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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

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Academic year: 2021

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RECORRENTE: ROLDÃO GONÇALVES RODRIGUES (ESPÓLIO DE) RECORRIDO: JOSÉ ROBERTO GONÇALVES

EMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO. RELAÇÃO DE PARENTESCO. POSSIBILIDADE. Admitida a

prestação de serviços, ainda que totalmente dissociados da relação empregatícia, incumbe à parte Ré a prova de se tratar, efetivamente, de labor autônomo, ou diversa situação, porquanto constitui fato impeditivo ao reconhecimento da relação empregatícia, presumindo-se, caso não se desonere do encargo processual, tratar-se, de fato, de relação de emprego. Neste processado, malgrado a relação de parentesco entre a esposa do Reclamante e o falecido Reclamado, tal fator, por si só, não é impeditivo para configuração do vínculo de emprego.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso Ordinário, interposto de decisão proferida pelo d. Juízo do da Vara do Trabalho de Paracatu, em que figuram, como Recorrente, ROLDÃO GONÇALVES RODRIGUES (ESPÓLIO DE), e, como Recorrido, JOSÉ ROBERTO GONÇALVES.

RELATÓRIO

O d. Juízo do Vara do Trabalho de Paracatu, por meio da r. sentença de f. 205/210, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na reclamatória trabalhista ajuizada.

Inconformado, o Reclamado interpôs o Recurso Ordinário de f. 211/216.

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Dispensada a remessa dos autos à d. PRT, uma vez que não se vislumbra interesse público capaz de justificar a intervenção do Órgão no presente feito (artigo 82, II, do RI).

É o relatório.

VOTO

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Conheço do recurso interposto, satisfeitos os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade.

PREJUDICIAL DE MÉRITO. PRESCRIÇÃO.

Alega o Recorrente que, pelo transcurso do biênio prescricional, previsto constitucionalmente (art. 7º, inciso XXIX), todas as pretensões obreiras foram atingidas pela prescrição total, não havendo que se discutir qualquer aspecto meritório.

Sem razão.

De fato, a data do ajuizamento da ação (16/05/2013, f. 02), em cotejo com a data de afastamento do Reclamante de seu local de trabalho, apurada na origem (06/08/2010), faz incidir sobre o caso o invocado dispositivo constitucional, porém, apenas quanto aos créditos resultantes da relação de trabalho.

Com efeito, as pretensões declaratórias e, especificamente, aquelas cujo objeto é a anotação da CTPS para fins de prova junto à Previdência Social são imprescritíveis (CLT, art. 11, §1º).

Nem se alegue que não há essa pretensão, no caso. Se o pedido é de reconhecimento do vínculo, as anotações em CPTS é mero consectário legal cujos reflexos previdenciários lhe são inerentes, para melhor retratar a realidade fática vivida pelo trabalhador, sem que se configure sentença ultra ou extra petita.

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JUÍZO DE MÉRITO.

VÍNCULO EMPREGATÍCIO

O d. Juízo sentenciante julgou procedente o pedido do Reclamante, para que fosse reconhecida a sua relação de emprego com o Reclamado, entendendo constatada a coexistência dos pressupostos fático-jurídicos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT.

Requer o Reclamado que não seja declarado o vínculo empregatício, alegando a ausência de subordinação e onerosidade.

Examino.

De início, cabe enfatizar que, em casos como este, em que havia vínculo de parentesco entre as partes, incumbe ao operador do direito examinar, de forma acurada e cautelosa, a integralidade dos elementos fáticos e contextuais, através de toda a prova carreada aos autos.

Isto posto, para que se reconheça a efetiva relação de emprego, cumpre, de plano, perquirir acerca da presença de todos os fatos constitutivos essenciais, que por lei a definem (subordinação, recebimento de salário, pessoalidade e não eventualidade).

É consabido, no Direito Processual do Trabalho, que, quando se nega a existência de qualquer prestação de trabalho, a prova do vínculo de emprego incumbe exclusivamente à parte autora, por ser fato constitutivo de seu direito.

Por outro lado, admitida a prestação de serviços, ainda que totalmente dissociados da relação empregatícia, incumbe à parte ré a prova de se tratar, efetivamente, de labor autônomo, ou diversa situação, porquanto constitui fato impeditivo ao reconhecimento da relação empregatícia, presumindo-se, caso não se desonere do encargo processual, tratar-se, de fato, de relação de emprego.

Pois bem.

Neste processado, não foi refutada a prestação laborativa. Pelo contrário, o próprio (espólio de) Roldão Gonçalves Rodrigues transcreveu, em defesa, o testamento deixado pelo de cujus, por meio do qual

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restou reconhecido que o Reclamante e sua esposa estavam cuidando da casa e do proprietário do imóvel (f. 32, com cópia manuscrita às f. 73/76).

Com isso, tem-se que era, exclusivamente, do Reclamado (agora, inventariante) o ônus de refutar os elementos configuradores da relação empregatícia (art. 2º e 3º da CLT). Contudo, deste ônus ele não se desincumbiu.

De plano ressalte-se que o fato da esposa do Reclamante ser sobrinha do falecido proprietário da fazenda é indiferente quando se discute a relação de emprego. A caracterização da relação de emprego pode ser estabelecida entre familiares, não sendo o parentesco fator impeditivo da configuração do vínculo empregatício. Nesse sentido, o Precedente Administrativo nº 85 do MTE.

Quanto à subordinação, esta deve ser considerada somente a jurídica e objetiva, por meio da qual o empregador dirige a prestação dos serviços. Nesse ponto, a testemunha ouvida esclareceu que

“quando auxiliava em retiros, via o padre dar orientações ao Reclamante; que tinha produção, mas pouca” (f. 203). Noutro giro, a presença esporádica do

proprietário não impede a existência da subordinação, o que é, aliás, muito comum em trabalhos dessa espécie. Nesse sentido, o depoimento pessoal do Autor que “já sabia o que tinha que fazer na fazenda” (f. 202). Logo, não há dúvidas quanto à subordinação jurídica, no caso.

No que se refere à onerosidade, restou incontroverso nos autos que a subsistência do Reclamante dependia da produção da fazenda, o que afasta qualquer trabalho voluntário ou mesmo cooperação entre familiares. Também restou incontroverso que havia produção, cuja administração e gestão eram realizadas pelo falecido proprietário. A existência ou não de lucro é indiferente para o deslinde da questão, sendo certo que os riscos do empreendimento são suportados pelo empregador e não pelo empregado (alteridade). Com isso, forçoso admitir a presença da onerosidade no liame estabelecido.

Não procede ainda o argumento de que o Autor se valia da propriedade para a criação de gado, visto que as quinze cabeças bovinas foram trazidas à fazenda em questão apenas dois meses antes do falecimento do proprietário e retiradas logo após.

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realização de retiros religiosos, pagas pelos seminaristas participantes, foi confirmado apenas em relação à testemunha obreira (f. 203) e não em relação ao Reclamante. O trabalho religioso e voluntário foi caracterizado apenas em relação à testemunha Maria Aparecida Araújo Santana, que recebia tais valores de terceiros e não do proprietário da fazenda.

Quanto ao depoimento de Catarina Laboure Cardoso (colhido via carta precatória), não houve a isenção necessária, visto que esta testemunha assumiu a amizade íntima como falecido proprietário, por mais de 30 anos (f. 158).

Portanto, constata-se o acerto da decisão de primeiro grau, que julgou procedente a ação, no que se refere ao reconhecimento da existência da relação jurídica de emprego.

Desprovejo.

CONCLUSÃO

Conheço do recurso ordinário interposto. No mérito, contudo, nego-lhe provimento.

Fundamentos pelos quais,

O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, em sessão ordinária da Oitava Turma, hoje realizada, julgou o presente processo e, preliminarmente, à unanimidade, conheceu do recurso ordinário interposto; no mérito, sem divergência, negou-lhe provimento.

Belo Horizonte, 07 de maio de 2014. Firmado por assinatura digital

ANA MARIA AMORIM REBOUÇAS

Juíza Convocada Relatora

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