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Desenvolvimento de novos produtos: o uso do Quality Function Deployment (QFD)

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Jan, Fev, Mar 2016 - v.7 - n.1 ISSN: 2179-684X This article is also available online at:

www.sustenere.co/journals

Desenvolvimento de novos produtos: o uso do Quality Function Deployment (QFD)

O Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade) - QFD é um importante método que permite converter os requisitos dos consumidores em caracteristicas da qualidade do produto, ouvindo suas necessidades e seus desejos, atendendo suas expectativas. O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a importancia do método QFD e discutir a sua utilização no desenvolvimento de novos produtos através da ferramenta da casa da qualidade e apontar beneficios que a empresa obterá com sua implantação. A metodologia de pesquisa utilizada para execuçãodo presente artigo é a bibliográfica. Em análise e discussão serão apresentadas empresas que utilizaram ou utilizam esse método em seu processo de produção de novos produtos e serviços abordando consequentemente alguns pontos que se julgam importantes para empresa que deseja implantar o QFD. Com o estudo foi possivel evidênciar a aceitação dos consumidores, já que o QFD buscar identificar e quantificar esses dados através da matriz casa da qualidade, estabelecendo um vinculo entre cliente e produto obtendo como resultado a satisfação do mesmo.

Palavras-chave: Consumidor; Satisfação; Serviços.

Development of new products: the use of Quality Function Deployment (QFD)

The Quality Function Deployment (Quality Function Deployment) - QFD is an important method to convert the requirements of consumers in product quality characteristics, listening to their needs and their desires, meeting their expectations. This study aims to demonstrate the importance of the QFD method and discuss its use in developing new products through quality house tool and point benefits the company will obtain with its implementation. The research methodology used to execuçãodo this article is the literature. In analysis and discussion will be presented companies that used or use this method in the process of production of new products and services thus addressing some points that are judged important for companies that want to deploy QFD.Com the study it became clear consumer acceptance, since the QFD seek to identify and quantify these data through quality headquarters, establishing a link between customer and product obtained as a result of the satisfaction.

Keywords: Consumer; Satisfaction; Services

Topic: Marketing, Cominicação e Vendas Reviewed anonymously in the process of blind peer.

Received: 09/08/2015 Approved: 16/11/2016

Danielle Gomes da Silva UNIC Educacional, Brasil

http://lattes.cnpq.br/9159520263039619 administradoradanielle@bol.com.br Rafael Capriolli Gonçalves

Universidade do Estado de Mato Grosso, Brasil http://lattes.cnpq.br/2753010590462637 rafaelcapriolli@gmail.com

DOI: 10.6008/SPC2179-684X.2016.001.0003

Referencing this:

SILVA, D. G.; GONÇALVES, R. C.. Desenvolvimento de novos produtos:

o uso do Quality Function Deployment (QFD). Revista Brasileira de Administração Científica, v.7, n.1, p.31-42, 2016. DOI:

http://doi.org/10.6008/SPC2179-684X.2016.001.0003

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INTRODUÇÃO

O QFD foi desenvolvido no Japão por Mizuno e Akao com objetivo ser usado no planejamento do produto e do processo visando o controle de qualidade, sendo sistematicamente dirigido ao cliente, permitindo de forma clara a conversão das vontades em propriedades dos produtos a ser desenvolvido. A metodologia QFD possui quatro fases ou quatro desdobramentos, como planejamento do produto, desenvolvimento do produto, planejamento do processo, sendo finalizado com o planejamento da produção, porém neste artigo será conceituado o primeiro desdobramento dando ênfase na casa da qualidade, pois sua importância no desenvolvimento de produtos permitiu uma ligação direta entre cliente e produto.

Conforme Cheng et. al. (1995) relata o QFD-Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade) é uma metodologia que tem por “objetivo auxiliar na gestão do processo de desenvolvimento de novos produtos, focando sempre nas necessidades dos clientes, que estão cada vez mais exigentes quando buscam em um produto ou serviços que a sua necessidade seja atendida, onde obter a plena satisfação do cliente pode ser o ponto crucial para o sucesso ou fracasso de uma empresa no mercado consumidor".

Atender as necessidades dos consumidores tem se tornado um grande desafio para qualquer segmento do mercado tanto na parte de serviços como no desenvolvimento de produtos, isso se deve pelas mudanças de gosto por parte dos consumidores que é considerado muito volátil, por esse motivo a empresa tem que conhecer seus consumidores e procurar identificar através de seu comportamento as necessidades implícito, nesse cenário entra o QFD que inicia no momento primário que é a fase conceitual, onde busca através de suas matrizes identifica e traduz em modelos quantitativos as expectativas de seus clientes.

O envolvimento do cliente no desenvolvimento de um produto/serviço, demonstrará a importância do mesmo para empresa, porém há uma grande dificuldade para a identificação das necessidades dos clientes, utilizando o método QFD entre as quais está na interpretação da “voz do cliente”, compreender o que realmente o cliente busca ao compra um produto, ao realizara correlação entre as qualidades exigidas e as características do produto, a falta de treinamento e de conhecimento desse método pela empresa e equipe de planejamento de produto, cuja sua interpretação e compreensão é de extrema importância e fundamental pois é ela que demonstrará se a implantação obterá resultados positivos ou não.

Com base nesses motivos que seu estudo possui uma grande relevância, por parte da equipe multidisciplinar para que seja evitada a desmotivação da utilização dessa ferramenta, apontando os benefícios que a empresa pode obter com a implantação e utilização do Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade-QFD).

Com base no exposto anteriormente, este trabalho busca identificar a importância de conhecer as necessidades e expectativas dos consumidores utilizando a metodologia QFD-Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade), perante a um produto ou serviço a ser desenvolvido, tendo como ferramenta essencial a matriz Casa da qualidade.

A escolha desse estudo se deve pelo interesse em relacionar a utilização do método QFD-Quality

Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade) no desenvolvimento de produtos, porém o foco

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principal é ressaltar a sua importância, uma vez que o QFD se apresenta como um método com grande potencial para o desdobramento e tendo como prioridade as diretrizes de melhoria de forma sistêmica e estruturada, partindo das expectativas dos usuários para decisões estratégicas da organização.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste artigo será a pesquisa bibliográfica onde segundo Cervo (2007),

“pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses”.

De acordo com Cruz (2009) “pesquisa bibliográfica é o meio de formação por excelência e constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema”. Koche (2006) reforça “o objetivo da pesquisa bibliográfica afirmando que conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema ou problema, tornando- se instrumento indispensável a qualquer tipo de pesquisa”.

Como resultado, o presente estudo pretende reafirmar que o método QFD pode ser pertinentemente utilizado durante o processo de desenvolvimento de novos produtos/serviços, identificando as necessidades dos clientes, tendo como objetivo garantir a satisfação dos clientes, se destacando como ferramenta fundamental de competividade.

REVISÃO TEÓRICA

Princípios do Desenvolvimento de Novos Produtos

No período da década de 80 e início de 90, começaram a ser desenvolvidos projetos com grande relevância na área de manufatura enxuta e na gestão do processo de desenvolvimento de produto. A necessidade das empresas de buscar inovações para o desenvolvimento de novos produtos pode ser percebida não somente para atender as necessidades do segmento do mercado, mas também para se destacar sobre a concorrência.

Essa necessidade pode ser relacionada ao desempenho e rentabilidade organizacional em função de forças competitivas, tais como as ameaças de novos concorrentes e a concorrência acirrada entre os competidores, ameaças de produtos substitutos e poder de decisões dos clientes (MIGUEL, 2008).

Desenvolver um produto está baseado em um processo onde a empresa transforma as ideias em oportunidades de mercado, aliado a inovação e a tecnologia trazendo benefícios para a empresa e seus consumidores.

Dentre diversos benefícios decorrentes do desenvolvimento de novos produtos, Clark e Whulwright (1993), enfatizam a melhoria no posicionamento mercadológico e a renovação ou melhoria organizacional.

A renovação pode ser traduzida em inovação na produção ou inovação em produtos, possibilitando

um avanço entre ambas as partes, como da empresa que busca mercado apresentando seu produto novo ou

das concorrentes que buscam a continuidade no mercado consumidor.

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Na verdade, a gestão de desenvolvimento de produtos é relativamente complexa devido a sua natureza dinâmica e de interação com as demais atividades de uma organização (MIGUEL, 2008).

Há distintos fatores que determinam o sucesso ou o fracasso no lançamento de novos produtos. De acordo Baxter (2011), eles podem ser classificados em três grupos principais:

Orientação para o mercado onde o fator mais importante e provavelmente o mais obvio é o produto ter forte diferenciação em relação aos seus concorrentes no mercado e apresentar aquelas características valorizadas pelos consumidores.

Planejamento e especificação onde o estudo de viabilidades técnicas deve abranger a disponível de materiais, componentes, processos produtivos e mão de qualificadas […].

Fatores internos a empresa é quando se registra um grande nível de cooperação entre o pessoal técnico e de marketing dentro da empresa, as chances de sucesso do novo produto são 2,7 maiores em relação a outros sem essa harmonia. Para desenvolvimento de novos produtos há várias características que devem ser avaliadas durante a sua criação.

Para Amaral et al., (2006) “define que o PDP (processo de desenvolvimento de produtos) que comparado a outros processos de negócios, tem diversas características que diferenciam como o elevado grau de incertezas e riscos, as decisões importantes devem ser tomadas no início do projeto, as multiplicidades de requisitos a serem atendidos durante processos”.

Isso demonstra que o PDP possui suas divergências e características únicas que se devem ser observadas e trabalhadas para que se possam obter resultados satisfatórios. Mas de acordo com o Kaminsk (2011), “o processo de desenvolvimento de produtos, e, portanto o projeto, apresenta as seguintes características gerais como as necessidades, exequibilidade física, viabilidade econômica, viabilidade financeira, otimização, critérios de projetos, subprojetos, aumento da confiança, custo de clareza, apresentação”.

Ao desenvolver um produto ou serviço o projeto tem que aborda várias considerações, que possui um fator essencial entre as escolhas que o cliente utiliza ao comprar um produto, pois ele não quer levar algo que não o satisfará.

O lançamento de um produto novo no mercado, para a maioria das empresas, não é uma atividade rotineira e sim, o resultado de um esforço que pode durar um tempo significativo e envolver quase todos os setores funcionais da empresa, com implicações nas vendas futuras e consequentemente na sobrevivência da empresa (AMARAL et al., 2006).

No contexto da gestão de projetos de desenvolvimentos de novos produtos, existem dois níveis de gerenciamento: um nível estratégico, que define a gestão do conjunto de projetos de novos produtos, e um nível operacional de gerenciamento dos projetos individualmente (FILHO et al., 2010).

O nível estratégico se definiu como sendo uma ferramenta de nivelação entre as metas e objetivos

ao lançar um produto, pois é a partir desse nível que é efetuada a seleção dos projetos conhecido como

gestão de portfólio, revitalização de produtos pelo conceito de plataforma que tem por objetivo incorporar

inovações significativas em produtos ou processos, para que seja criada uma família de produtos dando

sequência na produção.

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Já o nível operacional atua na definição das atividades e quais são os recursos, decisões e atividades que serão utilizados no processo de desenvolvimento do produto, possuindo três etapas ou procedimentos que são o funil que possui somente uma representação gráfica, a segunda etapa é definida como stage-gate onde possui detalhadamente todas as etapas, servindo como ponto de verificação de controle da qualidade e decisão, na última etapa está o processo de total design também contém uma descrição dos estágios e atividades. Todos os níveis são essências no processo de desenvolvimento, porém essas etapas tem que estar de acordo com a necessidade de cada procedimento e de cada empresa.

Porém para que todas essas etapas tenham início o Desdobramento da Função Qualidade (QFD) é introduzido na fase conceitual do planejamento de novos produtos através da matriz Casa da qualidade, auxiliando na especificação do produto e realizando a conversão das necessidades do consumidor em objetivo técnico, utilizando pesquisas de mercado, analisando as tendências do mercado entre outros fatores fundamentais para o processo de planejamento e desenvolvimento do produto.

QFD - Quality Function Deployment (Desdobramento Da Função Qualidade)

O QFD é um método que em inglês significa Quality Function Deployment. No Brasil essa sigla foi mantida, porém o termo usado é Desdobramento da Função Qualidade.

QFD é um conjunto de meios onde o desenvolvimento de produtos tem apoio, este tem como objetivo cooperar para que as expectativas do consumidor sejam atendidas, incorporando qualidade ao produto para ser entregue ao consumidor. Para um entendimento maior apresentaremos um breve histórico do surgimento do método QFD-Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade).

Segundo Filho et al (2010):

O QFD foi criado no Japão, no final da década de 1960, durante um período em que as indústrias japonesas quebraram o paradigma da oferta de novos produtos que eram sinônimos de imitação e cópia. Seu desenvolvimento foi iniciado por MIZUNO e AKAO (1994) com o propósito de desenvolver um método de garantia da qualidade que pudesse transformar os requisitos dos clientes nos atributos (ou especificações) do produto.

O QFD no Brasil passou a ser utilizado no final da década de 80 para o início de 90, nas empresas como Cônsul do grupo Brasmotor, a IBM Brasil, entre outras. Desde então o método vem sendo usado em diversos ramos do segmento da indústria de desenvolvimento de novos produtos e serviços. O QFD é considerado a mais importante ferramenta podendo ser usado em diversas fases do desenvolvimento e produção. Conforme os autores Filho et al., (2010) afirmam que:

O QFD-Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade) é utilizado de diferentes maneiras ao longo PDP, desde a pesquisa de mercado, para obtenção e analise dos pontos de vista dos consumidores sobre o produto desenvolvido, até adequação dos meios de produção ás características técnicas que atendam aos requisitos estabelecidos na pesquisa.

De acordo com Baxter (2011), “o Desdobramento da Função Qualidade parte das necessidades do

consumidor, para convertê-las em parâmetros técnicos”. Isso afirma que buscar as necessidades do cliente

é a primeira parte do início e desenvolvimento de novos produtos, com isso garante uma maior qualidade e

capacidade de satisfazer o consumidor com o novo produto.

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Para Filho et al., (2010), “o QFD é um processo estruturado no qual os requisitos dos clientes (suas necessidades e expectativas) são transferidos para as fases do desenvolvimento de um novo produto”. Slack (1996), afirma que o “objetivo principal do QFD - Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade) é tentar assegurar que o projeto final de um produto ou serviço realmente atenda ás necessidades de seus clientes”.

As implementações de um projeto de QFD é normalmente coordenada por um time de trabalho multidisciplinar- marketing, engenharia, manufatura, distribuição, desenvolvimento e outros, que seguirão sua disciplina de conhecimento e seu Know-How no entendimento, na interpretação e tradução dos requerimentos dos clientes (DAETZ, 1995).

Em resumo, o QFD é uma metodologia que pode ser implantada e utilizada como uma ferramenta do planejamento estratégico, pois conduz uma integração dos sub processos do processo de criação de um novo produto, tendo como consequência a satisfação dos desejos e necessidades dos clientes, que frequentemente são elaboradas de maneira vaga, dando como resultado produzir um produto que realmente o cliente compre e disponibilizando assim no mercado antes que sua concorrência faça.

Matriz da Casa da Qualidade do QFD

O QFD serve para converter as necessidades qualitativas dos clientes em características técnicas quantitativas definindo metas para o produto/serviços e desdobrando essas características para outros níveis relacionados. A matriz Casa da qualidade é um método que utiliza e relaciona dois grupos de informações.

No início do processo, os requisitos dos clientes (Voc-Voice of Customer), são traduzidos em características da qualidade dos produtos, ou seja, em especificação e atributos que sejam, preferencialmente, mensuráveis (FILHO et al.,201).

De acordo com Baxter (2011), para o planejamento do produto pode se considerar quatro etapas:

Desenvolve-se uma matriz para converter as características desejadas pelos consumidores em atributos técnicos do produto.

Os produtos concorrentes são analisados e ordenados quanto a satisfação dos consumidores e desempenho técnico.

Fixam-se metas quantitativas para cada atributo técnico do produto.

Essas metas são priorizadas, visando orientar os esforços de projetos.

Etapa 1 - A Conversão Das Necessidades Do Consumidor: de acordo com Baxter (2011), “a matriz de conversão ou de relações é o núcleo do Desdobramento da Função Qualidade”. Essa matriz faz a conversão das necessidades do consumidor em requisitos técnicos do produto, aplicando-se um processo sistemático.

Etapa 2 - Análise Dos Produtos Concorrentes: a análise dos produtos concorrentes é realizada de

duas maneiras, no Desdobramento da Função Qualidade. Em primeiro lugar, os consumidores devem fazer

uma avaliação dos produtos concorrentes, usando as necessidades do consumidor. Em segundo lugar, a

equipe de projeto avalia os produtos concorrentes de acordo com os requisitos técnicos do projeto (BAXTER,

2011).

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Etapa 3 - Fixação Das Metas Quantitativas: é realizada através da análise dos métodos quantitativos, onde depois de analisado estimando assim uma meta a ser seguida, ou seja, através da quantificação dos dados analisa como pode se alcançar o objetivo final.

Etapa 4 - Priorização Das Metas: após a fixação das metas a serem alcançadas, devem-se estabelecer as prioridades, para que os esforços de projetos sejam direcionados para os pontos importantes. Também pode acontecer que certas metas sejam sacrificadas, se surgirem conflitos entre elas. Nesses casos, é necessário adotar uma solução de compromisso, avaliando-se o que é prioritário ou mais importante (BAXTER, 2011).

Elementos da Casa da Qualidade

Para o desenvolvimento da matriz Casa da qualidade, deve se estudar cada componente que está presente nessa matriz, para que durante o processo de formação se possa garantir que todas as etapas sejam realizadas. De acordo com Amaral et al., (2006) há várias versões existentes do QFD. Entre as mais conhecidas, temos aquelas propostas por Akao (1990), King (1989), e ASI (1993). A seguir, será descrito o modelo da ASI que é considerado o mais simplificado, porém consegue realizar todas as aquisições necessárias.

Figura 1: Matriz Casa da qualidade. Fonte: Adaptado ASI (1993 citado por Rozenfeld et al. 2006).

O Desdobramento da Função Qualidade permite transformar as necessidades do consumidor em requisitos de projeto, usando a “matriz de conversão” ou “matriz Casa da qualidade”, conforme apresentado na figura 1. Esses requisitos podem ser quantificados e priorizados pela análise dos produtos concorrentes e com o uso de um sistema de ponderação das importâncias relativas (BAXTER, 2011).

De acordo com Akao (1990), Cheng et al. (1995) e Ohfuji et al. (1997), os requisitos dos clientes são

as expressões linguísticas dos clientes convertidas (qualitativamente) em necessidades reais. Devêm ser

obtidos, segundo Akao (1996) e Ohfuji et al. (1997), em pesquisas de mercado e em publicações técnicas. De

acordo com Amaral et al. (2006), os requisitos dos clientes estão baseados “no que os clientes esperam que

o produtos façam”.

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A identificação do grau de importância dos requisitos-cliente durante esse processo de identificação é levado em consideração os requisitos que o produto tem que possui e sua importância para o cliente, atribuindo uma nota a cada requisito em uma escala de 1 a 5. Segundo Akao (1996), “pode ser relativa ou absoluta”. A escala é relativa quando o cliente indica a importância de cada requisito em comparação aos demais (este requisito é mais importante que aquele). A escala é absoluta quando o cliente analisa a influência de cada requisito em sua decisão de compra do produto, sem compará-lo com os demais.

O Benchmarking competitivo é uma comparação entre o produto atual da empresa e os produtos dos concorrentes, esta pesquisa tem como base no desempenho de cada produto juntamente com os clientes e, sua avaliação é através do método quantitativo.

Conforme Amaral et al. (2006), “pode-se identificar a situação atual do produto com relação aos concorrentes, comparando quanto os requisitos dos clientes estão sendo satisfeitos. Com isso, pode-se encontrar oportunidades para melhorias no produtos”.

Os requisitos dos produtos serão a medida da habilidade do produto para satisfazer os requisitos dos clientes (AMARAL et al., 2006). É uma relação entre o que os clientes necessitam e o que o produto pode modificar para atender essa necessidade. A quantificação dos requisitos dos produtos irá formar o conjunto de especificações para o produto a ser desenvolvido (AMARAL et al., 2006). Os valores da meta devem ser capazes de atender as necessidades dos clientes, melhorando a posição competitiva do produto no mercado (ESTORÍLIO, 2003).

Já a matriz de correlação é o teto da Casa da qualidade, está cruza as características de qualidade entre si, sempre duas a duas, permitindo identificar como elas se relacionam (OTELINO, 1999).

Os Benefícios na Utilização do QFD

Há vários benefícios na utilização do método QFD - Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade). Conforme Amaral et al. (2006), aponta que os principais benefícios do QFD “são a redução do número de mudanças de projetos, diminuição do ciclo de projeto, redução do custo e de reclamação de garantia, planejamento da garantia de qualidade, favorece a comunicação, traduz as vontades dos clientes, identifica as características mais relevantes e possibilita a percepção dos fabricantes”.

Com o QFD pode se elaborar uma lista de requisitos para uma melhor identificação das vontades do cliente, ocasionando uma otimização nos processos de desenvolvimento, reduzindo assim os números de mudanças e ciclo de projetos.

Consequentemente há redução nos custo, pois terá uma maior percepção de futuras metas e

objetivos que terá como base a vontade dos clientes e através da análise dos concorrentes não havendo

perdas de tempo durante os processos, ocasionando produtos com qualidade em tempo hábil, diminuindo

assim as reclamações na garantia.

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O QFD favorece o fator comunicação entre cliente e empresa, pois somente através dessa comunicação que são identificadas as vontades, as características dos clientes possibilitando maior interação entre o produto, cliente e fabricante.

De acordo com Abreu (2007), o QFD torna possível à empresa: (a) Definir especificações de produto para atender tanto aos requisitos do cliente como dos desenvolvimentos necessários para superar a competição; (b) Aumentar a consistência entre o planejamento e o processo de produção; (c) Eliminar erros de interpretação que ocorrem no processo de desenvolvimento, principalmente nos estágios iniciais.

Como podemos observar há vários benefícios que uma empresa pode obter com a utilização do método do QFD, porem devemos salientar que para conseguir êxito em um projeto de desenvolvimento de novos produtos, devem ser considerados relevantes todos os requisitos dos clientes, ou seja, atender todas as suas necessidades explicita ou implícitas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como foi observado anteriormente o método Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade-QFD), é uma ferramenta que auxilia na identificação das necessidades intrínseca e extrínseca de seus clientes. Essa necessidade é baseada em dados quantitativos e qualitativos, ou seja, esses dados expressam o que os clientes esperam ao comprar um produto ou serviço.

Durante o processo de identificação é utilizado uma pesquisa de mercado através de questionários, onde o resultado obtido pela pesquisa é repassado para uma equipe multidisciplinar, que analisará e montará a Casa da qualidade.

Hoje no setor de produção há várias empresas que utilizam essa ferramenta. No desenvolvimento de novos produtos a Fiat automóvel S.A utilizou a metodologia do QFD, para garantir a qualidade de sua nova linha de motores Fire que a empresa instalou no Brasil (SASSI & MIGUEL citado por NOGUEIRA et al. 1999).

De acordo com os autores a utilização do QFD foi uma ferramenta muito eficaz e eficiente para repassar o projeto para equipe do setor de produção, ou seja, através da análise foi possível realizar o projeto conforme orientado na fase inicial. De acordo com Sassi e Miguel (2002), através da utilização do método do QFD foi possível a identificação dos processos e componentes críticos que devem ser inspecionados, mostrando como a qualidade dos componentes do motor interfere na qualidade final do produto e serviu como meio de documentação do conhecimento gerado durante o projeto de linha.

Como podemos perceber a linha de desenvolvimento de novos produtos da Fiat obteve êxito com a utilização do QFD em seus processos, isso só foi possível através da análise e interpretação dos requisitos dos clientes. Conforme Batalha (citado por AKAO, 1996), o QFD é um método para o desenvolvimento de um projeto de qualidade que busca satisfazer o cliente por meio da tradução dos requisitos dele (voz do cliente) em metas de projetos e parâmetros de controle de processo para assegurar a qualidade durante a produção do produto.

Já a Volkswagem do Brasil vem usando o QFD para desenvolver ônibus e caminhões, ficando restrito

apenas a sua primeira matriz (Casa da qualidade), sendo uma pequena etapa do ciclo de desenvolvimento

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de produto da empresa (BITTENCOURT, 2006). A empresa Volkswagem utilizou o QFD apenas na primeira etapa do ciclo do produto que é a Casa da qualidade onde são priorizadas as necessidades do cliente, traduzindo as suas expectativas perante o produto.

A empresa Sadia de alimentos recentemente necessitou comprar novos equipamentos para fabricar uma família de produto. Para realizar esses processos de transferência de tecnologia, de modo que a empresa comprasse equipamentos certos, ela utilizou a metodologia do QFD como guia deste processo (SASSI &

MIGUEL, 2002). O objetivo central da utilização do QFD neste processo foi garantir que os requisitos dos clientes perante as características do produto, matéria-prima e os processos, seja adequado e necessário para atender estas exigências.

Um estudo realizado demonstrou a utilização QFD na definição de medidas de qualidade de produtos de software. Onde a união do método QFD e do padrão de qualidade ISO-9126 possibilitou a criação de um método de aferição de qualidade, que desdobra a qualidade esperada pelo usuário em medidas. Com essas medidas é possível acompanhar a qualidade do produto desde início da sua construção até a entrega ao cliente (VIVEIROS, 2006).

De acordo com Carnevalli e Miguel (2009), para implantação do QFD, deve-se seguir alguns pontos que segundo os autores julgam-se ser importante para que se tenha êxito durante o processo, os seguintes pontos são “a empresa deve desenvolver um nível de controle de qualidade que permita fabricar produtos com especificação determinadas pelo QFD, ter apoio da alta administração, a empresa deve conhecer o método antes de implantar”.

Para utilização do QFD, a empresa tem que ter um controle de qualidade atuante, pois sem o mesmo o QFD não alcançará o seu objetivo final, resultando que a empresa não conseguirá produzir os produtos com todas as características desejadas. Ter apoio da alta administração é fundamental para o sucesso da implantação da metodologia do QFD, pois pode ocorrer mudanças em relação ao trabalho, assim se faz necessário que todos tenham conhecimento pleno da ferramenta, de forma que seja evitado vários problemas, como resistência por parte de seus colaboradores.

O processo de implantação do QFD deve-se levar em conta várias características durante o processo, onde a empresa deve priorizar o real objetivo da implantação do método, o envolvimento e o treinamento da equipe da administração é fator principal para a obtenção do sucesso de qualquer projeto. O sistema QFD pode ser implantado em qualquer sistema produtivo, ou seja, em qualquer segmento de indústria, a empresa deve utilizar informações externas e internas para que se possam identificar os requisitos de seus clientes.

CONCLUSÃO

Em busca de inovações tecnológicas para o desenvolvimento de novos produtos, novas práticas estão

sendo utilizadas nas empresas, uma dessas novas práticas está o Quality Function Deployment

(Desdobramento da Função Qualidade-QFD), que tem por objetivo identificar as necessidades de seus

clientes, onde é priorizado e repassado para os projetos em fase inicial.

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O QFD no Brasil passou a ser utilizado no final da década de 80 para o início de 90, sempre buscando a integração entre cliente e produto, o método pode ser utilizado em diversos segmentos de produção, cabendo aos seus administradores a utilização correta, a implantação desse método em uma empresa não é difícil, pois ele é versátil.

Qualquer empresa que utiliza esse processo durante o desenvolvimento de um produto deseja obter os seguintes benefícios como: a qualidade de seus produtos, traduzir os requisitos que seus clientes desejam, diminuindo assim alterações nos projetos e consequentemente tendo uma maior aceitação do seu público alvo.

Pode se observar com as definições apresentadas que as características do processo de desenvolvimento de novos produtos necessitam ser conceituadas no nível estratégico e operacional. O método QFD apresentado destaca seus fundamentos, dando enfoque na matriz da Casa da qualidade, que tem como objetivo identificar as necessidades dos clientes.

Evidenciou-se com o estudo que ao programar a ferramenta QFD a empresa adquire vantagem competitiva em relação aos concorrentes, já que identifica as necessidades dos clientes frente ao produto a ser desenvolvido, fornecendo as características desejadas ao mercado consumidor.

Para a continuidade deste trabalho é de extrema importância que haja um estudo mais aprofundado da utilização do método QFD. Assim, cabe como recomendação a aplicação de um estudo de caso nas indústrias da nossa região, tendo como objetivo verificar quais os requisitos que podem ser modificados para atendê-la a demanda dos seus consumidores. Pois satisfazer as necessidades, garantir qualidade de seus produtos e aceitação dos seus clientes são os objetivos principais de uma empresa que deseja ter êxito nos lançamentos de seus novos produtos.

REFERÊNCIAS

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Referências

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