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UM ESTUDO SOBRE AS ESCOLAS TÉCNICAS NO INÍCIO DO PARANÁ REPUBLICANO

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UM ESTUDO SOBRE AS ESCOLAS TÉCNICAS NO INÍCIO DO

PARANÁ REPUBLICANO

ZANLORENSE Maria Joselia (UEPG) 1 NASCIMENTO Maria Isabel Moura (UEPG) 2 SOUSA Nilvan Laurindo (UEPG) 3 Agencia Financiadora: CNPq

Este estudo refere-se a uma pesquisa de mestrado em andamento e tem como finalidade contribuir para a História da Educação Brasileira, bem como com a história do Paraná diante da temática a qual se reporta a criação das primeiras Escolas Técnicas do Estado do Paraná instaladas nos primeiros cinqüenta anos do século XX. Período este que trata da instauração da República e seu imaginário de sociedade desenvolvida que vê na educação o elemento fundamental de mudança social e elevação do indivíduo que contribuiria com o desenvolvimento da sociedade. O amor a pátria, a formação da moral do brasileiro e formar o trabalhador para o meio o qual estava inserido permeava os ideais de educação do mencionado período.

No final do século XIX o Brasil passa por crises política e nas relações de produção. Neste cenário se consolida um novo cenário social e político brasileiro, o trabalho livre e assalariado e o regime republicano. Com o crescimento da agricultura cafeeira no final do século XIX e um novo sistema de organização social fundamentado na mão de obra assalariada, dois fatores interdependestes se fizeram expressar neste período, a imigração com um grande contingente de pessoas vindo da Europa para trabalhar no cultivo do café e a industrialização que se fazia nascente, que se desenvolve com o decorrer dos tempos republicanos e recebe maior ênfase após os anos trinta do século XX.

1

Mestranda em História e Políticas Educacionais da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

2

Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

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O Brasil termina o século XIX e adentra o XX com a economia eminentemente agrícola e exportadora. Entre os produtos produzidos no Brasil, o café assume o primeiro lugar na lista dos grandes produtos exportáveis. Embora o café tenha passado por crises no ano de 1896, com superprodução e queda no comércio e nos preços, entrou no século XX no auge de sua produção gerando para o país grande acréscimo econômico e manteve esta predominância nas três primeiras décadas do século XX. Assim pontua Prado Junior (2008):

De todos os produtos brasileiros modernos, o primeiro e soberano lugar cabe ao café. [...]. Ele se classificará no século XX, entre os primeiros, se não o primeiro gênero primário do comercio internacional; e o Brasil, com sua quota de 70% da produção, gozará de primazia indisputada. (PRADO JUNIOR, 2008, p. 225-226).

O Paraná no findar do Império e início do período republicano adentrando no século XX apresentava como elemento mais forte de sua economia a produção de erva-mate. Contava esta recente Província, como no restante do país com a mão de obra escrava, instalado no Paraná primeiro com a com a exploração do ouro no litoral paranaense, depois com a produção da erva mate. Embora este sistema de mão de obra não se mostrasse de forma intensa como no Nordeste do Brasil com a produção do açúcar o mesmo se fez presente neste Estado “O Paraná passou a ser a terra da erva-mate. Tornou-se o maior produtor e exportador do país [...]” (WACHOWICZ, 1995, p. 128).

Com nosso estudo direcionado para o mesmo período, fim do século XIX e inicio do século XX pretendemos averiguar as mudanças socioeconômicas que ocorreram no mencionado período juntamente com os ideais republicanos de sociedade, acompanhado do desejo de progresso que permeava o novo regime que a pouco tempo havia se instalado no país. Neste contexto pretendemos constatar as necessidades que emergiam da sociedade e os discursos que permearam a criação das escolas técnicas na zona rural e urbana do Estado do Paraná.

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moradores brasileiro os portugueses, os negros e os índios (WACHOWICZ, 1995, p. 268) nas demais regiões do Paraná contava também com mineiros e paulistas.

Estado paranaense recebeu um grande número de imigrantes de diferentes nacionalidades que se instalaram também em diferentes localidades e regiões do Paraná “[...] alemães, poloneses, italianos, ucranianos, sírio-libaneses, austríacos, franceses, ingleses, holandeses, etc. Os alemães influenciaram mais as cidades e os poloneses a produção agrícola. (WACHOWICZ, 1995, p. 268). Diante deste contexto o Estado do Paraná passa a conquistar posição no cenário econômico nacional.

O cultivo do café conquista espaço cada vez mais na economia brasileira e ocupa o lugar central da economia brasileira como produto de exportação. Este encontrará grande espaço no mercado mundial e fará do Brasil um exportador por excelência durante as décadas finais do século XIX e alguns decênios do século XX. Oriunda desde os meados do século XIX, a economia cafeeira influenciou fortemente o desenvolvimento econômico e social brasileiro.

O café já era o principal produto brasileiro de exportação na década de 1840; mas na segunda metade do século XIX, sobretudo a partir das décadas de 1860 e 1870, a produção cafeeira passou por transformações profundas. A história dessas transformações é a história da formação de novas relações de produção não somente na economia cafeeira, mas no conjunto da sociedade brasileira (SILVA, 1976, p. 12).

A valorização do café gerou alterações na sociedade, pois enquanto o Norte decaía como grande produtor de café devido a falta de mão de obra o Oeste do país tomava para si a produção do produto em voga para exportação. Com estes acontecimentos o que acontece é o deslocamento de grande parte da população do Norte para o Sul do país.

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Para atender a esta demanda de desenvolvimento no século XX, vindo a responder as necessidades e avanços da economia agrícola nacional, ao lado deste avanço houve também o desenvolvimento das estradas de ferro. Salvo que no período imperial esta iniciativa já havia sido tomada, mas de modo muito tênue. Poucas estradas foram criadas nesta ocasião, das quais se destacava em maior proporção eram as estradas de ferro. “O aparelhamento técnico se desenvolvera bastante. As estradas de ferro, cujo estabelecimento data de 1852, somavam cerca de 9 mil km de linhas em tráfego, e outros 1.500 em construção” (PRADO JUNIOR, 2008, p. 196). Quanto às estradas de rodagem sua proporção seria muito menor diante do exposto sobre as de ferro, conforme apresenta. Contava o Brasil apenas com as estradas “União e Indústria” que ligava Petrópolis e Juiz de Fora, a estrada que ligava Curitiba e Antonina no Paraná.

Com incremento nas estradas de ferro e de rodagem o setor industrial brasileiro principia seu desenvolvimento devido aos diversos fatores favoráveis a este processo. Podemos apontar entre eles a acumulação de capital com a exportação do café, o aumento do consumo interno, a disponibilidade de mão de obra livre e assalariada, a elevação do preço das mercadorias importadas (NAGLE 1974).

O setor econômico brasileiro apresentou taxa de aumentos e declínios após as décadas de 1930, com o desenvolvimento tanto da agricultura quanto da indústria. Aumenta a produção agrícola para o consumo interno brasileiro e a indústria começa a dar seus passos em direção à produção do consumo interno.

As taxas de crescimento anual da indústria permitem entender melhor o processo de industrialização posterior de 1930. Elas indicam um considerável avanço entre 1933 e 1939 e um ímpeto menor entre 1939 e 1945. Isto significa que a indústria se recuperou rapidamente dos anos de depressão iniciados em 1929 (FAUSTO, 2001, p. 217).

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Relatório do Secretário de Negócios e Obras Publicas e imigração Francisco Gutierrez Beltrão ao Exmo. Sr. Dr. Presidente do Paraná Vicente Machado da Silva Lima:

A conservação das estradas e caminhos de rodagem que ligam as diversas zonas do Estado e a construção das necessárias ao desenvolvimento das indústrias e proveitosa exploração das riquezas do solo paranaense, constituem um dos importantes ramos de serviços affectos a este departamento da administração publica e tem merecido acurada attenção para que sejam executados o programma e determinações de V. Ex. ( PARANÁ, 1906, p. 22).

Possibilidades estas que se concretizaram em proporções cada vez mais extensas. Propiciaram amplo desenvolvimento ao Brasil que emergia diante das influências internacionais no setor industrial. Passando a economia brasileira não somente ao setor agrícola, mas também o industrial. Ao lado deste vieram conseqüentemente o desenvolvimento social com as imigrações e povoamentos.

Surge no setor industrial nos primeiros tempos da república a necessidade de preparação para o trabalho nas indústrias e no comércio. Torna se indispensável a formação da mão de obra devido o crescimento do setor econômico brasileiro. Espaço o qual a educação também se mostrava inteirada das questões emergentes e delas se fazia direcionar para a busca de soluções que suprissem a demanda da mão de obra na esfera social imposta pela economia crescente, pois “os fatores econômicos também exerciam pressão no sentido de ser melhorada a mão-de-obra dos estabelecimentos fabris” (FONSECA, 1986, p. 173).

O novo cenário social e econômico paranaense exigem novas ações e dentro da demanda que emerge na sociedade, a educação pública requer ser pensada. Foram atendidas as cidades de maior representação na economia paranaense, entre estas está Curitiba - capital do Estado do Paraná, Paranaguá, Ponta Grossa, Guarapuava e Castro, as quais são as cidades mais antigas do Estado e que o comércio se fazia mais intenso para a criação dos Institutos Comerciais.

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criadas as primeiras escolas técnicas do ensino público, como concretização do importante papel da educação no processo de desenvolvimento e modernização da sociedade brasileira. A delimitação do objeto, de tempo e de região no presente estudo possibilita compreender o movimento parte todo do Ensino Técnico no período da instauração republicana.

Como critério de delimitação do campo de pesquisa foi adotado a região do Paraná frente ao número significativo de escolas técnicas neste Estado. Também, ao realizar o resgate da história destas instituições objetivamos contribuir para a história do Estado e da educação paranaense. Até a primeira metade do século XX o Estado do Paraná conta com as seguintes localidades elevadas à categoria de cidade por decretos pelo do Estado do Paraná4, Curitiba 1842, Foz do Iguaçu 1943, Castro 1857, Ponta grossa 1862, Morretes 1869, Guarapuava 1871, Palmeira 1877, Campo largo 1882, Rio Negro 1896, Palmas 1896, São José da Boa Vista 1897, Tibagi 1897, São José dos Pinhais 1897, Jaguariaiva 1908, Imbituva 1910, Jacarezinho 1911, Ribeirão Claro 1911, Jataizinho1929, Santo Antonio da Platina 1929, Prudentópolis1929, Ipiranga 1930, Rebouças 1937, Piraquara 1938 (FERREIRA, 1996).

O presente estudo se integra a um projeto maior sobre as instituições escolares, que tem por objetivo o levantamento e catalogação das fontes primárias e secundárias desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” com sede na Faculdade de Educação da Universidade de Campinas-UNICAMP (NASCIMENTO, 2004).

O Estado do Paraná até a metade do século XX contava com o povoamento de uma grande leva de imigrantes, com característica predominantemente agrícola e o setor econômico girava de início em torno em torno da produção da erva mate, seguida da exportação de madeira e produção do café5, elemento base da economia brasileira neste período.

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As datas que seguem os nomes das cidades são referentes ao período de elevação das localidades à categoria de cidades. Os dados foram retirados da obra de FERREIRA, João Carlos Vicente, 1996.

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O desenvolvimento e urbanização deste Estado foram acrescidos pela construção da estrada de ferro e de rodovias contribuindo para o surgimento de novas cidades, principalmente no norte do Paraná.

Embora este estudo tenha como objeto as escolas técnicas do Paraná vale ressaltar que estas instituições não se desenvolveram de modo desvinculado da realidade social e educacional brasileira, mas se mostram como reflexo de uma realidade maior de determinada sociedade evidenciando desta forma seus aspectos sociais e econômicos. Assim sendo a história das escolas técnicas do Paraná tem suas particularidades que as fazem singulares enquanto objeto de pesquisa. No entanto para compreender seu surgimento torna-se necessário apreender sua ligação com a realidade nacional de forma mais ampla, bem como as carências surgidas naquele contexto.

No interior das instituições há um quebra-cabeça a ser decifrado. Uma vez dentro da instituição, trata-se de se fazer o jogo das peças em busca dos seus respectivos lugares. Legislação, padrões disciplinares, conteúdos escolares, relações de poder, ordenamento do cotidiano, uso dos espaços, docentes, alunos e infinitas outras coisas ali se cruzam. Pode-se dizer que uma instituição escolar ou educativa é a síntese de múltiplas determinações, de variadíssimas instancias (política, econômica, cultural, religiosa, da educação geral, moral, ideológica etc.) que agem e interagem entre si, “acomodando-se” dialeticamente de maneira tal que daí resulte uma identidade (SANFELICE, 2007, p. 77).

Propomo-nos nesta pesquisa em realizar o resgate das fontes históricas e de reconstrução histórica das Instituições Escolares Técnicas Públicas. No qual nos defrontamos com dois problemas presentes nas investigações da História das Instituições Escolares, que são: o trabalho de levantamento e catalogação de fontes diante das condições de armazenamento e manutenção pelas escolas públicas e o trabalho de articulação dos diversos tipos de fontes, de modo a não deixar escapar as características e o significado do fenômeno investigado (SAVIANI, 1999).

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fontes6, que são o ponto de origem, a base e o ponto de apoio para a produção historiográfica e ganha significado na medida em que traz a expressão de sujeitos ou grupos sociais específicos, que representam um contexto histórico determinado, sendo relevantes para compreensão da História da Educação de uma sociedade.

Este trabalho de resgate das fontes e de reconstrução histórica das Escolas técnicas tem um significado especial para a comunidade escolar e para os grupos sociais com os quais tem relações, no sentido, de possibilitar uma melhor compreensão do desenvolvimento histórico das comunidades onde as instituições estão inseridas, visto que, ao estudar uma determinada região ou instituições estas não se apresentam isoladas de uma abrangência maior e se mostram como reflexo dos acontecimentos gerais de uma determinada época em seus diferentes aspectos.

Para a compreensão do objeto de pesquisa neste exposto, necessário se fez conhecer a totalidade dos acontecimentos ocorridos na história e as mudanças ocorridas na sociedade, inteirando deste estudo o conhecimento do processo de transição da mão de obra escrava para o trabalho assalariado, a passagem do Império para a República e o crescimento da produção de exportação o café como fator de destaque da economia brasileira. Estes elementos tiveram significativa importância no processo de transformação social e econômica nacional. Transformam-se também neste contexto as relações de trabalho que sai do sistema escravista para o trabalho assalariado. O trabalhador perde sua identidade de ser transformador da natureza, passa a ser um meio de produção dentro do sistema capitalista ao vender sua força de trabalho, de certa forma – uma mercadoria.

Pelo trabalho o ser humano se diferencia dos demais animais como ser pensante, ser racional que planeja suas ações, também é pelo trabalho que se integram homem e natureza, satisfaz as necessidades de sobrevivência e por meio deste, a sociedade se organiza. No sistema capitalista o trabalho assume outra perspectiva. A separação do homem daquilo que ele produz impossibilita o ser humano de se reconhecer como produtor, não vê o resultado final do seu trabalho, alem de não ser proprietário dos meios dos quais produz. Torna-se mero instrumento, possuidor de uma mercadoria

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chamada “força de trabalho”. O trabalho, agora dentro deste novo molde empregado pela transição da mão de obra escrava para o trabalho livre assume os anseios do capital. (MARX, 2011).

A separação do trabalhador dos meios e técnicas de produção e dos resultados de seu trabalho, torna-o alienado, constituindo-se num ser estranho ao próprio mundo e às coisas que produz. Além disso, a divisão social do trabalho no capitalismo estabelece o lugar dos indivíduos na sociedade, colocando-os em classes sociais opostas: a classe dos proprietários dos meios de produção e a classe dos que possuem apenas a sua força de trabalho para vender no mercado de trabalho, em relações baseadas na exploração dos trabalhadores pelos que são proprietários e, realmente, controlam os meios de produção (NASCIMENTO, 2009, p. 16).

A estas mudanças acompanharam também o grande afluxo de imigrantes e o desenvolvimento da indústria, com tais alterações a educação passa a ser vista como elemento e meio de ascensão social por meio da alfabetização. “Como pano de fundo na Primeira República, o que havia era uma preocupação marcante em acabar com o analfabetismo por meio da escola elementar para o povo” (NASCIMENTO, 2006, p. 327).

Acompanhando os anseios capitalistas o Brasil toma iniciativas de organização do ensino e passa a criar as escolas técnicas e assim responder as necessidades de formar o trabalhador para as industrias nascente.

Ao lado do desenvolvimento econômico brasileiro, foram criadas as Escolas Técnicas para corresponder a interesses que viessem a contribuir para a continuidade da economia capitalista e gerar novos trabalhadores, agora instruídos conforme o desejo dos ideais republicanos para a nação. O progresso econômico direcionava o empenho de novas formas de ensino, nesse contexto se investe no ensino profissional para os diferentes setores da economia.

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Escolas Técnicas urbanas do Estado do Paraná; analisar o processo de criação das Escolas Técnicas rurais do Estado do Paraná.

Para compreender a realidade da época em que se apresentam as escolas técnicas no período de 1900 a 1950, partiremos do entendimento da totalidade deste contexto, o que compreende os aspectos sociais, econômicos e políticos que se apresentavam neste período. É necessário “[...] que o objeto, a sociedade, esteja constantemente presente no espírito como dado primeiro.” (MARX, 2003, p. 249). No estudo da sociedade e suas múltiplas relações enquanto totalidade, abordaremos as instituições escolares do Ensino Técnico do Estado do Paraná enquanto o específico dentro destas relações a serem estudadas.

Para evidenciar o movimento das alterações sociais e elucidar os elementos determinantes das referidas mudanças na sociedade capitalista brasileira utilizaremos o enfoque do materialismo histórico elencando cinco categorias de analise: trabalho, sociedade, educação, rural e urbano. Este proceder possibilita uma compreensão mais acurada da totalidade em que se insere o objeto de estudo permitindo a contextualização da pesquisa na história, compreendendo e apreendendo a realidade dos acontecimentos, suas relações e a produção destas relações. “Em todas as formas de sociedade é uma produção determinada e as relações por ela produzidas que estabelecem a todas as outras produções e às relações a que elas dão origem a sua categoria e a sua importância” (MARX, 2003, p. 255-256).

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Desta forma visamos conhecer e compreender os acontecimentos e a totalidade dos fatos no decorrer da história da educação brasileira, necessidade esta fundamental para se evidencie as influências e necessidades que determinaram o surgimento e instalação das Escolas Técnicas do Estado do Paraná bem como as alterações que estas instituições sofreram no decorrer do mencionado período.

O ano de 1950 encerra um ciclo de criação de escolas técnicas republicanas, tendo em vista, que a partir da década de 1950 a escolarização amplia-se significativamente. No levantamento das Instituições Escolares Técnicas criadas no Estado e no período delimitado para esta pesquisa foram registradas preliminarmente as seguintes escolas:

LISTA DAS ESCOLAS

ESCOLA ANO DE

CRIAÇÃO

LOCALIZAÇÃO TIPO

1 Instituto Comercial do Paraná 1905 Curitiba Urbana

2 Instituto Comercial de Castro 1905 Castro Urbana

3 Instituto Comercial de Guarapuava

1905 Guarapuava Urbana

4 Instituto Comercial de Ponta Grossa

1907 Ponta Grossa Urbana

5 Instituto Comercial de Paranaguá 1910 Paranaguá Urbana 7 Escola de Aprendizes Artífices

1937 – A instituição passa a ser chamada de Liceu Industrial de Curitiba

1909 Curitiba Urbana

8 Escola de Trabalhadores Rurais do Canguiri

1933 Piraquara Rural

9 Grupo Escolar Júlio Teodorico 1935 Ponta Grossa Urbana 10 Escolas dos Trabalhadores Rurais

Olegário Macedo

1935 Castro Rural

11 Escola de Pescadores Antonio Serafim Lopes

1936 Paranaguá – Ilha das Cobras

Rural 12 Escola de Trabalhadores Rurais

Dr. Carlos Cavalcanti

1937 Curitiba Rural

13 Escola de Trabalhadores Rurais Augusto Ribas

1937 Ponta Grossa Rural

14 Escola de Pescadores de Guaratuba

1940 Guaratuba Rural

15 Escola de Trabalhadores Rurais Lysimaco Ferreira da Costa

1940 Rio Negro Rural

16 Escola de Trabalhadores Rurais Gil Stein.

1940 Ivaí Rural

17 Escola de Trabalhadores Rurais de Três Bicos

1940 Faxinal de Catanduva - Cândido de Abreu

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Estação de Viticultura

19 Escola de Trabalhadores Rurais Getúlio Vargas

1941 Palmeira Rural

20 Escola Técnica de Comércio de Curitiba

1941 Curitiba Urbana

21 Escola de Trabalhadores Rurais Franklin Roosevelt

1945 Santo Antonio da

Platina

Rural

O caminho percorrido para a coleta das fontes mostrou-se um pouco mais difícil do que se esperava, pois das escolas criadas e instaladas no período de 1905 a 1945 apenas seis ainda existem. Este dado se conferiu ao entrar em contato com as cidades, iniciando a trajetória a princípio via telefone com as prefeituras, bibliotecas, secretaria da agricultura, museu da cidade, casa da cultura, núcleo regional de educação, secretaria municipal de educação e historiadores; conforme se ia direcionando as informações sobre a escola, isso quando se sabia da existência da mesma. Em certas cidades já não se conhecia mais a existência destas instituições o que dificultou a localização de algum tipo de documentos que viessem a comprovar a existência da escola.

O procedimento metodológico empregado na pesquisa foi de inicio entrar em contato com os órgãos responsáveis e visitar as cidades em que as escolas foram inseridas, na busca de documentos tais como atas, históricos escolares, fotos, reportagens, diários de professores, relatórios, documentos de transferência de professores, etc. e que comprovassem a existências destas instituições.

Das escolas pesquisadas e que possuem seus registros históricos arquivados e em bom estado foram a Escola de Aprendizes Artífices do Paraná em Curitiba criada em 1909 e em 1937 passou a ser chamada de Liceu Industrial Paranaense, hoje Universidade Tecnológica do Paraná – UTFPR, a Escola de Trabalhadores Rurais Lysímaco Ferreira da Costa instalada em 1941 na cidade de Rio Negro Escola de Trabalhadores Rurais Augusto Ribas de 1937 em Ponta Grossa, hoje Colégio Agrícola, A Escola de Comércio Júlio Teodorico em Ponta Grossa que passou a denominar-se Grupo Escolar Júlio Teodorico, Escola de trabalhadores Rurais Gil Stein .

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Escola, revista do grêmio dos professores públicos do Estado do Paraná. Senso estes as principais referencias primárias sobre as existências das instituições buscadas nesta pesquisa.

Para compreender o processo de transição no contexto estudado o presente estudo se estruturar em três capítulos: no primeiro buscamos Discutir o processo de

constituição do Ensino técnico no Brasil Republicano e entender com estava

organizada a sociedade no período de 1889, momento em que ocorria o processo de transição da mão de obra escrava para o trabalho livre e assalariado, a mudança do sistema político que passa da Monarquia para a República, o desenvolvimento industrial, a grande expansão cafeeira, a imigração e neste contexto como se encontrava a educação brasileira, em específico a educação profissional.

No segundo capítulo Analisar o processo de criação das escolas Técnicas

urbanas do Estado do Paraná, evidenciamos as especificidades de cada cidade e os

elementos determinantes para a criação desta escola neste local.

No terceiro capítulo Analisar o processo de criação das Escolas Técnicas

rurais do Estado do Paraná, delineamos as características destas localidades que

comportaram este tipo de ensino, bem como as necessidades das quais emergiram a instalação destas escolas, o porquê desta educação para aquela localidade e quem era o público atendido.

Considerações

Pretendemos com o presente estudo que se encontra em andamento evidenciar quais os fatores que determinaram criação das escolas técnicas no Estado do Paraná, quais as demandas sociais que potencializaram sua instalação, bem como a que público estas instituições vieram atender.

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Atentamos-nos pelo fato deste estudo encontrar-se em andamento, assim levamos em consideração as possibilidades dos diferentes resultados que possivelmente pode se evidenciar. Neste sentido o que temos a considerar é o conhecimento de que, das escolas técnicas criadas no início do século XX, um pequeno número delas se encontra em atividade atualmente. Outro fator que não podemos descartar é a possibilidade de que no decorrer desta pesquisa outras instituições além das elencadas no quadro acima podem surgir.

Esta possibilidade indica que o resultado de uma pesquisa não é algo acabado em sua concepção inicial, quando se traça o caminho de estudo, mas resultado que se revela no decorrer do processo e que pode mostrar resultados não esperados, quando se baseia em hipóteses. Isto abre oportunidades de encaminhamentos para novas pesquisas, o que instiga o propósito do pesquisador.

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