• Nenhum resultado encontrado

O sistema de avaliação nacional e a educação escolar indígena : contrastando duas realidades a partir do ensino de ciências

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O sistema de avaliação nacional e a educação escolar indígena : contrastando duas realidades a partir do ensino de ciências"

Copied!
169
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA. HÉLIO MAGNO NASCIMENTO DOS SANTOS. O SISTEMA DE AVALIAÇÃO NACIONAL E A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: CONTRASTANDO DUAS REALIDADES A PARTIR DO ENSINO DE CIÊNCIAS. SÃO CRISTÓVÃO 2015.

(2) HÉLIO MAGNO NASCIMENTO DOS SANTOS. O SISTEMA DE AVALIAÇÃO NACIONAL E A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: CONTRASTANDO DUAS REALIDADES A PARTIR DO ENSINO DE CIÊNCIAS. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da UFS como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. Orientadora: Profª. Drª. Edinéia Tavares Lopes.. SÃO CRISTÓVÃO 2015.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. S237s. Santos, Hélio Magno Nascimento dos O sistema de avaliação nacional e a educação escolar indígena : contrastando duas realidades a partir do ensino de ciências / Hélio Magno Nascimento dos Santos; orientadora Edinéia Tavares Lopes. – Aracaju, 2015. 166 f. : il.. Dissertação (mestrado em Ensino de Ciências Naturais e Matemática) – Universidade Federal de Sergipe, 2015. 1. Ciência – Estudo e ensino. 2. Índios - Educação. 3. Avaliação educacional. 4. Indicadores. I. Lopes, Edinéia Tavares, orient. II. Título. CDU 376.016:5.

(4)

(5) DEDICATÓRIA. Dedico este trabalho a minha avó Josefa Nascimento de Jesus..

(6) AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me conceder a vida e a capacidade para desenvolver este trabalho. À Universidade Federal de Sergipe e ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECIMA) pela oportunidade, em especial ao amigo Flávio Aiamore e à CAPES pelo financiamento da bolsa. À minha orientadora, a Profª. Drª. Edinéia Tavares Lopes, pela compreensão e paciência em me orientar pelos caminhos da Educação Escolar Indígena. A todos os professores do Programa que contribuíram na minha formação: Ivanete, Juvenal, Eliane Midore, Mirna, Mª José, Bernard Charlot, Maria Batista (Lia) e todos os colegas de turma, em especial a Tiago, Taciana, Hamilton e a guerreira Mª São Pedro. Aos professores que participaram das bancas de qualificação e defesa: Profª. Drª. Myrna F. L. de Souza, Profª. Drª. Mª. José N. Soares e o Prof. Dr. Marcelo A. Ennes por suas valorosas contribuições a este texto. Ao meu grande mestre, o Prof. Dr. Acácio Alexandre Pagan, por todas as contribuições na minha vida acadêmica, social e econômica. Que a luz divina sempre o proteja. A todos os colegas do Projeto OBEDUC pelos momentos juntos, discutindo o processo de avaliação no Ensino de Ciências. Aos amigos do site QEdu e da Meritt, na pessoa de Fernando Mota. Vocês são nota mil. Aos responsáveis pelo setor de educação indígena das secretarias estaduais de Educação dos estados de Sergipe, São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Tocantins, Piauí, Rondonia, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pela contribuição a esta pesquisa. A todos os meus tios, tias, primos, primas, irmãos, e aos amigos que sempre torcem por mim e confiam no meu potencial, em especial aos meus dois grandes amigos: o Prof. Msc. João Paulo Mendonça Lima e o Prof. Msc. Weverton Santos de Jesus. Que Deus em sua infinita bondade lhes conceda muitas graças aqui na terra e o céu como recompensa por tudo. Enfim, à minha querida esposa Josete Nascimento de Almeida e à minha filha Maria Eduarda por compreenderem a minha ausência em alguns momentos. Saibam que amo as duas e que tudo o que faço é buscando o melhor pra nós. E ao meu filho recém-nascido Miguel, que vem dormindo bem nas últimas noites, contribuindo para que pudesse finalizar este trabalho..

(7) RESUMO. Esta pesquisa aborda os indicadores de qualidade educacionais com foco na modalidade educacional indígena. Desse modo, a problemática da pesquisa é a relação entre os índices de qualidade da educação nacional e da educação escolar ofertada aos indígenas, buscando, nesse contexto, produzir elementos para refletir sobre o ensino de Ciências Naturais. Nesse sentido, o objetivo geral da pesquisa é desvelar a relação entre os dados de qualidade da educação nacional e a educação indígena, como forma de contribuir para a reflexão da pertinência (ou não) da proposição de testes de desempenho escolar que contemplem, de maneira especial, as Ciências Naturais na Educação Escolar Indígena (EEI). A metodologia aplicada tem uma abordagem qualitativo-quantitativa – teórica bibliográfica com predominância do enfoque qualitativo. A coleta dos dados foi feita através da leitura e análise de produções acadêmicas e documentos oficiais que abordam especificamente os indicadores de qualidade da Educação nacional e a EEI por meio da aplicação de questionário aberto, realizado junto às secretarias estaduais de educação de todos os estados da federação. Inicialmente, abordamos o sistema de avaliação brasileiro, discutindo as principais estatísticas educacionais no Brasil. Procuramos abordar, no segundo momento, a organização do sistema de ensino do país, suas modalidades e os indicadores de qualidade educacional com ênfase à EEI. Dentre os indicadores de qualidade educacional que contemplam a avaliação da EEI, foram discutidos os seguintes: a matrícula, a formação dos professores, os estabelecimentos de ensino, os recursos didáticos específicos para as escolas indígenas e o desempenho escolar nas avaliações externas. Posteriormente, abordamos a realidade de duas escolas indígenas, uma situada no estado de Mato Grosso, escolhida em razão de pesquisas que já foram realizadas nesta instituição durante o período de doutorado da orientadora deste trabalho. A outra escola, situada em Sergipe, foi escolhida por ser a única desta modalidade no estado e devido à realização de atividades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) na escola. Tais atividades são desenvolvidas pelas alunas da UFS (Campus Itabaiana), bolsistas do PIBID. A partir dos resultados, percebe-se que a EEI é instituída em todo o país, com exceção do Distrito Federal. Apresentamos ainda, dados acerca do ensino de Ciências Naturais nessa modalidade de ensino com base na observação das duas escolas indígenas supracitadas. Nessa última etapa, procuramos desvelar, a partir de documentos oficiais e das publicações dos integrantes do “Grupo de Estudo Ensino de Ciências, Diversidade e Ambiente”, alguns índices de qualidade educacional. Nas considerações finais, refletimos os itens citados, ressaltando a percepção de que, ao longo das duas últimas décadas, avanços significativos foram alcançados pelos povos indígenas. Contudo, de acordo com os estudos realizados, percebe-se que ainda há muito a ser feito para a promoção e garantia de uma EEI de qualidade. Palavras-chave: Educação Escolar Educacionais, Ensino de Ciências.. Indígena.. Avaliação. Educacional.. Indicadores.

(8) ABSTRACT. This research introduces educational quality indicators, focusing on indigenous educational modality. Thus, the problem of this research is the relation between the quality indices of national education and school education offered to indigenous population, seeking in this context to produce elements to reflect on the teaching of natural sciences. The overall objective of this research is to reveal the relation between the quality data of national education, and indigenous education as a way to contribute to the reflection of the relevance (or not) of the school performance test proposition that include, especially, the natural sciences in school indigenous education (EEI - Escola de Educação Indígena). The methodology used has a qualitative-quantitative/theoretical-bibliographic approach, more predominantly qualitative approach. Data collection was done through reading, and analysis of academic productions, and official documents that specifically point the national education quality indicators, and EEI, also through the open questionnaire, carried out with the state departments of education of all states. Initially, we discussed the Brazilian assessment system, taking into consideration the main educational statistics in Brazil. We tried to approach as following, the organization of the national education system, its modalities, and education quality indicators with emphasis on ERA. Among the indicators of educational quality which include the evaluation of EEI, the following ones were discussed: the registration, training of teachers, educational establishments, the specific educational resources for indigenous schools, and school performance in external evaluations. Afterwards, we approached the reality of two indigenous schools, one of them is in Mato Grosso State, chosen because surveys have been carried out in such institution during the PhD studies that anticipate this work. The second school establishment is located in Sergipe State, It is chosen as the only of this type in the state and due to activities of the Institutional Scholarship Program for Initiation to Teaching (PIBID) in school. These activities are developed by the students of the UFS (Campus Itabaiana), PIBID Scholars. From the results, it is clear that the ERA is established throughout the country, except for the Federal District. We present yet, data about the teaching of Natural Sciences in this type of education, based on observation of the aforementioned two Indian schools. In this last step, we seek to unveil, from official documents and publications of the members of the "Study Group Science Education, Diversity and Environment", some indices of educational quality. In closing remarks, reflect the above items, underscoring the perception that, over the past two decades, significant advances have been achieved by indigenous peoples; However, according to studies, it is clear that there is still much to do in promoting and ensuring a quality ERA. Keywords: Indigenous School Education, Educational Evaluation, Education Indicators, Science Teaching..

(9) LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. - Avaliações que compõem o SAEB .......................................................... 49. Figura 2. - Sala de aula da escola mato-grossense.................................................... 125. Figura 3. - Escola indígena sergipana ....................................................................... 126. TABELAS E QUADROS Tabela 1. -. Percentual da classificação de cor/raça segundo a autodeclaração dos alunos nos questionários do SAEB......................................................... Tabela 2. -. 48. Participação relativa da população residente autodeclarada indígena, por situação do. domicilio, segundo as grandes regiões – 1991/2010. 83. Número de matrículas na educação brasileira por níveis, etapas e modalidades em 2011 .............................................................................. 40. Taxas de analfabetismo, analfabetismo funcional e população de 15 anos de idade ou mais no ano de 2011 ................................................... 56. Média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais por localização – Brasil, 1996-2011 .............................................................. 58. Média de anos de estudo da população de 18 a 24 anos de idade por localização – Brasil, 1996-2011 .............................................................. 58. Quadro 5 -. Número de matrículas de alunos Indígenas, Brasil e Regiões, 1999 ...... 82. Quadro 6 -. Número de matrículas indígenas no Brasil no Período de 1999 a 2014. 84. Quadro 7 -. Matrículas na Educação Indígena por Modalidade e Etapa de Ensino, Brasil (2011 e 2012) ............................................................................... 85. Número de escolas indígenas, total de professores, professores de origem indígena e matrículas de alunos indígenas, Brasil e Regiões, 1999 ......................................................................................................... 85. Número de matrículas da educação indígena segundo a região geográfica, Brasil (2003-2008) ............................................................... 86. Quadro 1 -. Quadro 2 -. Quadro 3 -. Quadro 4 -. Quadro 8 -. Quadro 9 -.

(10) Número de matrículas da Educação Indígena por etapa de ensino, Brasil (2007-2011) .................................................................................. 87. Quadro 11 -. Evolução dos indicadores educacionais, 2002-2006 - população total ... 89. Quadro 12 -. Evolução dos Indicadores Educacionais (2002-2006) população indígena ………………………………………………………………... 89. Total de Matrículas na Educação Indígena por Modalidade e Etapa de Ensino, Brasil (2007-2012) ………………………………………….... 90. Total de matrículas de 2014 em escolas indígenas x escolas em geral e o percentual de alunos indígenas em cada unidade da federação ……. 92. Número de Professores na Educação Indígena por Escolaridade segundo as Etapas de Ensino da Educação Básica, Brasil (2008).…….. 97. Número de estabelecimentos da educação escolar indígena segundo a região geográfica, Brasil (2003-2008) ……………………………….... 98. Número de estabelecimentos de Educação Indígena por recursos de infraestrutura segundo a região geográfica, Brasil (2008) ……………. 99. Número de estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, Brasil 1999, (2005-2014) ……………………………………………………... 100. Número de estabelecimentos de Educação Escolar Indígena por utilização de material didático específico segundo a região e Unidade da Federação, Brasil, 2008 …………………………………………….. 101. Resultado da Prova Brasil 2011 em Língua Portuguesa - 5º ano: um comparativo entre os alunos da EEI e alunos do ensino regular ………. 112. Resultado da Prova Brasil 2011 em Língua Portuguesa - 9º ano: um comparativo entre os alunos da EEI e alunos do ensino regular ………. 113. Resultado da Prova Brasil 2011 em matemática -5º ano: um comparativo entre os alunos da EEI e alunos do ensino regular ………. 114. Resultado da Prova Brasil 2011 em matemática - 9º ano: um comparativo entre os alunos da EEI e alunos do ensino regular ………. 115. Quadro 10 -. Quadro 13 -. Quadro 14 -. Quadro 15 -. Quadro 16 -. Quadro 17 -. Quadro 18 -. Quadro 19 -. Quadro 20 -. Quadro 21 -. Quadro 22 -. Quadro 23 -.

(11) LISTA DE ABREVIATURAS. ANA. –. ANEB. – Avaliação Nacional da Educação Básica. ANRESC –. Avaliação Nacional da Alfabetização. Avaliação Nacional do Rendimento Escolar. DCN. –. EEI. – Educação Escolar Indígena. EJA. –. ENADE. – Exame Nacional de Desempenho do Ensino Superior. Diretrizes Curriculares Nacionais. Educação de Jovens e Adultos. ENCEJA – O Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos ENEM. – O Exame Nacional do Ensino Médio. ENSCER – EPT. –. GPEMEC –. Ensinando o Cérebro Educação Profissional e Tecnológica Grupo de Pesquisa em Educação Matemática e Ensino de Ciências. IBGE. – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IDEB. –. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. IES. –. Instituições de Nível Superior. INEP. –. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira. LDB. –. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC. –. Ministério da Educação. PAR. –. Plano de Ações Articuladas. PCN. –. Parâmetros Curriculares Nacionais. PPP. –. Projeto Político Pedagógico. PRONEM –. Tecnologias de Avaliação do Desempenho Escolar em Ciências e Matemática: um Estudo Multidisciplinar. RCNEI. – Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas. SAEB. –. Sistema de Avaliação da Educação Básica. SAEP. –. Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná. SEDPD/SP – Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo SINAES. –. O Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior. UFS. –. Universidade Federal de Sergipe.

(12) SUMÁRIO. -. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12. 1. CAPÍTULO I - TRAJETÓRIA DO ESTUDO ............................................... 18. 1.1. Aproximação com o objeto de estudo .............................................................. 19. 1.2. Caminhos metodológicos do estudo ................................................................. 21. 2. CAPÍTULO II - O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO ENSINO BRASILEIRO E OS INDICADORES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO...... 26. 2.1. Introdução ao capítulo ...................................................................................... 27. 2.2. Apontamentos teóricos: uma reflexão sobre a relevância do processo educacional para a sociedade ........................................................................... 31. 2.3. O sistema de avaliação do ensino brasileiro .................................................... 48. 2.4. Os Indicadores educacionais extraescolares: reflexões sobre o processo ..... 53. 3. CAPÍTULO III - A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO E OS INDICADORES DE QUALIDADE EDUCACIONAL .............................................................................................. 64. 3.1. O sistema educacional brasileiro ..................................................................... 65. 3.2. A Educação Escolar Indígena .......................................................................... 71. 3.3 3.3.1. Os indicadores de qualidade educacional e a Educação Escolar Indígena... 82. Matrículas dos alunos indígenas ......................................................................... 82. 3.3.2. Formação dos professores indígenas ................................................................... 93. 3.3.3. Estabelecimentos escolares indígenas ................................................................. 97. 3.3.4. Material didático especifico para EEI ................................................................. 101. 3.3.5. Desempenho escolar dos alunos indígenas nas avaliações externas ................... 102. 4. CAPÍTULO IV - A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA E O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS: CONTRASTANDO REALIDADES ............. 117. 4.1. A escola indígena sergipana e a escola indígena mato-grossense: realidades da EEI ............................................................................................. 118. 4.1.1. Sobre a relação entre as comunidades indígenas e as escolas ............................. 119. 4.1.2. Matrículas na escola indígena sergipana e na escola indígena mato-grossense... 122. 4.1.3. Formação dos professores atuantes nas escolas analisadas ................................. 122. 4.1.4. Infraestrutura e recursos didáticos utilizados nas escolas analisadas .................. 125. 4.1.5. Currículo proposto e currículo observado nas duas escolas ................................ 127. 4.1.6. O ensino de Ciências na EEI: algumas reflexões ................................................ 129. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 134. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 138. APÊNDICES ...................................................................................................... 149. ANEXOS ............................................................................................................ 151.

(13) 12.

(14) 12. INTRODUÇÃO. A análise do processo educacional configura-se como um instrumento essencial no que diz respeito aos procedimentos de prestação de contas à sociedade e, sobretudo, ao fortalecimento do debate público no que tange aos desafios colocados à educação. Assim, são colocados pontos fundamentais para esclarecer como vêm sendo implementadas as ações pedagógicas que visam tornar acessíveis os conhecimentos acumulados pela sociedade, o que possibilita diversos avanços, como a construção sólida do conhecimento e também a melhoria das ações daqueles que estão à frente deste trabalho, como gestores e professores. Nesse sentido, diversos sistemas de avaliação surgem e se constituem como meios para a difusão de conhecimentos educacionais no país e, dessa forma, através deles almeja-se atingir os níveis e índices satisfatórios de qualidade no ensino, sejam eles iguais ou parecidos ao dos países desenvolvidos. No entanto, considerando as características da formação social brasileira, a qual é constituída por diversas etnias, diferentes culturas e costumes, é preciso que os sistemas de avaliação em larga escala1 sejam planejados e direcionados com a finalidade de analisar, em níveis regionais, como as ações pedagógicas corroboram para a construção dos saberes. Sendo assim, avaliar os sistemas educacionais, bem como ações pedagógicas, requer uma reflexão por parte dos seus responsáveis, pois é interessante que se busque mensurar em processos avaliativos externos, não só os aspectos quantitativos como resposta aos anseios da sociedade, mas também é necessário trazer o aluno para o processo avaliativo, de forma que ele se sinta envolvido no contexto da avaliação, uma vez que,. [...] ao pensarmos nos problemas da avaliação, não nos podemos esquecer de que, assim como a motivação é fundamental para a aprendizagem, da mesma forma a motivação dos estudantes é importante para os trabalhos da avaliação. Entretanto, isso nem sempre ocorre e nem é objeto de consideração durante o seu processo. A avaliação é quase sempre impositiva, sem consulta a professores e muito menos a alunos. (VIANNA, 2003, p. 10).. Dessa forma, considerando a necessidade de verificar o grau de evolução dos discentes em cada etapa do processo educacional, percebe-se também sua relevância em acompanhar o desenvolvimento do próprio sistema de avaliação externa e como este sistema abrange os modelos educacionais definidos de acordo com a pertença sócio-histórica das comunidades.. 1. No texto, serão utilizados como sinônimos os termos “Avaliação em Larga Escala” e “Avaliação Externa”..

(15) 13. É neste contexto que se insere como etapa fundamental no desenvolvimento do educador, tido como agente de transformação social, a busca pela formação continuada, pois é através de momentos de formação que os educadores irão se deparar com situações nas quais refletirão sobre os diversos saberes profissionais, citados em Tardif (2010), e que são necessários para a ação pedagógica, visto que, muitas vezes, os professores já os carregam consigo e não percebem sua importância em razão de fatores como o conformismo e a extensa carga horária de aula realizada durante a semana. Logo, foi por meio dessas formações continuadas, de maneira particular, pela participação no Grupo de Pesquisa em Educação Matemática e Ensino de Ciências (GPEMEC) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e, mais especificamente, pelo desenvolvimento. do. projeto. “Desempenho. Escolar. Inclusivo. na. Perspectiva. Multidisciplinar”2 do programa Observatório da Educação e do Projeto “Tecnologias de avaliação do desempenho escolar em ciências e matemática: um estudo multidisciplinar (PRONEM)”3, que se iniciaram nossos estudos sobre a Avaliação de Desempenho, focando a disciplina de Ciências Naturais. O. projeto. Desempenho. Escolar. Inclusivo. na. Perspectiva. Multidisciplinar,. desenvolvido no período de 2011 a 2014, teve o objetivo de desenvolver, a partir dos resultados obtidos no projeto Ensinando o Cérebro (ENSCER), com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPD-SP), um sistema informatizado para caracterização do desenvolvimento neurocognitivo. O referido projeto contém uma base de dados com informações sobre o Histórico de Desenvolvimento (HD) e desempenho das crianças matriculadas em um conjunto de escolas avaliadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP) nos estados de São Paulo, Sergipe, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. O ENSCER dá margem a ações de formação e produção de materiais didáticos para o trabalho pedagógico em leitura, escrita e iniciação às ciências. Por sua vez, o PRONEM visa elaborar, testar e validar uma ferramenta de avaliação de desempenho escolar em ciências e matemática que leve em conta o rendimento discente, bem como sua motivação para o aprendizado nessas disciplinas. Nos referidos projetos, buscou-se no primeiro e ainda busca-se no segundo o desenvolvimento de investigações as quais serão detalhadas no item 1.1. Aproximação com o Objeto de Estudo.. 2 3. Financiado pelo Programa Observatório da Educação (OBEDUC), edital nº 38/2010/CAPES/INEP. Edital Fapitec/SE /FUNTEC/CNPq N° 10/2011..

(16) 14. Nas reuniões para o desenvolvimento dos projetos supracitados, discutiram-se diversas temáticas relacionadas à avaliação do processo educacional e, neste contexto, observou-se que o ensino das Ciências Naturais, praticado nas diversas instituições educacionais do país, é pautado em termos gerais pela universalização dos conteúdos científicos. Além disso, muitos educadores, em face de deficiências em sua formação inicial, exercem a prática pedagógica numa visão simplista das Ciências, o que muitas vezes contribui para o distanciamento dos educandos das salas de aula por não conseguirem observar, no conteúdo abordado, a relação com o próprio cotidiano. Desse modo, surgiu a perspectiva de estudar os diversos indicadores educacionais, a fim de compreender o processo de desenvolvimento escolar de alunos da Educação Básica, possibilitando ainda, um olhar sobre as propostas de avaliação em larga escala. Percebemos, a partir daí, a necessidade de rever a forma como se dá o ensino das Ciências Naturais, visto que, até então, as avaliações em larga escala procuram analisar apenas o desenvolvimento dos alunos na escrita e leitura e nos cálculos matemáticos. É importante ressaltar, que não há como transformar em curto prazo o desenvolvimento escolar dos alunos nas diversas modalidades educacionais se as propostas curriculares não forem adequadas ao que se exige nas avaliações em larga escala, bem como se estas avaliações não passarem a contemplar os diversos contextos sociais das comunidades escolares brasileiras. Para que as adequações supracitadas ocorram, dentre outros fatores, é preciso analisar as diferentes realidades sociais e econômicas nas quais se inserem as instituições escolares, além da necessidade de se implantar processos de formação continuada que auxiliem os professores a rever suas concepções sobre o processo de ensino e aprendizagem e, consequentemente, sobre as ações pedagógicas por eles desenvolvidas no cotidiano. Dentre estas ações dos professores, citamos como exemplo, a utilização do livro didático como único recurso metodológico para o exercício de suas funções, sem considerar, muitas vezes, a gama de conhecimentos associados às Ciências Naturais que os alunos trazem consigo em razão das diversas atividades cotidianas praticadas fora do ambiente escolar. Ainda nas reuniões de desenvolvimento dos projetos citados e do grupo de estudos GPEMEC, surgiram várias indagações acerca de como as avaliações em larga escala contemplam ou não o ensino ofertado nas escolas indígenas, que se caracteriza como uma educação diferenciada. Essas indagações nos aproximaram do grupo de estudo “Ensino de Ciências, Diversidade e Ambiente” no qual, dentre outros, são discutidos os trabalhos de iniciação à docência e iniciação científica desenvolvidos na única escola indígena sergipana..

(17) 15. Portanto, esta pesquisa tem por problemática a relação entre os indicadores de qualidade da educação e a educação escolar ofertada nas comunidades indígenas, buscando, neste contexto, produzir elementos para refletir e discutir sobre os indicadores de desempenho escolar em Ciências Naturais. Para compreensão desta problemática, apresentam-se as seguintes questões: . Quais são os indicadores de qualidade da educação no Brasil e os que eles analisam?. . Qual a relação entre os indicadores de qualidade da educação no Brasil e a Educação Escolar Indígena (EEI)?. . Quais os limites e possibilidades possíveis de serem praticados na inserção da avaliação de desempenho para o Currículo de Ciências, particularmente, para a EEI?. Ao considerar a relevância de se estudar os conteúdos científicos das Ciências Naturais para o desenvolvimento de atividades no cotidiano social, em especial nas comunidades indígenas, que muito contribuíram para o desenvolvimento deste ramo da Ciência com seu conhecimento popular, que agora podem aprimorar seus conhecimentos através de dados científicos, foi proposto, a partir das questões supracitadas e com base na problemática da pesquisa, o seguinte objetivo geral:  Desvelar a relação entre os indicadores de qualidade da educação nacional e a educação escolar indígena, como forma de refletir sobre a pertinência em se contemplar as Ciências Naturais nas avaliações externas, avaliando, nesse contexto, a EEI.. Visando contemplar o objetivo geral, propõe-se os seguintes objetivos específicos:  Entender a estrutura do processo de avaliação em larga escala da Educação Básica no Brasil;  Identificar e refletir sobre os principais indicadores de qualidade educacional do sistema de ensino brasileiro;  Problematizar a EEI através dos indicadores de qualidade educacional que reflitam sobre a situação desta modalidade;  Contrastar duas realidades escolares indígenas à luz de alguns indicadores de qualidade educacional, refletindo sobre aspectos do ensino de Ciências..

(18) 16. Este texto foi dividido em quatro capítulos, nos quais se procura responder e analisar questões vinculadas à organização, estruturação e avaliação do ensino escolar no Brasil, com enfoque nos indicadores de qualidade da educação nacional e a modalidade de EEI. No primeiro capítulo, é descrita a trajetória do estudo, considerando o contexto acadêmico e as vivências durante o processo de formação continuada do autor, as quais direcionaram o foco da pesquisa. Além desse aspecto, o capítulo traz o caminho metodológico para o desenvolvimento do trabalho, bem como a coleta dos dados. No segundo capítulo, destaca-se o Sistema de Avaliação da Educação Básica no Brasil, incluindo os aspectos históricos deste processo avaliativo, além de uma análise dos principais indicadores de qualidade educacional com base nas informações apresentadas no site do INEP e nas discussões apresentadas em trabalhos teóricos como teses, dissertações e artigos relacionados ao tema. A partir destas reflexões, visamos entender e discutir os principais indicadores de qualidade educacional no Brasil. Já no terceiro capítulo, destacamos a organização do sistema de ensino brasileiro e as modalidades em que se classifica, com destaque especial para EEI, através da qual será abordada a estruturação do processo de escolarização indígena, passando pelos desdobramentos da Constituição Federal de 1988, o que contribuiu para o fortalecimento da educação das comunidades indígenas, sendo valorizada por meio do texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de número 9394/96 e pela proposta do Referencial Curricular Nacional para Educação Indígena (RCNE/Indígena). Ainda neste capítulo, procuramos responder, através do contexto histórico no qual se desenvolveu esta modalidade de ensino, as seguintes indagações: O que é educação indígena? De qual maneira se diferencia das demais modalidades? Como está instituída na legislação? Quais as perspectivas teóricas apresentadas na literatura acadêmica? E quais as principais experiências relatadas em pesquisas? Diante das abordagens que permearão as respostas aos questionamentos supracitados, serão discutidas algumas inquietações sobre o desenvolvimento cotidiano da escolarização indígena. Discutiremos ainda, a partir da apresentação da coleta de dados sobre a EEI, os seguintes indicadores: matrícula, formação de professores, estabelecimentos escolares e os recursos didáticos e desempenho escolar dos alunos indígenas. No quarto capítulo, realizaremos, a partir de dados bibliográficos, uma análise contrastiva de duas realidades escolares indígenas à luz dos indicadores tratados nos capítulos.

(19) 17. anteriores. Através desta análise discutiremos como vem sendo realizado o ensino de Ciências na modalidade educacional indígena. Finalizando, são apresentadas algumas considerações, nas quais se procura ressaltar a importância desta pesquisa como meio de reflexão das ações praticadas nas instituições de ensino para melhoria do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Ciências. A seguir, é apresentada a trajetória do referido estudo, enfatizando-se os aspectos que nos levaram a pesquisar esta temática..

(20) 18. CAPÍTULO I - TRAJETÓRIA DO ESTUDO.

(21) 19. Neste capítulo é feita uma sinopse acerca das experiências acumuladas pelo autor ao longo de seu processo de formação continuada, as quais contribuíram para a aproximação com o objeto de estudo, além de detalhar o caminho metodológico para efetivação desta pesquisa. 1.1 Aproximação com o objeto de estudo A ideia desta pesquisa surgiu a partir do envolvimento em alguns projetos de pesquisa sobre a temática, mediante as discussões realizadas junto ao GPEMEC, nas quais se instigou a necessidade em verificar e analisar como se relacionam a EEI e as avaliações em larga escala, bem como até que ponto a modalidade educacional indígena está contemplada nos indicadores de qualidade educacional utilizados na avaliação do sistema educacional no Brasil. O primeiro projeto destacado é o “Desempenho Escolar Inclusivo na Perspectiva Multidisciplinar” que faz parte do programa “Observatório da Educação”, cujo objetivo geral foi aplicar testes de desempenho escolar com base nas avaliações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e da Provinha Brasil para alunos da Educação Básica (PAGAN, 2010). O projeto “Desempenho Escolar Inclusivo na Perspectiva Multidisciplinar” teve os seguintes objetivos específicos:  Estudar a estimativa da influência dos distúrbios de aprendizagem nos índices de desempenho escolar em Língua Portuguesa, Matemática e Iniciação às Ciências;  Estudar a influência da tecnologia dos meios de testagem no resultado final de avaliações de desempenho em Língua, Matemática e Iniciação às Ciências.  Estudar as relações entre o desempenho escolar em Língua, Matemática e Iniciação às Ciências.  Construir materiais formativos e instrucionais que contemplem o enfrentamento das dificuldades de aprendizagem, como dislexia, discalculia, déficit de atenção e hiperatividade, no processo de formação do professor-pesquisador. (PAGAN et al., 2010, p. 16).. O referido projeto foi desenvolvido em quatro estados: Sergipe, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Contudo, em Sergipe, este projeto esteve focado na elaboração de questões de Ciências. Nesta elaboração, utilizamos como parâmetro alguns livros didáticos utilizados na rede pública sergipana, além da observação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio (DCNEM) (ALMEIDA, 2011)..

(22) 20. Assim, a ideia inicial da pesquisa em questão surgiu através deste processo de elaboração, correção e discussão das questões em grupo, nas quais se indagava sobre as reais habilidades e competências dos alunos das diversas regiões do país, como também de modalidades educacionais especiais, como as indígenas e quilombolas. Ainda como resultado do processo da formação continuada, nos foi possibilitado, mais uma vez, o engajamento nesta ideia de pesquisa com foco na EEI, visto que a participação nas discussões do projeto “Tecnologias de avaliação do desempenho escolar em ciências e matemática: um estudo multidisciplinar” (PRONEM) contribuiu para que consolidássemos tal proposta de trabalho durante o mestrado. O PRONEM visa analisar o desempenho de escolares em Sergipe, buscando compreender o processo de acumulação de conteúdos científicos por parte dos alunos durante o período letivo, e ainda compreender e comtemplar o contexto social no qual eles estão inseridos, com a finalidade de criar um teste de desempenho escolar em Ciências e Matemática. Desta forma, o PRONEM teve por objetivos:  Elaborar ferramentas de avaliação de desempenho escolar visando aprimorar testes atualmente utilizados em avaliações mundiais, como o PISA4 e o ROSE5;  Testar, em escolas do estado de Sergipe, ferramentas de avaliação de desempenho escolar em ciências e matemática;  Verificar a relação entre a análise de habilidades científicas e matemáticas, identificadas nas práticas discentes em aulas e laboratórios e o grau de predição de instrumentos de avaliação sobre essas habilidades;  Aplicar uma ferramenta de avaliação de desempenho escolar, adequada ao estado de Sergipe, com possibilidades de ser extrapolada a outros contextos. (PAGAN, 2011, p. 7).. Contribuíram ainda para estabelecer uma relação de proximidade com a educação escolar indígena as experiências e produções científicas de graduandas da Universidade Federal de Sergipe (Campus Itabaiana). Através de relatos descritos com base na participação destas graduandas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) na área de Química e no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), projetos nos quais destacaram as ações desenvolvidas na única escola indígena de Sergipe, nos foi possibilitado compreender algumas relações entre a escola e a comunidade indígena (LOPES, 2014).. 4 5. Programa para Avaliação Internacional de Estudantes The Relevance of Science Education - A relevância da educação científica..

(23) 21. Portanto, os debates proporcionados pelo Grupo de Estudo Ensino de Ciências, Diversidade e Ambiente, junto a tais bolsistas e a orientadora, contribuíram para a construção desse trabalho, sobretudo, o último capítulo desse texto. Desse modo, com as experiências acumuladas por meio da participação nos projetos supracitados e através de nossa inserção no grupo de estudos GPEMEC, no qual, em um subgrupo de pesquisa, pudemos definir algumas ideias, e, posteriormente, realizar pesquisas e discussões com as temáticas “Avaliação e currículo”. Assim, pode-se afirmar que estas vivências, após a graduação no curso de licenciatura em Química, fortaleceram a opção por pesquisar sobre a educação escolar ofertada nas escolas indígenas e seus respectivos indicadores responsáveis pela avaliação do desenvolvimento. 1.2 Caminhos metodológicos do estudo A presente pesquisa, pautada numa abordagem qualitativo-quantitativa, teóricobibliográfica, visa entender, num âmbito geral, o processo de aplicação e posterior discussão das práticas avaliativas em larga escala do sistema educacional brasileiro, procurando compreender como a modalidade EEI esta inserida. Buscou-se, neste trabalho, inteirar-se do tema em questão. Inicialmente, por meio da leitura e análise de documentos oficiais, complementando com a análise de produções acadêmicas. Nestas análises, priorizamos sequencialmente as avaliações em larga escala, o sistema educacional brasileiro e os indicadores de qualidade da educação nacional, o que, consequentemente, abrange a EEI. Para o recorte temporal deste trabalho, estabelecemos as duas últimas décadas como o foco da pesquisa teórica, pois, considerando o processo de escolarização dos indígenas brasileiros desde o período colonial até os dias atuais, percebemos uma série de conquistas que os povos indígenas alcançaram a partir da Constituição Federal de 1988 e da instituição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei 9.394 de 1996, fortalecendo significativamente a escolarização desses povos. Desta forma, entendemos que os últimos vintes anos se estabelecem como uma nova etapa na escolarização das comunidades indígenas brasileiras. Destacamos que, para compreender a realidade do processo de avaliação em larga escala instituído no Brasil de acordo com o Sistema de Avaliação Nacional, incluindo os critérios utilizados para a aplicabilidade dos testes e os objetivos a que se destina o Sistema.

(24) 22. Nacional de Avaliação da Educação Básica, foi realizada uma catalogação de pesquisas publicadas por Instituições de Ensino Superior (IES) do país. A partir da seleção dos trabalhos encontrados, classificamos como os mais relevantes ao tema desta dissertação as seguintes temáticas de pesquisa: a avaliação nacional do ensino, a modalidade educacional indígena, os indicadores de desempenho no Brasil, o currículo de ciências das escolas indígenas e a relação com as avaliações em larga escala. Por meio da leitura desses materiais, foi possibilitada a escrita do texto dissertativo com a predominância do caráter qualitativo sobre o quantitativo, visto que se buscou constantemente não apenas analisar aspectos quantitativos obtidos com a aplicação das “Avaliações em larga escala”, mas sim, se objetivou analisar o contexto no qual se inserem esses exames avaliativos. Apesar de não nos atentarmos para os aspectos quantitativos do processo escolar indígena, ressaltamos a relevância que os mesmos representam na conjuntura das avaliações. Destaca-se ainda que, no trabalho, apresenta-se o contexto histórico da escolarização destes povos ao longo do processo de colonização do país. Entender a aproximação dos índios com o ambiente escolar ao longo dos séculos é uma necessidade, pois será possibilitada uma análise mais próxima da realidade na qual se encontram as escolas em suas respectivas comunidades, assim como a análise da participação dos alunos indígenas nos avaliações externas. Diante disso, é necessário considerar que são diversos os fatores extraescolares que interferem direta e indiretamente nos resultados obtidos pelos alunos desta e das demais modalidades nas avaliações em larga escala. Dentre eles, podemos citar: a cultura, a economia e demais hábitos e costumes inerentes a cada comunidade tradicional. Destarte, por meio da leitura e análise de trabalhos que discutiram tais fatores, propiciou-se uma melhor compreensão da temática discutida ao longo da pesquisa e, consequentemente, o aprofundamento das ideias a serem trazidas para futuras discussões em outros trabalhos. Para efetivação do que foi proposto nos parágrafos anteriores, sobretudo no que se refere à participação das escolas indígenas nas avaliações em larga escala, foi elaborado um questionário (Apêndice I) com questões abertas. Após ter se estabelecido contato via telefone com os responsáveis pela modalidade educacional indígena nas secretarias estaduais de educação de todos os estados da federação, o questionário foi enviado por e-mail a todos esses órgãos educacionais..

(25) 23. Considerando a finalidade da pesquisa desenvolvida, buscamos informações via sites oficiais, incluindo o do Ministério da Educação (MEC)6 e, mais especificamente, o site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP)7, por tratar diretamente com dados sobre o censo educacional, as avaliações em larga escala e também com a divulgação de dados educacionais relacionados a informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE)8. Em relação à obtenção de informações junto ao INEP, encontramos algumas dificuldades, sobretudo no que se refere a dados sobre o desempenho escolar dos alunos indígenas e a algumas estatísticas acerca da modalidade educacional indígena, pois boa parte das informações ali disponibilizadas não era recente. Contudo, fizeram-se relevantes as informações datadas de 2005 a 2008 e algumas do ano de 2012. Algumas informações citadas no trabalho, datadas do ano de 2013, foram retiradas de outras dissertações como, por exemplo, a de autoria de Paulo9 de Tássio Borges da Silva (2014). Nela, ele afirma que os dados apresentados foram obtidos a partir da servidora do INEP, Gabriela Gomes Aguiar, disponibilizado na lista de e-mail do grupo Rede Nacional de Educação Escolar Indígena. No que diz respeito ao questionário, é importante destacar as dificuldades que encontramos para obtenção dos dados, pois mesmo com acesso a diversos números de telefone de contato das secretarias de educação, o contato não foi fácil, uma vez que os responsáveis pelas atribuições da EEI dificilmente eram encontrados. De acordo com os resultados obtidos, percebemos alguns desencontros nas respostas sobre a existência da modalidade educacional indígena nos estados do Piauí e Rio Grande do Norte. As respectivas secretarias estaduais informaram sobre a inexistência da modalidade, mas outras fontes de pesquisa, por exemplo, a equipe do QEdu10, que divulga informações obtidas junto ao INEP, afirma a sua existência nos dois estados, apesar de apresentar quantitativos diferentes de escolas em relação a outras fontes, esta diferença é explicada devido à dificuldade em se obter dados sobre o número exato de instituições nas esferas estadual e municipal.. 6. Site: http://portal.mec.gov.br/index.php. Site: http://portal.inep.gov.br/ 8 Site: http://www.ibge.gov.br/home/ 9 Autor da dissertação “As relações de interculturalidade entre conhecimento científico e conhecimento tradicional pataxó na escola estadual indígena Kijetxawê Zabelê”. 7. 10. É um portal aberto e gratuito, onde você irá encontrar informações sobre a qualidade do aprendizado em cada escola, município e estados do Brasil, através do site: <http://www.qedu.org.br/sobre>..

(26) 24. Ao finalizar esta etapa de coleta dos dados, como não obtivemos êxito diretamente no site do INEP, tentamos o contato via telefone e através do endereço de e-mail do INEP11, do qual recebemos apenas a resposta de abertura de um protocolo de diálogo e que nos seriam disponibilizadas informações no prazo de vinte dias, podendo haver uma prorrogação por mais dez dias. Passados os trinta dias requeridos, reenviamos a solicitação de informações via questionário e novamente foi pedido prazo. Ao reenviarmos pela terceira vez, nos foi informado que o pedido já havia sido reencaminhado e que aguardássemos; após 60 dias, pela quarta vez, recebemos um e-mail alegando que o prazo havia sido prorrogado. Sobre o pedido de informações citado no parágrafo anterior, nos foi enviado pelo INEP, via e-mail, respostas para alguns dos questionamentos solicitados, mais precisamente sobre o quantitativo de escolas e alunos matriculados em 2014 na EEI. Sobre o desempenho escolar dos alunos indígenas em avaliações em larga escala, solicitamos informações referentes ao desempenho dos mesmos, por meio do site do QEdu12. Cabe destacar, que estas últimas informações, solicitadas junto ao site do QEdu, foram obtidas pela equipe de pesquisadores da Meritt13 - Inteligência Educacional, responsável, juntamente com a Fundação Lemann14, pela criação do QEdu. O destaque a essa equipe de pesquisadores dá-se em razão do profissionalismo e compromisso com os quais foi possível sua contribuição na pesquisa, pois as informações por eles disponibilizadas e que serão discutidas no terceiro capítulo, foram importantes para que pudéssemos compreender o desempenho dos alunos indígenas em relação aos alunos das demais modalidades educacionais. Ainda no percurso metodológico da pesquisa, tivemos a oportunidade de conversar pessoalmente com profissionais da Educação dos estados de Sergipe e de Mato Grosso, que conviveram com alunos e demais profissionais das escolas indígenas de seus respectivos estados por um longo período. Destacamos na pesquisa, a participação dessas profissionais, inicialmente do estado de Sergipe, pela proximidade que temos da única escola indígena sergipana. Nessa escola, são desenvolvidas diversas atividades por alunas do PIBID,. 11. e-mail: <http://portal.inep.gov.br/>. Site: <http://www.qedu.org.br/sobre>. 13 Criada em 2010, a Meritt propôs um novo olhar e atitude sobre esses dados, a partir do uso de tecnologias específicas e o amplo conhecimento sobre o sistema educacional no Brasil. Acesso via site: <http://meritt.com.br/jobs>. 14 É uma organização sem fins lucrativos, criada em 2002 pelo empresário Jorge Paulo Lemann. Contribuir para melhorar a qualidade do aprendizado dos alunos brasileiros e formar uma rede de líderes transformadores, são os grandes objetivos da instituição. Para cumprir essa missão, a Fundação aposta em uma estratégia que envolve quatro áreas complementares de atuação: inovação, gestão, políticas educacionais e talentos. <http://www.fundaçãolemon.com.br>. 12.

(27) 25. integrantes do Grupo de Estudo Ensino de Ciências, Diversidade e Ambiente. Grupo este, no qual nos inserimos, a fim de desenvolver estudos sobre algumas particularidades da EEI. O contato com a profissional da Educação do estado de Mato Grosso foi possível devido à aproximação por parte da orientadora dessa dissertação com algumas escolas indígenas deste estado e devido à participação da orientadora em um programa de formação de professores indígenas, o que permitiu desenvolver sua pesquisa de doutorado. Essa aproximação possibilitou o acesso a resultados de pesquisas sobre a modalidade educacional indígena, fundamentais para o desenvolvimento do trabalho em questão (LOPES, 2012). Sobre a participação dos alunos indígenas nas avaliações em larga escala, ao conversarmos com a responsável pelo setor de educação indígena em Sergipe, a mesma discorreu sobre o desenvolvimento da escola indígena situada no estado, ressaltando concepções e visões sobre a modalidade, as quais serão abordadas no quarto capítulo. Nosso trabalho analisou o currículo da única escola indígena de Sergipe e de uma escola indígena mato-grossense, mais precisamente no que se refere ao ensino de Ciências. Análise esta que contribuirá para a elaboração de teste de desempenho em Ciências Naturais, que é o objetivo do PRONEM, do qual fazemos parte. Essa análise foi realizada a partir de documentos oficiais como o Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas indígenas supracitadas. Foram de fundamental importância, as experiências e produções científicas Oliveira (2013) e Lopes (2014) elaboradas nos últimos três anos pelos bolsistas do PIBID/PRODOCÊNCIA na área da Química e PIBIC (UFS Campus Itabaiana), junto ao único colégio indígena sergipano, bem como a tese e artigos produzidos por Lopes (2012, 2014) nos quais é pesquisado o ensino de Ciências, mais especificamente, o ensino de Química numa realidade escolar indígena no estado de Mato Grosso, o que nos permitiu uma visão do processo de ensino de Ciências em diferentes regiões do país. No capítulo seguinte, é apresentada a organização do sistema de avaliação do ensino brasileiro, com foco nos indicadores educacionais de qualidade, discutidos por teóricos, mediante dados disponíveis no site do INEP. Possibilitou-se assim, apresentar e discutir os principais indicadores de qualidade da educação nacional..

(28) 26. CAPÍTULO II - O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO ENSINO BRASILEIRO E OS INDICADORES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO.

(29) 27. 2.1 Introdução ao capítulo. Ao considerar que o objetivo do processo brasileiro de avaliação em larga escala é aferir o desempenho dos alunos nos diferentes níveis de ensino, como uma maneira de controlar a qualidade do ensino realizado nas escolas do país, entende-se que compreender a avaliação educacional constitui-se como fator imprescindível para que possamos discutir os resultados obtidos pelos alunos no processo avaliativo. Dentre os principais pontos a serem discutidos, Libâneo; Oliveira; e Toschi (2009) destacam como um fator a ser considerado neste processo o fato de que a determinação dos critérios de avaliação revela a posição, as crenças e a visão de mundo de quem a propõe. Dessa forma, nos vemos diante de mais um item a se avaliar na conjuntura do processo educacional brasileiro. Diante do exposto, observa-se que é no campo educacional que a prática avaliativa se torna mais evidente, pois, como afirma Ribeiro (2009),. Apesar da importância e da intensa aplicação em todos os campos e atividades humanas, foi no campo da educação que a avaliação se popularizou e assumiu um destacado papel nos processos de ensino aprendizagem, de tal modo que, ao falar de avaliação, as pessoas a associam quase automaticamente a escola, ao ensino, de qualquer nível, de qualquer área. (RIBEIRO, 2009, p. 58).. Sobre a relevância da análise avaliativa no processo educacional, Ribeiro (2009) cita em seu texto a opinião de Tyler (1979), considerado precursor da avaliação educacional, e destaca a importância da mesma para o processo afirmando que é:. [...] pela necessidade de se verificar se os resultados das atividades escolares foram alcançados de acordo com o planejado e, além disso, pela necessidade de analisar as consequências dos planos de ensino e dos currículos instituídos na escola. A avaliação, portanto, seria um instrumento de diagnostico que torna possível, aos profissionais da educação, fazer correções em seus programas e aprimorar o seu trabalho. (RIBEIRO, 2009, p. 58).. De acordo com Horta Neto (2007), existem vários tipos de avaliações que são efetivadas no sistema educacional, destacando-se as avaliações internas realizadas em sala de aula e as avaliações externas, que avaliam todo o sistema educacional. Segundo o autor, muitos países passaram a investir um montante significativo de recursos na realização de aferições externas, constituídas por instrumentos como os testes que são aplicados junto aos discentes, visando investigar a aquisição de habilidades e.

(30) 28. competências necessárias para a conclusão de um nível do sistema educativo (ALMEIDA, 2014). Em relação às avaliações que ocorrem no cotidiano dos sistemas de ensino, é preciso destacar a distinção entre a institucional e a educacional. Dessa forma, Almeida (2014), ressalta a visão apresentada por Belloni (1999), referindo-se à avaliação institucional ao afirmar que esta avaliação. [...] é destinada à avaliação de políticas, de projetos e instituições. Desse modo, a avaliação institucional pode ser voltada a uma escola ou a um sistema de educação como um todo, tendo como objeto o conjunto das instituições e a gestão do sistema, com o propósito de analisar o desempenho global da instituição através da avaliação dos processos de funcionamento e resultados, a fim de buscar fatores associados à eficácia e dificuldades para superação dos mesmos. Por ser conduzida de fora da instituição, tem característica de avaliação externa, sendo que necessita ser global e sistemática, ou seja, englobar todo o sistema de educação e desenvolver-se de forma continuada e com periodicidade definida. (ALMEIDA, 2014, p. 36).. Considerando, neste caso, que a avaliação institucional refere-se diretamente ao processo de análise em larga escala, Klein e Fotanive (1995) ressaltam o objetivo da avaliação em larga escala do sistema escolar: apresentar o que um grupo e/ou subgrupos de alunos e alunas em séries distintas sabem e o que são capazes de realizar, através da evolução do processo de ensino e aprendizagem ao longo dos anos. Por essa razão, este tipo de sondagem não tem por finalidade fornecer informações sobre alunos de forma individual. Por outro lado, no que se refere à avaliação educacional, Belloni (1999) destaca que a mesma se refere à avaliação dos currículos ou programas de ensino e também de aprendizagem. Nesse caso, refere-se à análise do desempenho escolar de um indivíduo ou grupos, submetidos a processos de aquisição de conhecimentos e habilidades ou do rendimento em atividade de qualificação profissional (ALMEIDA, 2014). Portanto, a avaliação educacional compreende todo o contexto em que o aluno está inserido e, dessa maneira, procura mensurar em cada etapa do processo educacional quais os avanços conseguidos por esses alunos, buscando avaliar suas deficiências. Isso permite aos profissionais da educação, mais especificamente professores e coordenadores pedagógicos, o desenvolvimento de ações que possam aprimorar os pontos positivos e corrigir possíveis falhas identificadas no transcorrer do processo. Almeida (2014) destaca ainda que, apesar do avanço observado nas últimas décadas no que se refere às avaliações em larga escala, alguns estudos têm enfatizado que educadores e pesquisadores enfrentam dificuldades em encontrar instrumentos de medida de.

(31) 29. aprendizagem que possam avaliar de forma qualitativa e quantitativa o desempenho escolar da realidade de ensino do país (BELLONI, 1999; CAPELLINI; TONELOTTO; CIASCA, 2004). Assim, apesar da abrangência do Programa de Avaliação Nacional do ensino, segundo Andrade (2011), é preocupante não haver uma discussão mais aberta sobre as avaliações desenvolvidas em larga escala. Essa realidade contribui para que professores e gestores não deem a devida atenção a estas avaliações e, posteriormente, tenham seus resultados divulgados por órgãos do governo, sendo criticados como se a escola (equipe em geral) fosse a única responsável pelos resultados negativos. Sobre essa questão, a autora faz referência ao problema citado, ao afirmar que. Nem todas as informações de como é organizada a aplicação da Prova Brasil estão disponíveis a educadores, equipe diretiva de escolas ou até mesmo Secretarias Municipais de Educação, o que não contribui para a compreensão de todos os aspectos nela envolvidos. Além de conviverem com esta sistemática de avaliações as escolas precisam conviver com as pressões dela decorrentes. (ANDRADE, 2011, p. 02).. Portanto, é imprescindível que haja uma relação próxima entre o processo de ensino e aprendizagem desenvolvido nas instituições escolares e as avaliações externas. Nesse sentido, Andrade (2011, p. 03) afirma que “[...] a avaliação em larga escala se constitui em importante eixo de ação sobre a instituição escolar informando e subsidiando políticas.” Isso porque, são os resultados dessas avaliações e a disposição dos gestores em rever suas ações que possibilitarão a destinação de recursos designados a corrigir falhas no sistema. Mas para isso, As escolas no intuito de conquistar a qualidade de seu ensino necessitam atingir as metas previstas por estas avaliações, ou enquadrarem-se em programas de suporte e atendimento específico. Neste contexto a escola é ou deverá ter processos eficientes capazes de trabalhar, questionar e assimilar esta sistemática produção de informações, assumindo características cada vez mais operacionais e gerenciais “levando” à superação de problemas como evasão, repetência, desperdício, etc. (ANDRADE, 2011, p. 2).. Em face dessa necessidade das instituições escolares do Ensino Básico, Melo (2012) procura analisar, através de sua pesquisa, as contribuições para o processo de ensino e aprendizagem resultantes da implantação das avaliações externas. A autora adota como pressuposto o fato de o processo ter ganhado um novo sentido após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, n. 9.394/96 e em razão do Banco Mundial, a partir da década de 90, ter passado a dar maior atenção ao processo educacional..

(32) 30. Nesta perspectiva, Melo (2012) procurou observar e avaliar em seu trabalho, como os gestores e professores entendem as contribuições destas práticas avaliativas. Por meio da pesquisa, a autora busca respostas sobre a análise do processo avaliativo, pela qual são determinadas a notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que é um importante indicador de monitoramento da evolução temporal do desempenho dos alunos das redes públicas escolares. Mas, nos resultados obtidos em sua pesquisa, não se percebe efetivamente o desenvolvimento de ações que visem estimular as instituições escolares a melhorarem seus resultados, ou mesmo sanarem suas dificuldades. Assim, segundo Melo (2012, p. 14) “[...] os municípios, os estados e a nação passam a assumir diante da sociedade, o compromisso com a efetivação de políticas e reformas educacionais para melhoria da qualidade do ensino”. Almeida (2014), ao discutir os conceitos de desempenho escolar, avaliação educacional e rendimento escolar15, cita em seu texto as concepções de Belloni (1999), Horta Neto (2007), Viera e Fernandes (2011), Capellini, Tonelotto e Ciasca (2004), autores estes que procuraram compreender o processo avaliativo num contexto mais amplo e, dessa forma, analisar a participação dos discentes. Em razão da proximidade das definições e de como são utilizados, os termos “desempenho” e “rendimento”, Camargo (1995) e Wechsler (2000) chamam a atenção dos leitores e pesquisadores da área para que não venham a definir desempenho escolar como o resultado ou rendimento avaliado por notas que os alunos obtêm nas disciplinas especificamente, pois, dessa forma, estaríamos desconsiderando todo o contexto de aprendizagens e vivências dos alunos, além das habilidades e competências adquiridas por estes alunos ao longo do processo de escolarização, reduzindo tais fatores a momentos isolados. De acordo com Capellini, Tonelotto e Ciasca (2004),. O desempenho escolar pode ser entendido como uma tentativa de mensurar o quanto um aluno consegue acompanhar os conteúdos propostos para a série a qual pertence. Além de ser considerada também como uma maneira de analisar os aspectos quantitativos e qualitativos, bem como a capacidade da criança em acompanhar os. 15 O rendimento escolar (ou académico) refere-se à avaliação do conhecimento adquirido no âmbito escolar ou universitário.. São considerados estudantes com bom rendimento escolar todos os alunos que obtenham qualificações positivas nos exames que devem realizar ao longo do ano letivo. Em outras palavras, o rendimento escolar é uma medida das capacidades do aluno, que expressa o que este tem aprendido ao longo do processo formativo. <http://conceito.de/rendimento-escolar#ixzz3TLXpQzDj>..

Referências

Documentos relacionados

segunda guerra, que ficou marcada pela exigência de um posicionamento político e social diante de dois contextos: a permanência de regimes totalitários, no mundo, e o

Os fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) são componentes da biota do solo e essenciais a sustentabilidade dos ecossistemas e ao estabelecimento de plantas em programas

A tem á tica dos jornais mudou com o progresso social e é cada vez maior a variação de assuntos con- sumidos pelo homem, o que conduz também à especialização dos jor- nais,

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

A placa EXPRECIUM-II possui duas entradas de linhas telefônicas, uma entrada para uma bateria externa de 12 Volt DC e uma saída paralela para uma impressora escrava da placa, para

Mantendo a preocupação com a educação para essa faixa etária, o presente texto tem como objetivo demonstrar a importância da vivência de jogos e esportes para a incorporação

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

continua patente a ausência de uma estratégia de desenvolvimento sustentável, o que poderá ser consequência ser tão insignificante que tal preocupação ainda não se