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Origem e conceito das regras de subcapitalização

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Academic year: 2021

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(1)

Renata Emery

As atividades das empresas são geralmente “financiadas”

por capital aportado pelos sócios e dívida.

As

regras

de

sucapitalização

visam

evitar

o

endividamento

excessivo

ou

desproporcional

em

comparação com os capitais próprios.

O endividamento excessivo impacta o montante dos

lucros tributáveis, já que a dedução dos juros é

geralmente admitida pelos países.

• Quanto maior o endividamento, maiores as despesas com juros e menor o lucro tributável.

O “financiamento” das atividades empresariais com

Origem e conceito das regras de subcapitalização

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• As regras de subcapitalização estabelecem, nas operações de endividamento com pessoas com vínculo societário em terceiros países, limites à dedução dos juros para fins de apuração do lucro tributável, como forma de proteger a base tributária do país do devedor.

• As regras de subcapitalização utilizam geralmente um de dois mecanismos: a) Determinam o montante máximo de envidamento em relação ao qual os

juros são considerados dedutíveis: arm’s length;

b) Determinam o montante máximo de juros dedutível por uma proporção entre o valor da dívida e o do capital.

Kolynos/Colgate Acórdão nº 9101-00.287 da Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF)

DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. Caracterizam-se como desnecessárias e, portanto, indedutíveis do Lucro Real, as despesas de juros e variações cambiais relativas a empréstimo efetuado por meio de um contrato de mútuo, em que a mutuante é sócia-quotista que detém 99,99% do capital social da mutuaria e dispunha de recursos para integralizar o capital” (Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF – 1a. Turma da 1a. Câmara, Acórdão n° 9101-00.287 – 1a Turma, Publicado em 24.08.2009).

(3)

A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

• Lei nº 12.249/10 introduziu limites de dedução das despesas com juros em operações de endividamento com pessoas vinculadas:

a) Mantém a submissão às regras de preços de transferência;

b) Determina a observância às regras gerais de dedutibilidade: necessidade e normalidade da despesa (art. 47 da Lei n º 4.506/64);

c) Estabelece limites individuais e globais de endividamento através da predeterminação de razão dívida capital:

i. LIMITE INDIVIDUAL: o endividamento não pode ser superior a 2 (duas) vezes o valor da

participação societária no patrimônio líquido da empresa brasileira detida por pessoa

jurídica vinculada no exterior, por ocasião da apropriação dos juros;

ii. LIMITE INDIVIDUAL: o endividamento não pode ser superior a 2 (duas) vezes o valor do patrimônio líquido da empresa no Brasil , por ocasião da apropriação dos juros, quando a pessoa jurídica vinculada no exterior não for sócia da brasileira;

iii. LIMITE GLOBAL: somatório dos endividamentos com pessoas vinculadas no exterior não pode ser superior a 2 (duas) vezes o valor do somatório das participações de todas as vinculadas no patrimônio líquido da empresa no Brasil.

iv. LIMITE GLOBAL: o somatório dos endividamentos com entidades em país com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado não pode ser superior a 30% do valor do patrimônio líquido da pessoa jurídica no Brasil.

Se aplica a toda e qualquer forma de endividamento, independentemente de registro do contrato no Banco Central do Brasil;

• Inclui operações de endividamento, ainda que com terceiros, em que a parte vinculada no exterior ou residente em país de tributação favorecida ou regime fiscal privilegiado seja meramente avalista, fiador, procurador ou qualquer interveniente na operação de endividamento:

a) Excetua-se desta regra o caso em que o credor é pessoa residente no Brasil (IN 1.154/11) porque nesta hipótese a receita dos juros é tributada pelo imposto brasileiro.

• Excluem-se das regras de subcapitalização as operações de repasse por instituições financeiras.

• O endividamento é calculado pelo somatório do endividamento diário, dividido pelo número de dias do mês correspondente. Inclui-se o principal mais juros incorridos e não

(4)

CRÍTICA AO REGIME BRASILEIRA • Penalização excessiva:

• As regras de preços de transferência já estabelecem limites à dedução dos juros, bem como os requisitos gerais para a dedução de despesas (necessidade e normalidade); • Indedutibilidade de pagamentos para beneficiário em país de tributação favorecida ou em regime fiscal privilegiado se não houver demonstração do eneficiário efetivo, capacidade operacional e comprovação documental (art. 26 da Lei 12.249/10); • Regras que determinam a indedutibilidade dos juros de empréstimos tomados junto

a controladas e coligadas no exterior que possuem lucros não distribuídos (art. 34, MP 2.158-35/01).

• Tributação dos lucros de controladas; Controle de preços de transferência. • Nos casos de envididamento misto, com pessoas que possuem participação na

pessoa jurídica no Brasil e outras que não possuem, o limite global reduz a ratio de 2:1, pois só considera para fins de estabelecimento dos limites o montante das participações.

• Conceito amplo de pessoa vinculada.

• Aplicação aos casos em que a pessoa vinculada é mero garantidor da dívida, desvirtuando a função da garantia que consiste na redução do custo da dívida. • Ofensa ao princípio da não-discriminação do art. 24 dos tratados para prevenir a

dupla tributação.

CRÍTICA AO REGIME BRASILEIRA

• Conceito amplo de pessoa vinculada.

• controlada ou coligada da pessoa jurídica no Brasil;

• a pessoa física ou jurídica que, em conjunto com a pessoa jurídica no Brasil seja controladora ou coligada de terceira pessoa;

• pessoa física ou jurídica associada na forma de consórcio ou condomínio em qualquer empreendimento;

• a pessoa física residente no exterior que for parente ou afim até o terceiro grau, cônjuge ou companheiro de qualquer de seus diretores ou de seu sócio controlador; • pessoa que goze de exclusividade como agente, distribuidor ou concessionário para a

compra e venda de bens, serviços ou direitos;

pessoa em relação à qual a pessoa jurídica domiciliada no Brasil atue como agente, distribuidora ou concessionária, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos.

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CRÍTICA AO REGIME BRASILEIRA

• Aplicação aos casos em que a pessoa vinculada é mero garantidor da dívida, desvirtuando a função da garantia que consiste na redução do custo da dívida.

Crítica da OCDE: O estabelecimento de uma ratio pré-determinada entre dívida e capital pode não refletir a realizada econômica de mercado e distorcer o comportamento das partes relacionadas, pois não considerar situações de mercado, especificidades do segmento econômico em que as empresas atuam e pode gerar tratamento inconsistente entre as diversas empresas do grupo em comparação com empresas independentes. • Ofensa ao princípio da não-discriminação do art. 24 dos tratados para

prevenir a dupla tributação.

• Decisão da Corte Suprema da Espanha de 16 março de 2011 declarando a inaplicabilidade das regras de thin capitalization a empréstimo efetuado por banco estrangeiro e garantido por parte relacionada, beneficiária da cláusula de não-discriminação em tratado de dupla tributação;

• Casos na Rússia: Severny Kuzbass (regra de subcapitalização não ofenderia art. 24, por não ser arm’s length, artigo 9); Naryanmarneftegas; Pirelli Tyre Services.

Renata Emery

+55 21 3554-6000

Referências

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