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RUMOS E OSCILAÇÕES DE GUAÍRA/PR.

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Academic year: 2021

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RUMOS E OSCILAÇÕES DE GUAÍRA/PR.

POLETTI, Gabriel Martins1 FEDERIZZI, Cristiano Wagner2 BEAL, Luiz Augusto3 HERDT, Matheus Diogo4 MADUREIRA, Eduardo Miguel Prata5 RESUMO

Este artigo buscou apresentar um panorama socioeconômico e histórico do município de Guaíra, situado na região oeste paranaense, evidenciando os efeitos provocados pela perda da atração turística Sete Quedas, que foi inundada em 1982 para construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. A pesquisa, após a análise de dados, pode concluir que houve perda significativa para o município, que manteve praticamente estável sua população no decorrer do período analisado, o que, em termos de crescimento econômico, não é uma característica desejável.

PALAVRAS-CHAVE: Guaíra, Sete Quedas, Crescimento Econômico e Populacional

1. INTRODUÇÃO

A partir do século XVI, os europeus empreenderam a expansão marítima e comercial, e disputaram os espaços, que iam sendo descobertos, através dessas grandes navegações. As bacias hidrográficas eram as principais vias de acesso aos colonizadores, como por exemplo, a bacia do Rio da Prata, formada pelas sub-bacias dos Rios Paraná, Paraguai e Uruguai (PIACENTI, LIMA e PIFFER, 2001).

As expedições foram tomando contato com os nativos que, na medida do possível, contribuíam para um melhor conhecimento do meio natural.

Observadas as possibilidades decorrentes da extensa malha hídrica, importantes foram, também, as incursões pelo interior do continente. Estas oportunizaram contatos com as populações indígenas, estabeleceram com elas relações permanentes e descortinaram caminhos através dos quais os mistérios das florestas foram traduzidos em oportunidades de exploração econômica.” (GREGORY e SCHALLENBERGER, 2008, p. 21).

Os habitantes originais da região, que num longo processo histórico, integraram a bacia hidrográfica do Rio da Prata eram imigrantes oriundos da Amazônia e do litoral atlântico, os guaranis. A ocupação do espaço distinguia o povo Guarani dos demais grupos indígenas, o qual estava integrado no modo de vida (GREGORY e SCHALLENBERGER, 2008).

1 Arquiteto e Urbanista graduado pela Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: kbssuditz@hotmail.com 2 Arquiteto e Urbanista graduado pela Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: cazefriends@hotmail.com 3 Arquiteto e Urbanista graduado pela Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: gutobeal@hotmail.com 4

Arquiteto e Urbanista graduado pela Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: mat_herdt@hotmail.com

5 Economista. Mestre em Desenvolvimento Regional. Professor do Centro Universitário FAG e da Faculdade Dom

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Anais do 15º Encontro Científico Cultural Interinstitucional e 1º Encontro Internacional - 2017

A partir da conquista e colonização da América Meridional ocorreu a desconstrução da territorialidade Guarani. Iniciaram-se expedições exploratórias, resultando em bases sociais mestiças, configurando a antiga província do Guairá. Foram fundadas vilas administradas por padres jesuítas, que acabaram destruídas pelos bandeirantes entre 1631, e 1750 e entregues à Coroa Portuguesa. Somente no início do século XX, a região foi novamente explorada com a chegada da Companhia Matte Larangeira, hoje conhecida como Vila Velha e Guaíra (GUAÍRA, 2011).

O Rio Paraná, como parte da Bacia do Prata, foi sendo represado como via de acesso à região as “quedas d’água e os impactos da formação do lago da Itaipu Binacional, com desapropriações, crise do comércio, contrabando e turismo.” (GREGORY e SCHALLENBERGER, 2008).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O imigrante, afirma Pfluck (2002), que constituiu elemento fundamental no contexto da ocupação das fronteiras, devido à política brasileira da Marcha para o Oeste.

O Paraná comprometeu-se a estabelecer políticas de ocupação, voltando-se para infraestrutura e planos de colonização. A organização do espaço de Guaíra foi realizada a partir da infraestrutura da Companhia Matte Larangeira, Serviço de Navegação da Bacia do Prata, e de colonizadoras de porte pequeno (MAGALHÃES, 2013).

Foi demonstrado que as emancipações políticas e a constituição dos estados nacionais na Bacia do Prata, durante o século XIX, expuseram, por um lado, o extremo oeste do atual Estado do Paraná às disputas fronteiriças entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai. Por outro lado, a navegabilidade dos rios da região possibilitou a exploração imperialista do final do século passado e do início deste (GREGORY e SCHALLENBERGER, 2008).

Guaíra, emancipada oficialmente no dia 14 de novembro de 1951, durante o regime militar foi área de interesse e de segurança nacional, em função da Constituição de 1967, por confrontar-se com o Paraguai e defender a nação contra ameaças. As capitais, cidades turísticas e de estâncias hidrominerais, cidades estratégicas e de fronteiras passaram também a compor as áreas de segurança nacional. Com isso, Guaíra perdeu 90% de sua área pela emancipação dos municípios (GREGORY e SCHALLENBERGER, 2008).

Por questões políticas, os problemas que começaram a aparecer mereciam atenção, e o então prefeito Kurt tomou atitudes:

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[...] adquiriu do Banco do Brasil o atual paço municipal, construiu a rodoviária, ginásio de esportes, estádio de futebol, centro poliesportivo, kartódromo, serviu o interior de estradas, pontes, escolas e postos de saúde [...] asfaltou a cidade, construiu praças, ajardinamento e arborização (GREGORY e SCHALLENBERGER, 2008).

Em 1972, no auge do progresso da cidade, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu, com intenção de inundar as Sete Quedas, sendo que em 1960 anunciava-se que em Guaíra seria construída a maior usina do mundo. Foi decidido por Foz do Iguaçu e definida a destruição das Sete Quedas (BARROS, 2012).

Desse período em diante, Guaíra ficou como um corpo sem alma, perambulando sem rumo. Ninguém acreditava em Guaíra, não valeria à pena investir por tão pouco tempo. Aceitou-se a fase da descrença. A década de 1970, do “milagre brasileiro”, para Guaíra foi da dúvida e da incerteza (GREGORY e SCHALLENBERGER, 2008).

O fim das Sete Quedas, no Rio Paraná, não deixou marcas apenas no turismo de Guaíra, mas também na navegação, produção de energia elétrica e acesso ferroviário. “Os entornos de Guaíra e Foz do Iguaçu eram caracterizados pelas riquezas naturais e potencialidades para cultivos agrícolas, baseadas na fertilidade dos solos” (GREGORY e SCHALLENBERGER, 2008).

3. METODOLOGIA

Foi utilizado como metodologia a pesquisa bibliográfica e análise de dados. De acordo com Cervo e Bervian (1996), as referências teóricas publicadas contribuem para a pesquisa bibliográfica, a fim de conhecer e analisar um determinado assunto.

A Análise de Dados, segundo Barros e Lehfeld (1988), tem o objetivo de examinar, classificar e organizar os dados coletados, buscando o sentido mais explicativo dos resultados da pesquisa.

4. ANÁLISES E CONSIDERAÇÕES

Souza e Silva (2010) consideram que a economia do município de Guaíra, nos primeiros anos após a inundação das Sete Quedas, sofreu as consequências de uma grande perca de fonte de renda, através do turismo, bem como de investimentos produtivos que diminuíram consideravelmente.

A população de Guaíra que, segundo o Censo de 1970 era l7,16% superior a de Foz do Iguaçu (32.875 e 28.060 respectivamente) após a inundação das Sete Quedas, apresentou uma constância

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Anais do 15º Encontro Científico Cultural Interinstitucional e 1º Encontro Internacional - 2017

populacional, sendo que passados 40 anos, o Censo de 2010, apontou que Guaíra possui uma população semelhante à de 1970, mas ligeiramente menor 30.704. O mesmo não ocorreu com o município de Foz do Iguaçu que apresentou um crescimento populacional de 812,64%, apresentando em 2010 uma população de 256.088 habitantes.

O Gráfico 1 abaixo apresenta a evolução das Populações Censitárias de Guaíra e Foz do Iguaçu.

Gráfico 1 – População Censitária Guaíra e Foz do Iguaçu.

Fonte: Dados do IPARDES (2016) compilados pelos autores.

Em 1970 o Município de Guaíra apresentava uma população essencialmente urbana, possuindo 65,87% de sua população no meio rural, com o a perda das Sete Quedas, houve uma migração muito acelerada para o meio urbano. O Gráfico 2 evidencia esse fenômeno.

Gráfico 2 – Transição da População Censitária Rural para Urbana em Guaíra (1960-2010)

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Por mais que a região oeste paranaense tenha passado por um processo de êxodo rural desde

os anos 1960, em razão da Revolução Verde6, a inundação das Sete Quedas, evidenciou ainda mais

esse processo no município de Guaíra, em virtude da perda de área agricultável.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Guaíra já possuiu o maior conjunto de cataratas em volume d’água do mundo, as Sete Quedas (SILVA, TONDO e LIMA, 2007). O desenvolvimento econômico e urbano foi comprometido em virtude da perda dessa beleza natural.

Durante a pesquisa, foi possível perceber que Guaíra apresentou uma estabilidade populacional o que, não é uma característica desejável, considerando o crescimento econômico. Porém, diferente de muitas cidades que, como ela perderam uma grande fonte de recursos, Guaíra permaneceu, pelo menos, estável em termos populacionais.

REFERÊNCIAS

BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. S. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1988.

BARROS, L. E. P.. O processo que resultou na construção de Itaipu e as consequências para os Ava-Guarani. In: XIV Simpósio Internacional Processos Civilizadores: Civilidade, Fronteira e Diversidade, Dourados/MS, 2012.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4.ed. São Paulo: Makron Books, 1996. GREGORY, V.; SCHALLENBERGER, E. Guaíra: um mundo de águas e histórias. 1. ed. Marechal Cândido Rondon: Germânica, 2008.

GUAÍRA. História e Relevância. Prefeitura Municipal de Guaíra. 2011. Disponível em: http://www.guaira.pr.gov.br/?pg=noticia&id=2287. Acesso em: 15 mar 2016.

6 Processo de modernização da agricultura, através da mecanização agrícola, uso de sementes modificadas e

monocultura de larga escala. Esse processo iniciou-se em meados dos anos 1960 estimulado pelo Governo dos EUA. Maiores Informações ver Serra et al. (2016).

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Anais do 15º Encontro Científico Cultural Interinstitucional e 1º Encontro Internacional - 2017

IPARDES, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Base de dados do Estado: BDEweb. Disponível em: < http://www.ipardes.pr.gov.br/ >. Acesso em: 15 out 2016. MAGALHÃES, L. A. M. Retratos de uma Época: os Mendes Gonçalves e a Cia Matte Larangeira. Ponta-Porã: LAMM, 2013.

PIACENTI, C. A.; LIMA, J. F.; PIFFER, M. O Prata e as controvérsias da Integração Sul-Americana. Cascavel: Edunioeste, 2001.

PFLUCK, L. D. Mapeamento Geo-ambiental e Planejamento Urbano: Marechal Cândido Rondon-PR/1950-1997. Cascavel: Edunioeste, 2002.

SERRA, L. S.; MENDES, M. R. F.; SOARES, M. V. A.; MONTEIRO, I. P. Revolução Verde: reflexões acerca da questão dos agrotóxicos. CEDS, v.1, n.4, p. 2-25, jan/jul, 2016.

SILVA, J. F. M., TONDO, I. S. P., LIMA, J. F. Desenvolvimento local em Guaíra –PR: Impasses e Alternativas. Campo Grande: 2007.

SOUZA, E. B. C.; SILVA, J. F. M. Dinâmica Socioespacial do Município de Guaíra (PR) após o Fim das Sete Quedas. Redes. Santa Cruz do Sul, v. 16., 2010.

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