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Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro:

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Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro:

A lei que aprova o Orçamento de Estado para 2011 (daqui em diante LOE 2011), publicada na passada sexta-feira, introduz importantes alterações aos códigos tributários com impacto directo na nossa actividade.

Numa primeira leitura, são estas as principais novidades identificadas por imposto:

IRS:

No imposto sobre o rendimento das pessoas singulares as alterações mais relevantes constam dos artigos 96.º a 98.º da LOE 2011 e prendem-se com o aumento das taxas (art.º 68.º CIRS) e com a forte redução das deduções à colecta (arts. 78.º a 88.º a CIRS). (a título de exemplo as deduções à colecta relativas a saúde, educação, encargos com lares e encargos com imóveis terão os novos limites que constam dos artigos 82.º, 83.,º, 84.º e 85.º do CIRS - passando a estar indexadas ao IAS - sem prejuízo do art.º 98.º da LOE 2011). Por sua vez o art.º 88.º, 2 CIRS passa a limitar significativamente o valor dedutível dos benefícios fiscais previsto no EBF.

Merece ainda referência o art.º 83.º-A CIRS, que limita as deduções relativas a pensões de alimentos.

Ao longo do CIRS, as referências ao salário mínimo nacional são substituídas por referências ao IAS (cfr. artigos 25.º, 79.º, 83.º, 84.º CIRS entre outros) mas, de acordo com art.º 98.º da LOE 2011, enquanto o IAS não atingir o SMN ainda se aplicará este (ver também art.º 67.º LOE 2011).

IRC:

No imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas, as alterações constam dos artigos 99.º a 101.º LOE. Dessas alterações destacamos as mudanças no regime dos créditos incobráveis e o agravamento das taxas de tributação autónoma. Por um lado, o art.º 36.º CIRC passa a permitir reconhecer perdas por imparidade nos créditos que tenham sido reclamados em tribunal arbitral. Por outro lado, o art.º 46.º permite que possam ser directamente considerados como gastos ou perdas do período de tributação, além dos que já constavam da lei, os créditos resultantes “de decisão de tribunal arbitral no âmbito de litígios emergentes da prestação de serviços públicos essenciais ou de créditos que se encontrem prescritos de acordo com o respectivo regime jurídico da prestação de serviços públicos essenciais e, neste caso, o seu valor não ultrapasse o

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montante de € 750”. Além disso, segundo o n.º 2 do art.º 46.º CIRC, e sem prejuízo da manutenção da obrigação para efeitos civis, a dedutibilidade dos créditos considerados incobráveis fica ainda “dependente da existência de prova da comunicação ao devedor do reconhecimento do gasto para efeitos fiscais, o qual deve reconhecer aquele montante como proveito para efeitos de apuramento do lucro tributável”.

Muito importantes serão as taxas de tributação autónoma do art.º 88.º do CIRC, que se aplicam às sociedades transparentes. Agravam-se sobretudo as despesas de representação e os encargos com viaturas (podendo aplicar-se uma taxa de tributação autónoma de 30%, por ex.º, se a sociedade apresentar prejuízos e o valor de aquisição da viatura for superior ao previsto no art.º 34.º, 1, e) CIRC e Decreto Regulamentar nº25/2009, de 14 de Setembro: 40 000 euros).

Finalmente merece referência o art.º 123.º CIRC que se refere à possibilidade de proceder à substituição de documentos particulares por microfilmes e ao arquivo electrónico de facturas ou documentos equivalentes.

IVA:

No Imposto sobre o valor acrescentado as principais alterações estão nos artigos 102.º a 108.º da LOE 2011 e dizem respeito ao aumento da taxa normal para 23% (art.º 18.º CIVA) e às alterações das verbas com taxas reduzidas.

Com particular importância para os advogados, destaca-se a alteração à verba 2.11 da lista I anexa ao CIVA, que prevê a tributação a 6% das “prestações de serviços, efectuadas no exercício das profissões de jurisconsulto, advogado e solicitador a desempregados e trabalhadores no âmbito de processos judiciais de natureza laboral e a pessoas que beneficiem de assistência judiciária”. Deixam assim de beneficiar de redução as prestações a reformados e as efectuadas nos processos sobre o estado das pessoas, que passam a ser tributados à taxa normal.

As alterações ao CIVA na LOE 2011 não são muito extensas, mas tenha-se em consideração que dois dias antes da publicação dessa lei saiu um outro diploma, o Decreto-Lei 134/2010 de 27/12, que já havia introduzido diversas alterações a esse código, como veremos mais adiante.

Imposto de Selo:

No imposto de selo, as alterações constam do art.º 109.º da LOE 2011, e são particularmente relevantes para a nossa actividade.

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Até aqui, o artigo 5.º, al.ª n) do CIS dizia que a obrigação tributária se considerava constituída “em caso de actos, contratos, documentos, títulos, papéis e outros factos previstos na tabela anexa ao presente Código em que não intervenham a qualquer título pessoas colectivas ou pessoas singulares no exercício de actividade de comércio, indústria ou prestação de serviços, quando forem apresentados perante qualquer entidade pública”. O legislador substituiu agora a expressão “entidade pública” por “sujeito passivo do imposto referido na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º”; expressão que passa a abranger os advogados, enquanto profissionais que autenticam documentos particulares, relativamente aos actos, contratos e outros factos em que sejam intervenientes (art.º 2.º CIS).

Pede-se ainda atenção para a alínea i) do n.º 1 ao art.º 7.º do CIS, relativo à tributação dos empréstimos de sócios às sociedades, incluindo juros, que alarga o âmbito da norma face à redacção anterior.

EBF:

O estatuto dos Benefícios fiscais é alterado pelos art.º 119.º a 122.º da LOE 2011. Com as limitações introduzidas no art.º 88.º CIRS, a importância destes benefícios em sede de IRS passa a ser altamente limitada. Ainda assim merece destaque a alteração ao art.º 74.º do EBF que regula os seguros de saúde. Nos art.º 121.º e 122.º da LOE o legislador revoga um conjunto de benefícios fiscais.

LGT:

Neste diploma merecem destaque as alterações introduzidas pelo art.º 123.º da LOE 2011 ao sigilo bancário e ao princípio da indisponibilidade do crédito tributário.

Por um lado passa a haver levantamento do sigilo bancário sem necessidade de consentimento prévio em caso de dívidas comprovadas à administração tributária (art.º 63.º-B, n.º 1, al.ª g). Desta alínea já constava (e mantém-se) idêntica possibilidade em caso de dívidas à Segurança Social.

Além disso, segundo o art.º 63.º-A, n.º 3 LGT, “as instituições de crédito e sociedades financeiras têm a obrigação de fornecer à administração tributária, até ao final do mês de Julho de cada ano (…) o valor dos fluxos de pagamentos com cartões de crédito e de débito, efectuados por seu intermédio, a sujeitos passivos que aufiram rendimentos da categoria B de IRS e de IRC, sem por qualquer forma identificar os titulares dos referidos cartões”. Assim os advogados e sociedades de advogados que permitam aos

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seus clientes o pagamento com quaisquer destes meios devem ter em conta que passarão a ser objecto de controlo complementar por parte da administração.

Por outro lado, a LOE 2011 reforça o princípio da indisponibilidade do crédito tributário, constante do art.º 30.º, n.º 2 da LGT. O novo n.º 3 desse artigo passa a dizer que o referido princípio “prevalece sobre qualquer legislação especial”. Complementarmente, o art.º 125.º da LOE vem dizer que o disposto no n.º 3 do artigo 30.º da LGT “é aplicável, designadamente aos processos de insolvência que se encontrem pendentes e ainda não tenham sido objecto de homologação, sem prejuízo da prevalência dos privilégios creditórios dos trabalhadores previstos no Código do Trabalho sobre quaisquer outros créditos”. Esta alteração legislativa poderá provocar um impacto muito significativo em processos onde se discuta a aplicação de planos de insolvência, por ex.º.

CPPT:

Os arts. 126.º e 127.º da LOE 2011 trazem importantes alterações ao Código do Procedimento e do Processo Tributário.

Por um lado, é profundamente alterado o regime dos juros indemnizatórios (a favor do contribuinte) que consta do art.º 61.º do CPPT, clarificando-se o seu reconhecimento e os meios de reacção dos contribuintes relativamente às decisões que afectem tais juros. Por outro lado, a verificação e graduação de créditos na execução fiscal passam a ser da competência da Administração Tributária, podendo os lesados reclamar judicialmente para tribunal tributário no prazo de dez dias (art.º 97.º, 151.º, 245.º, 247.º e 278.º CPPT).

É ainda profundamente alterada a venda de bens na execução fiscal, que agora se fará preferencialmente por leilão electrónico (art.º 248.º CPPT. Ver também as alterações aos artigos 252.º e 256.º.).

RGIT:

A alteração ao RGIT consta do artigo 128.º da LOE e elimina os limites máximos aplicáveis às coimas fiscais que constavam do art.º 25.º, artigo que a partir de agora diz simplesmente que “as sanções aplicadas às contra-ordenações em concurso são sempre objecto de cúmulo material”. Prevê-se assim um forte agravamento das coimas concretamente aplicáveis em caso de concurso de contra-ordenações.

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Veja-se que em 2011 começaremos a ver aplicadas coimas respeitantes a contra-ordenações contabilísticas (previstas no art.º 14.º do DL 158/2009), e as correspondentes às novas contra-ordenações contra a Segurança Social, que constam do Código Contributivo, aprovado pela Lei 110/2009 de 16 de Setembro.

Código Contributivo

A LOE 2011, no seu art.º 69.º, altera também o Código Contributivo que entrou em vigor no passado dia um e que foi complementado pelo Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03 de Janeiro. Este Código, pese embora não seja aplicável para os advogados que efectuam os seus descontos para a CPAS (por força da exclusão do art.º 139.º) tem no entanto aplicação para os advogados com contrato de trabalho, para os que aufiram outros rendimentos de trabalho independente (por ex.º: formação profissional), para os advogados estagiários, para os colegas com inscrição suspensa e para os empregados forenses.

Outras alterações previstas na LOE:

Das restantes alterações constantes da LOE 0211 destacamos as seguintes:

- O art.º 149.º isenta de imposto de selo a constituição de garantias a favor do Estado ou da Segurança Social.

- O art.º 150.º altera as regras de cálculo dos juros de mora.

- O art.º 151.º declara impenhoráveis os créditos de IVA, a menos que assumam a forma de reembolsos confirmados e comunicados;

- Os artigos 142.º e ss. contém autorizações legislativas relativas a: notificações electrónicas pela DGAIEC; assistência mútua na recuperação de créditos; registo de contribuintes; bens apreendidos; regulação dos estágios profissionais (excluindo os estágios que correspondam a trabalho independente) e simplificação do exercício de diversas actividades económicas

Outra legislação fiscal relevante com aplicação em 2011

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Portaria n.º 879-A/2010, de 29 de Novembro, que aprova os modelos oficiais de Recibo Verde Electrónico

Esta portaria, que entrou, em vigor no passado dia 01 de Dezembro, regulamenta o artigo 115.º do CIRS, criando os chamados recibos verdes electrónicos. Estes recibos em formato electrónico serão obrigatórios a partir de 01/07/2011 (art.º 6.º, n.º 2) , mas já podem ser adquiridos no portal das finanças. Permite-se a emissão de recibo electrónico para os actos isolados e a emissão a título excepcional de recibos sem preenchimento. A consulta dos recibos electrónicos fica disponível no referido portal durante o período de 5 anos, tanto para o emitente como para o adquirente dos serviços.

Decreto-Lei 134/2010 27/12/2010, de 27 de Dezembro

Este diploma altera o Código do IVA e o Regime do IVA nas Transacções Intracomunitárias. Tem uma alteração importante para os advogados que tenham escritório em casa. Como se diz no preâmbulo, “passa a disciplinar-se expressamente, de forma mais consistente com as regras do direito à dedução, o regime de dedução do imposto relativo a despesas suportadas com bens imóveis, quando esses bens sejam parcialmente afectos a fins não empresariais”. A partir de agora, e segundo o n.º 7 do art.º 19.º do CIVA, “não pode deduzir-se o imposto relativo a bens imóveis afectos à empresa, na parte em que esses bens sejam destinados a uso próprio do titular da empresa, do seu pessoal ou, em geral, a fins alheios à mesma”. Sendo assim, o IVA das despesas relativas ao imóvel só é dedutível parcialmente.

A Vogal Tesoureira

Referências

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