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Guia para gestão de resíduos da construção civil: um instrumento para promoção da sustentabilidade de obras no município de Tubarão (SC)

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS FERNANDO SILVA MAXIMO

PHELIPPE ANSELMO MOREIRA

GUIA PARA GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL:

UM INSTRUMENTO PARA PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE OBRAS NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO (SC)

Tubarão (SC) 2017

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LUIS FERNANDO SILVA MAXIMO PHELIPPE ANSELMO MOREIRA

GUIA PARA GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL:

UM INSTRUMENTO PARA PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE OBRAS NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO (SC)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientadora: Patrícia Menegaz de Farias, Dra.

Tubarão (SC) 2017

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Dedicamos este trabalho de conclusão aos nossos pais, irmãos, familiares e amigos que incentivaram e ajudaram para que fosse possível a realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, pelas conquistas e por iluminar nossos caminhos durante essa jornada.

Aos familiares, pelo amor, amizade e confiança depositada, acompanhando cada passo de perto. E mesmo que longe, torceram pela concretização deste curso, agradecemos de coração.

Aos amigos, que mesmo que inconscientemente nos incentivaram e acreditarem em nosso potencial e também por estarem sempre ao nosso lado nos momentos difíceis.

A orientadora professora Patrícia Menegaz de Farias, pelo incentivo à buscar sempre aprimorar a qualidade deste trabalho de conclusão de curso, além de seu empenho e paciência, obrigado por tudo.

Aos professores e colegas do curso de Engenharia Civil, pela amizade e experiências vividas.

Enfim, todos que, com boa intenção, acreditaram e contribuíram, mesmo que indiretamente, na realização e conclusão deste trabalho, o nosso muito obrigado.

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. (Marthin Luther King)

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RESUMO

A construção civil é um dos pilares para o desenvolvimento econômico do país, além de grande consumidora de recursos ambientais ocasionando sérios impactos ambientais em sua cadeia produtiva. No decorrer do tempo o setor se adaptou melhorando a qualidade em seus produtos, com programas de redução e gestão de qualidade na execução de obras, apesar disso, a correta destinação desses resíduos não acompanhou o desenvolvimento tecnológico do setor, tornando os resíduos oriundos da construção civil cada vez mais volumosos. Ações com o objetivo de melhorar este panorama podem e devem acontecer nas diversas etapas do processo, destacando-se medidas para a redução da geração diretamente da fonte, reutilização ou reciclagem e sua correta destinação. Na busca pela minimização dos impactos gerados pelo setor, a partir de 2002, políticas públicas, leis e normas foram criadas com a intenção de regulamentar e apresentar reponsabilidade aos geradores de resíduos e, em especial da construção civil através da Resolução do CONAMA n° 307/2002 que estabeleceu critérios, dando autonomia para os municípios na gestão dos Resíduos da Construção Civil - RCC. Como resultado, o trabalho de conclusão de curso, oferece um guia para gestores públicos, empresários e população em geral, sobre o descarte adequado dos resíduos sólidos da construção civil, além dos riscos da degradação do meio ambiente para o município de Tubarão, Santa Catarina.

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ABSTRACT

Civil construction is one of the pillars for the country's economic development, as well as a great consumption of environmental resources, causing serious environmental impacts in its productive chain. Over time the industry has adapted improving quality in its products, reducing programs and quality management in the execution of works, nevertheless the proper disposal of such waste did not follow the technological development of the sector, making the waste from construction civilian increasingly bulky. Actions to improve this scenario can and should occur in the various stages of the process, highlighting measures for the reduction of generation directly from source, reuse or recycling and its correct destination. In the search for minimizing the impacts generated by the sector, from 2002, public policies, laws and regulations were created with the intention of regulating and presenting responsibility for waste generators, especially CONAMA Resolution No. 307/2002 which establishes criteria, giving autonomy to the municipalities in the management of the RCC. As a result, completion of course work, offers a guide to policy makers, entrepreneurs and the general public on the proper disposal of solid waste in construction, in addition to the environmental degradation of the risks for the city of Tubarão, Santa Catarina

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01- Processo Linear na Construção Civil e Impactos Ambientais ... 23 Figura 02 - Diagrama ilustrando a articulação dos serviços da rede de gerenciamento de RCC nos Municípios ... 26

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Classificação dos resíduos sólidos segundo a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos / Lei Federal n° 12.305 de 2010). ... 18 Quadro 02– Conceitos definidos na Resolução 307/2002 do CONAMA. ... 20 Quadro 03 – Destinação dos RCC segundo a Resolução 307/2002 do CONAMA ... 21 Quadro 04 – Etapas de elaboração de Projeto de Gerenciamento de RCC segundo Resolução 307/2002 do CONAMA ... 27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMUREL – Associação de Municípios da Região de Laguna ATT – Área de Transbordo e Triagem

CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CRPM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais FATMA – Fundação do Meio Ambiente

FUNAT – Fundação Municipal de Meio Ambiente IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NBR – Normas Brasileiras

PIB – Produto Interno Bruto

PNRS – Plano Nacional de Resíduos Sólidos

PMGIRS – Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos PMG/RCC – Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil PG/RCC – Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

PGRRCC – Plano de Gestão Regionalizada de Resíduos de Construção Civil PMT – Politica Municipal de Tubarão

RCC - Resíduos da Construção Civil RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

SEBBARE – Serviço Brasileiro de Apoio ás Micros e Pequenas Empresas SPG – Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 12

1.1 OBJETIVOS ... 14

1.1.1 OBJETIVO GERAL ... 14

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 14

2 CAPITULO I: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE OS IMPACTOS, CLASSIFICAÇÃO E GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 15

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO ... 17

2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 22

2.3 GESTÃO INTEGRADA E GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 24

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 27

3 CAPITULO II: A SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO E A NECESSIDADE DE UM GUIA DE ORIENTAÇÃO ... 29 3.1 INTRODUÇÃO ... 29 3.2 METODOLOGIA ... 30 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 31 3.4 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ... 32 4 CONCLUSÃO ... 34 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 35 6 ANEXOS ... 39

ANEXO A – GUIA PARA GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO/SC ... 39

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico nas indústrias fez com que a população rural migrasse para as áreas urbanas, conhecido como êxodo rural, e consequentemente ocorreu um aumento de população nos grandes centros urbanos. Com o crescimento do setor de construção civil, nesse período, além da exploração em larga escala de recursos naturais, a geração de resíduos alcançou índices alarmantes (BRASILEIRO; MATOS, 2015). O crescimento populacional geralmente é associado a transformações de costumes, sendo um dos principais fatores que contribuem para degradação ambiental (SOUZA, 2008).

Nesse processo de urbanização o setor de construção civil se destacou entre outras atividades desenvolvidas no País devido a seu considerável consumo de materiais tanto em quantidade quando diversidade. Além disso, as empresas que fornecem insumos vêm consumindo cada vez mais os recursos naturais (KARPINSK, 2009). Surgi então a necessidade de novos modelos de gestão buscando alternativa não só para a utilização de recursos como para o correto descarte de resíduos gerados, visando a preservação ambiental. Ressalta-se que dentre as inúmeras concepções do conceito de meio ambiente, Sánchez (2006) considera que a interpretação das leis é fundamental na definição dos instrumentos de planejamento e gestão ambiental. Desta forma, de acordo com o art. 3º da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, o conceito de meio ambiente pode ser definido como o “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. ” (BRASIL, 1981).

A indústria da Construção Civil apresenta um grande impacto na economia do País, por apresentar um setor amplo, além de contribuir de forma direta para a economia e na geração de empregos. A construção civil influência diretamente no crescimento dos demais setores, por possuir uma cadeia de atividades bastante complexa, dando-se o nome de macro setor da Construção Civil (SOUZA et al., 2015). Como por exemplo, as atividades de mineração, que de acordo com Rocha (2011), pode representar cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, considerando todas as etapas, desde extração do mineral até as etapas de transformação. Entretanto, os processos de extração são responsáveis por uma parcela considerável dos impactos ambientais, uma vez que não só as áreas mineradas como as áreas vizinhas, além do mais, a presença de substâncias químicas para o beneficiamento desse material representa um grave problema no ponto de vista ambiental (SILVA, 2007). Segundo o Concelho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), somente 20% a 50% da

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matéria prima extraída, é consumida pelo setor. Os principais problemas causados pela mineração podem ser englobados em cinco categorias: poluição do ar, poluição da água, poluição sonora, subsidência do terreno, incêndios e rejeitos radioativos (CPRM, 2002).

Assim como a atividade de exploração de um recurso natural, a atividade da construção provoca impactos tanto quanto o de extração, por apresentar grandes volumes de material gerado em suas atividades, desde a questão do desperdício em canteiros de obras, bem como derivados de atividades de serviço de infraestrutura, saneamento, demolição e reforma. Nos municípios Brasileiros, de acordo com Vanderlei & Joan (2015) os Resíduos de Construção Civil (RCC) variam de 60% a 80% do total dos resíduos sólidos urbanos. O elevado índice de RCC nas áreas urbanas, dispostos em locais de fácil acesso de maneira inadequada como em terrenos baldios, lixões e aterros sanitários comprometem a paisagem, o tráfego e a drenagem urbana, contribuindo na multiplicação de vetores de doenças. (PINTO, 1999).

Nos últimos cinquenta anos o Brasil concentrou mais de 85,0% de sua população nas cidades, principalmente na última década (IBGE, 2011). A economia do País nesse período cresceu sem que houvesse uma capacidade de gestão tanto quando infraestrutura quanto aos serviços urbanos, entre eles os serviços de saneamento básico, abastecimento de água potável; coleta e tratamento de esgoto, além de um sistema de gestão de resíduos sólidos que seja eficiente (BRASIL, 2011). Nesses últimos anos, aumentou a necessidade de uma política que apresentasse diretrizes para manuseio e descarte dos resíduos gerados, em busca pelo desenvolvimento sustentável, políticas públicas foram criadas visando a reutilização, redução e reciclagem. A principal foi a criação da Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) de 2002, onde define um sistema de gestão capaz de tratar e dispor os resíduos, atribuindo aos municípios a busca por soluções para o gerenciamento mais adequado, em 2010, o Brasil aprovou a Lei 12.305, baseada na responsabilidade compartilhada, dessa forma, todos os envolvidos no processo construtivos tem responsabilidade sobre os resíduos gerados. A lei dispões ainda de princípios e objetivos relacionada a gestão integrada e a responsabilidade de geradores e do poder público.

O gerenciamento dos resíduos é constantemente discutido em relação às questões ambientais uma vez que desperdiçar materiais significa desperdiçar recursos naturais. Para Pinto et al; (2005), o maior desafio do setor é apresentar soluções ambientais para a atividade construtiva que direcionem para um desenvolvimento mais sustentável, e com menos impactos ambientais. Colocando a indústria da construção civil na busca por um desenvolvimento mais sustentável, desse modo, as leis e resoluções têm como objetivo

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apresentar responsabilidades e deveres tanto para pequenos como grandes geradores orientando suas ações.

No Brasil, as empresas de construção civil que fazem a gestão adequada de seus resíduos juntamente com ações para redução e reutilização ainda é insatisfatório, apesar de existir legislações que adequam a gestão desse material. Ainda é possível observar em algumas obras a necessidade de efetuar um processo de conscientização, por parte dos geradores de resíduos, sobre a importância de atender a legislação pertinente ao tema. Desse modo, poderá se verificar na cidade de Tubarão-SC se os geradores não cumprem, por desconhecimento, ou por falta de conscientização contribuindo na preservação ambiental do município.

Este trabalho divide-se em dois capítulos: o primeiro aborda uma revisão bibliográfica sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos na construção civil e; o segundo capítulo trata da elaboração de um guia com diretrizes básicas para a gestão dos resíduos sólidos da construção civil para o município de Tubarão, Santa Catarina, Brasil.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um documento informativo (guia) a fim de orientar o mercado da construção civil sobre o correto gerenciamento dos resíduos oriundos desta atividade no município de Tubarão, Santa Catarina, Brasil.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar uma revisão sobre os impactos, classificação e gestão dos resíduos da construção civil;

 Elaborar um guia incluindo as diretrizes básicas para o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos da construção civil na cidade de Tubarão/SC.

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2 CAPITULO I: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE OS IMPACTOS, CLASSIFICAÇÃO E GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A atualização constante dos processos produtivos e o montante de bens manufaturados não acompanham o desenvolvimento dos métodos de destinação em número e tecnologias adequadas, tornando os resíduos sólidos um dos maiores problemas ambientais da sociedade atual (JACOBI; BESEN, 2011; SANTIAGO; & DIAS, 2012). Tem-se como marco histórico brasileiro, relativo à legislação ambiental, a Constituição Federal de 1988, que aborda no caput do seu art. 225:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Depreende-se do texto constitucional que todos são responsáveis pela proteção do meio ambiente e consequentemente todos devem zelar pelo mesmo. Ainda em seu art. 225, § 3º, tem-se que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (BRASIL, 1988). Com isso, verifica-se que uma má conduta ambiental por parte de qualquer pessoa, trará consequências jurídicas tipificadas. Logo, entende-se que o dano ocasionado é de total responsabilidade do gerador da atividade lesiva, porém todos devem colaborar para a recuperação do ambiente degradado ou preservá-lo a qualquer modo (NAIME, 2005; JACOBI; BESEN, 2011).

Os resíduos sólidos urbanos é um dos principais problemas nos grandes centros urbanos; estes são gerados por diversas origens, dentre as quais estão às fontes: residencial, comercial, industrial, de limpeza pública, agrícolas de serviços de saúde e, principalmente da construção civil. Os resíduos referentes a construção e demolição segundo Vanderlei & Joan (2015) podem representar de 60% a 80% do montante total de resíduos gerados, além disso o desperdício na construção situa-se entre 20% a 30%, sendo que o restante é incorporado na obra. Com a excessiva urbanização devido ao crescimento desordenado dos núcleos urbanos e pelo aumento do consumo veio à necessidade de se repensar sobre as práticas da sociedade no âmbito ambiental, uma vez que o quadro de geração de resíduos continua crescendo até os dias atuais (VEIGA, 2008).

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A falta de números mais precisos sobre a geração de resíduos do setor existe a algum tempo, a primeira referência sobre essa questão foi o trabalho realizados por Pinto (1989). Além disso, a falta de gestão na construção está não somente no consumo de matérias primas como no desperdício desse material durante a obra, acarretando na escassez de insumos básicos assim como os locais de disposição de resíduos. O setor enfrenta um sério problema por seu consumo considerável de material, tanto em quantidade quanto em diversidade, se compararmos com a indústria automobilística, por exemplo, essa demanda chega a ser de 100 a 200 vezes maior (DE SOUZA et al. 2004).

O desenvolvimento industrial junto ao processo de urbanização promoveu benefícios a populações nas cidades, porém, acarretou em grande problema ambiental pela falta de gestão adequada (EVANGELISTA, 2009). No âmbito da gestão de resíduos, a nível nacional há Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que foi instituída pela Lei no 12.305 02 de agosto de 2010, a qual visa estabelecer instrumentos e incentivar a população brasileira a exercer com mais frequência às práticas de reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos, dispõem também sobre a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos produzidos (BRASIL, 2010). Sabe-se que esta problemática, a gestão de resíduos, ainda complemente que, o grande volume de resíduos gerados e a quase inexistência triagem e usinas de reciclagem contribuem para o esgotamento das áreas de recepção dos resíduos.

Partindo do princípio de que a indústria da construção civil é considerada um dos pilares estratégicos para o desenvolvimento da economia brasileira; aliado ao fato da crescente preocupação com a destinação dos resíduos sólidos que vem sendo discutida nos últimos anos no País e internacionalmente, especialmente neste setor por ser considerado de alto o consumo de materiais, seja em quantidade ou em diversidade, se faz necessário adequar a destinação de tais resíduos (SOUZA et al., 2004; TEIXEIRA et al., 2005). Devido essa complexidade, normas e leis foram criadas com a intenção de um correto destino desse material obrigando um novo posicionamento do governo, da sociedade e da iniciativa privada, uma vez que a gestão ineficiente dos Resíduos de Construção Civil (RCC) provoca a vulnerabilidade ao meio (LEITE; NETO, 2014). Assim, o objetivo deste capítulo é apresentar uma revisão sobre os impactos, classificação e gestão dos resíduos da construção civil.

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2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 10004/04, define Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) como:

Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (NBR 10004/04).

Ressalta-se que um produto só se transforma em resíduo a partir do momento que não é mais útil ao seu proprietário/produtor e a partir deste momento pode tanto ser útil a outro proprietário como também pode ocorrer a sua destinação final; a partir desse contexto diferencia-se resíduo de rejeito, onde o segundo termo não é mais passível de reutilização (CAPANEMA, 2014).

Em relação aos resíduos sólidos há vários tipos de classificação que se baseiam em determinadas características e/ou propriedades identificadas; desta forma a classificação é relevante para a escolha da estratégia de gerenciamento mais viável (ZANTA; FERREIRA, 2003, p. 6). A identificação e caracterização dos constituintes de cada localidade são indispensáveis na determinação da alternativa tecnológica mais adequada, desde a etapa de coleta, transporte, reaproveitamento, até a destinação final dos rejeitos em aterros sanitários (GUADAGNIN et al., 2001).

A classificação mais usual é a da NBR 10004/04 (ABNT, 2004), a qual aborda a classificação de resíduos de acordo com o processo ou da atividade geradora, características e de sua composição, tais como: 1) Classe I (perigosos): Resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode apresentar risco à saúde pública e/ou riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada, como por exemplo: Inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos e patogênicos; 2) Classe II (não perigosos): São subdivididos em classes A e B: Classe II A (não inertes): Tais resíduos podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Classe II B (inertes): São resíduos que não têm seus constituintes solubilizados quando submetidos a ensaios de solubilização conforme ABNT NBR 10006 (ABNT, 2004).

A classificação da NBR 10004/04 trata o manuseio conforme o grau de periculosidade, porém não relaciona sua origem, sendo essa definição criticada por Teixeira &

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Castro (1997), estes afirmam que a definição da norma é muito vaga e equivocada ao incluir líquidos como resíduos sólidos; além disso, Bidone (1999) corrobora inferindo que a norma deveria considerar os resíduos líquidos para efeitos de disposição e tratamento. Outras fontes, tais como a Lei Federal n° 12.305 de 2010, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) classificam de acordo com a fonte geradora (Tabela 1).

Quadro 01 – Classificação dos resíduos sólidos segundo a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos / Lei Federal n° 12.305 de 2010)

Resíduos Domiciliares (RD) Os originários de atividades domésticas em residências

urbanas

Resíduos de Limpeza Urbana (RLU) Os originários da varrição, limpeza de logradouros e

vias públicas e outros serviços de limpeza urbana.

Resíduos Sólido Urbanos (RSU) Os englobados nas alíneas “a” e “b”

Resíduos de Estabelecimentos Comerciais e Prestadores de Serviço

Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”

Resíduos de Serviços Públicos de

Saneamento Básico

Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”

Resíduos Industriais Os gerados nos processos produtivos e instalações

industriais

Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) Os gerados nos serviços de saúde, conforme definido

em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema e do SNVS

Resíduos da Construção Civil (RCC) Os gerados nas construções, reformas, reparos e

demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis

Resíduos Agrossilvopastoris Os gerados nas atividades agropecuárias e

silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades

Resíduos de Serviço de Transporte Os originários de portos, aeroportos, terminais

alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira

Resíduos de Mineração Os gerados na atividade de pesquisa, extração ou

beneficiamento de minérios Fonte: BRASIL (2010).

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No Brasil, a Lei 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que “reúne o conjunto de princípios”, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010, art. 4).

Os RCC propriamente ditos estão definidos na PNRS (art.13, inc. I, letra h) e caracterizam-se como sendo resíduos provenientes das atividades de construção, reforma ou demolição e são constituídos por um conjunto de materiais, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, madeiras e compensados, argamassa, gesso, entre outros (ANGULO, 2005). Os RCC são usualmente considerados inertes (classe II B), entretanto estes resíduos podem conter impurezas decorrentes de polímeros, gesso, amianto, sílica e diversas substâncias capazes de contaminar o solo, recursos hídricos e gerar um risco a saúde (LIMA & CABRAL, 2013).

A gestão dos vários tipos de resíduos tem responsabilidades definidas em legislações específicas e implica sistemas diferenciados de coleta, tratamento e disposição final (JACOBI; BESEN, 2006). Besen et al. (2010) ressaltam que a gestão e a disposição inadequada dos resíduos sólidos ocasionam impactos socioambientais como a degradação do solo, a poluição do ar e da água, a proliferação de vetores de importância sanitária nos centros urbanos e catação em condições insalubres nas ruas e nas áreas de disposição final.

Devido à necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos provenientes da construção civil, em 5 de julho de 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA do Brasil publicou a Resolução 307/2002, a qual estabeleceu diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil no Brasil, disciplinando as ações necessárias para a minimizar os impactos ambientais (BRASIL, 2002).

Em seu art. 3º, a Resolução 307 classifica os RCC no Brasil em quatro classes distintas, sendo elas: classe A: São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,

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papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; classe C: os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; classe D: resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde (CONAMA, 2002). A Resolução define então os conceitos a serem utilizados pelos geradores, consumidores e poder público quando se trata de RCC (Quadro 2).

Quadro 02– Conceitos definidos na Resolução 307/2002 do CONAMA

Geradores São pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas,

responsáveis por atividades ou empreendimento os que gerem os resíduos definidos nesta Resolução;

Transportadores São as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e

do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;

Agregado reciclado É o material granular proveniente do beneficiamento de

resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia;

Gerenciamento de resíduos É o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar

resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos;

Reutilização É o processo de reaplicação de um resíduo, sem

transformação do mesmo;

Reciclagem É o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter

sido submetido à transformação;

Beneficiamento É o ato de submeter um resíduo à operações e/ou processos

que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto;

Fonte: BRASIL, (2002).

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(Continuação) Quadro 03– Conceitos definidos na Resolução 307/2002 do CONAMA

Aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros

É a área tecnicamente adequada onde serão empregadas técnicas de destinação de resíduos da construção civil classe A no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente e devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente; (nova redação dada pela Resolução 448/12).

Área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT)

Área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e a segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; (nova redação dada pela Resolução 448/12).

Fonte: BRASIL, (2002).

Além disso, a Resolução 307/2002 do CONAMA estabelece que os resíduos da construção civil devam passar pelo processo de triagem, ou seja, devem ser separados respeitando-se as classes de resíduos descritas anteriormente. Segundo o art. 10, após a triagem, os resíduos devem ser destinados de acordo com as classes (Quadro 3).

Quadro 04 – Destinação dos RCC segundo a Resolução 307/2002 do CONAMA

Classe de Resíduo Destinação

Classe A Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

Classe B Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

Classe C Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade

com as normas técnicas específicas;

Classe D Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas. Fonte: BRASIL, (2002).

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2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ao longo do tempo, a relação de respeito estabelecida entre os seres humanos e a natureza foi substituída por exploração e dominação (LEITE; NETO, 2014). O consumo indiscriminado dos recursos naturais para a produção de bens aliado à geração e disposição inadequada de resíduos, mostram o modelo de desenvolvimento praticado hoje pelos seres humanos em vários setores econômicos (ROTH; GARCIAS, 2009). Aprimorar a sustentabilidade dos processos, em todos os setores produtivos, é uma estratégia fundamental para assegurar os recursos do planeta para o futuro, baseado na utilização de energias renováveis, tecnologias limpas e na proteção do meio ambiente (ROMANEL; BAPTISTA JUNIOR, 2013). Romanel & Baptista Jr (2013) colocam que vários setores aprimoraram suas cadeias de produção, fabricando produtos e oferecendo serviços com a preocupação de sustentabilidade. Porém, a indústria da construção civil se encontra, ainda, no início desse processo de transformação.

Sabe-se que o setor da construção civil é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento econômico e social de um país (PINTO; GONZÁLEZ, 2005; BAPTISTA JUNIOR, 2011; ROMANEL; BAPTISTA JUNIOR, 2013; LEITE; NETO, 2014). A importância econômica e social do setor reforça a necessidade de implantação de um programa responsável de desenvolvimento sustentável com um processo menos agressivo ao meio ambiente com menor consumo de recursos naturais e utilização racional de energia (BAPTISTA JUNIOR, 2011).

A indústria da construção gera consideráveis impactos ambientais por conta do alto consumo de recursos naturais, de energia e também pela geração de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos) (LEITE; NETO, 2014). Segundo relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicado em 2012, os RCC constituem um grave problema em muitas cidades brasileiras, visto que, podem representar de 50% a 70% da massa total dos resíduos sólidos urbanos (PINTO; GONZÁLEZ, 2005). O impacto ambiental causado pela produção e descarte de RCC é um dos principais do planeta, seja pela quantidade descartada ou pelo uso irracional dos recursos naturais (ROMANEL; BAPTISTA JUNIOR, 2013).

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A Resolução 01/86 do CONAMA define impacto ambiental como sendo:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.

Em seu art. 6, inciso II a Resolução pontua a importância de qualificar os impactos ambientais, uma vez que estes podem ser positivos ou negativos. No Brasil, a inexistência de uma consciência ecológica na indústria da construção civil resultou em danos ambientais irreparáveis, que foram agravados pelo processo de migração urbana já citado anteriormente. Os impactos negativos ao meio ambiente ocorrem em todas as etapas do processo construtivo: na retirada de matéria-prima natural (aquisição de materiais), na etapa de execução das obras civis, propriamente dita, e na fase de disposição final dos resíduos gerados pela construção (ROTH; GARCIAS, 2009; BAPTISTA JUNIOR, 2011). O processo industrial da construção civil, executado de maneira linear, gera desperdícios e impactos ambientais significativos ao ambiente urbano (Figura 01) (ROTH; GARCIAS, 2009; BAPTISTA JUNIOR, 2011; ROMANEL; BAPTISTA JUNIOR, 2013).

Figura 01- Processo Linear na Construção Civil e Impactos Ambientais

Fonte: BAPTISTA JUNIOR, 2011, p 32.

De forma geral, os RCC são vistos como resíduos de baixa periculosidade, sendo o impacto causado, principalmente, pelo grande volume gerado (ROTH; GARCIAS,

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2009). Frequentemente, a disposição incontrolada e sem critérios técnicos de RCC, provocam uma atração praticamente irresistível para o lançamento clandestino de outros tipos de resíduos não inertes, de origem doméstica e industrial, acelerando assim, a degradação ambiental e tornando ainda mais complexa e cara a possibilidade de sua recuperação futura. A disposição inadequada de RCC causam impactos significativos afetando a estabilidade ecológica (PINTO 1999; ROTH; GARCIAS, 2009; LEITE; NETO, 2014). Além disso, nas cidades, a disposição dos resíduos em vias públicas e terrenos baldios afeta as condições de tráfego de pedestres e veículos.

Sabe-se que a disposição dos RCC é um dos fatores que provocam áreas degradadas (ROTH; GARCIAS, 2009). O conceito de degradação está associado aos efeitos ambientais negativos e que acontecem em decorrência de atividades humanas, que raramente está associado às alterações decorrentes de processos e fenômenos naturais (ROTH; GARCIAS, 2009; LEITE; NETO, 2014). Apesar da capacidade inerente dos ecossistemas em restabelecer-se, muitas vezes o impacto sofrido pode impedir ou restringir esta capacidade, neste caso forma-se uma área degradada. Desta forma, áreas degradadas são aquelas que não possuem mais a capacidade de repor as perdas de matéria orgânica, ou seja, a degradação é verificada quando elementos naturais como fauna, flora, solo e corpos d´água sofrem alterações, juntamente com as características biológicas, físicas e químicas do local explorado (ROTH; GARCIAS, 2009; LEITE; NETO, 2014). Os RCC quando dispostos de maneira inadequada provocam o surgimento de vários pontos de áreas degradadas espalhados pelos centros urbanos. A questão se torna ainda mais delicada uma vez que, normalmente, os instrumentos legais que regulam as atividades da construção civil são voltados ao controle do problema depois que ele foi criado (ROTH; GARCIAS, 2009).

2.3 GESTÃO INTEGRADA E GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Aplicando-se o conceito de desenvolvimento sustentável no setor da construção civil, existem diferentes metas ambientais a serem alcançadas sendo uma delas a redução da geração dos resíduos e do impacto ambiental por estes causado (JOHN, 1999). Segundo John (1999), o atraso do setor da construção civil em sustentabilidade se dá também pelo fato de que a pauta do meio ambiente não é prioridade na agenda de discussões políticas no Brasil. Existem diversos instrumentos normativos que disciplinam a questão dos RCC, tendo como

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base os princípios de competência administrativa e legal envolvida e normas jurídicas que disciplinam a conduta dos geradores dos resíduos e administradores públicos (GAEDE, 2008). Para que seja cumprida a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), se faz necessária a criação de instrumentos que permitam a execução desta Lei no País, como os Planos de Gestão de Resíduos Sólidos (art. 8 inc. I). Na Lei 12.305/2010 consta que os Planos Nacionais, Estaduais, Microrregionais e Municipais servem, portanto, de instrumentos para a criação de soluções para a gestão dos resíduos sólidos no Brasil.

Considerando especificamente o caso dos Resíduos da Construção Civil, a Resolução 307/2002 do CONAMA tornou obrigatória em todos os municípios do país e no Distrito Federal a implantação pelo poder público local de Planos Integrados de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil (PINTO; GONZÁLEZ, 2005; JACOBI; BESEN, 2011). Portanto, cabe aos municípios a elaboração de planos integrados que incorporem: o Programa Municipal de Gerenciamento (para geradores de pequenos volumes) e os Projetos de Gerenciamento em obra (para aprovação dos empreendimentos dos geradores de grandes volumes). Esses projetos devem caracterizar os resíduos e indicar procedimentos para triagem, acondicionamento, transporte e destinação (JACOBI; BESEN, 2011).

Jacobi & Besen (2011), colocam que a administração pública municipal tem a responsabilidade de gerenciar os resíduos sólidos desde a sua coleta até a disposição final. O Programa Municipal de Gerenciamento de RCC inclui as diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos geradores e transportadores. Na Resolução 307/2002 do CONAMA é definido que os geradores de RCC (entulhos) devem ter como objetivo principal a não-geração destes resíduos e, em caráter secundário, a redução, reutilização, reciclagem, bem como a responsabilidade pela destinação final. Deve-se considerar que estes resíduos não devem ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares (resíduos urbanos), em “bota-fora”, encostas, corpos de água, lotes vagos, bem como em áreas legalmente protegidas por lei (caso, por exemplo, dos manguezais) (GAEDE, 2008). Por conta disso, o desenvolvimento e implantação do PMG/RCC é obrigatório. A Resolução delimitou prazo máximo para os Municípios e Distrito Federal de 12 meses para elaboração, implementação e coordenação do PMG/RCC, este prazo expirou em janeiro/2004.

Os projetos de gerenciamento de RCC orientam, disciplinam e firmam o compromisso de ação correta dos grandes geradores de resíduos, tanto públicos quanto privados (PINTO; GONZÁLEZ, 2005; GAEDE, 2008). Os grandes geradores tiveram prazo máximo de 24 meses (esgotado em janeiro/2005) para elaboração dos PG/RCC contemplando a caracterização dos resíduos, triagem, acondicionamento, transporte e destinação dos mesmos

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(PINTO; GONZÁLEZ, 2005). De acordo com Gaede (2008), o PG/RCC deve ser elaborado por profissional ou equipe técnica habilitada nas áreas de: Engenharia Civil, Engenharia de Produção Civil, Engenharia Ambiental, Engenharia Química, Engenharia Sanitária, Arquitetura e/ou Biólogo, com inscrição no Conselho de Classe referido ou com pós-graduação na área de meio ambiente.

Segundo Pinto & González (2005), o PMG/RCC se dá através da implantação de uma rede de serviços por meio da qual os pequenos geradores e transportadores podem assumir suas responsabilidades na destinação correta de seus resíduos. Os PG/RCC ficam a cargo dos grandes geradores objetivam estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos RCC (PINTO; GONZÁLEZ, 2005). O gerenciamento do fluxo dos grandes volumes de RCC inclui, também, o compromisso com transportadores cadastrados e áreas de recepção licenciadas (PINTO; GONZÁLEZ, 2005). A Figura 2 mostra um diagrama que mostra a articulação entre os serviços citados.

Figura 02 - Diagrama ilustrando a articulação dos serviços da rede de gerenciamento de RCC nos Municípios

Fonte: Adaptado de PINTO; GONZÁLEZ, 2005, p.13.

A Resolução 307/2002 do CONAMA (art. 9) elenca as etapas para a elaboração dos PG/RCC (Quadro 4).

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Quadro 05 – Etapas de elaboração de Projeto de Gerenciamento de RCC segundo Resolução 307/2002 do CONAMA.

Etapa Descrição

Caracterização Nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos; Triagem Deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser

realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução;

Acondicionamento O gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem;

Transporte Deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos; Destinação Deverá ser prevista de acordo com o estabelecido na Resolução.

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indústria da construção civil tem um significativo impacto na economia e no meio ambiente. Por apresentar-se como grande consumidor de recursos naturais e de geração de resíduos, o setor tem sido casa vez mais alvo de discussões quanta a necessidade de se buscar a sustentabilidade em suas atividades construtivas (SOUZA et al; 2004). Desse modo, pequenas alterações em seus processos construtivos, devem promover mudanças na redução dos gastos e principalmente no meio ambiente (SOARES et al., 2014). De acordo com Silva et al. (2005) gerir o meio ambiental urbano é um desafio complexo, que, além de prevenir os recursos naturais, deve-se assegurar condições de vida digna à população, melhorando o processo de desenvolvimento das cidades.

A cadeia produtiva de construção civil é uma das mais responsáveis pela geração de resíduos, que, muitas vezes, são descartados em locais inadequados, em vias públicas e em encostas de rios, criando locais irregulares no município (REIS et al, 2017). O descarte

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incorreto compromete não só a infraestrutura do município, como ocasiona impactos na saúde da população, na degradação do meio ambiente (MORAIS, 2006).

Os RCC apresentam características distintas, podendo variar de acordo com o local de geração, tecnologia, material, mão de obra, e qualidade do projeto (OLIVEIRA, 2008). Por constituírem boa parte dos resíduos sólidos urbanos, o poder público a partir do ano de 2002, apresentaram políticas públicas, legislações, normas, visando o devido transporte, e disposição final adequada, além de apresentar as responsabilidades aos geradores de resíduos. Embora seja importante dar uma destinação adequada, ações que visem a redução diretamente no canteiro de obra e na adequação do descarte, pode contribuir ativamente para redução de seus impactos. Nesse contexto, quanto mais sustentável forem as atividades da construção civil, mais controle ela terá nos resíduos que gera e descarta, além da procedência dos insumos que utiliza.

O desenvolvimento sustentável deve apresentar mudanças na exploração de recursos, assim como, na utilização de novas tecnologias para o aproveitamento dos resíduos gerados, atendendo a demanda de população hoje a no futuro. O planejamento ambiental urbano é para o futuro das próximas gerações (BRASIL, 2014). Para isso, é necessário que o setor esteja avançando em relação a eco eficiência e incorporando aspectos sociais e econômicos em seus processos.

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3 CAPITULO II: A SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO E A NECESSIDADE DE UM GUIA DE ORIENTAÇÃO

3.1 INTRODUÇÃO

Segundo Lima; Lima (2009), a questão do gerenciamento dos RCC parece despertar mais interesse na academia que na prática das obras. Todavia, o gerenciamento adequado de RCC dentro do canteiro de obras apresenta diversas vantagens para as construtoras. Algumas destas vantagens são: a redução do volume de resíduos a descartar; aumento da limpeza e organização da obra, o que reduz acidentes de trabalho; redução da quantidade de caçambas retiradas da obra; atendimento aos requisitos ambientais; além de proporcionar diferencial positivo na imagem da empresa para o público consumidor (LIMA; LIMA, 2009). O gerenciamento adequado dos RCC depende de diversos fatores e se inicia na elaboração dos projetos pelos profissionais, que precisa ser feita com seriedade. Para, além disso, é indispensável que o Poder Público municipal se comprometa de fato com as suas responsabilidades definidas nos planos municipais. Assim como os pequenos e grandes geradores de RCC precisam compreender a problemática ambiental e econômica em torno destes resíduos e também se responsabilizarem.

Considerando isso, é de grande importância à elaboração e divulgação de materiais que orientem de maneira explicativa como devem ser estruturadas e implantadas as estratégias de gerenciamento de RCC nos Municípios. Existem diversos guias que trazem a temática da sustentabilidade na indústria da construção, tais materiais servem de suporte para profissionais e gestores públicos em suas práticas cotidianas e tomada de decisão (TELLO; RIBEIRO, 2012; BRASIL, 2014). Portanto, o objetivo deste capítulo é elaborar um guia incluindo as diretrizes básicas para o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos da construção civil na cidade de Tubarão/SC. Como o próprio nome sugere, o material tem o intuito de guiar gestores públicos, profissionais e população em geral para que, primeiramente, gerem a menor quantidade de resíduos possível e, em segundo lugar, gerenciem de maneira adequada e sustentável os resíduos gerados.

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3.2 METODOLOGIA

Esta pesquisa conta com a estrutura de elaboração de um guia com diretrizes básicas para a gestão dos resíduos sólidos da construção civil para o município de Tubarão, Santa Catarina, Brasil, evidenciando o tema da sustentabilidade e trazendo soluções para implementação dos planos municipais. Este estudo caracteriza-se por utilizar fontes documentais, bibliográficas e qualitativas.

Segundo SEBRAE (2010) (Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina) com a abertura do caminho entre Lages e Tubarão, por volta de 1773, iniciou-se o povoamento da cidade. O rio Tubarão era parte da rota Lages/Laguna, tendo como ponto de parada os portos do Poço Fundo e do Poço Grande, ambos na região da atual Tubarão. Em agosto de 1774, duas sesmarias, situadas no atual perímetro urbano, foram doadas ao capitão João da Costa Moreira e ao sargento-mor Jacinto Jaques Nicós, marcando o início efetivo do povoamento. A imigração europeia, a implantação da estrada de ferro Dona Thereza Christina e a criação da comarca de Tubarão, em 1875, foram responsáveis diretos pelo desenvolvimento econômico do município. Ainda de acordo com SEBRAE (2010), a população de Tubarão apresentou um aumento de 9,1% desde o último censo demográfico realizado em 2000. Segundo as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2009, a população da cidade é composta de 96.529 habitantes, o equivalente a 1,6% da população do estado. Tubarão é a 13ª cidade no ranking populacional catarinense. A estrutura etária de uma população habitualmente é dividida em três faixas: os jovens, que compreendem do nascimento até 19 anos; os adultos, dos 20 anos até 59 anos; e os idosos, dos 60 anos em diante. Segundo esta organização, no município, em 2007, os jovens representavam 29,5% da população, os adultos 59,8% e os idosos, 10,7% (SEBRAE, 2010).

Segundo dados do IBGE e do SPG, (Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina), em 2006 o PIB catarinense atingiu o montante de R$ 93,2 bilhões, assegurando ao Estado a manutenção da sétima posição relativa no ranking nacional. No mesmo ano, Tubarão aparece na 13ª posição do ranking estadual, respondendo por 1,31% da composição do PIB catarinense. No comparativo da evolução deste indicador ao longo do período 2002-2006, o município apresentou um crescimento acumulado de 46,1%, contra um aumento estadual de 67,2%.

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3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como explanado anteriormente, a PNRS, em seu art. 18, condiciona a elaboração Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos pelas prefeituras como requisitas à obtenção de repasses de verbas destinadas aos serviços de limpeza dos municípios. Por conta disso, em 2014/2015, foi elaborado o Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PMGIRS) de Tubarão. Com base em informações do site da prefeitura municipal de Tubarão, este plano foi elaborado a partir de discussões ocorridas em duas oficinas técnicas realizadas na cidade. O PMGIRS foi desenvolvido através da Associação de Municípios da Região de Laguna (AMUREL) e da empresa SC Engenharia e Geotecnologia.

Em 2015 foi elaborado também o Plano de Gestão Regionalizada de Resíduos da Construção Civil (PGRRCC) que inclui Tubarão e outros 15 Municípios da AMUREL. O PGRRCC é o instrumento exigido pela Resolução CONAMA Nº 307/2002 para a gestão destes resíduos nos Municípios brasileiros. O PGRRCC da AMUREL traz um diagnóstico do gerenciamento de RCC nos municípios e no que diz respeito à cidade de Tubarão, estimou-se que considerando a população de 2014 (102.087 habitantes), o município possui uma média de geração de RCC de 51.044 toneladas/ano. Em uma simples comparação, seriam necessárias 20 piscinas olímpicas para acondicionar a quantidade anual de RCC gerada em Tubarão, o que demonstra a dimensão da problemática do mal gerenciamento destes resíduos (SC Engenharia e Geotecnologia, 2015).

Em 2016, foi instituída em Tubarão a Política Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, Lei n° 4616, de 16 de dezembro de 2016. Tal política estabelece como a gestão de todos os resíduos sólidos da cidade deve ser realizada e define as responsabilidades dos geradores e do Poder Público neste contexto (PMT, 2016).

Com a intenção de obter informações atuais sobre a questão dos RCC em Tubarão para esta pesquisa, foi realizada uma visita à Fundação Municipal de Meio Ambiente de Tubarão (FUNAT) no dia 1º de Novembro deste ano. Na visita, funcionários da fundação informaram que os planos de gerenciamento dos resíduos não foram implementados até o momento. Além disso, informaram que o serviço de fiscalização é realizado somente a partir de denúncias. Tal fato pode ser confirmado observando a quantidade de resíduos dispostos inadequadamente nas ruas e terrenos da cidade, assim como, pela quantidade de caçambas estacionárias contendo resíduos sólidos misturados provenientes de diferentes fontes geradoras. No mesmo dia, também foi realizada uma visita à Fundação do Meio Ambiente (FATMA), mas não foram obtidas informações relevantes.

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Considerando as informações recebidas e o atual cenário de Tubarão, optou-se por fazer do guia um instrumento de conscientização a respeito da questão ambiental relacionada com os RCC. Para isso, o material descreve e expõe através de fotografias quais são os impactos ambientais causados pelos resíduos mal gerenciados. O material ressalta também a importância da implementação real dos planos e projetos de gerenciamento pelo poder público e pelas empresas construtoras para evitar e/ou minimizar tais impactos negativos. A fim de promover uma transformação efetiva, o guia descreve qual o papel da prefeitura no gerenciamento dos resíduos sólidos da cidade e explana sobre as responsabilidades dos geradores dos resíduos.

A construção do GUIA PARA GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UM INSTRUMENTO PARA PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE OBRAS NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO (SC) teve base a Política Nacional dos Resíduos Sólidos e das resoluções do CONAMA que estabelecem os critérios para a gestão de resíduos sólidos da construção civil.

De modo a facilitar a mudança de postura de gestores e geradores, o material descreve como os RCC devem ser classificados, separados e destinados corretamente, seguindo o estabelecido na Resolução 307/2002 do CONAMA, partindo do pressuposto da não geração dos resíduos. Desta forma, esta pesquisa tem como resultado um guia que apresenta a magnitude do problema, mas também, o caminho para resolvê-lo.

3.4 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

A história de Tubarão mostra o crescente desenvolvimento social e econômico vivido na cidade. Uma amostra disso é que, atualmente, Tubarão está entre as 100 melhores cidades para se investir em negócio no Brasil, ocupando a 45ª posição no ranking segundo a revista Exame (REVISTA EXAME, 2017). Sabe-se que a aliança entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade promove o crescimento consciente e perene de um centro urbano.

Considerando tais informações é possível dizer que a questão dos RCC ainda não é tratada com a devida importância. Apesar de apresentar diversas vantagens para construtoras, para os gestores e para o bem-estar da população, o gerenciamento adequado destes resíduos, muitas vezes, não ocorre. Tal fato é decorrente de diferentes motivos, sendo um deles a não responsabilização por parte do Poder Público e também dos geradores. Sabe-se que a elaboração de planos e projetos de gerenciamento de RCC é uma parte importante do processo e deve ser realizada por etapas, segundo a Resolução 307/2005 do CONAMA.

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Entretanto, a implementação dos planos e a fiscalização das ações são indispensáveis para que as estratégias adequadas sejam realizadas.

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4 CONCLUSÃO

A temática abordada no trabalho de conclusão de curso foi uma experiência engrandecedora e que gerou reflexões que vão para além da área profissional. Com isso, percebemos que é a partir do conhecimento a respeito do tamanho da problemática dos RCC que ocorrerá a sensibilização das pessoas com a causa. A mudança de postura passa por compreender quais são os impactos ambientais que podem ser causados pela geração desenfreada dos resíduos e pelo mau gerenciamento deste material. Além disso, para que a mudança ocorra, é indispensável que seja disseminado o conhecimento sobre formas de racionalizar e de reciclar os resíduos nas obras, evidenciando as vantagens econômicas, ambientais e sociais destes processos.

Esperamos, portanto, que esse trabalho sirva de estímulo para que o poder público municipal, as empresas construtoras e a população em geral tenham conhecimento da importância de seus papéis no processo de desenvolvimento sustentável da nossa cidade. As informações contidas no Guia não esgotam a discussão. Muito pelo contrário, as torna ciente das limitações deste material e da dificuldade de retratar nele todo o cenário Municipal e todas as formas de melhorar a gestão dos resíduos de maneira geral. Sabemos que muito trabalho e dedicação são necessários para que a transformação efetiva ocorra. No entanto, temos convicção que este trabalho contribui para que a questão dos RCC em Tubarão seja lembrada e reforçada, abrindo espaço para que outros colegas tratem do tema em suas pesquisas.

A indústria da construção pode contribuir muito com o desenvolvimento sustentável do País, e todos que a compõem têm como contribuir. Por isso, o Guia Gestão de Resíduos da Construção Civil no Município de Tubarão/SC deve ser mais do que uma fonte de informação, mas que ele seja uma fonte de inspiração e de inquietação para que as mudanças urgentes e necessárias, que precisam ser feitas, se concretizem.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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