALVIM, M. C.; UCHÔA, D. P.; GOMES, J. C. O, Cribra orbitalia e lesões cranianas

congêneres em populações pré-históricas da costa meriodional do Brasil, 1991, p. 34, 41.

9 NEVES, W. A.; WESOLOWSKI, V, Economy, nutrition and disease in prehistoric coastal Brazil: a case study from the State of Santa Catarina, 2002, p. 392.

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A maioria dos sambaquianos apresenta o padrão de patologias orais esperado para um grupo costeiro de caçadores-coletores (ou seja, grupos sem agricultura): altos níveis de desgaste dental de alto a moderado (Figura 1d)10 atribuídos à mastigação não intencional de elementos abrasivos como areia e pequenos ossos de peixe11 e, de forma geral, uma baixa frequência de cáries (Figura 1e), cálculo (Figura 1f), abscessos (Figura 2a) e perda de dentes antemortem (Figura 2b)12. Com exceção dos sítios catarinenses Morro do Ouro e a porção mais antiga de Rio Comprido (que apresentaram frequências entre 8 e 12% de cáries), todos os grupos estudados apresentam menos de 4% de cáries, o que se encaixa na porcentagem (0 a 5,3%) esperada para grupos de caçadores-coletores13.

Figura 1: Exemplos de patologias discutidas no texto. : infecção óssea, b: cribra orbitalia,c: hipoplasia linear de esmalte, d: desgaste dental, e: cáries, f: cálculo dental. Fonte: LAB-IB-USP,

Nicola Kung e acervo pessoal.

10 WESOLOWSKI, V., Cáries, desgaste, cálculos dentários e micro-resíduos da dieta entre grupos

pré-históricos do litoral norte de Santa Catarina: é possível comer amido e não ter cárie?, 2007, p. 97.

11 REINHARD, K. J., et all, Microfossils in dental calculus: a new perspective on diet and dental disease, 2001, p. 115; LITTLETON, J.; FROHLICH, B., Fish-eaters and farmers: dental pathology in the Arabian Gulf, 1993, 443; MACCHIARELLI, R., Prehistoric fish-eaters along the eastern Arabian coasts:

dental variation, morphology, and oral health in the Ra's al-Hamra community (Qurum, Sultanate of Oman, 5th-4th millennia BC), 1989, p. 582.

12 MENDONÇA DE SOUZA, S. M. F., Estresse, doença e adaptabilidade: estudo comparativo de dois grupos pré-históricos em perspectiva biocultural, 1995, p. 202; OKUMURA, M. M. M.; EGGERS, S., op.

cit., 2005, p. 275; SCHEEL-YBERT, R. et all., Novas perspectivas na reconstituição do modo de vida dos sambaquieiros: uma abordagem multidisciplinar, 2003, p. 120; NEVES, W. A.; WESOLOWSKI, V., op. cit., 2002, p. 387; WESOLOWSKI, V., A prática da horticultura entre os construtores de sambaquis e acampamentos litorâneos da região da Baía de São Francisco, Santa Catarina: uma abordagem

bio-antropológica, 2000, p. 138.

13 TURNER II, C. G., Dental anthropological indications of agriculture among the Jomon people of

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Estudos que analisaram padrões de traumas em grupos sambaquianos revelaram uma quase completa ausência de traumas, seja associados a episódios de violência inter-pessoal, seja de possível origem acidental14.

As Patologias Degenerativas das Articulações (PDAs) incluem as osteo-artrites (processos inflamatórios das articulações esqueletais), osteo-artroses e outros problemas degenerativos das articulações15 e são frequentemente usadas como marcadores de intensidade de atividade em grupos pré-históricos (Figura 2c). Mais uma vez, os padrões de PDAs observados em grupos sambaquianos apontam para uma concordância com a idéia de grupos relativamente sedentários, cujos recursos costeiros (e mais especificamente, aquáticos) tinham um papel importante. A análise de esqueletos de sambaquianos mostra que, entre adultos, os membros superiores eram muito mais afetados por PDAs do que os inferiores16, o que pode ser tentativamente ligado a atividades relacionadas à aquisição de recursos aquáticos como nadar, jogar redes de pesca, remar, entre outras17.

Outro marcador de atividade aquática é a exostose do canal auditivo externo, caracterizado pelo crescimento anormal de massas ósseas nesses locais (Figura 2d). Devido a essas formações ósseas terem sido observadas em grupos costeiros em todo o mundo. O fator causador dessas formações ósseas tem sido comumente apontado como sendo o contato prolongado com a água, assim como a interação entre a temperatura atmosférica e o efeito do vento, que poderiam exacerbar o efeito “de resfriamento” dos meatos auditivos úmidos. Assim, as exostoses do canal auditivo externo têm sido usadas como indicadores da importância de atividades aquáticas18. Em grupos sambaquianos costeiros, onde a grande relevância das atividades relacionadas à água é bem aceita, verificou-se a importância dos fatores ambientais (temperatura e efeito do vento) no

14 LESSA, A.; MEDEIROS, J. C., Reflexões preliminares sobre a questão da violência em populações

construtoras de Sambaquis: análise dos sítios Cabeçuda (SC) e Arapuan (RJ), 2001, p. 77; OKUMURA,

M. M. M.; EGGERS, S., op. cit., 2005, p. 277; RODRIGUES-CARVALHO, C.; LESSA, A.; MENDONÇA DE SOUZA, S. M. F., Bioarchaeology of the Sambaqui groups: skeletal morphology, physical stress and trauma, 2009, p. 18.

15 LARSEN, C. S., Bioarchaeology: interpreting behaviour from the human skeleton, 1997, p. 162. 16

RODRIGUES-CARVALHO, C., Marcadores de estresse ocupacional em populações sambaquieiras

do litoral fluminense, 2004, p. 154; OKUMURA, M. M. M.; EGGERS, S., op. cit., 2005, p. 277; NEVES,

W. A., Incidência e distribuição de osteoartrites em grupos coletores do Litoral do Paraná: uma abordagem osteobiográfica, 1986, p. 52; SCHEEL-YBERT, R. et all., op. cit., 2003, p. 120; PETRONILHO, C., Comprometimento articular como um marcador de atividades em um grande

sambaqui-cemitério, 2005, p. 128.

17 MENDONÇA DE SOUZA, S. M. F., op. cit., 1995, p. 231; RODRIGUES-CARVALHO, C., op. cit., 2004, p. 188-189.

18 KENNEDY, G. E., The relationship between exostoses and cold water: a latitudinal analysis, 1986, p. 412.

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desenvolvimento dessas formações ósseas, que atingem quase 40% dos indivíduos adultos em sítios da costa sul do estado de Santa Catarina, onde a temperatura atmosférica mais baixa e a maior ação do vento teriam peso maior no desenvolvimento das exostoses em relação à costa sudeste19.

Figura 2: Exemplos de patologias discutidas no texto. a: abscessos, b: perda de dentes antemortem, c: patologias degenerativas das articulações, d: exostose do canal auditivo externo. Fonte:

LAB-IB-USP, Nicola Kung e acervo pessoal.

Afinidades biológicas: o que crânios e dentes nos dizem sobre as relações biológicas entre grupos sambaquianos?

Devido ao fato de pouquíssimas análises de DNA antigo a partir de restos esqueletais sambaquianos terem sido feitas e publicadas até o momento20, esta revisão focará nos resultados obtidos a partir da análise morfológica de crânios e dentes.

Elementos craniodentais têm sido usados tradicionalmente para testar hipóteses acerca de filogenias e taxonomias. Esta abordagem está ligada à freqüente preservação de restos cranianos e dentários e ao conceito que se assume de que a morfologia

19 OKUMURA, M. M. M.; BOYADJIAN, C. H. C.; EGGERS, S., Análise da exostose do meato auditivo

externo como um marcador de atividade aquática em restos esqueletais humanos da costa e do interior do Brasil, 2005-2006, p. 181; OKUMURA, M. M. M.; BOYADJIAN, C. H. C.; EGGERS, S., Auditory exostoses as an aquatic activity marker: a comparison of coastal and inland skeletal remains from

Tropical and Subtropical regions of Brazil, 2007a, 561; OKUMURA, M. M. M.; BOYADJIAN, C. H. C.; EGGERS, S., An evaluation of auditory exostoses in 621 prehistoric skulls from coastal Brazil, 2007b, 470.

20 Vide MARINHO, A. N. R. et all., Paleogenetic and taphonomic analysis of human bones from Moa,

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craniana é um bom indicador de relações ancestral-descendente. Existe uma tendência de se considerar a morfologia óssea como predominantemente determinada pela genética, ou, ao contrário, como resultado de interações entre os ossos e o ambiente21. Obviamente, nenhuma dessas visões extremas é a correta. Apesar da vasta variação observada na forma craniana das populações humanas, estudos de herdabilidade têm mostrado que há uma contribuição genética importante na determinação da forma do crânio22, mesmo quando há grandes mudanças ambientais23.

Caracteres métricos são variáveis contínuas obtidas a partir de medidas lineares (comprimentos, larguras, projeções ou rádios) que são usados para caracterizar o tamanho e a forma de elementos esqueletais24. A análise dos caracteres métricos, neste caso, tem como objetivo o estudo quantitativo do tamanho e da forma do crânio.

Até a década de 80, poucos estudos abordaram as relações entre os grupos sambaquianos do ponto de vista da morfologia craniana, sendo que a maioria deles apenas trabalhou com um reduzido número de sítios. A partir de meados de 1980, os trabalhos de Neves25, baseados na análise morfológica craniana, propuseram que os grupos que povoaram a costa do Rio de Janeiro e do Espírito Santo seriam morfologicamente distintos (dentro da pequena escala dessa análise) dos grupos que ocuparam o litoral do Paraná e Santa Catarina, sendo que São Paulo ocuparia uma posição intermediária. Este modelo proposto por Neves sobre a dispersão dos grupos costeiros a partir de São Paulo em direção ao norte e ao sul foi inspirada na idéia já proposta por Schmitz26, que se baseou principalmente no fato das datas mais antigas para o litoral brasileiro estarem, à época, no Estado do Paraná. A análise de 17 medidas cranianas de mais de 300 indivíduos do sexo masculino oriundos de sambaquis do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina mostrou uma separação clara dos grupos catarinenses em relação aos demais grupos27. A figura 3 apresenta um dendrograma28, onde se pode perceber claramente a formação de dois grupos distintos, sendo um deles formado por Rio de Janeiro, São Paulo e sul do Paraná e outro constituído pelo norte do Paraná e Santa Catarina. A mesma tendência foi observada nas análises das séries femininas29.

21 Churchill, S. E., Particulate versus integrated evolution of the upper body in late Pleistocene humans: a test of two models, 1996, p. 559.

22

CHEVERUD, J. M.; BUIKSTRA, J. E.; TWICHELL, E., Relationships between non-metric skeletal

traits and cranial size and shape, 1979, p. 191;

23 SPARKS, C. S.; JANTZ, R. L., A reassessment of human cranial plasticity: Boas revisited, 2002, p. 14639.

24 LARSEN, C. S., op. cit., 1997, p. 305.

25 Neves, W. A., Variação métrica nos construtores de sambaquis do litoral sul do Brasil: primeira aproximação multivariada, 1982; ______, Paleogenética dos grupos pré-históricos do litoral sul do

Brasil (Paraná e Santa Catarina), 1988.

26

SCHMITZ, P. I., Contribuiciones a la prehistoria de Brasil, 1981, p. 114.

27 OKUMURA, M. M. M., Diversidade morfológica craniana, microevolução e ocupação pré-histórica

da costa brasileira, 2008, p. 185.

28 Idem, p. 172. 29

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Figura 3: Dendrograma apresentando as relações de afinidade biológica entre indivíduos do sexo masculino oriundos de sambaquis do norte (N), centro (C) e sul (S) dos estados do Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Paraná (PR) e Santa Catarina (SC). As siglas correspondem à região (norte,

centro, sul ou ilha (I), no caso de Santa Catarina) acrescida da sigla do estado da amostra.

A análise de caracteres não métricos cranianos ou dentais baseia-se na observação da ausência ou presença de determinados caracteres anatômicos, chamados na literatura de epigenéticos, não métricos, descontínuos, discretos ou quase-contínuos. Esta vasta gama de denominações deve-se à definição dada por cada autor, que varia consideravelmente, embora todos tenham usado tais traços com o mesmo objetivo: estimar a variação inter-populacional em termos espaciais e temporais como um parâmetro de similaridade ou divergência genética30. As evidências da origem genética destes traços são indiretas; baseadas em experimentos, na associação de alguns caracteres com síndromes hereditárias e também na observação de frequências variáveis em grupos humanos de constituições genéticas distintas. Em vários estudos os padrões de associação entre tais grupos humanos produzidos por esses caracteres se mostram semelhantes àqueles gerados por caracteres mendelianos, como grupos sanguíneos, por exemplo.

A análise de 32 caracteres não métricos cranianos de 939 indivíduos (de ambos os sexos) oriundos de sambaquis do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina

30 Para uma vasta revisão sobre o assunto, ver HAUSER, G.; DE STEFANO, G. F., Epigenetics variants

of the human skull, 1989; em português, ver NEVES, W. A., Paleogenética dos grupos pré-históricos do litoral sul do Brasil (Paraná e Santa Catarina), 1988.

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mostrou, novamente, uma separação clara dos grupos catarinenses em relação aos demais grupos31.

A análise de caracteres não métricos dentais de 215 indivíduos de sambaquis do Paraná e de Santa Catarina também apontou diferenças importantes entre os grupos desses dois estados32.

Nas análises de dados métricos e não métricos, foi possível verificar a formação de dois grupos: séries fluminenses e paulistas mostram-se muito afins, do mesmo modo que as catarinenses também apresentam similaridades entre si. As séries do Paraná mostram afinidades ora com as do Rio de Janeiro e São Paulo, ora com as de Santa Catarina. Portanto, verifica-se uma divisão do litoral em dois grandes grupos coesos (Rio de Janeiro e São Paulo versus séries catarinenses). O ponto que delimita tal barreira não é exato, mas parece apontar para o litoral do Paraná, já que as afinidades demonstradas pelas duas séries desse estado transitam entre São Paulo e Santa Catarina.

A variação na posição dos grupos no litoral do Paraná em relação às outras séries sambaquianas pode ser observada em outros estudos. Hubbe33, utilizando dados craniométricos, verificou uma maior similaridade entre grupos do litoral do Paraná e de Santa Catarina em oposição aos grupos de São Paulo. Neves34, através da análise de caracteres não métricos cranianos, também observou a presença de uma homogeneidade biológica que se estendia do litoral norte do Paraná até o litoral norte de Santa Catarina, porém esta homogeneidade era em oposição aos grupos dos litorais central e sul catarinenses e da Ilha de Santa Catarina e não aos grupos mais setentrionais, como São Paulo e Rio de Janeiro.

A divisão do litoral sudeste e sul em dois grandes grupos (Rio de Janeiro e São Paulo versus séries catarinenses) apóia a hipótese proposta por Schmitz35, que sugeriu dois eixos de povoamento do litoral: entre o norte do Paraná e o sul de São Paulo, sendo um eixo direcionado ao norte e outro ao sul desse limite. Essa hipótese foi fortalecida pelo fato de, à época, as datações mais antigas de sítios da costa terem sido obtidas na região do Paraná. Recentemente, datações mais antigas foram obtidas para alguns sítios

31 OKUMURA, M. M. M., op. cit., 2008, p. 183-184.

32 OKUMURA, M. M. M. et all., Coastal versus riverine shellmound builders in Brazil: methodological issues regarding biodistance, 2009, p. 23; BARTOLOMUCCI, L. B. G., Variabilidade biológica entre

sambaquieiros: um estudo de morfologia dentária, 2006, p. 73.

33 Hubbe, M., Análise biocultural dos remanescentes ósseos humanos do sambaqui Porto do Rio

Vermelho 02 (SC-PRV-02), 2005, p. 202.

34 NEVES, W. A., op. cit., 1988, p. 136. 35

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costeiros36, o que poderia resultar no deslocamento do eixo de dispersão para São Paulo ou até mesmo Rio de Janeiro. No entanto, os resultados obtidos a partir das análises de dados métricos e não métricos cranianos e dentais mostram que a região do Paraná seria mais provável de ser o local onde se delimitam dois grandes bolsões que diferenciam, em termos de morfologia craniana, os grupos pré-históricos da costa do Brasil.

A presença desses dois grupos relativamente diferentes em termos morfológicos ao norte e ao sul do Paraná coincide com a hipótese de Prous37 sobre a distribuição dos zoólitos. Estes só foram encontrados em sítios costeiros ao sul da região sul de São Paulo e norte do Paraná. Portanto, a presença desses elementos tendo o Paraná como limite seria correlacionada com a dispersão dos grupos costeiros. Por alguma razão que está além das possibilidades explanatórias deste trabalho, os grupos que migraram para as regiões de Rio de Janeiro e São Paulo não tinham (ou posteriormente perderam) o hábito de confeccionar zoólitos.

A presença de grandes sambaquis, assim como a área de ocorrência diferencial de zoólitos, também pode ser uma evidência das diferenças encontradas entre a costa setentrional e meridional. Sabe-se que sambaquis monumentais de grandes dimensões ocorrem de forma mais frequente no litoral norte e sul de Santa Catarina. Lima38 acredita que esses enormes sambaquis catarinenses estariam ligados a um incremento na complexidade social desses grupos, incluindo o surgimento de hierarquia social e de poder institucionalizado. Deste modo, os grupos que se dispersaram em direção a São Paulo e Rio de Janeiro, não só perderam (ou nunca adquiriram) a capacidade de fabricar zoólitos, como também não apresentam com tanta frequência a monumentalidade vista frequentemente nos sítios costeiros catarinenses.

Porém, essa divisão do litoral em dois grupos diferentes em termos de morfologia craniana deve levar em conta o fato de que não há necessariamente uma equivalência total entre tradições culturais e linhagens biológicas (ou seja, a difusão de traços culturais pode ocorrer de forma independente da difusão de genes)39. Atualmente, há dois modelos opostos sobre a presença de uma identidade cultural entre todos os grupos

36 Como o sambaqui do Algodão, no estado do Rio de Janeiro (LIMA et al., 2004, p. 691) e Cambriu Grande, no estado de São Paulo (CALIPPO, 2004, p. 88).

37 Prous, A., Arqueologia brasileira, 1992, p. 233-234. 38

Lima, T. A., Em busca dos frutos do mar: os pescadores-coletores do litoral centro-sul do Brasil, 1999-2000, p. 311.

39 Como se sabe que não há uma relação direta e universal entre filiação biológica e cultural, embora muitas vezes ambas coincidam. De fato, CAVALLI-SFORZA et al. (1994, p. 108) afirmam que na maioria dos casos há uma equivalência de 40% entre difusão de línguas e genes.

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humanos relacionados aos sítios litorâneos associados ao acúmulo de conchas. Lima40 alega que a construção de montes é um fenômeno universal produzido por sistemas socioculturais distintos, regidos por lógica própria e com sua própria dinâmica interna, devendo, portanto, ser compreendido a partir dessa diversidade, com atenção aos seus particularismos. Em compensação, Gaspar et. al.41 afirmam que existe uma única unidade sócio-cultural dos sambaquis do sudeste e sul brasileiros, devido à persistência do hábito de construir montes com restos alimentares, que coincidem com o local de habitação e de sepultamento de mortos. No caso, os autores apóiam a idéia de que todos os grupos costeiros pré-históricos compartilham uma identidade cultural, apesar da presença de algumas diferenças importantes, como a produção de zoólitos ou a construção de sítios monumentais. Não nos cabe propor quais seriam os traços que têm que ser considerados como pertinentes e exclusivos ao sistema cultural associado aos grupos sambaquianos, de modo que não é possível refutar completamente a idéia de uma provável unidade cultural à qual pelo menos parte dos grupos da costa brasileira estaria afiliada. No entanto, conforme já observado em muitas partes do mundo, parece haver uma grande correlação entre grupos biológicos e grupos culturais42, de forma que os resultados obtidos até o momento apontariam de forma mais contundente para a existência de dois grandes grupos distintos em termos biológicos e culturais (levando-se em conta a escala de análise) no litoral brasileiro.

Conclusões

É notório o aumento, nas últimas décadas, no número de estudos sobre os padrões de doença e as afinidades biológicas dos grupos sambaquianos. Esses dados relacionados ao estilo de vida e às relações biológicas desses grupos têm apontado para um panorama muito mais complexo do que se propunha anteriormente, onde as hipóteses relacionadas à dieta, assim como as noções de complexidade social e relativa sedentarização desses grupos caçadores-coletores costeiros têm sido fundamentais para a interpretação dos resultados obtidos. Do mesmo modo, estudos que exploram as afinidades biológicas desses grupos têm apontado para uma diversidade importante dentro dos sambaquianos. A tendência para os próximos anos deve ser um aumento no

40 Lima, T. A., op. cit., 1999-2000, p. 314.

41 GASPAR, M. D. et. al., Sambaqui (Shell Mound) Societies of Coastal Brazil, 2008, p. 323.

42 CAVALLI-SFORZA, L. L.; MENOZZI, P.; PIAZZA, P., The history and geography of human genes, 1994, p. 108.

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desenvolvimento de estudos mais detalhados e possivelmente usando abordagens mais sofisticadas, de forma a explorar algumas particularidades observadas no amplo panorama construído até o momento.

Agradecimentos

Agradeço a Juliano Bitencourt Campos pelo convite para escrever este artigo. Agradeço imensamente pela possibilidade de usar algumas imagens generosamente cedidas pelos membros do Laboratório de Antropologia Biológica (LAB-IB-USP): Sabine Eggers, Cecilia Petronilho, José Filippini e Célia Boyadjian e também por Nicola Kung.

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