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Caracterização do público atendido

nas classes hospitalares brasileiras:

visão dos professores

Aline Ferreira Rodrigues Pacco

Licenciada em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos, Mestre em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos,

Doutoranda em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos. Tem experiência na área de Educação Especial, formação de professor e classe hospitalar.

Adriana Garcia Gonçalves

Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996), graduação em Fisioterapia pela Universidade de Marília (1996), mestrado e doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001) e (2010). Atualmente é docente da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Tem

experiência na área de Pedagogia e Fisioterapia, com ênfase na educação, metodologia e prática educacional no contexto escolar e não-escolar e acessibilidade de crianças com deficiência física, atuando principalmente nos seguintes temas: educação especial, tecnologia assistiva, classe hospitalar e estimulação precoce.

RESUMO

A educação é um direito de todos, assim, alunos em estado de internação tem direito de atendimento pedagógico enquanto se encontram impossibilitados de frequentar a escola por períodos de internação, a partir disso, o presente estudo objetivou descrever e analisar o perfil do público atendido nas classes hospitalares brasileiras. Realizou-se um estudo de campo com técnica survey. Os participantes do estudo foram 43 professores que lecionavam em classes hospitalares em território nacional brasileiro. Utilizou-se um questionário de forma online, criado no formulário do Google Docs. A análise dos dados ocorreu de modo qualitativo e quantitativo. Os resultados indicaram que cada vez esse serviço vem crescendo e atendendo todas as

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etapas do ensino básico, desde a educação infantil até o ensino de jovens e adultos, além disso, as doenças que mais geram internações de longo prazo são as doenças respiratórias, oncológicas e crônicas. Conclui-se que é de suma importância conhecer quem é esse público atendido nas classes hospitalares, para possivelmente melhoras no atendimento.

Palavras-Chaves:

Educação Especial, Classe Hospitalar, Público atendido.

INTRODUÇÃO

A educação é um direito básico de todos os sujeitos, independente de quaisquer condições, sendo garantido por lei (BRASIL, 1988), desta forma o aluno que se encontra impossibilitado de frequentar a escola regular por acometidos em suas condições de saúde tem o direito de desfrutar de atendimento pedagógico enquanto se encontra em estado de hospitalização.

O atendimento educacional hospitalar é considerado um serviço de apoio pedagógico especializado, sendo uma alternativa de atendimento educacional para sujeitos com impossibilidade de frequentar a escola em decorrência do processo de internação (BRASIL, 2002).

Fomenta-se a importância da escola na constituição da identidade integral da criança, pois quando está se encontra em estado de hospitalização, deixa de vivenciar experiências primordiais para seu aprendizado e desenvolvimento (GONÇALVES, 2001). Dessa forma, a classe hospitalar se constitui como fator primordial no período de internação de crianças e jovens hospitalizados.

Ademais a doença não deve ser considerada como um obstáculo para a busca de novas descobertas e conhecimentos, visto que a criança ou jovem hospitalizado pode aprender mesmo com a situação de internação, contribuindo para seu desenvolvimento, além de minimizar os efeitos negativos da hospitalização (GONÇALVES, 2001).

Considerando a importância de estudos específicos sobre a saúde e a educação e sua atuação conjunta no ambiente hospitalar, julgou-se necessário realizar uma investigação sobre a organização e funcionamento das classes hospitalares em âmbito nacional.

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Para tanto, por meio de trabalhos que buscassem um panorama geral da implementação e implantação de classes hospitalares no Brasil, verificou-se que o último trabalho similar foi de autoria da Profa. Dra. Eneida Simões da Fonseca, no ano de 2002. Desta forma, é imprescindível investigar esse tema para encontrar subsídios para a compreensão tanto do perfil desses profissionais, como das características peculiares de organização e funcionamento das classes hospitalares.

Fonseca (2002), por meio da realização de seu estudo, aplicou questionários com professores atuantes em classes hospitalares no Brasil objetivando caracterizar os aspectos de implantação e implementação desse atendimento, o suporte institucional oferecido, a administração dos serviços e dos profissionais nele atuantes, a clientela atendida, a dinâmica do atendimento, o espaço físico e os recursos disponíveis. Conclui-se, após a análise dos 30 questionários respondidos, considerando que foram enviados 120 questionários, que houve grande variação em como as classes hospitalares são implementadas, bem como uma divergência quanto ao trabalho realizado devido à grande variedade de profissionais envolvidos, como professores, voluntários, bolsistas de universidades e estagiários. Além disso, houve plena consciência entre todos os sujeitos da pesquisa, no se refere à importância, de que o sujeito dê continuidade aos seus estudos enquanto hospitalizados.

Diante de falta de maiores informações sobre a realidade acerca da organização e funcionamentodas classes hospitalares, principalmente sobre o público atendido, torna-se importante elucidar o seguinte questionamento: Qual a caracterização do

público atendido nas classes hospitalares brasileiras segundo os professores atuantes nesse serviço?

A partir desses questionamentos o objetivo geral deste estudo foi o descrever e analisar o perfil do público atendido nas classes hospitalares brasileiras.

MÉTODO

Essa pesquisa se constitui um recorte de um estudo maior que buscou contemplar aspectos sobre a formação e atuação docente, bem como, a organização e o funcionamento de classes hospitalares em âmbito nacional. Fomenta-se que para o presente artigo foram analisadas apenas as questões do “Bloco 3: Público atendido na classe hospitalar” do questionário alvo deste trabalho, sendo estas cinco perguntas.

O presente estudo se trata de um estudo de campo com uso da técnica survey, visto que esta técnica procura o aprofundamento de uma realidade específica através do levantamento de dados ou informações por meio de observações e/ou aplicação de instrumentos padronizados de coletas de dados (GIL, 2008).

Já a pesquisa survey pode ser definida como:

[...] a obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou opiniões

de determinado grupo de pessoas,

indicado como representante de uma população-alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário (FREITAS et al, 2000, p. 105).

Participaram do estudo foram 43

professores que atuavam em classes hospitalares em território nacional brasileiro, sendo 18 participantes da região sul, 13 da região sudeste, 10 da região nordeste, dois da

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região norte e não houveram participantes da região centro-oeste. Ressalta-se que os professores participantes foram aqueles que tiveram acesso por meio das formas de divulgação do presente estudo.

Para a realização da coleta dos dados foi elaborado questionário enviado aos professores das classes hospitalares do Brasil, em formato online e que foi construído e disponibilizado por meio de um formulário no programa Google Docs. Tal instrumento foi construído com base no questionário elaborado por Fonseca (2002), contemplando aspectos de caracterização, perfil profissional, formação, atuação e funcionamento e organização da classe hospitalar.

O questionário passou poradequação, sendo avaliado por quatro juízes, sendo estes doutores e pesquisadores na área educacional de classe hospitalar, por meio de um protocolo de avaliação com o objetivo de realizar adequação do instrumento a pesquisa. Ademais, três gestores de classes hospitalares responderam as questões do questionário e um protocolo de avaliação, com o propósito de melhorar o instrumento, corrigindo possíveis lacunas e avaliando a compreensão das questões.

Inicialmente para a busca dos participantes foi realizada a divulgação da presente pesquisa no grupo do Facebook “Classe/Escola Hospitalar” e no grupo do WhatsApp, pois ambos formam redes sociais de professores que atuam em ambientes hospitalares de todo o país. Além disso, foi enviado o questionário para pesquisadores e gestores da área através de um grupo de e-mails dos mesmos, buscando abranger o maior número de participantes possíveis.

A análise dos dados foi realizada de forma quantitativa, por meio da elaboração de tabelas decorrentes de uma análise estatística descritiva, indicando porcentagem. A análise qualitativa foi conduzida por meio de agrupamento por eixos temáticos já estabelecidos no próprio questionário, por meio das questões fechadas.

O uso desses dois tipos de abordagem, qualitativa e quantitativa, possibilita a realização de uma pesquisa mais abrangente, contribuindo para que todos os objetivos propostos pela pesquisa possamseralcançados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Percebe-se que o público atendido nas classes hospitalares brasileiras se faz diversificado, algo que pode-se ser verificado nos dados a seguir.

Alunos atendidos diariamente

Ao analisarmos a média de alunos atendidos diariamente nas Classes Hospitalares, nota- se que a maioria dos professores relatou atender de cinco a 10 alunos por dia (n=24). Dez professores apontaram atender até cinco alunos por dia e nove professores citaram que atendem mais de 10 alunos por dia. Isso aponta para o fato de que o atendimento diário de até 10 alunos possa parecer um número reduzido em comparação com o quantitativo de alunos nas turmas das escolas regulares em geral. Mas se dá assim porque prescinde ao professor da classe hospitalar, considerar as necessidades educacionais dos alunos que são ainda as mais variadas com a problemática da doença de cada um. Fonseca (2015) destaca que:

As crianças apresentam as doenças mais variadas, algumas bem graves e outras que poderiam ser evitadas se

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a atenção básica de saúde fosse eficiente e se as famílias tivessem condições mínimas adequadas de moradia, saneamento e alimentação. Mesmo diante de tanta diversidade, as crianças hospitalizadas que frequentam o atendimento escolar não são apenas doentes. Elas continuam crescendo e se desenvolvendo mesmo que com alguns comprometimentos causados pela enfermidade ou pelo tratamento médico necessário (intervenções cirúrgicas, exames invasivos, fármacos com efeitos colaterais) e têm interesses e necessidades também no âmbito acadêmico, e precisam de assistência do profissional docente (FONSECA, 2015, p.16).

Devido à diversidade do alunado atendido em uma mesma classe hospitalar, percebe-se que o professor só conseguirá realizar um trabalho efetivo se constituir pequenos grupos de alunos.

Segundo a Resolução SE 71 de 22/12/2016 o trabalho pedagógico a ser desenvolvido dentro das classes hospitalares deve ser realizado de forma individual ou em pequenos grupos, para atender as necessidades dos alunos (SÃO PAULO, Estado, 2016).

ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA E FAIXAS ETÁRIAS

ATENDIDAS

No que concerne à etapa de escolarização e a faixa etária atendida pelos professores, notou-se que de forma geral todas as etapas do ensino básico estão contempladas pelas Classes Hospitalares.

As etapas da Educação Básica que são mais atendidas pelas Classes Hospitalares são o Ensino Fundamental I e II, dado que pode ser visto na tabela a seguir.

Tabela 1: Etapas da Educação Básica

atendida nas Classes Etapas da Educação Básica

Número de hospitais que oferecem estas etapas

(Valor Absoluto)

Número de hospitais que oferecem estas etapas

(Valor Relativo)

Hospitalares

Fonte: Elaboração

própria. Educação Infantil 24 57,6%

Ensino Fundamental I 37 88,8%

Ensino Fundamental II 84%

Cabe ressaltar que cada participante poderia assinalar mais de uma opção nessa questão, considerando que geralmente os mesmos professores atendem várias etapas da educação básica.

35

Ensino Médio 26 62,4%

Educação de Jovens e

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Percebe-se que uma das especificidades do serviço educacional hospitalar é a ocorrência de turmas multisseriadas e, assim, os alunos ali presentes estão em diferentes níveis de aprendizado uns dos outros. Em vista disso, faz-se necessário um trabalho individualizado, considerando as dificuldades e as potencialidades de cada aluno. Cabe salientar que os cursos de formação de professores para atuação em ambientes hospitalares devem ser pensados considerando essa dinâmica de atendimento, focalizando em planejamento de práticas e estratégias de ensino que se atentem à individualidade de cada aluno, ainda que o trabalho seja realizado de forma coletiva.

Fonseca (2015) coloca que o professor da classe hospitalar deve sempre estar em constante reflexão para elaborar seu planejamento e conseguir, em meio aos desafios encontrados, executar seu trabalho de modo eficaz. Um dado bastante relevante foi que quase a metade dos professores (n=20) relatou atender a etapa da Educação de Jovens e Adultos, demonstrando uma grande preocupação com essa população que, muitas vezes, não é contemplada dentro dos hospitais no âmbito educacional.

No que tange à faixa etária dos alunos atendidos nas Classes Hospitalares, a maioria dos professores citou atender alunos acima de seis anos de idade, dado que pode ser visto na tabela a seguir:

Faixa Etária dos alunos atendidos

Número de hospitais que atendem estas faixas

etárias (Valor Absoluto)

Número de hospitais que atendem estas faixas

etárias (Valor Relativo)

Tabela 2: Faixa Etária dos alunos atendidos nas Classes Hospitalares Fonte: Elaboração própria. De 0 a 4 anos 18 43,2% De 5 a 6 anos 26 62,4% De 6 a 14 anos 39 93,6% De 15 a 18 anos 33 79,2% Acima de 18 anos 13 31,2%

Vale frisar que cada participante poderia assinar mais de uma opção nessa questão, considerando que, como já dito, um mesmo professor pode atender várias faixas etárias.

Ao verificarmos os dados das faixas etárias, percebemos que as idades de seis a 14 anos e de 15 a 18 são as mais citadas pelos professores. Essa faixa etária, de acordo com a legislação de educação brasileira, corresponde às etapas de ensino do Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio.

Segundo a Lei n° 12.796, isto é, a nova Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 2013) a educação básica obrigatória e gratuita é direito de crianças e jovens dos quatro aos 17 anos de idade, sendo organizada da seguinte forma:

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Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) (BRASIL, 2013, p.4)

Por isso a importância de que esses alunos sejam adequadamente atendidos pelas classes hospitalares, considerando que esse público refere-se à educação básica obrigatória, e também por terem o direito e o dever de desfrutar de uma educação de qualidade.

Cabe destacar que as crianças entre quatro e seis anos não são citadas como a maioria nos atendimentos das classes hospitalares, no entanto, em geral representa a maioria nas internações pediátricas, principalmente as crianças com menos de quatro anos e que tendem a ter várias internações durante a infância. Assim, um serviço de educação infantil no hospital seria de suma importância para o desenvolvimento das tais.

TEMPO DE INTERNAÇÃO

Frente ao tempo de internação dos alunos atendidos nas Classes Hospitalares, notou-se que a maioria dos professores relatou ser a média de internação entre seis e 15 dias, dado que pode ser visto na tabela a seguir:

Tabela 3: Tempo de

internação dos alunos Tempo de internação (Valor Absoluto) (Valor Relativo)

atendidos

Fonte: Elaboração própria.

Percebe-se que as médias de dias de internação são regulares, sendo de seis a 15 dias, revelando que muitas crianças, jovens e adultos em processo de escolarização ficam afastadas da escola, o que reforça a importância do atendimento educacional hospitalar, evitando maiores perdas de desenvolvimento, isolamento social e também a evasão escolar.

Menos de 5 dias 0 0%

De 6 a 15 dias 19 45,6%

Até 1 mês 7 16,8%

Mais de 1 mês 7 16,8%

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Considerando esse dado, indaga-se que crianças e jovens que apresentam doenças crônicas geralmente necessitam de muitas internações, além de longos períodos de estada no hospital. Desse modo, acabam se afastando da escola de origem, o que ratifica a necessidade de um atendimento educacional no ambiente hospitalar. Cabe destacar que aqueles alunos que se instalam nas casas de apoio também necessitam do atendimento educacional nesses espaços, para que possam continuar seu processo de escolarização, evitando assim a defasagem e evasão escolar.

DOENÇAS/ ACOMETIMENTOS DE MAIOR INCIDÊNCIA

Ao verificarmos as doenças mais comuns dos alunos atendidos nas Classes Hospitalares, percebemos uma grande variedade. As doenças que levam a períodos de internação mais longos ou recorrentes são as mais citadas e podemos observá-las na tabela a seguir:

Doenças Incidência do atendimento na Classe Hospitalar das doenças (Valor Absoluto) Incidência do atendimento na Classe Hospitalar das doenças (Valor Relativo)

Tabela 4: Doenças mais comuns atendidas nas Classes Hospitalares Fonte: Elaboração própria.

Diarréicas e ligadas à má nutrição 3 7,2%

Respiratórias 20 48%

De origem gastrointestinais 11 26,4%

De origem dermatológica 4 9,6%

De origem oncológica 19 45,6%

De origem psíquica ou emocional 5 12%

De origem ortopédica 11 26,4%

De origem cardíaca 2 4,8%

De origem neurológica 6 14,4%

Outras Doenças crônicas - Diabetes - Anemia Falciforme - Febre reumática - De origem hematológica - Síndrome nefrótica - Lúpus - De origem transmissível 16 4 3 2 38,4% 3 5 2 1 Outras 7 - Queimaduras 2 - Apendicite 2 - Dengue 1 16,8% - Drogadição 1 - Distrofia Muscular 1 - Viroses 1

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Pode-se notar que as doenças de origem respiratória, oncológicas e crônicas são as mais citadas pelos professores, sendo elas doenças que geralmente necessitam de um tratamento mais extenso e, consequentemente, acarretam internações com períodos longos e, em muitos casos, de modo recorrente, gerando o afastamento da escola. Deste modo, reitera-se que o atendimento educacional estar presente no ambiente hospitalar é bastante oportuno.

Fonseca (2002), por meio de sua pesquisa, apontou que as doenças que mais acometem o público atendido nas classes hospitalares são as de cunho respiratório, com 19%, e de origem oncológica, com 14%. Considerando a presente pesquisa, percebe-se que as doenças dessas duas origens são ainda as mais atendidas nas classes hospitalares e que geram maior tempo de internação, bem como internações recorrentes.

Aufere-se que em muitos países da Europa, onde há o atendimento educacional hospitalar as patologias que mais acometem os alunos que frequentam as classes hospitalares são de cunho oncológico (36,9%) e hematológico (35,6%) (RUMEU; LINACERO; MORRÁS, 1999).

Muitas doenças, principalmente de origem respiratória, estão presentes em países com precariedade das condições sanitárias. Portanto, ainda de acordo com Soares, Bernardes e Cordeiro Netto (2002) uma melhor qualidade de vida decorre de medidas necessárias que possibilitem condições adequadas de moradia, alimentação e saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve por objetivo descrever e analisar o perfil do público atendido nas classes hospitalares brasileiras e pode-se concluir que cada vez mais as classes hospitalares vêm ampliando seus horizontes, buscando atender todas as etapas da educação básica, desde a educação infantil, até a educação de jovens e adultos, considerando a importância de se desfrutar de uma educação de qualidade, independente da condição física ou mental de cada indivíduo.

As doenças que mais geram internações de longo prazo são as doenças respiratórias, oncológicas e crônicas, dado esse que também foi constatado no estudo de Fonseca (2002). Assim, fomenta-se que patologias dessa natureza necessitam de atenção mais criteriosa por parte dos órgãos públicos de saúde porque o paciente e sua família necessitarão de atendimento e suporte por um período extenso de tempo e, em muitos casos, precisam mudar de sua localidade de residência para receber o atendimento necessário em outro bairro, cidade ou Estado.

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Espera-se que o presente estudo possa ter contribuído com as áreas de conhecimentos afins, e espera-se que maiores estudos sejam realizados para conhecer de forma mais aprofundada a realidade do público atendido nas classes hospitalares no Brasil.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm>. Acesso em: 20. mar. 2016.

. Ministério da educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações. Brasília: MEC/SEESP, 2002. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/livro9.pdf >. Acesso em: 16. nov. 2017. . Lei N°12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Brasília: 2013. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/ lei/l12796.htm>. Acesso em: 16 nov.2017.

FONSECA, E. S. da. Implantação e Implementação de espaço escolar para crianças hospitalizadas. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, 2002, p.205- 222. Disponível em:< http://www.abpee.net/homepageabpee04_06/resumos/ resumosseparados/resumovolume8b/resumo5.htm >. Acesso em: 04.mar.2015. . Classe Hospitalar e Atendimento escolar domiciliar: direito de crianças e adolescentes doentes. Revista Educação e Políticas em Debate. v.4., n.1. 2015. p.12-28. Disponível em:< http://www.seer.ufu.br/index.php/revistaeducaopoliticas/ article/view/31308>. Acesso em: 28.jun.2017.

FREITAS, H. etal. Ométododepesquisasurvey. São Paulo: RevistadeAdministração. v.35. n.3. 2000, p.105-112.

GIL.A.C. Entrevista. In: Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas. 6. Ed. 2008. Disponível em <https://ayanrafael.files.wordpress.com/2011/08/gila-c- mc3a9todos-e-tc3a9cnicas-de-pesquisa-social.pdf> Acesso em: 18. Abr. 2015. GONÇALVES, A, G. Poesia na Classe Hospitalar: texto e contexto de crianças e adolescentes hospitalizados. Dissertação de Mestrado: Marília: 2001, 160p. RUMEU, L. O; LINACERO, O, B; MORRÁS, S.A. Los pacientes pediátricos y la pedagogia hospitalaria em Europa. Acta Pediátrica Española, Espanha, v.57, n.7, p. 364- 372. 2008. Disponível em:<http://www.cerelepe.faced.ufba.br/arquivos/ fotos/72/lospacientespediatricosylapedagogiahospitalariaeuropa.pdf>. Acesso em: 02. Dez. 2017.

SÃO PAULO, Estado. Resolução 71 SE de 22/12/2016. Dispõe sobre o atendimento escolar a alunos em ambiente hospitalar e dá providências correlatadas. São Paulo: 2016. Disponível em:< https://publicadoeducacao.wordpress.com/2016/12/23/ resolucao-se-712016dispoe-sobre-o-atendimento-escolar-a-alunos-em-ambiente- hospitalar-e-da-providencias-correlatas/>. Acesso em: 21. Jul.2017.

SOARES, S.R.A.; BERNARDES, R.S.; CORDEIRO NETTO, O.M. Relações entre saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de um modelo de planejamento em saneamento. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, p. 1713-1724, 2002. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo. php?pid=s0102-311x2002000600026&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 16.out.2017.

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