2. Envolventes
São elementos construtivos que medeiam a relação entre o espaço interior e o ambiente exterior;
As envolventes exteriores de um edifício devem assegurar a seguintes condições:
- Resistência mecânica - Estanquicidade
- Isolamento térmico - Isolamento Acústico
- Propriedades estéticas e plásticas coerentes com o conceito e intenções do Projecto;
A evolução dos métodos construtivos
disponíveis permite-nos, actualmente, classificar as envolventes exteriores em duas categorias
distintas:
2.1 Envolventes pesadas 2.2 Envolventes ligeiras
As envolventes exteriores denominadas como “pesadas” têm na sua origem a intenção de garantir uma construção sólida e de grande durabilidade, bem como a necessidade
de incorporar a resolução das questões
estruturais da construção onde se inserem, bem como responder adequadamente às solicitações do meio envolvente;
O desenvolvimento dos sistemas de transportes e a abertura dos mercados permitiu a adopção generalizada de soluções construtivas
optimizadas. Enquanto, no passado, a opção de escolha estava fortemente condicionada pela disponibilidade dos materiais locais e pelas condições ambientais de cada região;
No passado, as limitações de alguns dos sistemas construtivos desenvolvidos eram
corrigidas através do aumento da secção das envolventes construídas. No entanto,
actualmente, apesar dos sistemas construtivos actuais permitirem a utilização de soluções ultra ligeiras, utiliza-se a simulação de envolventes
pesadas para traduzir ideias ou transmitir intenções de projecto;
3 exemplos:
- Alvenarias de pedra
- Taipa e blocos de terra - Alvenarias de tijolo
ALVENARIAS DE PEDRA > Sistema construtivo muito utilizado no passado, resultado da
abundância dos materiais que o constituem (pedras+argamassas), apesar de condicionado pelos seguinte factores:
- Necessidade de elevadas espessuras; - Elevado peso próprio;
- Morosidade na execução;
Actualmente, para além das condicionantes anteriormente mencionadas, a adopção desta solução construtiva é, igualmente, prejudicada por:
-Inexistência de mão-de-obra qualificada; -Elevado custo;
Tipos de alvenaria de pedra (sem isolamento térmico) :
- Um pano; - Dois panos;
- Dois panos com enchimento; - Alvenaria mista;
- Alvenaria de enchimento;
Imagem 1 - Tipos de alvenaria de pedra (fonte: Mascarenhas, Jorge; “Sistemas de Construção – Volume III”, Livros Horizonte, 4ºEdição, 2006)
Imagem 2 - Parede em alvenaria de pedra de enchimento (fonte: Mascarenhas, Jorge; “Sistemas de Construção – Volume III”, Livros Horizonte, 4ºEdição, 2006)
2.1.1 Parede em alvenaria mista (fonte: Mascarenhas, Jorge; “Sistemas de Construção – Volume III”, Livros Horizonte, 4ºEdição, 2006)
PAREDES EM TERRA > São construídas com
recurso a blocos de adobe ou à técnica da taipa e incluem na sua constituição terra, argila,
palha, fragmentos de pedra, cal e/ou outros materiais disponíveis. Actualmente, estas técnicas continuam a ser utilizadas como solução construtiva corrente, mas também como soluções alternativas ambientalmente sustentáveis, nomeadamente estabilizando a
composição do material com cimento “portland” e combinando a sua utilização com estruturas
de betão armado;
Imagem 4 - Construção em terra em Sanaa, Iémen (fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Sana'a)
ALVENARIAS DE TIJOLO MACIÇO > São
constituídas por tijolos maciços ligados entre si por intermédio de argamassas, podendo ser
aplicados segundo diversas técnicas e constituir uma solução estrutural devido à sua
estabilidade e capacidade de carga. Principais vantagens:
-Facilidade de fabrico em série; -Facilidade de manuseamento; -Custo;
Imagem 5 - Iglesia del Cristo Obrero,Atlántida, Uruguai - Eladio Dieste (fonte:
http://static.panoramio.com/photos/original/1570026.jpg)
A progressão para um sistema construtivo
composto por múltiplos planos teve início na Grécia antiga com o desenvolvimento do
sistema “Emplecton” (séc. VII a.c.), constituído por 2 folhas exteriores em pedra que
encerravam um núcleo que era preenchido com materiais menos nobres (pedras irregulares,
terra, argila, etc…), pretendendo-se a obtenção de um todo solidário;
Utilizando o mesmo princípio, de modo a satisfazer as necessidades de edificação do Império, os romanos desenvolveram o “Opus Caementicium”, que distinguia por um núcleo preenchido por uma argamassa composta por areia, cal, pozolanas (cinzas vulcânicas) e
fragmentos de pedras, criando um material extremamente resistente e impermeável;
Imagem 9 - “Opus Caementicium”, Methods of Construction (fonte:
http://www.shafe.co.uk/art/Opus_Reticulatum.asp)
CAVITY WALL > Em 1898, um artigo no “Builder’s Journal” divulga um método construtivo que
consiste em dois panos de alvenaria de tijolo, separados por uma caixa de ar destinada a
recolher humidade proveniente da
condensação e impedir a condução térmica para o interior do edifício. A folha interior tem
capacidade de carga e é fixa à exterior através de elementos metálicos que garantem a solidez do sistema;
Imagens 10 e 11 – Artigo sobre o conceito de “Cavity Wall” no Builder’s Journal, 1898 (fonte: Revista Tectonica)
1854
W. Wilkinson of Newcastle introduced
reinforced concrete in the building of houses; Wilkinson erected a small two-storey servant’s cottage, reinforcing the concrete floor and roof with iron bars and wire rope; he built several
structures of this kind and he is believed to have built the first reinforced concrete building.
Imagem 12 - W. Wilkinson of Newcastle, 1854 (fonte: http://www.arch.mcgill.ca/prof/sijpkes/abc-structures-2005/concrete/timeline-2009-version.html)
1870
François Hennebique patents the Hennebique “Béton Armé” System
Imagem 13 - François Hennebique, 1870(fonte: http://www.arch.mcgill.ca/prof/sijpkes/abc-structures-2005/concrete/timeline-2009-version.html)
1903
August Perret makes concrete an acceptable architectural material and builds 25, Rue
Franklin
Imagens 14 e 15 - 25, Rue Franklin, Paris, França, 1903 – Auguste Perret
(fonte: http://www.arch.mcgill.ca/prof/sijpkes/abc-structures-2005/concrete/timeline-2009-version.html)
1915
Le Corbusier desenvolve o conceito da “Maison Dom-ino”, caracterizado por uma estrutura de betão armado cujos pilares são recuados em relação ao perímetro exterior da construção, criando a oportunidade para a autonomização da envolvente em relação aos elementos
estruturais, bem como para a experimentação de novas linguagens;
Imagem 16 - Maison Dom-ino, 1914 – Le Corbusier (fonte: http://www.e-flux.com/journal/view/59)
Imagem 17 – Caricatura de Auguste Perret, 1924 – Le Corbusier (fonte:
Imagem 18 - Villa Stein, em Garches, França, 1928 – Le Corbusier (fonte:
http://www.benflatman.com/Le%20Corbusier/Le%20Corbusier.html)