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A Quarta Câmara de Direito Público decidiu, por votação unânime, conhecer dos recursos e negar-lhes provimento. Custas legais.

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Apelação n. 0006601-34.2009.8.24.0011 Relator: Desembargador Edemar Gruber

APELAÇÕES CÍVEIS. INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ALEGADO EXCESSO NA CONDUTA DO PROFESSOR DA REDE ESTADUAL DE ENSINO QUE LANÇOU O APARELHO CELULAR DE ALUNO PELA JANELA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL, RECONHECENDO APENAS OS DANOS MATERIAIS.

APELO DO AUTOR. PRETENDIDO O

RESSARCIMENTO PELO DANO MORAL. AFASTAMENTO. MERO ABORRECIMENTO. ALUNO QUE TINHA CONHECIMENTO DA PROIBIÇÃO DO USO DO CELULAR EM SALA DE AULA. INSISTÊNCIA. INDÍCIOS DE DESOBEDIÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.

RECURSO DO RÉU. PRETENDIDA DENUNCIAÇÃO DA LIDE AO PROFESSOR. PROVIDÊNCIA INOPORTUNA NESTA FASE RECURSAL. PREVALÊNCIA DOS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA E CELERIDADE PROCESSUAL. INSURGÊNCIA CONTRA A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DO DANO MATERIAL. REJEIÇÃO. PREJUÍZO VERIFICADO. DEVER DE INDENIZAR. MANUTENÇÃO DO VALOR FIXADO. RECURSO DESPROVIDO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n. 0006601-34.2009.8.24.0011, da comarca de Brusque Vara da Fazenda Pública e dos Registros Públicos em que são Apte/Apdo J. D. M. assistido por sua mãe S. N. A. D. M. e Apdo/Apte Estado de Santa Catarina.

A Quarta Câmara de Direito Público decidiu, por votação unânime, conhecer dos recursos e negar-lhes provimento. Custas legais.

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O julgamento, realizado nesta data, foi presidido pelo Exmo. Sr. Des. Ricardo Roesler, com voto, e dele participou o Exmo. Sr. Des. Paulo Ricardo Bruschi.

Florianópolis, 02 de junho de 2016 Desembargador Edemar Gruber

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RELATÓRIO

Perante o Juízo de Direito da Vara da Fazenda Pública e dos Registros Públicos da comarca de Brusque, J. D. M., assistido por sua mãe S. N. A. D. M., deflagrou "ação de responsabilidade civil por danos morais e materiais" em face do Estado de Santa Catarina, narrando, em síntese, que no dia 17-6-2009, o professor da rede estadual de ensino, Celerino Rauber, durante a atividade escolar, tomou o seu celular e jogou referido aparelho pela janela do primeiro andar da instituição, causando-lhe prejuízos de ordem moral e material.

Discorreu sobre a responsabilidade do Estado perante os atos de seus prepostos, requerendo a compensação pelos danos materiais e morais advindos da conduta do professor.

Deferida a gratuidade da justiça (fl. 27), o réu, citado, apresentou contestação (fls. 34-47), clamando, em preliminar, pela denunciação à lide do professor Celerino Rauber. Quanto ao mérito, rebateu o pedido de indenização por danos morais, alegando a culpa exclusiva da vítima que desobedeceu as ordens da escola e do professor e que este agiu no estrito cumprimento de seu dever legal ao solicitar por três a quatro vezes o aparelho celular do autor, pois, além de não ser permitida sua utilização durante as aulas, o aluno estava fotografando seus colegas quando da apresentação de trabalho escolar. Sustentou, também, a falta de comprovação do prejuízo material, tendo em vista que o aparelho não foi apresentado à instituição escolar e tampouco foi comprovada a posse do autor em relação ao celular e, ainda, sequer orçamentos.

Após a réplica (fls. 55-65), o Ministério Público apresentou parecer (fls. 67-69). Em seguida, sentenciando antecipadamente a lide (fls. 83-86), o magistrado não acolheu a denunciação e julgou parcialmente procedente o

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pedido inicial, assim concluindo na parte dispositiva:

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão inicial, a fim de CONDENAR o Requerido, a título de danos materiais, ao pagamento ao Autor de R$ 484,00 (quatrocentos e oitenta e quatro reais), acrescido de correção monetária pelo INPC, a contar da data do evento danoso, e de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação válida. Extingo o processo com resolução do mérito (art. 269, I, do CPC).

As partes são isentas de custas processuais, vez que se trata de ente estadual, ao passo que o Requerido é beneficiário da justiça gratuita.

Face a sucumbência recíproca (art. 21 do CPC), deve o autor arcar com 50% e o réu com 50% dos honorários advocatícios, estes arbitrados em R$ 500,00 (quinhentos reais), com base no art. 20, § 4º, do CPC, cuja cobrança, por parte do autor, fica suspensa por cinco anos, a teor do art. 12 da Lei n. 1.060/50.

P. R. I.

Inconformado em parte com tal desfecho, o autor interpôs recurso de apelação cível (fls. 90-101), alegando que sofreu dano moral com o excesso perpetrado na conduta do professor. Desse modo, clamou pela respectiva compensação.

Igualmente irresignado, o Estado recorreu (fls. 104-111), defendendo, preliminarmente, a existência da litisdenunciação. No mérito, aduziu não ser devida sua condenação ao pagamento dos danos materiais diante da inexistência de provas a respeito dos efetivos prejuízos. Ao final, pleiteou a reforma da verba honorária.

Lavrou parecer pela douta Procuradoria-Geral de Justiça o Exmo. Sr. Dr. Guido Feuser (fls. 116-125), que opinou pelo provimento do apelo interposto pelo autor e desprovimento do recurso do Estado.

Este é o relatório. VOTO

Anteriormente a adentrar à análise recursal de fato, tenho por oportuno trazer à tona a vigência do novel Código de Processo Civil, em especial

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pela inovação trazida pela legislação quanto à sucumbência recursal (art. 85, §11) e, aqui, a discussão inerente à sua aplicação à luz do direito intertemporal, sendo que, ao entrar em vigor o novo Códex, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei n. 5.869/73, respeitados os direitos subjetivo-processuais adquiridos, o ato jurídico perfeito, seus efeitos já produzidos ou a se produzir sob a égide da nova lei, bem como a coisa julgada.

E, ao pautar-se o processo para julgamento, pergunta-se qual lei deve regulamentar determinada situação em processo em trâmite, o CPC/73 ou o CPC/15?

Pela doutrina, acolhe-se a tese do isolamento dos atos processuais, ou seja: “a Lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas se aplica aos atos processuais a praticar, sem limitações relativas às chamadas fases processuais” e, sobre o tema, o NCPC se posicionou no art. 14, senão vejamos: “A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada”.

Assim, acaso já interposto recurso contra determinada decisão na vigência do CPC/73, não poderão ser aplicadas as regras trazidas pelo NCPC.

Luiz Fux elencou algumas situações jurídicas geradas pela incidência da lei nova aos processos pendentes, afirmando, em especial, que a lei vigente na data da sentença é a reguladora dos efeitos e dos requisitos da admissibilidade dos recursos.

Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery também se posicionaram sobre o tema, e afirmam que regerá o procedimento do recurso a

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lei vigente na data da efetiva interposição do recurso:

Lei processual nova sobre recursos: no que tange aos recursos, é preciso particularizar-se a regra do comentário anterior. duas são as situações para a lei nova processual em matéria de recursos: a) rege o cabimento e a admissibilidade do recurso a lei vigente à época da prolação da decisão da qual se pretende recorrer; b) rege o procedimento do recurso a lei vigente à época da efetiva interposição do recurso (Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. p. 228).

Ora, faz parte do procedimento do recurso o julgamento deste recurso (acórdão), portanto, se aquele foi interposto na vigência do Código antigo, obviamente a consequência dele (julgamento) se dará na vigência desta lei (CPC/73), o qual não é cabível a aplicação do NCPC, inclusive a tese inovadora dos honorários recursais.

Certo que o tema gerará controvérsias, mas, por ora, filio-me à corrente, “prima facie”, majoritária, elencada em pesquisa doutrinária e nos conhecimentos adquiridos sobre processo civil e matérias correlatas, pois inexistente qualquer posicionamento jurisprudencial até o momento.

Pois bem, satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, conhece-se dos recursos e passa-conhece-se a sua análiconhece-se.

Cuida-se de apelações cíveis interpostas por ambas as partes em desfavor da sentença que, nos autos da "ação de responsabilidade civil por danos morais e materiais", julgou parcialmente procedente a pretensão inicial, condenando o réu ao pagamento dos danos materiais no importe de R$ 484,00 (quatrocentos e oitenta e quatro reais), acrescido de correção monetária pelo INPC, a contar da data do evento danoso, e de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação válida. Estabeleceu, ainda, a sucumbência recíproca, devendo o autor arcar com 50% e o réu com 50% dos honorários advocatícios, estes arbitrados em R$ 500,00 (quinhentos reais), com base no art. 20, § 4°, do CPC, cuja cobrança, por parte do autor, restou suspensa a teor do art. 12 da Lei n.

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1.060/50.

Adianto que os reclamos são desprovidos, porque a solução que a espécie exigia não poderia ser outra senão aquela que lhe conferiu o julgador singular.

De início, ressalto que restou incontroversa nos autos a conduta do preposto do réu, pois, independentemente dos motivos ensejadores de sua atitude, o lançamento do aparelho celular pela janela do primeiro andar da instituição de ensino foi confirmado por ambas as partes.

De mais a mais, nenhuma das partes, nas respectivas razões recursais, se insurgiu acerca do reconhecimento do evento danoso e da atitude atribuída ao professor.

Pois bem, individualizo os reclamos. 1. Recurso do autor:

Clama o autor pela condenação do réu ao pagamento de indenização a título de danos morais, ao argumento de que a conduta do professor foi excessiva, já que foi submetido à situação vexatória e humilhante.

Todavia, impossível atender referida súplica, porque entendo que o fato descrito nos autos não configurou, por si só, ofensa à moral do aluno, até porque não ultrapassou a esfera do mero aborrecimento, inexistindo abalo psíquico a justificar o dever de reparação, sob pena de banalização do instituto do dano moral e fomentação da indústria do enriquecimento sem causa.

Ora, na época do ocorrido (2009), o autor, nascido em 31-5-1994 (fl. 22), contava com 15 (quinze) anos de idade, ou seja, tinha total consciência de que não poderia usar o aparelho celular em sala de aula, o que não ocorreu, desencadeando a discussão entre aluno e professor e o arremesso do aparelho pela janela, não obstante tenha sido anormal a conduta do docente.

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Destaco, por oportuno, que, como bem consignado pelo magistrado sentenciante, "o atestado de fl. 20 não dá conta do motivo pelo qual o requerente está em tratamento psicológico, razão pela qual não é hábil a comprovar o alegado dano."

Em suma, mesmo diante do incômodo que o autor tenha sofrido em sala de aula, não se pode conferir uma indenização por danos morais pelo mero aborrecimento, tendo em vista que a configuração do abalo à moral pressupõe uma lesão à dignidade, à honra, à boa-fama, quesitos esses que, na espécie, estão longe de se fazerem presentes.

A esse respeito, esta Corte de Justiça já se manifestou:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESTACIONAMENTO DE VEÍCULO DO AUTOR, PROFESSOR DA REDE DE ENSINO, EM PÁTIO DE ESCOLA ESTADUAL. PERFURAÇÃO DE TRÊS PNEUS. CULPA DO ENTE PÚBLICO CONFIGURADA. ALIÁS, AUSÊNCIA DE IRRESIGNAÇÃO ACERCA DE SUA

RESPONSABILIDADE PELO EVENTO DANOSO. DANO MATERIAL

EVIDENCIADO. DEVER DE INDENIZAR. ALEGAÇÃO DE QUE O FATO ACARRETOU DANO MORAL. INSUBSISTÊNCIA. MERO ABORRECIMENTO

COTIDIANO. VERBA HONORÁRIA. MAJORAÇÃO. RECURSO

PARCIALMENTE PROVIDO (AC n. 2013.087596-4, rel. Des. César Abreu, j. 08-04-2014).

2. Recurso do réu:

De pronto, anoto que não há como acolher o pedido de denunciação da lide ao professor Celerino Rauber, considerando que "tratando-se de relação de responsabilidade civil entre o Poder Público e a vítima, descabida a denunciação da lide, devendo prevalecer a regra constitucional do art. 37, § 6º, sobre o art. 70, III, do Código de Processo Civil, a fim de não tumultuar e procrastinar o processo" (AC n. 2011.064802-4, rel. Des. Paulo Henrique Moritz Martins da Silva, j. 12-03-2013).

Assim, inegável que a procedência do pedido de denunciação da lide nesta fase recursal acarretaria na anulação do processo, para convocação

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do terceiro a fim de se defender, o que violaria os princípios da economia e celeridade. De mais a mais, eventual direito regressivo poderá ser pleiteado em ação própria.

No que se refere aos danos materiais, o réu insurge-se contra sua condenação ao pagamento do valor de R$ 484,00 (quatrocentos e oitenta e quatro reais) ao argumento de que inexistem provas a respeito dos efetivos prejuízos, tendo em vista que o aparelho não foi apresentado à instituição escolar e tampouco foi comprovado o prejuízo decorrente da queda.

Sem razão.

Como por demais consabido, o dano material não se presume, exigindo-se, para que seja passível de reparação, além de todos os requisitos necessários para a comprovação da responsabilidade civil, a demonstração do efetivo prejuízo experimentado, nos termos do que dispõe o art. 944 do Código Civil.

Nesse sentido: "O dano material não se presume, exigindo-se, para que seja passível de reparação, a comprovação do efetivo prejuízo experimentado, uma vez que a indenização mede-se pela extensão do dano" (art. 944 do CC) (TJSC, Apelação Cível n. 2013.065079-5, da Capital, rel. Des. Francisco Oliveira Neto, j. 15-03-2016).

Na presente hipótese, observo que o autor cumpriu com a exigência prevista no mencionado dispositivo legal na medida em que colacionou cópia do Boletim de Ocorrência (fl. 18), em que está descrito que o aparelho celular era da marca Motorolla V3, como também página impressa de um site da internet em que consta que o valor do aparelho no comércio era equivalente a R$ 484,00 (quatrocentos e oitenta e quatro reais) (fl. 19).

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andar da instituição de ensino ocasionou danos materiais ao autor. E como bem destacou o magistrado sentenciante (fl. 85):

É de se destacar a desnecessidade de maiores provas a respeito do prejuízo, porquanto fato notório (art. 334, I, do CPC) que um pequeno aparelho eletrônico não resistiria incólume a queda do 1° andar de um prédio, ainda mais quando lançado por alguém.

Ademais, igualmente desnecessária a comprovação da propriedade do celular, uma vez que, como bem ressaltou o autor, em se tratando de bens móveis, a propriedade se presume com a posse do objeto.

De outro vértice, oportuno salientar que o réu não trouxe ao caderno processual elementos probatórios a fim de desconstituir a alegação do autor no tocante ao importe atribuído ao aparelho celular destruído, ônus que lhe competia, nos termos do art. 333, II, do Código de Processo Civil de 1973.

Assim, mantenho a condenação do réu ao pagamento do valor de R$ 484,00 (quatrocentos e oitenta e quatro reais) a título de reparação pelos danos materiais sofridos pelo autor.

Em razão da manutenção do decisum, a verba honorária também deve permanecer inalterada, tendo em vista que foi fixada de forma adequada e dentro dos parâmetros legais.

Ante o exposto, voto no sentido de conhecer dos recursos e negar-lhes provimento.

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