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Controle de Qualidade do Mel de Abelha Produzido E/ou Comercializado em Manaus / Am

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CONTROLE DE QUALIDADE DO MEL DE ABELHA PRODUZIDO

E/OU COMERCIALIZADO EM MANAUS / AM

Joabe Monteiro da Silva RODRIGUES1; Helyde Albuquerque MARINHO2 1Bolsista PIBIC/CNPq; 2Orientador INPA/CPCS.

1. Introdução

Desde a antiguidade o homem utiliza o mel como alimento como uma das primeiras fontes de açúcar. Isso é demonstrado pelo uso do mel e pólen das abelhas nativas sem ferrão nos períodos pré-hispânicos e o papel que desempenharam na dieta das comunidades indígenas americanas (Cortopassi-Laurino 2002).

O mel é um produto natural elaborado por abelhas a partir do néctar das flores. As abelhas recolhem, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colméia, a abelha Apis mellifera L. é a espécie considerada como principal produtora do mel comumente utilizado para consumo humano (Brasil 2001). Entretanto, as abelhas sem ferrão das tribos Meliponini e Trigonini destacam-se com grande diversidade de espécies de abelhas existentes e que produzem também mel de boa qualidade (Sodré, et al. 2003).

O mel é usado de várias maneiras notadamente como alimento natural que, por não ter sido submetido a processos de purificação, possui todos os componentes nutritivos fundamentais (carboidratos, vitaminas e sais minerais). Mediante uma composição tão rica, o mel ocupa um lugar destacado entre os melhores produtos alimentícios (Bianchi 1989). Além de ser um ótimo alimento, o mel é utilizado também como medicamento (Schneider 1987).

A composição do mel depende, principalmente, das fontes vegetais das quais ele é derivado, mas também de diferentes fatores, como o solo, a espécie da abelha, o estado fisiológico da colônia, o estado de maturação do mel, as condições meteorológicas quando da colheita, entre outros (Campos et al. 2000 e Crane 1985).

Quanto aos aspectos macroscópicos e microscópicos, os padrões de identidade e qualidade do mel determinam que o produto esteja isento de substâncias estranhas de qualquer natureza, tais como: insetos, larvas, grãos de areia dentre outros (Brasil 2001).

Nesse contexto, conhecer a identidade e qualidade dos méis de abelha comercializados e produzidos no Estado do Amazonas é de grande importância, principalmente nas áreas de alimentação e saúde publica que tem como uma das metas proteger os consumidores quanto à qualidade dos alimentos.

2. Material e Métodos

As 27 amostras coletadas em feiras e mercados da cidade de Manaus-Am foram submetidas às analises, no laboratório de alimentos e nutrição do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia –Inpa. Foram realizadas análises de umidade pelo método refratométrico (IAL 2008), pH pelo potenciômetro (IAL 2008), acidez pela titulação com a solução de NaOH 0,05N (IAL 2008), a pesquisa de adulterantes foram realizadas por testes qualitativos – reações de Lund, Lugol e Fiehe (IAL 2008). As análises microbiológicas para bolores e leveduras, Coliformes Totais e fecais e Salmonella sp foram realizadas de acordo com a metodologia proposta pela Instrução Normativa nº 62 de 26 de agosto de 2003 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.

3. Resultados e discussão

A Tabela 1 mostra os resultados das análises físico-químicas das amostras coletadas. Os resultados obtidos desta tabela são comparados com os padrões estabelecidos pela Instrução Normativa n0 11 de 20 de outubro de 2000 do Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento-MAPA, onde observamos que os teores de umidade das amostras apresentaram-se entre 16% a 27%, sendo que 62,96% das amostras encontram-se fora do

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padrão permitido pela legislação vigente que estabelece no máximo 20% de umidade. Em relação à acidez 51,85% das amostras estavam fora do padrão estabelecido de no máximo 50 meq/Kg, o que indica que estas amostras possuem algum tipo de deterioração presente no alimento que pode ser causada pela má qualidade das embalagens, presença de algum microrganismo ou atividades de enzimas contidas no mel (Riedel 2005). Segundo a legislação vigente do mel, o mesmo não pode apresentar vestígios de fermentação, desta forma a determinação da acidez estando irregular é uma das provas físico-químicas que torna o produto impróprio para o consumo. A acidez elevada pode dar margem a duas interpretações: retirada do produto fora do período adequado de maturação ou um processo de contaminação microbiana. Já a baixa acidez do mel contribui para minimizar o crescimento bacteriano e realçar o sabor do mesmo (Crane 1985).

O pH não é um parâmetro mencionado na legislação, mas variou de 2,90 a 5,92. No entanto, o baixo pH da maioria das amostras pode explicar também a baixa atividade microbiológica do alimento. Pois em baixo pH, entre 4,0 e 4,5, muitas bactérias e fungos não são capazes de se proliferar e contaminar o alimento (Evangelista 2001).

Nas reações que fornecem algum tipo de adulteração do mel (Lund, Lugol e Fiehe) cerca de 48,14% das amostras analisadas passou por algum tipo de adulteração, como por exemplo, a adição de xaropes de açúcar, glicose comercial ou possa ter sido submetido a altas temperaturas (IAL 2008).

TABELA 1: Resultado de análise físico-química de amostras de méis comercializados na cidade de Manaus/AM, 2010/2011. Amostras Umidade (%) Acidez (meq/Kg) pH Reação de Lund Reação de Lugol Reação de Fiehe

1 24 107,5 3,59 Negativo* Negativo Positivo

2 27 81,83 3,54 Positivo Positivo Positivo

3 18,1 31,47 4,47 Positivo Positivo Positivo

4 17 33,41 4,40 Positivo Positivo Positivo

5 25 85,71 2,90 Negativo Negativo Positivo

6 17 35,6 4,49 Positivo Positivo Positivo

7 18,1 33,5 4,39 Positivo Positivo Positivo

8 23,01 75,9 4,37 Negativo Negativo Positivo

9 20,7 32,05 4,36 Positivo Positivo Positivo

10 25,04 83,4 4,58 Positivo Positivo Positivo

11 25 81,8 5,71 Negativo Negativo Positivo

12 19,2 36,2 4,46 Positivo Positivo Positivo

13 18,1 32,6 5,92 Positivo Positivo Positivo

14 16 34,1 4,68 Positivo Positivo Positivo

15 27 82,9 4,79 Positivo Positivo Positivo

16 21,2 63,1 4,13 Negativo Negativo Positivo

17 26 87,9 4,74 Negativo Negativo Negativo

18 27 96,6 4,88 Negativo Negativo Positivo

19 20,2 34,05 4,14 Negativo Negativo Positivo

20 20,2 41,3 4,19 Positivo Positivo Positivo

21 22,3 59,3 4,21 Negativo Negativo Negativo

22 22,3 65,8 4,34 Negativo Negativo Negativo

23 21,2 57,9 4,17 Negativo Negativo Negativo

24 19,2 52,6 4,19 Positivo Positivo Positivo

25 19,2 41,4 4,16 Positivo Positivo Positivo

26 19,2 42,5 4,10 Negativo Negativo Negativo

27 21,2 48,1 4,39 Negativo Positivo Positivo

Padrão** 20 Max. 50 - - - -

*Negativo indica que a amostra possui algum tipo de adulteração. **Estabelecido pela Instrução Normativa no11 de 20 de outubro de 2000.

Na Tabela 2 estão apresentados os resultados da análise microbiológica das amostras de méis coletadas. Os dados indicam que a maioria das amostras estava de acordo com os padrões microbiológicos estabelecidos pela RDC nº12, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001). Os valores observados nas contagens microbiológicas para bactérias do grupo coliformes a 45ºC, expressos como Número Mais Provável por grama (NMP/g), realizadas nas amostras, mostraram-se todos dentro dos

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padrões permitidos onde se estabelece que esse grupo de bactérias deve estar em até 102 a

450C/g do produto (Brasil 2001).

A definição de coliformes fecais é a mesma de coliformes totais, restringindo-se aos membros capazes de fermentar a lactose com produção de gás em 24 horas a 44,5 - 45,5ºC (termotolerantes). Atualmente tal grupo inclui pelo menos quatro gêneros: Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella, dos quais os três últimos são de origem não fecal e a E. coli é a indicadora mais representativa de contaminação fecal (Wright et al. 2003).

Em relação as amostras analisadas não foi detectada a presença de bactérias do grupo fecal que pode ser considerado preocupante, visto que, de acordo com a norma para este alimento, não poderiam estar presentes.

As amostras que apresentaram algum tipo de contaminação por bolores e leveduras podem ser atribuídas a diversos fatores, como deficiências no processamento e na sua manipulação e, ainda durante a embalagem das mesmas. Também ao fato de que, mesmo adequadamente embalados e protegidos da umidade, estes microrganismos sejam resistentes e possam viver por muito tempo, mesmo em baixas concentrações de água (Ferreira Neto et al. 2005), mas no caso de um produto como mel não é uma surpresa visto que há uma elevada concentração de água.

A legislação estabelece que para alimentos como o mel, as bactérias do grupo Salmonella sp devem estar ausentes em 25g de amostra (BRASIL 2001), o que mostra a tabela com os resultados obtidos da análise microbiológica das amostras coletadas.

A baixa atividade microbiológica, determinada através dos parâmetros estudados, pode ser atribuída, segundo Riedel (2005), devido sua alta concentração de glicose e levulose, que impedem a proliferação bacteriana, mas, pode sofrer fermentação quando for adicionada a água, acidental ou propositalmente.

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TABELA 2 - Analise microbiológica de amostras de méis comercializados na cidade de Manaus/AM, 2010/2011.

AMOSTRAS Coliforme total e fecal

NMP/g Bolores e Leveduras UFC/g

Salmonella sp. 01 0 <1,0x10 Ausência 02 0 32x102 Ausência 03 0 <1,0x10 Ausência 04 0 <1,0x10 Ausência 05 0 <1,0x10 Ausência 06 0 <1,0x10 Ausência 07 0 <1,0x10 Ausência 08 0 <1,0x10 Ausência 09 0 6x102 Ausência 10 0 3x10 Ausência 11 0 <1,0x10 Ausência 12 0 <1,0x10 Ausência 13 0 <1,0x10 Ausência 14 0 <1,0x10 Ausência 15 0 <1,0x10 Ausência 16 0 <1,0x10 Ausência 17 0 <1,0x10 Ausência 18 0 <1,0x10 Ausência 19 0 <1,0x10 Ausência 20 0 <1,0x10 Ausência 21 0 <1,0x10 Ausência 22 0 <1,0x10 Ausência 23 0 <1,0x10 Ausência 24 0 <1,0x10 Ausência 25 0 <1,0x10 Ausência 26 0 <1,0x10 Ausência 27 0 <1,0x10 Ausência Padrão* 102 - Ausência

*Estabelecido pela RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001.

4. Conclusão

Com base nos resultados do presente estudo podemos concluir que as amostras de méis coletadas em relação aos aspectos microbiológicos estão aptas para o consumo humano, pois a maioria encontra-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente a RDC no

12, de 02 de janeiro de 2001 da ANVISA. No entanto em relação as análises físico-químicas realizadas cerca de 57% das amostras não estão de acordo com a legislação vigente, conforme os parâmetros analisados (umidade e acidez) estabelecidos pela Instrução Normativa no 11 de 20 de outubro de 2000 do Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento, entretanto não é possível afirmar se o produto encontra-se próprio ou impróprio para o consumo humano, pois é necessária a realização de outras análises que em conjunto determinarão a boa qualidade dos méis comercializados e/ou produzidos na cidade de Manaus.

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5. Referências

Bianchi, E. M. 1989. Mel com Pólen Contra “Stress”. Apicultura e polinização, São Paulo, nº 33, ago.-set.

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instrução Normativa nº11, de 20 de outubro de 2000, Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/das/dipoa/anexo_intrnorm11.htm. Acesso em: 16 de fevereiro de 2011.

BrasiL, Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de /2001. Estabelece regulamento técnico

sobre os padrões microbiológicos para alimentos. Disponível: <http://www.anvisa.org.br>

Acesso em 12 jan. 2011.

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento. Secretaria de defesa Agropecuária Instrução Normativa n º 62 de 26 de agosto de 2003. Métodos analíticos de

origem de analises microbiológicas para o controle de produtos. Diário oficial da republica do

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Evangelista, J. 2001. Tecnologia de alimentos. São Paulo: Editora Atheneu.

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Sodré, G. da S.; Marchini, L. C.; Moreti, A. C. de C. C.; Carvalho, C. A. L. 2003. Análises multivariadas com base nas características físico-químicas de amostras de méis de Apis

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Wright, E.J., Webb, M.C.; Highley, E. 2003.Stored grain in Australia. Proceedings of the Australian Postharvest Technical Conference, Canberra, 25–27.

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