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S. Tomás de Aquino - A forma adequada ao batizar. Escrito por

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Academic year: 2021

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Objeção 1: Parece não ser muito adequada para o batismo a tradicional forma das palavras: ¨Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo¨, pois a ação precisa ser designada ao agente principal em vez do ministro. O ministro do Sacramento atua como um instrumento como

afirmado acima (perg. 64, art. 1), enquanto o principal agente do Batismo é Cristo, de acordo com João 1,33, ¨Ele, sobre o Qual, vós vistes o Espírito descer e permanecer sobre Ele, Ele é quem batiza¨. Assim sendo, não parece bem ao ministro ¨Eu te batizo...¨, além do fato de que, na versão latina, a palavra ¨Ego¨ (eu) já está contida na palavra ¨baptizo¨*; então, dizer ¨Eu te batizo...¨, seria redundância.

Objeção 2: Também, não é necessário para as pessoas que praticam uma ação, fazer menção da ação feita; assim, aquele que ensina algo não

precisa dizer ¨Eu ensino a vocês...¨. Então, nosso Senhor deu ao mesmo tempo os preceitos, tanto do batismo como do ensinamento, quando Ele disse (Mt 28,19): ¨Vão, ensinem (o evangelho) a todas as nações...¨. Assim sendo, não é necessário mencionar a ação do batismo (enquanto estiver batizando).

Objeção 3: Muitas vezes a pessoa batizada não entende as palavras; por exemplo, se ela é surda ou criança, é desnecessário discursar a cada uma. De acordo com Síraco 32,6: ¨Quando não há ouvintes, não desperdices palavras¨. Assim sendo, é desnecessário dizer à pessoa batizada as palavras ¨Eu te batizo...¨

Objeção 4: Além disso, pode acontecer de várias pessoas serem batizadas por vários ministros ao mesmo tempo; desta maneira, os apóstolos

batizaram três mil em um dia e, noutro dia, mais cinco mil (At 2,4). Portanto, a forma de Batismo não pode ser limitada a um número único na forma das palavras, ¨eu te batizo¨, mas deve possibilitar dizer ¨nós vos batizamos¨.

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Objeção 5: Além disso, o Batismo deriva seu poder da Paixão de Cristo. Mas o Batismo é santificado pela forma. Assim, parece que a Paixão de Cristo deveria ser mencionada na forma do Batismo.

Objeção 6: Além disso, um nome significa a propriedade de algo. Mas existem três Propriedades Pessoais das Pessoas Divinas, como foi

declarado no Livro I, Questão 32, Artigo 3. Portanto não podemos dizer ¨em nome do¨ mas ¨nos nomes do Pai e do Filho e do Espírito Santo¨.

Objeção 7: Além disso, a Pessoa do Pai é designada não apenas pelo nome de Pai, mas também por ¨Não Criado e Criador¨; e o Filho é designado por ¨Verbo¨, ¨Imagem¨ e ¨Gerado¨; e o Espírito Santo é

designado por ¨Dom¨, ¨Amor¨ e ¨Procedente de Um¨. Assim, parece que o Batismo é válido se for conferido nesses nomes. Pelo contrário, nosso Senhor disse (Mt 28,19): ¨Ide... ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.¨ Eu respondo que o Batismo recebe sua consagração desta fórmula, de acordo com Ef 5,26: ¨purificados com o banho da água e santificados pela Palavra¨. E Agostinho disse (De Unico Baptismo IV) que ¨o Batismo é consagrado pelas palavras do

Evangelho¨. Consequentemente, a causa do Batismo precisa ser

expressada na forma batismal. Agora, esta causa é composta de duas formas: a causa principal da qual deriva sua virtude, e esta é a Santíssima Trindade; e a causa instrumental, que é o ministro que confere o

sacramento exterior. Assim, ambas as causas devem ser expressas na forma do Batismo. Logo, o ministro é designado pelas palavras: ¨Eu te

batizo¨ e a causa principal encontra-se nas palavras: ¨em nome do Pai e do Filho e Espírito Santo¨. Portanto, esta é forma adequada do Batismo: ¨Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo¨.

Resposta à Objeção 1: A ação é atribuída a um instrumento como para o agente imediato mas, para o agente principal, na medida em que o

instrumento age em virtude disto. Conseqüentemente é isso que se ajusta na forma batismal que o ministro deve mencionar para realizar o ato de

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batizar, nas palavras: ¨eu te batizo¨. De fato, nosso Senhor atribuiu aos ministros o ato de batizar, quando disse: ¨Batizai-os¨ etc. Mas a causa

principal é indicada como conferir o sacramento por Seu próprio poder, nas palavras: ¨em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo¨; para Cristo, não é possível batizar sem o Pai e o Espírito Santo.

Os gregos, entretanto, não atribuem o ato de batizar ao ministro, para evitar o erro daqueles que, no passado, relacionavam o poder batismal aos

batizantes, dizendo (1Cor 1,12): ¨Eu sou de Paulo... e eu de Cefas¨. Por esse motivos eles usam a forma: ¨Que o servo de Cristo, (nome), seja batizado em nome do Pai¨ etc. E já que a ação realizada pelo ministro é expressada com a invocação do Trindade, o sacramento é validamente conferido. Quanto à adição do ¨Ego¨ (=eu) em nossa forma, ela não é essencial, mas é adicionada para aumentar a ênfase sobre a intenção.

Resposta à Objeção 2: Já que um homem pode ser lavado com água por diversas razões, o objetivo para isto deve ser expresso através das palavras da forma. E isto não é feito ao se dizer: ¨em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo¨, pois estamos limitados a fazer todas as coisas sob aquele Nome (Col 3,17). Logo, a não ser que o ato de batismo seja expreesso -seja da forma como fazemos ou como os gregos fazem - o sacramento não é válido. Isto está de acordo com o decreto de Alexandre III: ¨Se alguém mergulhar uma criança três vezes na água em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, Amém, sem dizer: ´Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém´, tal criança não foi batizada¨.

Resposta à Objeção 3: As palavras que são expressas nas formas

sacramentais são ditas não meramente para o propósito de significação, mas também para o propósito de eficiência, na medida em que elas derivam sua eficácia do Verbo, daquele por quem ¨todas as coisas foram feitas¨. Consequentemente, elas são convenientemente endereçadas não apenas para os homens, mas também para as criaturas insensíveis, como por exemplo, quando dizemos: ¨Eu te exorcizo, criatura¨ (no ritual romano).

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Resposta à Objeção 4: Várias pessoas em conjunto não têm como batizar uma outra, ao mesmo tempo, já que a ação é multiplicada de acordo como o número de agentes, não podendo ser perfeitamente praticada por cada um deles. Então, se duas pessoas vierem a se combinar, e uma delas permanecer muda, sendo incapaz de expressar as palavras, e a outra estiver sem mãos e for incapaz de executar a ação, elas, mesmo em conjunto, não poderão batizar ao mesmo tempo, ainda que um profira as palavras e a outra execute a ação.

Por outro lado, em caso de necessidade, é possível se batizar várias

pessoas ao mesmo tempo. mesmo assim, nenhum deles receberá mais do que um só batismo. Mas será necessário, nesse caso, dizer: ¨Eu vos

batizo¨. Isto não é uma alteração na forma, pois ¨vos¨ é o mesmo que ¨te e te¨. Porém, ¨nós¨ não significa ¨eu e eu¨, mas ¨eu e tu¨; aqui sim,

representaria uma mudança na forma.

Da mesma forma, seria mudança na forma dizer: ¨Eu me batizo¨;

consequentemente, ninguém pode batizar-se a si mesmo. Por essa razão Cristo quis ser batizado por João (Extra, De Baptismo et ejus effectu, cap. Debitum).

Resposta à Objeção 5: Embora a Paixão de Cristo seja a causa principal se comparada com o ministro, ainda assim é uma causa instrumental que é comparada à Santíssima Trindade. Por esse motivo, a Trindade é

mencionada ao invés da Paixão de Cristo.

Resposta à Objeção 6: Ainda que exita três nomes pessoais para as Três Pessoas, não existe mais que um nome essencial. O poder divino que opera no Batismo pertence à Essência. É por isso então que dizemos ¨em nome¨ em não ¨nos nomes¨.

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Resposta à Objeção 7: Da mesma forma que a água é usada no Batismo, já que ela é mais comumente empregada para o banho, então, para o

propósito de designar as Três Pessoas na forma do Batismo, estes nomes [Pai, Filho e Espírito Santo] são escolhidos, pois são geralmente usados em uma linguagem particular para significar as Pessoas. O sacramento não é válido se for conferido sob quaisquer outros nomes.

*Baptizo - na forma latina não se diz ¨Ego baptizo¨, mas apenas ¨baptizo¨, pois o pronome já fica implícito no verbo. O pronome apenas é utilizado quando se quer enfatizar bastante o sujeito, como quando Cristo diz ¨Ego sum alfa et omega¨ (Eu sou o alfa e o omega - o começo e o fim); então o pronome é utilizado para enfatizar que Ele, e apenas Ele é o começo e o fim. (N.doT.)

Referências

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