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Ciência-Tecnologia-Sociedade no Ensino das Ciências Educação Científica e Desenvolvimento Sustentável

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Ciência-Tecnologia-Sociedade no Ensino das Ciências

Educação Científica e Desenvolvimento Sustentável

Ciencia-Tecnología-Sociedad en la Enseñanza de las Ciencias

Educación Científica y Desarrollo Sostenible

Coordenação:

Rui Marques Vieira

M. Arminda Pedrosa

Fátima Paixão

Isabel P. Martins

Aureli Caamaño

Amparo Vilches

María Jesús Martín-Díaz

V Seminário Ibérico / I Seminário Ibero-americano

V Seminario Ibérico / I Seminario Iberoamericano

03-05 Julho 2008

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Estes textos são da responsabilidade do/as seus/suas autore/as e não expressam necessariamente a posição do/s coordenadore/as destas Actas. Além disso, respeitou-se a diversidade das línguas ibéricas e ibero-americanas usadas pelo/as autore/as dos textos.

Ficha Técnica

Título: Ciência-Tecnologia-Sociedade no Ensino das Ciências – Educação Científica e Desenvolvimento Sustentável

Coordenação: Rui Marques Vieira, M. Arminda Pedrosa, Fátima Paixão, Isabel P. Martins, Aureli Caamaño, Amparo Vilches, María Jesús Martín-Díaz

Formatação: Maria Pedro Silva

ISBN: 978-972-789-267-9

Depósito Legal: 278726/08

Editor: Universidade de Aveiro

Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa 3810-193 Aveiro

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Comissão Científica

Isabel P. Martins, Universidade de Aveiro, Portugal (Presidente) Amparo Vilches, Universidad de Valencia, Espanha

Andoni Garritz, Universidad Nacional Autónoma de México, México

Aureli Caamaño, Centro de Documentación y Experimentación en Ciencias, Barcelona, Espanha Ángel Vázquez, Universidad de las Islas Baleares, Espanha

Cecília Galvão, Universidade de Lisboa, Portugal Décio Auler, Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Daniel Gil-Pérez, Universidad de Valencia, Espanha

Fátima Paixão, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Portugal Jenaro Guisasola, Universidad del País Basco, Espanha

José María Oliva, Facultad de Ciencias de la Educación. Universidad de Cádiz, España Laurinda Leite, Universidade do Minho, Portugal

M. Arminda Pedrosa, Universidade de Coimbra, Portugal

Maria Jesús Martín-Díaz, IES Jorge Manrique de Madrid, Espanha Mercé Izquierdo, Universidad Autónoma de Barcelona, Espanha

Miguel Ángel Gómez Crespo, IES Victoria Kent, Torrejón de Ardoz, Espanha Pedro Membiela, Universidad de Vigo, Espanha

Rui Marques Vieira, Universidade de Aveiro, Portugal Teresa Prieto, Universidad de Málaga, Espanha Vítor Oliveira, Universidade de Évora, Portugal

Comissão Organizadora

Isabel P. Martins (Presidente) Aureli Caamaño (Vice-Presidente) Amparo Vilches

Fátima Paixão M. Arminda Pedrosa María Jesús Martín-Díaz Rui Marques Vieira

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V Seminário Ibérico / I Ibero-americano CTS no Ensino das Ciências

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Ano Internacional do Planeta Terra e Educação para a Sustentabilidade

Año Internacional del Planeta Tierra y Educación para la Sostenibilidad

M. Helena Henriques

Comité Português para o Ano Internacional do Planeta Terra www.anoplanetaterra.org/ Departamento de Ciências da Terra e Centro de Geociências, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra, P-3000-272 Coimbra, Portugal

hhenriq@dct.uc.pt

Resumo

Com o objectivo de aproximar as Ciências da Terra dos cidadãos, a Organização das Nações Unidas proclamou 2008 como o Ano Internacional do Planeta Terra, relevando a necessidade de mobilizar e utilizar o conhecimento científico acerca do planeta na mitigação de problemas ambientais globais, resultantes de desequilíbrios nos diferentes sistemas naturais: litosfera, biosfera, hidrosfera e atmosfera.

Neste contexto, preconiza-se que uma melhor integração das Ciências da Terra nos diversos sistemas educativos pode contribuir para a formação de cidadãos informados, participativos e comprometidos com uma gestão responsável do planeta e dos seus recursos, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável.

Introdução

Defende-se que as Ciências da Terra ocupam um lugar particular dentro das Ciências Naturais e representam uma área do conhecimento essencial na compreensão do equilíbrio e da complexidade do Sistema Terrestre, do qual todos dependemos (AIPT, 2007a). Uma vez que “all processes that contribute to geological phenomena belong, essentially, to one or more of the other natural sciences: thus, the earth sciences have, much more than the other hard sciences, a synthetic nature” (Van Loon, 2008, pp. 247-248). Pelo seu carácter simultaneamente histórico e hermenêutico, admite-se que as Ciências da Terra assentam num modelo de raciocínio talvez mais decisivo para a resolução de “muitas das questões que enfrentamos (aquecimento global e vários tipos de avaliação de riscos e recursos) [que] são, devido à sua natureza, científicas e éticas” (Frodman, 2001, p. 56). Preconiza-se que os geocientistas estão particularmente bem posicionados para enfrentar questões globais prementes, como as que se relacionam com alterações do clima do planeta, ou com a necessidade de reduzir os riscos naturais e de utilizar, de forma sustentável, os recursos naturais da Terra (Thorpe et al., 2008). E que partilham, com as instituições políticas e demais agentes da sociedade, a responsabilidade de demonstrarem publicamente como conviver com desastres naturais e contribuir para minimizar as perdas económicas e de vidas humanas deles decorrentes (Press, 2008), e de estimularem o uso racional dos recursos naturais, num mundo com “um forte aumento da população mundial, (…) com uma ânsia voraz no consumo de toda a espécie de recursos (a maior parte deles não renováveis)” (Brilha, 2007, p.13), nomeadamente através da educação.

Reduzir os riscos para a sociedade que decorrem de desastres naturais e induzidos pelas actividades humanas, melhorar os conhecimentos relativos à ocorrência de recursos naturais (como a água subterrânea ou os hidrocarbonetos) e que são frequentemente objecto de tensões políticas entre países vizinhos, descobrir novos recursos naturais e disponibilizá-los de forma sustentável, e estimular o interesse pelas Ciências da Terra, são alguns dos objectivos gerais que se pretendem atingir com a implementação do Ano Internacional do Planeta Terra, actualmente em curso (Mulder et al., 2006), e que o presente trabalho visa descrever.

A iniciativa releva o papel da educação científica, designadamente em Ciências da Terra, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável, como instrumento fundamental na formação de cidadãos comprometidos com a sustentabilidade do planeta e dos seus recursos. Mas tal implica, como se argumentará, profundas reorientações nos sistemas educativos vigentes, competindo aos educadores a implementação de abordagens educativas inovadoras, que não se confinem a conhecimento substantivo de Geociências, e que permitam dotar os cidadãos de valores e competências necessárias para um modo de vida sustentável.

O Ano Internacional do Planeta Terra

O projecto visando a comemoração de um Ano Internacional do Planeta Terra teve início em 2000, através do trabalho conjunto de duas instituições: a Divisão de Ciências da Terra da Organização UNESCO1 e a International Union of Geological Sciences (IUGS2), uma organização não-governamental que representa a comunidade das Ciências da Terra a nível mundial (cerca de 250 000 geocientistas de 118 países; AIPT, 2007a, IUGS2).

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Ciência-Tecnologia-Sociedade no Ensino das Ciências – Educação Científica e Desenvolvimento Sustentável

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Em 22 de Dezembro de 2005, a Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas adoptou, por consenso entre os seus 191 estados-membros, a Resolução 60/192, e proclamou oficialmente 2008 como Ano Internacional do Planeta Terra, iniciativa integrada na Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), cuja implementação, a nível global, é partilhada pela UNESCO e a IUGS (Mulder et al., 2006).

O designado Ano Internacional do Planeta Terra, centrado em 2008 e único a decorrer sob a égide das Nações Unidas, engloba o triénio 2007-2009, em torno do objectivo amplo de incrementar a consciência pública, em particular dos decisores políticos, acerca do enorme potencial do conhecimento em Ciências da Terra de meio milhão de geocientistas de todo o mundo – frequentemente sub-utilizado – que pode contribuir para a preservação do planeta e para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos (Calvo, 2006). Tal ambição transparece no slogan associado ao Ano – Ciências da Terra para a Sociedade – e no conteúdo da Declaração aprovada no Evento de Lançamento Global, na sede da UNESCO em Paris (ver Anexo 1) 4. A organização para a sua implementação contempla um Programa de Divulgação e um Programa Científico, que se desenvolvem em temáticas apresentadas em doze brochuras concebidas e editadas para o efeito3, também disponíveis em língua portuguesa4.

Para a prossecução dos objectivos subjacentes ao Ano Internacional do Planeta Terra, todos os países foram convidados a constituírem os respectivos comités nacionais, em articulação com as comissões nacionais da UNESCO. Com o Alto Patrocínio do Presidente da República, Portugal viu o seu comité formalizado, sob a égide da Comissão Nacional da UNESCO, em Abril de 2007. Sob a sua coordenação, decorre em todo o país, um amplo programa de actividades científicas e de divulgação, no âmbito das Ciências da Terra, envolvendo mais de centena e meia de organizações que integram a Comissão de Entidades Representadas na estrutura nacional do Comité Português para o Ano Internacional do Planeta Terra4, e que atravessam todos os sectores da sociedade (político, económico, social), incluindo, instituições públicas e privadas, com responsabilidades em educação formal e não-formal.

Aproximar as Ciências da Terra dos cidadãos

Aproximar as Ciências da Terra dos cidadãos passa, desde logo, por estimular os próprios geocientistas, credenciados conhecedores dos processos envolvidos na dinâmica da Terra, a procurarem conduzir as suas investigações, em articulação com especialistas de outras áreas, em benefício da população do mundo. O Ano Internacional do Planeta Terra “pretende reunir todos os cientistas que estudam o sistema Terra” (AIPT, 2007b, p. 9) – objectivo que ressalta na concepção do seu logótipo oficial (figura 1) –, e incentivar o trabalho em equipas multidisciplinares que centrem as suas actividades científicas em problemáticas ambientais globais de relevância social, como as que foram seleccionadas como temáticas principais para o Programa Científico do Ano4:

- Água subterrânea: reservatório para um planeta com sede?

- Desastres naturais: minimizar o risco, maximizar a consciencialização; - Terra e saúde: construir um ambiente mais seguro;

- Alterações climáticas: registos nas rochas; - Recursos: a caminho de um uso sustentável; - Megacidades: o nosso futuro global; - O interior da Terra: da crusta ao núcleo; - Oceano: abismo do tempo;

- Solo: a pele da Terra;

- Terra e vida: as origens da diversidade.

Figura 1: O logótipo oficial do Ano Internacional do Planeta Terra, na versão em língua portuguesa4. A coroa circular interna, a

vermelho, representa a litosfera; as partes seguintes representam a biosfera (a verde), a hidrosfera (azul escuro) e a atmosfera (azul claro), numa expressão clara da interdependência destes quatro geossistemas e da necessidade de, para a compreensão do seu funcionamento, serem estudados de forma integrada (AIPT, 2007b).

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Por outro lado, e através da implementação do Programa de Divulgação (AIPT, 2007b), pretende-se que os decisores, incluindo os políticos, estejam mais bem informados sobre como o conhecimento em Ciências da Terra pode ser usado na promoção de desenvolvimento sustentável, e que os cidadãos eleitores saibam que esse conhecimento pode contribuir para uma sociedade melhor (Mulder et al., 2006). Como forma de “melhorar a consciência geral acerca do enorme potencial que as Ciências da Terra possuem para criar uma sociedade mais segura, saudável e rica” (AIPT, 2007b, p. 8), defende-se “uma melhor integração das Ciências da Terra nos curricula e uma melhor visibilidade académica das mesmas no seio dos diversos sistemas educativos” (Ibid.). Tais objectivos vão ao encontro de preocupações mais amplas, assumidas por várias organizações internacionais, no sentido de garantir a sustentabilidade do planeta, nomeadamente das Nações Unidas (UN, 2007) que, ao promover a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), actualmente em curso, releva o papel essencial da educação, designadamente da educação científica, para a sua prossecução. Integrando abordagens transdisciplinares, assentes em perspectivas holísticas, desenvolvimento de competências e aprendizagem ao longo da vida, a Educação para Desenvolvimento Sustentável preconiza a reorientação dos sistemas educativos existentes, em todos os níveis de ensino, no sentido de incorporarem princípios, competências, perspectivas e valores, relacionados com a sustentabilidade, em cada um dos três pilares que sustentam as sociedades actuais e do futuro – social, ambiental e económico (UNESCO, 2004). Neste contexto, a UNESCO reconhece na Carta da Terra, que reclama a necessidade de “integrar na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e competências necessárias para um modo de vida sustentável” (ECI, 2000), um recurso educativo importante para a sua implementação (ECI, 2008).

Educação científica e educação pelas Geociências

Os problemas que afectam as sociedades contemporâneas, nomeadamente os de natureza ambiental, são complexos e reclamam mudanças de atitudes e de comportamentos de todos os cidadãos que é necessário estimular, repensando e reorientando a educação – formal e não-formal – com vista à formação de cidadãos informados, participativos e comprometidos com a sua quota-parte de responsabilidade na promoção de desenvolvimento sustentável. Mas, para mudar comportamentos e atitudes, é necessário compreender causas e consequências de problemas ambientais actuais, ou seja, mobilizar conhecimentos de várias disciplinas, nos quais se incluem os de Ciências da Terra.

Os geocientistas, sobretudo os que integram comunidades científico-educativas, têm responsabilidades acrescidas de demonstrar que as Ciências da Terra, tal como outras ciências, podem contribuir para a formação de cidadãos comprometidos com a sustentabilidade na Terra, tornando-os mais aptos a participarem em debates acerca de problemas ambientais relacionados com desequilíbrios nos sistemas naturais, bem como a tomarem decisões quotidianas, fundamentadas e responsáveis, que visem a mitigação de tais problemas.

Mas para tal, é necessário reorientar a educação científica numa perspectiva de promoção de compreensão e consciência pública de sustentabilidade (UNESCO, 2005), desde o ensino básico ao superior, com os currículos de diversos cursos a espelharem explicitamente tais perspectivas (Pedrosa & Moreno, 2007), o que exige professores abertos “a concepções de ensino e aprendizagem das ciências distintas das culturalmente mais aceites” (Galvão & Freire, 2004, p.36), disponíveis para abordarem, nas aulas de ciências, temáticas que requerem conhecimentos que remetem para outros saberes, que não foram aprendidos durante a sua formação, e que os obrigam a um esforço de articulação da sua actividade com as de outros colegas de diferentes áreas disciplinares.

Nesse contexto, também as abordagens educativas tradicionais das Geociências, fortemente vocacionadas para o universo dos conceitos, princípios e métodos inerentes a esta área do conhecimento, bem como para as ferramentas analíticas que permitem a sua aplicação a objectivos de outras ciências (no sentido de Educação em Ciências, Santos, 2004), deverão assumir outras preocupações e incorporar outras dimensões, integradoras dos diversos universos destas ciências, numa perspectiva de educação para desenvolvimento sustentável (Henriques, 2006; UNESCO, 2005), tal como se ilustra na figura 2. Assim, tais abordagens deverão contemplar igualmente: - Dimensões de cariz epistemológico, que se referem à construção e validação de conhecimento geocientífico (no sentido de Educação sobre Ciências, Santos, 2004), e que ajudam a promover, nos destinatários, percepções mais adequadas acerca da natureza e procedimentos envolvidos na produção do conhecimento científico, indispensáveis na sua formação cultural, e mais ajustadas às complexidades e incertezas que caracterizam os problemas ambientais actuais;

- Aspectos que remetem para a aplicação desse conhecimento em educação para exercícios informados de cidadania, contribuindo para formar cidadãos mais aptos a responsavelmente assumirem atitudes consentâneas com uma gestão sustentável das suas vidas, do planeta e dos seus recursos (no sentido de Educação pelas Ciências, Santos, 2004).

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Ciência-Tecnologia-Sociedade no Ensino das Ciências – Educação Científica e Desenvolvimento Sustentável

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Figura 2: Representação esquemática das três dimensões que devem integrar educação científica para a sustentabilidade,

mobilizando conhecimento inerente às Ciências da Terra (adaptado de Pedrosa & Moreno, 2007).

Conclusões

A mitigação dos problemas ambientais actuais que inundam a agenda política internacional, como o aumento do efeito de estufa, a perda de biodiversidade ou o esgotamento de recursos naturais, requer mudanças de comportamento e de atitudes de todos os cidadãos, que a educação científica pode sustentar e estimular, nomeadamente a que se refere a conhecimento do âmbito das Ciências da Terra.

Nessa perspectiva, a Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas proclamou oficialmente o ano de 2008 como Ano Internacional do Planeta Terra: Ciências da Terra para a Sociedade, integrando a iniciativa na Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), actualmente em curso. Integrando um programa científico, que destaca temáticas ambientais de relevância social, para as quais o conhecimento especializado dos geocientistas é particularmente relevante, o Ano Internacional do Planeta Terra dá igualmente forte relevo ao papel da educação, designadamente em Ciências da Terra, na formação de cidadãos informados, responsáveis e actuantes, capazes de contribuir para a mitigação dos problemas ambientais globais que grassam nas sociedades contemporâneas, e que comprometem o futuro da Humanidade.

No entanto, mobilizar conhecimento científico, centrado nas Ciências da Terra, com propósitos de educação para desenvolvimento sustentável, requer intervenções educativas inovadoras, contextualizadas em problemas que intersectam preocupações do quotidiano dos alunos, que enderecem os seus conhecimentos prévios e que proporcionem o seu envolvimento em projectos investigativos relevantes (pessoal e socialmente), a fim de exercerem fundamentada e responsavelmente a sua cidadania (Pedrosa & Moreno, 2007). Em suma, requer intervenções educativas que suplantem abordagens tradicionais, circunscritas fundamentalmente a Educação em Geociências, e que integrem, quer dimensões epistemológicas (Educação sobre Geociências), quer dimensões vocacionadas para a formação dos cidadãos (Educação pelas Geociências) através destas.

Referências bibliográficas

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V Seminário Ibérico / I Ibero-americano CTS no Ensino das Ciências

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Van Loon, A. J. (2008). Geological education of the future. Earth-Science Reviews, 86, 247–254.

1www.unesco.org 2 http://iugs.org/

3 http://yearofplanetearth.org/index.html 4www.anoplanetaterra.org

Agradecimentos

Trabalho realizado no âmbito do Projecto PTDC/CTE-GEX/64966/2006 – “Identificação, caracterização e conservação do património geológico: uma estratégia de geoconservação para Portugal” –, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que beneficiou da leitura crítica da Doutora Maria Arminda Pedrosa, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

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Ciência-Tecnologia-Sociedade no Ensino das Ciências – Educação Científica e Desenvolvimento Sustentável

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Declaração apresentada e aprovada no Evento de Lançamento Global do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT)

UNESCO, Paris, 12 e 13 de Fevereiro de 2008

Recordando que a Assembleia-geral das Nações Unidas declarou 2008 como o Ano Internacional do Planeta Terra,

Subordinando o Ano Internacional do Planeta Terra ao tema “Ciências da Terra para a Sociedade”,

Considerando que vivemos num Planeta Terra único, diverso e em permanente mudança, que viaja através do espaço num vasto universo,

Relevando que a existência de seres humanos é completamente dependente de um sistema terrestre auto-sustentável,

Enfatizando que qualquer discussão profunda acerca de desenvolvimento sustentável global do “Sistema Terra” requer dados e conhecimentos científicos,

Relevando que a grande profusão de informação geocientífica disponível acerca de problemas relacionados com Clima, Recursos, Energia, Saúde, Águas Subterrâneas, Oceanos, Terra Profunda, Riscos Naturais ou Vida é ainda, em grande medida, desconhecida por parte dos decisores políticos,

Convencidos de que as actividades implementadas durante o AIPT contribuem, de forma eficaz, para os Objectivos de Desenvolvimento das NU para o Millenium e que ajudarão a alcançar os propósitos da Década das NU para o Desenvolvimento Sustentável,

Considerando o papel crucial que o AIPT pode desempenhar na criação de respeito pelo Planeta Terra ao incrementar a consciência pública para a vulnerabilidade dos solos, rochas, vegetação e paisagens, assim como a importância das Ciências da Terra para o uso sustentável dos recursos do planeta, para a redução de riscos naturais e para a capacidade global de implementação de uma gestão sustentável do planeta Terra, do seu ambiente e dos seus recursos,

Assim, nós:

1. Exortamos políticos e outros decisores, a todos os níveis, a utilizarem a grande profusão de conhecimento

disponível acerca do nosso planeta em benefício de todas as comunidades no mundo, em particular as dos países em desenvolvimento;

2. Encorajamos organizações científicas, tecnológicas e de inovação, públicas e privadas, a apoiarem esta

iniciativa, de modo a formar uma nova geração de especialistas em Ciências da Terra capaz de lidar com as necessidades actuais e futuras (de cerca de 6,7 mil milhões de pessoas) da sociedade global;

3. Convidamos indústrias, organizações e fundações a associarem-se e apoiarem a iniciativa de incrementar a

consciência e o reconhecimento da Terra como recurso último para as nossas necessidades quotidianas;

4. Encorajamos as comunidades de geocientistas a retirarem vantagens do AIPT, a encontrarem respostas

satisfatórias para futuros perigos relacionados com a Terra e a permitirem que a sociedade beneficie das oportunidades disponibilizadas pelo uso sustentável dos recursos terrestres;

Através de:

a) Re-introdução de Ciências da Terra nos sistemas nacionais de educação;

b) Produção de sistemas de informação globais, digitais e publicamente disponíveis sobre a sub-superfície,

baseados no projecto em curso OneGeology;

c) Melhoria no acesso ao conhecimento e informação científicos através de reforço na investigação e na

capacidade de produção de instituições e universidades de Ciências da Terra e do Espaço;

d) Promoção de consciência sobre a estrutura, evolução, beleza e diversidade do Sistema Terra e das suas

culturas inscritas nas paisagens, através do estabelecimento de “Geoparques”, Reservas da Biosfera e Locais de Património da Humanidade como instrumento público de conservação e desenvolvimento;

e) Monitorização de alterações na estrutura da Terra com o objectivo de prever a sua instabilidade a grande

escala, utilizando as Ciências do Espaço (e.g., imagens de satélite) e equipamentos de monitorização in-situ, tais como o Earth Scope da América do Norte,

f) Estabelecimento de um Centro Internacional de Investigação em Ciências da Terra para desenvolvimento

sustentável;

g) Produção de livros, DVD´s e outros media como legado do AIPT, e tornar o conhecimento científico em

Ciências da Terra mais acessível ao público.

Wolfgang Eder & Eduardo de Mulder, 7 de Janeiro de 2008.

Inclui comentários recebidos em 10 de Janeiro de Zhang Hongren, Eduardo Rubio, Sospeter Muhongo, Edward Derbyshire, Sophie Vermooten, Robert Missoten & Ted Nield.

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V Seminário Ibérico / I Ibero-americano CTS no Ensino das Ciências

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Tradução em língua portuguesa de Maria Helena Henriques (Comité Português para o Ano Internacional do Planeta Terra, 16/03/2008)

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Referências

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