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LEVANTAMENTO BATIMÉTRICO DA PONTA DO TUBARÃO RN

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Academic year: 2021

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LEVANTAMENTO BATIMÉTRICO DA PONTA DO TUBARÃO – RN

Francisco dos Santos Neto1; Helenice Vital1, 2; Eugenio Pires Frazão2; Werner Farkatt Tabosa 2 1Depto. Geologia, UFRN(:franciscosantosneto@yahoo.com.br) 2Programa de Pós-Graduação em

Geodinâmica e Geofísica - PPGG da UFRN.

Abstract. Bathymetric survey as well as grain size analysis are been held on the Ponta do

Tubarão Sustentable Development Reserve.

The collection of grain size and bathymetric data in this area, is fully justified due to the presence of the Guamaré oil processing facilities. It is mandatory the environmental monitoring of these areas, where oil exploration, production and transport take places, aiming the prevention and minimizing accidents with oil and gas.

The results show that the tidal channel are shallow with medium depth between 1 and 3 meters and maximum depth in the main channel is 7 meters. The sediments present on tidal bottom were classificated in three main classes: terrigenous sandy mud, fine to very fine siliciclastic sands, and medium siliciclastic sands.

This kind of study will give basic elements to evaluate the effluent discharge activities from Guamaré industrial area; and give input to georreferenced data bank looking the elaboration of sensibility environmental charts to oil spill.

Palavras-chave: Batimetria; Morfologia de fundo; Geofísica Marinha. 1. Introdução

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Ponta do Tubarão - RDSE-PT é localizada no litoral norte do estado do Rio Grande do Norte (Fig. 01). A RDSE-PT apresenta numa única área ambientes fragmentados: caatingas, vegetação de restingas, mangue, mata de quixabeira, campos com vegetação halofitica, além de campos dunares, e cerca de 2000m de zona costeira marinha. Existe também o fato desta estar inserida na área de atuação da indústria petrolífera, tornando-a vulnerável e passível de ser atingida por derrames de óleo e vazamento de gás.

Esta área por estar localizada numa região costeira está sujeita a processos erosionais e progradacionais contínuos, influenciados por agentes hidrodinânicos (ondas, correntes, marés) assim como transporte de sedimentos. Estudos em andamento mostraram que os processos de

sedimentação e erosão ocorridos na área contribuem para a formação das dunas subaquosas, pontais e restingas, devido ao transporte litorâneo e eólico, que formaram áreas de armazenamento de prisma de maré favorecendo a ação erosiva das correntes de maré. Neste contexto, o conhecimento da topografia, e das características de fundo marinho é imprescindível para compreender, monitorar e, num eventual caso de acidente ambiental, ter condições efetivas de acionamento de contingência. Entretanto, estudos morfológicos de fundo marinho, essenciais para caracterização da área e previsão de impactos ambientais nunca foram desenvolvidos. Esta pesquisa pretende fechar esta lacuna.

Este trabalho insere-se dentro do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração, que consiste em apoiar pesquisa básica em ecossistemas representativos por períodos extensos, acumulando dados para

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futura comparação, através dos projetos PETRORISCO, MAR-RN e UNIBRAL.

2. Métodos e Técnicas

A metodologia utilizada envolveu analise de dados de sensoriamento remoto, coleta de dados batimétricos, e amostras de fundo, do acordo com o esquema abaixo: Compilação da Base Cartográfica:

Um mapa base para a região de Diogo Lopes foi confeccionado a partir de imagens Landsat 7 ETM+ de 2001 do acervo GGEMMA/GEOPRO/UFRN, para apoio aos trabalhos de campo e retirada da linha de contorno.

Trabalhos de Campo:

Os trabalhos de campo envolveram o levantamento batimétrico, utilizando o Hidrotrac da Odom, com navegação em tempo real, em linhas espaçadas de 100 x 100m. O meio flutuante utilizado consistiu de um barco de alumínio de pequeno porte. A localização dos dados foi obtida (controlada) com DGPS (Diferencial Global

Positioning System).

Trabalhos de Laboratório:

Os sedimentos coletados em campo foram acondicionados em sacos plásticos e devidamente etiquetados. No laboratório de Sedimentologia do Departamento de Geologia da UFRN, as amostras foram submetidas a tratamento prévio, qual seja, lavagem com água destilada para eliminação de sais, seguida de eliminação/quantificação do componente carbonático através do ataque com ácido clorídrico (HCl) e do componente orgânico através do peróxido de hidrogênio (H2O2). A análise granulométrica propriamente foi executada no laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental (GGEMMA), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, utilizando-se

granulômetro a laser da marca CILAS, operando num range de 2 a 0,02mm.

Processamento e Análise dos dados:

Uma variedade de softwares (ex.: Surfer, Excel) foi utilizado para tabular, integrar e visualizar os dados, que foram submetidos a análise estatística: envolvendo o tratamento e interpretação de dados batimétricos e sedimentológicos, até a análise e interpretação de conjunto de dados, para geração de cartas e mapas específicos.

3. Aspectos Fisiográficos e Econômicos

Essa região apresenta um clima semi-árido, geralmente com dois períodos bem definidos: um mais seco e duradouro (7 a 8 meses), e o outro mais curto e chuvoso de Fevereiro a Março. A temperatura nessa região se encontra bastante elevada, com média anual de 27,2º C e umidade relativa do ar com média anual de 68%.

São identificadas três fisionomias principais: a caatinga, com um estrato arbóreo com distribuições irregulares e variam em torno de 8 metros; o campo dunar com vegetação litorânea (manguezais, interior das lagunas e baixos cursos de rio), das dunas e restingas, estas têm varias dificuldades de instalação devido à ação dos ventos e solo; e o campo salino nos campos de sal ou na parte acima do campo inundado, com uma diversa variedade de espécies.

A geomorfologia contém um relevo geralmente plano, com algumas ondulações suaves atingindo cotas altimétricas mínimas de 4m e máximas de 20 a 30 metros na parte mais a sul da área chegando até os campos dunares. Essa região está comprometida na planície costeira e superfície aplainada (Lima 1993), por campos de dunas sobrepostas aos tabuleiros costeiros, às planícies marinhas e fluvio-marinha quartenária.

Os ventos apresentam principalmente direção E-NE, com ventos leste

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predominantes nos meses de novembro e dezembro, enquanto os de direção NE acontecem nos meses de janeiro a março e de maio a agosto. Alguns ventos provenientes de sudeste ocorrem nos meses de abril e setembro.

A velocidade média dos ventos e de aproximadamente 20 Km/h (INMET 2000), o que favorece essa região para a utilização da energia eólica, tendo em vista a constância destes ventos ao longo do ano.

O Rio grande do norte e atualmente o maior produtor de petróleo em terra no Brasil, e segundo em mar. O município de Macau-RN possui poços de extração tanto no continente (Campo Macau) e em mar (Campos Aratum e Serra), produzindo cerca de 346.000 barris. (IDEMA 1999)

Uma outra atividade com rápida ascensão e a carcinicultura, através da substituição das salinas pelos tanques de camarão.

Nas comunidades de Diogo Lopes - Barreiras pertencentes ao município de Macau, compreendem uma população de aproximadamente 5.000 habitantes, a maioria de pescadores (Nobre 2003). Dentre o pescado estão: a tainha, a agulha, o avoador, dourado, a sardinha (vedete da pesca). Essas comunidades são responsáveis por cerca de 80% do pescado neste município, atingindo 1,4 milhões de quilo de pescado em 2001, e quase 581 mil quilos de peixe e crustáceos registrados no segundo semestre de 2002.

4. Aspectos Geológicos

A área estudada está inserida nos domínios da Bacia Potiguar. A Bacia Potiguar atinge uma área estimada de 48000 km2 , (Bertani et al. 1990); e 60000 Km2, (Araripe & Feijó 1994); englobando o norte do estado do rio grande do norte e uma porção do Estado do Ceará. Deste total, cerca de 40% emersos e 60% na plataforma e talude continentais.

Esta situada no extremo nordeste do Brasil, limitando-se a leste pelo alto de touros, com a bacia de Pernambuco-Paraíba; a noroeste, pelo alto de fortaleza com a bacia do Ceará; a sul com embasamento cristalino; e a norte com o oceano atlântico com a cota de -2000m.

O Grupo de Seqüências Mesocenozóicas Fluvio-Marinha Regressivas é a principal geologia da área, caracterizada pelas coberturas sedimentares Terciárias e também pela sedimentação recente (dunas, restingas, praias, planície de maré).

(Posamentier & Vail 1988), definiu as principais litoestratigrafias da área, entre elas são:

Grupo de Seqüências Mesozóicas Fluvio-Marinhas Transgressivas;

Unidade Ígnea Terciária (Formação Macau) (Mayer 1974) apud (Fávero 1984).

Grupo de Seqüências Mesocenozóicas Fluvio-Marinhas Regressivas (Grupo Agulha), (Araripe & Feijó 1994).

Grupo de Seqüências Mesocenozóicas Fluvio-Marinhas Regressivas Tércio-Quartenárias, constituída pelas Seqüências Tércio-Quartenária (Formação Barreiras) (Branner 1902) apud Favero, op. cit.; Seqüência Quaternária Sub-Recente (Formação Potengi) e Seqüência Quaternária Recente (dunas móveis, dunas fixas, depósitos de praia, lagoas, aluvionares e de maré).

5. Resultados

Com os dados obtidos em campo através de levantamento batimétrico foi possível elaborar um mapa batimétrico da área, estabelecendo as profundidades ao longo da laguna de Diogo Lopes-RN. Este mapa no geral apresenta profundidades

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relativamente rasas, variando de 1 a 3m durante toda extensão da laguna, com alguns pontos localizados atingindo a profundidade máxima de 7m (Fig. 02). Estes dados serviram também para a caracterização de toda a morfologia de fundo da área em estudo.

Com a coleta das amostras de fundo foi possível identificar o tipo de sedimento presente na laguna. Os sedimentos de fundo coletados foram classificados a partir de modificações nas classificações de (Dias et al. 1996) e (Freire et al. 1997) de acordo com Vital et al (submetido), relacionando a granulometria com o teor de carbonato existente nos sedimentos.

Desta forma os sedimentos encontrados nas margens da laguna em questão podem ser classificados em três classes principais: Lama Terrígena Arenosa (LL1a), Areia Siliciclástica fina a muito fina (AL1e) e Areia Siliciclástica média (AL1d).

Lama Terrígena Arenosa (LL1a)

A porcentagem de carbonato destes sedimentos apresentam quantidade inferior a 30%, silte + argila maior que 15%, mediana menor que 2mm e porcentagem dos grãos superiores a 2mm menor que 15%.Este tipo de material representa cerca de 32% do total das amostras. Segundo (Folk 1974), é classificada como silte pobremente selecionado, Leptocurtica (mais achatada que a distribuição normal) a Mesocurtica, com assimetria positiva. A classificação média dada para a granulometria é silte.

Areia Siliciclástica fina a muito fina (AL1e)

A presença de carbonato está limitada a uma porcentagem menor que 30%, silte + argila menor que 15%, mediana inferior que 2mm e porcentagem dos grãos superiores a 2mm maior que 15%. De acordo com (Folk 1974), estes sedimentos são classificados como pobremente selecionado, predominantemente Leptocurtica, de

assimetria positiva a muito positiva. E tendo como classificação granulométrica média areia fina. Foi observado que esse tipo de material tem predominância de 44% em relação ao total de amostras.

Areia Siliciclástica média (AL1d) Apresenta as mesmas características do material anterior se tratando da presença de carbonato, silte + argila, mediana e grãos superiores a 2 mm. De acordo com (Folk 1974), apresenta-se de pobremente a moderadamente selecionado, Leptocurtica, e de assimetria positiva a muito positiva, estando presente em 24% das amostras. A classificação média segundo sua granulometria é areia.

Os resultados serão aproveitados para a resolução de conflitos na utilização dessa área por interesse econômicos (carcinicultura, indústria do petróleo, salineira), turismo, e conservação e/ou gerenciamento costeiro.

6. Conclusões

Com a realização deste trabalho, através dos dados batimétricos foi possível delimitar as profundidades presentes na laguna, como também melhor destacar o tipo de sedimento presente na laguna da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Ponta do Tubarão – RN. Estes dados irão alimentar o banco de dados georreferenciados do Projeto PETRORISCO (REDE 05-PETROMAR), que por sua vez irão subsidiar a elaboração de planos de contingência para a área em questão.

7- Agradecimentos

Agradecimentos ao Programa de Recursos Humanos da Agencia Nacional do Petróleo através do PRH 22 pela concessão da bolsa GRA para o primeiro autor e de DSc para os dois últimos autores; ao CNPq pela concessão da bolsa Pesquisador ao segundo autor; a UFRN, através do

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Departamento de Geologia e Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, pela infra-estrutura necessária; aos Projetos PETRORISCO

(FINEP-PETROBRAS), MAR-RN (FINEP), UNIBRAL (CAPES/DAAD) e Projeto Batimetria dos Estuários do Rio Grande do Norte (IDEMA-RN).

8 - Referências Bibliográficas

ARARIPE P T, FEIJÓ F. 1994. Bacia Potiguar. Boletim de Geociências da

PETROBRÁS, Rio de Janeiro, v.8, n. 1,

p. 127-141, 1994.

BERTANI R T, COSTA I D, MATOS R M D. Evolução tecto-sedimentar, estilo estrutural e habitat do petróleo na Bacia Potiguar. In: GABAGLIA, G. P. R.; MILANI, E. J. (Coord.). Origem e

Evolução das Bacias Sedimentares. Rio

de Janeiro: PETROBRÁS, 1990. p. 291-310.

DIAS G T M. 1996. Classificação de Sedimentos Marinhos: Proposta de

representação em cartas

sedimentológicas. In: XXXIX Congresso Brasileiro de Geologia, Anais. P. 423-426.

FOLK R L. Petrology of Sedimentary Rocks. Austin: Hemphill Publishing Company, 1974. 181. p.

FREIRE G S S, CAVALCANTI V M M, MAIA L P, LIMA S F. 1997. Classificação dos sedimentos da plataforma continental do Estado do Ceará. In: SIMPOSIO DO NORDESTE DE GEOLOGIA, nº VI, 1997. Fortaleza. Anais... Fortaleza: Editora, 1997. p. 290-211.

INMET. 2000. III Distrito de Metereologia. Seção de Observação e Metereologia Aplicada. Fornecimento de dados metereológicos. Recife/PE. Estação 82594. Nome: Macau/RN. Parâmetro: 203.

IDEMA. 1999. Informativo Principal: Macau-RN. Natal / RN. v. 05, , p. 1-14. LIMA A T O. Aplicação de Imagens de

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(Mestrado em Geociências). Universidade Federal de Pernambuco, Recife / PE.

MAYER E. Estratificação Preliminar na Plataforma Continental da Bacia Potiguar, Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: PETROBRÁS, 1974. Rel. Int. NOBRE I. 2003. Barreiras, Diogo Lopes e

Sertãozinho. In: ENCONTRO

ECOLOGICO DE DIOGO LOPES; Barreiras, 3., 2003, Diogo Lopes.

Revista... Diogo Lopes / RN, 2003. v. 1,

n. 1. (Série, 01).

POSAMENTIER H W, VAIL P R. 1988. Eustatic Controls on Clastic Deposition II - Sequence and System Tract Models. In: WINGUS C K, HASTINGS B S, KEWDALL C G. St. C.; POSAMENTIER H W, ROSS C.A, and VAN WAGONER J C. (eds.), Sea-level changes: an integrated approach, SEPM Special Publication No. 42, p. 125-154. VITAL H, SILVEIRA I M, AMARO V E.

submetido. Carta sedimentólogica da plataforma continental brasileira - área guamaré a macau (NE Brasil), utilizando integração de dados geológicos e sensoriamento remoto. Submetido a Revista Brasileira de Geofísica.

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MOSSORÓ Areia Branca UPANEMA APODI ASSU LAJES CAICÓ JARDIM DO SERIDÓ CURRAIS NOVOS NATAL 304 427 RIO GRANDE DO NORTE Macau 406 RioPir anhas Rio Açu 774000 777000 780000 783000 941000 9438000

Fig. 01. Mapa de localização da área no Estado do Rio Grande do Norte.

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