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O IMPERIAL COLLEGIO DE PEDRO II E A CONSTRUÇÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO

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O IMPERIAL COLLEGIO DE PEDRO II E

A CONSTRUÇÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO

Antonio Carlos Nogueira de Mesquita Junior. Universidade do Estado do Rio de Janeiro

acarlos.junior@hotmail.com

Palavras chaves: Colégio Pedro II – Bacherelismo – Ensino secundário

INTRODUÇÃO:

O colégio Pedro II foi fundado no ano de 1838, pelo então ministro interino do Império, Bernardo Pereira de Vasconcelos1, que assinou o decreto no dia 02 de dezembro de 1837, data do aniversário do futuro imperador. Mas o colégio só começou a funcionar efetivamente no dia 25 de março de 1838, que era a data de comemoração do juramento à constituinte e era uma data santa, mantendo a harmonia com a igreja. A origem da instituição remonta ao século XVIII quando no mesmo lugar foi criado o Abrigo de Órfãos de São Pedro, cuja paróquia que fez isso tinha o mesmo nome. Em 1733, o bispo D.Antonio de Guadalupe fundou o Colégio de Órfãos de São Pedro e depois transformou em Seminário de São Joaquim em 1739, que no início foi fundado em um antigo casarão da Rua Larga na altura da Av. Marechal Floriano, onde fica a sede do Centro.

Em 1818, o então Rei de Portugal D. João VI, fugido de Portugal, ordenou fechar o colégio, para que servisse de abrigo para os soldados vindos com ele. Após muitas súplicas o príncipe regente D.Pedro I, reabre a instituição com o nome antigo. É quando o então Ministro Bernardo Pereira de Vasconcelos implanta a instituição, que foi a primeira a ter a instrução secundária oficial no Brasil, servindo de importante elemento de construção do projeto de educação realizada no império e continuada na República. A instituição foi o primeiro colégio de ensino secundário oficial no Brasil, caracterizando como importante elemento de construção do projeto civilizatório do Império, de fortalecimento do Estado e formação da nação brasileira.

O colégio a partir de 1857 tinha duas formas de funcionamento, o internato e o externato que foi instituído pelo então Ministro do Império, Marquês de Olinda2, onde manteve o externato no mesmo endereço e o internato que foi transferido para o Engenho Novo, sendo que os professores e as disciplinas seriam as mesmas nos dois locais, porém com reitores diferentes. Isso fez com aumentasse o número de matrículas no Colégio.

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Colégio Pedro II é uma das instituições mais pesquisadas não só em âmbito estadual, mais também no âmbito nacional, pois a partir dele, diversas instituições o tiravam como parâmetro para regulamentos de seus ensinos e também por sua historia gloriosa com diversas personalidades passando por ele. Por isso, este trabalho visa construir um olhar histórico sobre esta instituição, que foi considerada uma das mais importantes em relação ao ensino secundário, tema tratado neste artigo. Mostrará como foi à transição do colégio nos períodos imperial e republicano, colocando em evidência as permanências e suas mudanças, suas matrizes e como foram feitas estas mudanças e por que.

OS REFORMADORES:

Neste estudo, analiso três reformas que ocorreram entre 1876 e 1891, que são o Decreto 6130-1876 que altera os regulamentos do Colégio Pedro II e foi feito pelo então senador do império, ministro e secretario de negócios do império, Dr. José Bento da Cunha Figueiredo, que também foi presidente das províncias de Alagoas, Minas Gerais, Pernambuco e Pará; o Decreto 7247-1879, que reforma os ensinos primários e secundários feito por José Lins Vieira Cansanção de Sinimbu conhecido também por barão e visconde de sinimbu, que em sua história foi presidente das províncias de Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Sul e Bahia. Também lutou contra o tráfico negreiro, tanto que em 1859 enquanto presidia a província da Bahia prendeu o brigue-escuna norte americano Mary E.Smith levando todos que estavam envolvidos à prisão, pois para ele isso degradava a imagem do país; e a outra reforma chamada de Reforma Benjamin Constant, por que foi feita por Benjamin Constant Botelho de Magalhães3, esta já na era Republicana em 1891. Este importante político foi considerado o fundador da República, por a maioria de suas idéias serem positivistas, sendo primeiro ministro de Guerra e depois passou para ministro da instrução publica, que foi quando promoveu a reforma. Hoje há um instituto com seu nome que é referência nacional em pacientes com deficiência visual.

O Colégio Pedro II e o ensino secundário sofreram muitas reformas desde sua fundação e, praticamente a cada troca de inspetor de instrução pública havia uma nova reforma, mas as principais foram a reforma Couto Ferraz na Era Imperial e a Reforma Benjamin Constant na Era Republicana, que reformaram por completo as matrizes e os saberes, às vezes de forma um pouco radical. O ensino, na época, era comandado pela inspetoria de instrução pública, que era subordinada ao ministério dos negócios exteriores que comandavam a instrução pública primária e secundária que cuidava da educação.

AS REFORMAS:

Como disse anteriormente, neste artigo focalizo o estudo em três reformas que ocorreram com relação ao Colégio Pedro II e a reforma do ensino secundário. São elas: a reforma que altera o regulamento do Colégio Pedro II em 1876, a reforma que altera os ensinos primários e secundários em 1879 e a primeira quando houve a mudança de regime, do Império para a República, a reforma que ficou conhecida como Reforma Benjamin Constant em 1891. Elas basicamente trocam algumas disciplinas e o regime

como este ensino vai funcionar. Mas começaremos a falar especificamente de cada uma. A reforma de 1876 que altera os regulamentos do Colégio Pedro II foi feita por

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pontos interessantes do colégio em que se não eram vistos nas escolas poderiam ser vistos e nos dias atuais algumas das regras que foram impostas são claramente usadas nas nossas escolas. Nessa alteração de regulamento mantinha-se o curso no colégio com duração de sete anos, houve uma divisão de matérias por ano, já mostrando uma forma de vida acadêmica, que não se estuda todas as matérias de uma só vez. Fala-se de todas as matérias da escola, as grades curriculares de cada de disciplina, e uma coisa interessante pude observar foi que só são admitidos alunos que comprovem através de exames que sabem ler e escrever e que tivesse o conhecimento básico com gramática e aritmética.

Os planos de estudos seriam executados pelos dois tipos de instituição que o colégio tinha: o externato e o internato. Havia professores privativos de cada matéria tanto para o externato quanto para o internato, e os planos de estudos poderiam ser mudados através de reunião do corpo docente com a reitoria para alteração nos planos de estudos, mas isso só poderia ser feito de três em três anos. No artigo 12 do regulamento, fala que fica suprimida a classe de repetidores e explicadores do internato e externato respectivamente e que em seu lugar seria criada uma classe de substitutos e esses substitutos seriam escolhidos mediante concursos e haveria um substituto para cada matéria no internato e externato. Caso um professor se ausentasse ou saísse do colégio, a escolha seria também através de um concurso, mas só dentre os professores substitutos. Os substitutos tinham os mesmos deveres dos professores já contratados.

Em relação aos alunos, mostra que o aluno que tivesse mais de 40(quarenta) faltas ainda que justificadas em qualquer aula perdia o ano e só poderia concedê-lo a fazer as provas de novo, se o inspetor geral, que era, feita as medidas comparações, comparado com o posto de secretário de educação hoje, ouvidos professores, vice-reitor e reitor, o aluno tivesse boa conduta e que as faltas não prejudicaram o seu desempenho. Incluem-se também as festas, que no termino de cada ano letivo, haveria uma ou mais apresentações publicas dos alunos que participaram das aulas de ginástica. E haveria dia de premiação para os melhores alunos e apresentação dos melhores desenhos do ano e execução de coros. Os alunos que mais se destacassem durante as aulas de ginástica, desenho e musica seria concedida uma menção nas notas de aprovação que tiverem obtidos nas matérias de cada ano. E no mais fala sobre os exames que o colégio aplicava, que eram provas orais e escritas e caso o aluno ficasse em recuperação o exame era só oral. Os alunos que reprovassem três vezes consecutivas seriam jubilados, norma que ainda funciona em muitos estabelecimentos públicos de ensino nos dias atuais.

No decreto 7247 de 19 de abril de 1879 que reforma todo o ensino primário e secundário no município da corte e superior em todo império, feita por José Luiz Cansanção de Sinambú, inspetor de instrução publica. Este artigo altera toda a estrutura de ensino que havia no município da corte e no império. Algumas delas são muito interessantes como que para crianças pobres e que comprovassem essa carência, o governo fornecia todo o material, os pais que não colocassem seus filhos nas escolas receberiam multas pesadas.

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aonde foram gastos essas verbas que eram destinados para a educação. Falando um pouco sobre as estruturas das escolas, o funcionamento era durante os verões e invernos, compatível com o modelo americano, as escolas femininas de 1º grau eram livres, porém só podia entrar meninas com até 10 anos. Foi criado um caixa dos alunos, que seriam restituídas em forma de premio para os melhores. Seriam criados em cada distrito do município jardins de infância, para alocar as crianças, e também seriam criados pequenas bibliotecas e museus no município. Como foi uma mudança de regulamento, alterando tudo o que havia antes, houve mudanças no que o governo poderia modificar tais como alterar quaisquer fossem as necessidades que por ventura ocorrem, nas localidades afastadas das escolas publicas, as escolas particulares destes locais, que inspirasse confiança, o governo os faria a receber esses alunos que morassem nessas localidades a recebê-los de graça. Um projeto interessante que eles colocaram, foi de implantar professores itinerantes para percorrer anualmente certo numero de localidades, e demorando-se nela o tempo que for preciso, criação de escolas normais, criar ou auxiliar na criação de escola primaria para analfabetos, conceder aos colégios particulares que tenham mais de cinco anos de funcionamento e que apresentarem mais de 40 alunos aprovados, receberem o titulo de escola normal e criar ou auxiliar as escolas normais.

Após tudo, falam sobre o Imperial Collegio de Pedro II, que o colocam como referencia para as outras instituições de ensino secundário colocando para essas escolas que seguirem o modelo do colégio para gozarem da mesma prerrogativa que tem a instituição acima descrita, mas tinha de estar funcionando a mais de 7 anos e ter mais de 60 alunos graduados com bacharelado em letras. Já na parte da organização dos poderes, eles trocaram os antigos delegados do inspetor por inspetores do distrito e que seriam nomeadas através da distinção política e que tenha atuado por pelo menos 5 (cinco) anos no magistério. E já começa um beneficio para os professores que tivessem mais de 10 (dez) anos de exercício do magistério, que poderiam colocar seus filhos nas instituições publicas. A partir daí, o regulamento começam a falar sobre o ensino superior quais eram as matérias que se passavam durante todo o curso, mostrando como existia uma tradição muito bacharelesca, que deveria cada aluno apresentar as matérias exigidas e comprovar que haviam passado e depois pagar as inscrições, para fazer os exames de acesso ao ensino superior.

Já o decreto 981 de 8 de novembro de 1890, também conhecido como Reforma Benjamin Constant é o primeiro regimento para a educação na era da republica, e apesar da mudança de regime, houve algumas alterações, mas muitas coisas se mantiveram em relação a ultima grande reforma do ensino primário e secundário que foi a de 1879, dentre elas em relação a abertura das escolas particulares que dessa vez poderiam começar a ter o ensino primário e secundário com condições de higiene definidas por lei e também para exercer o magistério particular só bastava o individuo provar que era idôneo e não tinha nenhuma passagem pela justiça e isso servia também para quem quisesse dirigir um estabelecimento particular.

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anos) e o superior (11 a 13 anos), sendo que as escolas deveriam ter como professor preferencialmente profissionais do sexo feminino nas escolas de 1º grão, e nas escolas de 2º grão poderiam ser professores de ambos dependendo do que a escola preferir.

Em todos os cursos o método a ser empregado era o intuitivo, com a adoção de livros didáticos. Com o certificado de estudos primário do 1º grão dava a livre entrada nas escolas de ensino secundário e normais e isso era uma condição indispensável. E o principal o governo resolveu criar prédios próprios para o funcionamento de escolas.

Em relação ao ensino secundário, uma das principais foi a mudança do nome de Imperial Collegio de Pedro II para Gymnasio Nacional e era mantido por enquanto nas formas de externato e internato, sendo que eles eram independentes administrativamente, porém pela lei teriam os mesmos conteúdos e seguiriam a dependência do governo, e continuava com a duração de 7 anos. Nessa reforma houve uma mudança também no corpo docente, pois com a abertura das escolas normais aumentou-se o numero de professores na rede. Houve algumas reformas durante o período de 1879 e 1889, que não têm muitas citações, mas que merecem uma menção.

Por que há importantes modificações como em 1881 feita pelo Barão Homem de Melo cria a congregação do CPII, dispensa dos exames de religião, para garantir a laicidade do ensino publico, restaura o 1º ano (elementar), devolve o ensino do vernáculo4, extinguindo-o em todas as series do curso. Em 1882, feita por Rodolpho Epiphanio, com parecer substitutivo de Rui Barbosa (relator), houve mais uma reforma que manteve a opção de formação de bacharel – ensino clássico e de humanidades – Ciências e Letras (7 anos), mas recria a opção por cursos destinados ao preparo de mão de obra especializada para cada habilitação (6 anos): finanças, dentre outros cursos. Foi a única vez entre 1876 e 1891 que teve o curso com duas durações uma 6 e outra com 7 anos.

E houve outra que foi uma reforma do próprio colégio que alterou somente o plano de ensino do colégio antes da proclamação, extingue a freqüência livre e as matriculas avulsas, porem mantém os exames finais por disciplinas, que só foi implantada mesmo na Republica.

A COMPARAÇÃO DAS LEIS:

Durante muito tempo, o Colégio Pedro II serviu como referencia para as matrizes do ensino em todo o Império e também depois, quando houve a mudança de governo para a república e uma das principais mudanças logo na troca de regime e que esta baseada na lei, foi à mudança de nome do colégio, que foi alterado para Gymnasio Nacional. Mas as mudanças mais significativas foram na parte dos saberes, pois houve muitas mudanças entre 1876 e 1891, que só afirmam cada vez mais o caráter propedêutico no qual se transformou o colégio nessa época, a começar pela entrada de mais matérias que importavam e que serviriam para o ensino superior, quer dizer houve uma reforma e colocou os saberes seriam mais necessários na frente e uma das primeiras a sair até para tornar o ensino laico, foi a aula de religião que foi deixada de ser obrigatória para não influenciar ninguém e também pouco importava para o ensino acadêmico, apesar de a igreja ter grande influencia na época.

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úteis no inicio do curso e deixar o que ninguém usaria nos exames para o final do curso, essas matérias que ficaram um pouco de lado foram às ciências físicas e naturais, grego e outros conhecimentos ditos “desnecessários” como preparação para os exames. Com essa mudança, mais a implantação do sistema de exames finais por matéria, reduzia o colégio a um curso preparatório. Nisso o bacharelado em letras e os últimos anos de curso de nada serviriam, pois com 5 anos de curso, o aluno que quisesse seguir uma carreira acadêmica, já teria todas as matérias necessárias para fazer os exames sem que os alunos perdessem mais tempo na instituição.

Em 1878, houve mais um decreto reformando o estatuto do colégio, visto que a reforma de 1876 não estava surtindo o efeito desejado. Esse novo regulamento distribuiu novamente as matérias durante os sete anos de curso, sem privilegiar as disciplinas que levavam ao nível superior. Nisso essa reforma ampliou os estudos de literatura com a inclusão do italiano e melhorou o ensino das ciências para os alunos. Nesta parte, o ministro cuidou pessoalmente dos trabalhos como instalações e material didático.

Essa reforma era apenas um passo para que se fizesse a reforma geral no ensino secundário, que viria a ocorrer em 1879. Com isso, no ano seguinte, ampliando os preparatórios exigidos para a matricula em cursos como medicina e direito, indiretamente tentou promover, o enriquecimento que haveria nos estudos do ensino secundário no Império. Em 1881, com um novo decreto, aumentaram-se a exigência para a matricula nas Faculdades de Direito que foi colocado como exigência os cursos de italiano e alemão e na Faculdade de Medicina foram necessários incrementar os conhecimentos da língua alemã e de ciências naturais e físicas. Para melhor elencar, os artigos 17 e 18 da reforma de 1878 expressam o um pouco do conteúdo da reforma:

“Poderá quem não tenha cursado as aulas do Colégio prestar exame vago de qualquer ou de todas as matérias ensinadas no mesmo Colégio. Quem tiver obtido nos exames vagos aprovação plena em todas as matérias do curso do colégio, receberá o grau de bacharel em letras.”

Em 1881, o decreto manteve a desorganização que já tinha a principal instituição de ensino secundário no país na época, mantendo os exames vagos, as matriculas avulsas e os exames finais por disciplinas. Restaurou o 1º ano elementar que foi retirado pela reforma de 1878. Para o reformador, Barão Homem de Melo5, prezou por desenvolver um currículo forte aonde os alunos estudariam duas línguas mortas, quatro línguas vivas estrangeiras, o vernáculo, matemáticas, ciências físicas e naturais, historias do Brasil e geral, geografia geral e do Brasil, e as partes literárias e com isso a reforma concentrou os estudos do ensino secundário nos seis últimos anos. No relatório do Ministro Ferreira Viana, em 1889 comentou-se:

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suprir a insuficientissima instrução primaria dos alunos, ao passo que o curso na Itália e na Bélgica é de oito anos, Prússia e em geral na Alemanha é de nove, na França, é de dez, o numero total de horas semanais naqueles países é de 200 a 270, sendo de 40 a 42 semanas de curós anual. Aqui não há mais do que cerca de 160 horas semanais e o curso anual não vai mais alem de 35 semanas. Finalmente, do aluno que se matricula no 1º ano do Imperial Colégio exigem-se apenas as primeiras letras, enquanto que ali na admissão aos estudos secundários importa a regular preparação do estudante 6.”

Porém, pela falta de tempo disponível, pois os decretos estavam se importando mais com as ciências físicas e naturais, o estudo da língua portuguesa foi deixado um pouco de lado, sendo estudado apenas por apostilas e a pratica de ditar em sala de aula. O ensino secundário oferecido no Colégio de Pedro II, que tinha um curso com duração de sete anos, só era freqüentado por um baixo numero de alunos que queria atingir ao bacharelado. A cada dia, aumentavam-se os reflexos do sistema de exames parcelados: no externato aumentavam cada vez mais as matriculas avulsa, enquanto no internato diminuíam e muito as conclusões de curso.

Em 1888, o decreto nº 9894, feito por Barão de Cotegipe, extinguia as matriculas avulsos, os exames vagos e a freqüência livre na instituição. Isso significava um passo para a regeneração do ensino no Imperial Collégio da Corte e para restaurar por completo seria necessário suprimir de vez o sistema de exames finais de disciplina, instaurado na reforma Paulino de Souza. No entanto, essa idéia bateu de frente com as idéias de alguns professores que temiam a debandada dos alunos procurando algum colégio mais fácil para se freqüentar. A nova reforma do Colégio não chegou a se efetivar durante o Império. Como já haviam dito Rui Barbosa em 1882 e Cunha Leitão, o Colégio de Pedro II só se converteria em padrão nacional quando, abolido o funesto sistema de exames parcelados e estabelecido o bacharelado como condição de matricula nos cursos superiores, fossem reconhecidos os graus conferidos pelos liceus que adotassem a estrutura e os planos de estudos do Colégio da Corte. Os projetos de reforma que postulavam tais medidas, apresentados sob a proteção dos Ministérios Rodolfo Dantas e Mamoré, entretanto, foram definitivamente esquecidos na Câmara dos Deputados7.

A tentativa de mudança dos problemas que os homens do Império tentaram resolver foi aproveitada na primeira reforma da era republicana, a Reforma Benjamin Constant8. Nessa reforma, além do que foi dito anteriormente, o colégio foi convertido para uma espécie de escola padrão na parte do ensino secundário. Teve também a extinção dos exames parcelados de preparatórios, conferia a realização exclusiva dos exames de madureza, somente no Ginásio Nacional e nos estabelecimentos provinciais a que se igualassem a ele, a tarefa de julgar as habilidades dos candidatos ao nível superior.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

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as classes desfavorecidas. Quanto ao observado nos documentos notei que, mesmo com as alterações de regulamentos, o Colégio continuou com a abertura de vagas para os alunos pobres e órfãos, como podemos ver na reforma de 1879, que diz:

“Aos meninos pobres, cujos pais, tutores ou protetores justificarem impossibilidade de prepará-los para irem á escola, será fornecido vestuário decente e simples, livros e mais objetos indispensáveis ao estudo. 9.”

Depois de toda a passagem que tira o ensino um pouco dos jesuítas, pois até então as igrejas comandavam o ensino, o Colégio segue o modelo europeu de ensino, mas um pouco defasado, pois não consegue adequar à este modelo de ensino até mesmo devidos as intensas reformas que ocorriam no Império e no inicio da Republica, pois em todas elas, eram alteradas algum tipo de ensino ou alguma forma de ensinar. Mas garantia o tão sonhando titulo de bacharel em letras, que permitia o ingresso no ensino superior, sem a necessidade da realização de exames preparatórios.

O colégio foi dividido em externato e internato, aumentando o numero de vagas, contudo não abriu vagas para as meninas. Precedente aberto somente quando o Dr. Candido Barata Ribeiro, matriculou suas duas filhas e mais três meninas na instituição, pois não havia lei que impedisse tal inscrição, porem as meninas saíram dois anos mais tarde, visto que o ensino do colégio não era adequado para mulheres. Com isso o ensino feminino ficava a cargo do ensino privado e mais tarde com as Escolas Normais.

Durante o período analisado, o colégio sofreu diversas mudanças na sua estrutura e, principalmente, nos seus saberes como pode ser visto no quadro abaixo:

1876 1881 1890

1º ano 1º ano 1º ano

Latim Geografia Geografia física

Francês História sagrada Francês

Geografia Português Português e exercício de

redação Aritmética Aritmética e nomenclatura geométrica Aritmética e álgebra elementar Latim

2º ano 2º ano 2º ano

Latim Latim Latim

Francês Francês Francês

Geografia Português Português, gramática

histórica Aritmética Matemáticas elementares Geometria preliminar e física, trigonometria retilínea Geografia Política e econômica

3º ano 3º ano 3º ano

Latim Latim Latim

Inglês Francês Francês

Álgebra Português Revisão de português e

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Italiano Matemáticas elementares

Inglês ou alemão Álgebra e aritmética Geometria descritiva Geografia física Geometria geral

4º ano 4º ano 4º ano

Alemão Latim Mecânica e astronomia

Inglês Inglês Inglês ou alemão

História Antiga e Média

Geometria e

cosmografia

Grego

Geometria no espaço Português Revisão: calculo e geometria, português, Frances, latim e geografia (1h por semana)

Trigonometria retilínea Matemáticas elementares

5º ano 5º ano 5º ano

Historia Moderna e contemporânea

Latim Revisão: calculo, geometria, mecânica e astronomia, geografia, português, Francês e latim (1h por semana)

Alemão Inglês Inglês ou alemão

Física e química Português Grego

Cosmografia Historia Geral Física e química geral Física e química

6º ano 6º ano 6º ano

Filosofia Alemão Biologia (zoologia e

botânica) Retórica, poética e

literatura nacional

Grego Meteorologia, mineralogia e

geologia Historia Natural Retórica, poética e

literatura nacional

Historia universal

Grego História Natural e

Higiene

Revisão: calculo geometria, mecânica e astronomia, geografia, inglês ou alemão português, Francês e latim (1h por semana)

Filosofia

7º ano 7º ano 7º ano

Filosofia Italiano Sociologia e moral, com

noções de direito pátrio e de economia política

Grego Grego Historia do Brasil

Historia e corografia do Brasil

Alemão Historia da literatura

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Como é mostrado no quadro acima, havia a exigência das praticas de exercícios físicos e mentais fora o estudo regular, e a partir da reforma Benjamin Constant, os estudos são mais voltados para o ensino superior, retirando algumas matérias consideradas “inúteis” para o tipo de ensino que era proposto pelo colégio. Como também houve a mudança de nome que durou até 1911, quando foi o nome foi retomado passando a ser chamado de Colégio Pedro II. Diante de tudo que foi falado, o passado se reflete no presente, diante dos nossos modelos de ensino como diz PINHO (2005):

“Do século XIX ao XXI não somente o Colégio Pedro II, como todo o ensino brasileiro passou por inúmeras modificações. O primeiro deixou de ser o único estabelecimento publico de ensino secundário, acabando com a visão de um patrão para esse nível. O ensino médio deixou de ser exclusivo para as elites e passou a ter caráter de educação básica, sendo uma obrigação do Estado fornecê-lo gratuitamente. Contudo, o modelo de vestibular existente não permite que muitos alunos que concluem o atual ensino médio pelos estabelecimentos públicos tenham o acesso à profissionalização de nível superior10.

Em relação ao colégio Pedro II, se expande a cada ano. Até a década de 1950 era considerado referencia no Brasil e devido ao seu grande numero de inscritos para o concurso de acesso foram inauguradas a seções norte e sul em 1952 e a seção Tijuca em 1957. Em 1979, as antigas seções, passaram a serem chamadas de Unidades Escolares (U.E) com os nomes dos bairros onde estavam alocadas. Hoje o colégio atende a todos os segmentos em 8 unidades que são as unidades do U.E. Centro (a pioneira), U.E. São Cristovão (o internato), U.E Engenho Novo(Seção norte), U.E. Humaitá(seção sul), U.E. Tijuca(seção tijuca), U.E. Realengo, U.E. Duque de Caxias e U.E Niterói., essas três ultimas recém inauguradas. Esta é a única instituição de educação básica vinculada ao governo federal. Com isso, encerro meu trabalho vendo os debates sobre o ensino secundário do século XIX até os dias atuais longe de ter fim, pois estudar sobre o Imperial Colégio Pedro II, com intermináveis reformas, o ideal de colégio padrão buscado pelo governo e a inserção dos colégios particulares, continuarão sendo um grande desafio e a serem alvos de inúmeras pesquisas sobre ambos.

química, biologia, meteorologia, mineralogia e geologia, historia universal, geografia, Frances, inglês ou alemão, latim e grego( 1h por semana)

Filosofia

I Corografia e Historia

do Brasil A música, ginástica e o

desenho eram praticas obrigatórias.

Durante todo o curso todos

os anos tinham

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NOTAS

1

Idealizador do projeto, então Ministro Interino do Império.

2

Pedro de Araujo Lima conduziu o governo imperial até a maioridade de Pedro II e foi em seu ano que foi criado o Imperial Colégio de Pedro II

3

Criador da primeira grande reforma da era republicana, como então ministro da instrução publica.

4

Língua nativa de um determinado país ou local. 5

Idealizador da reforma de 1881, que alterava os regulamentos do Colégio. 6

Relatório apresentado à assembléia geral na quarta sessão da vigésima legislatura pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império, Antonio Ferreira Viana, tip. Nacional, 1889. p 16-17

7

Maria Haidar Mariotto, O Ensino Secundário no Império Brasileiro, in Obra Completa, São Paulo, USP, 1972, p 137

8

Decreto nº 981 de 8 de novembro de 1890. Approva o Regulamento da Instrucção Primaria e Secundaria do Districto Federal.

9

Decreto nº 7247 de 19 de abril de 1879. Reforma o ensino primário e secundário no município da corte e o superior em todo o império. Art. 2

10

Pollyanna Pinho, Moldar o homem de letras: uma analise das condições sociais e de saberes escolares do Imperial Collegio de Pedro II, 2005, pag. 65.

Referências Bibliográficas:

DORIA, Escragnolle. Memória histórica do Colégio de Pedro Segundo (1837 – 1937). 2ª. ed. Brasília: INEP, 1997.

FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Instrução elementar no século XIX. In: LOPES, Eliane; VEIGA, Cynthia; FARIA FILHO, Luciano Mendes de. (orgs.). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

HAIDAR, Maria de Lourdes Mariotto. O ensino secundário no império brasileiro. São Paulo: EDUSP, 1972.

PINHO, Pollyana Gomes. Moldar o homem de letras: uma analise das condições sociais e de saberes escolares do Imperial Collegio de Pedro II. Rio de Janeiro: UERJ, 2005. 83 p. Monografia de conclusão do curso de Pedagogia, Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2005.

Regulamentos:

BRASIL. Decreto nº 6130 de 1º de março de 1876. Altera os regulamentos do Imperial Collegio de Pedro II. Disponível em:

<http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/3_Imperio/artigo_008. html> Acessado em: 27 de abril de 2008

BRASIL. Decreto nº 7247 de 19 de abril de 1879. Reforma o ensino primário e secundário no município da Côrte e o superior em todo o Império. Disponível

(12)

BRASIL. Decreto nº 981 de 08 de novembro de 1890. Approva o regulamento da Instrucção primária e secundária do Distrito Federal. Disponível em:

<http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/4_1a_Republica> Acessado em: 26 de abril de 2008

Outros sites:

Site oficial do Colégio Pedro II: <www.cp2.g12.br> WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. Disponível em:

Referências

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