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PERDAS DE SOJA NA COLHEITA MECANIZADA

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PERDAS DE SOJA NA COLHEITA MECANIZADA

Victhor Hugo Soares Marçal1 Mansuêmia Alves de Couto Oliveira2

Sandro Ângelo de Souza3

Resumo: As perdas dos grãos da soja decorrentes do processo de colheita mecanizada geram grandes prejuízos para os produtores rurais e ainda para a economia brasileira. Grande parte das perdas ocorridas durante a colheita do grão poderiam ser prevenidas. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo analisar as perdas dos grãos de soja durante a colheita no estado do Mato Grosso na safra 20/21, no período de estágio acadêmico. Para as análises explanatórias utilizou-se entrevistas e amostragem de grãos durante e após a colheita. Grande parte das perdas se deram em razão da falta de capacitação dos funcionários; maquinário e operador terceirizado; uso incorreto dos maquinários e ainda, colheita dos grãos em condições de umidade não recomendadas.

Palavras-chave: Capacitação; Mecanização; Rendimento.

Abstract: Soybean grain losses resulting from the mechanized harvesting process generate great losses for rural producers and even for the Brazilian economy. A large part of the losses that occur during the grain harvest could be prevented. Therefore, this study aimed to analyze the losses of soybeans during harvest in the state of Mato Grosso in the 20/21 season, during the academic internship period. For the explanatory analyses, interviews and grain sampling during and after harvest were used. A large part of the losses were due to the lack of training of employees; machinery and outsourced operator; incorrect use of machinery and harvesting of grains in non-recommended humidity conditions.

Key-words: Training; Mechanization; Yield.

1Faculdade Santa Rita de Cássia – UNIFASC, Itumbiara/GO. Aluno do curso de Engenharia Agrônoma na Faculdade Santa Rita de Cássia - IFASC - Brasil - E-mail: engvicthor@gmail.com

2Faculdade Santa Rita de Cássia – UNIFASC, Itumbiara/GO. Professor do Curso de Engenharia Agrônoma da Faculdade Santa Rita de Cássia E-mail: mansuemia@gmail.com

3Faculdade Santa Rita de Cássia – UNIFASC, Itumbiara/GO. Professor Mestre do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade Santa Rita de Cássia – Brasil - E-mail: sandroasouza@yahoo.com.br.

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1. INTRODUÇÃO

A cultura da soja é de suma importância para a economia e ainda para as questões sociais de todo o Brasil, em razão do seu grande potencial de produção em todo o país.

Podendo ser cultivada em toda extensão territorial e, ainda devido à sua importância para, tanto animal quanto humana. A soja é a principal oleaginosa cultivada em todo o mundo, em razão de ter alto teor proteico (MEDEIROS & NÄÄS, 2016).

O comércio da soja em grande escala ocorreu somente a partir do ano de 1970, devido ao aumento da demanda internacional no grão de forma que houve ampliação e entrada de diversas indústrias de óleo de soja no Brasil. Esse fato ocasionou impulso na produção da soja e deixando o Brasil como um dos maiores produtores mundiais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 123,2 milhões de toneladas (CONAB, 2020).

O aumento da produtividade de soja, no Brasil, foi resultante de diversas inovações tecnológicas decorrentes de pesquisas fundamentadas nas demandas do mercado nacional e internacional (EMBRAPA, 2005). Com isso, a soja tem sido considerada uma das culturas mais exportadas nos últimos 22 anos. O Brasil vem conquistando ainda mais espaço no mercado e apresentando grande eficiência na condução das lavouras, garantindo assim a rentabilidade aos produtores rurais (CANAL RURAL, 2019).

Ademais, o aumento da produção agrícola com o passar dos anos, exigiu cada vez mais qualidade no período correspondente ao processo de colheita da soja. No entanto, a instabilidade meteorológica quando aliada especialmente à desinformação dos operadores quanto à manutenção e regulagem de colhedoras, são fatores capazes de acarretar em perdas que reduzem a produtividade e o lucro dos agricultores (FERREIRA et al., 2007;

SCHANOSKI et al., 2011; HOLTZ E REIS, 2013). Dada a enorme importância da soja para a economia brasileira e almejando uma maior rentabilidade torna-se necessário realizar monitoramentos durante a etapa de colheita, transporte e armazenamento da oleaginosa, com o intuito de reduzir as perdas dos grãos.

O maior número de perdas da soja acontece em decorrência do processo de colheita mecanizada, implicando em prejuízos altíssimos, geralmente superiores a 120 kg ha- 1 (EMBRAPA, 2013). Causando grandes impactos financeiros para as empresas agrícolas e famílias que dependem do trabalho no campo. Ademais, de acordo com o estudo realizado por Holtz e Reis (2013), em decorrência da perda da soja, impostos deixam de ser arrecadados e a escassez de alimentos é agravada.

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Com o intuito de reduzir cada vez mais as perdas ocorridas durante a colheita da soja, diversas pesquisas são desenvolvidas, desde a década de 70, tanto no Brasil, como em diversos países produtores de soja (DALL’AGNOL et al., 1973; MESQUITA et al., 1980;

COSTA et al., 1996; ALONÇO E REIS, 1997; MESQUITA et al., 1998; FERREIRA et al., 2007; ZORYA et al., 2011; LIU et al., 2013; HAJIBABAI et al., 2014; NOURBAKHSH et al., 2016). Silveira & Conte (2013), destacaram-se por difundir informações técnico-práticas relacionadas a colheita de soja. Demonstram a importância da pesquisa e da capacitação de técnicos e produtores rurais, a fim de evitar as perdas durante o processo de colheita da soja, uma vez que se sugere o uso de uma ferramenta de fácil manuseio, o método do copo medidor, proposta pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

No Brasil, a EMBRAPA, adota um método capaz de determinar o número de perdas ocorridas durante a colheita da soja, utilizando para tanto, um kit de armação de madeira e cordas de 2,0 m² para coleta de grãos e ainda um copo medidor volumétrico, para quantificação. O limite máximo aceitável de perdas, conforme a metodologia desenvolvida é de 60 kg ha-1.

Além das perdas quantitativas, variações climáticas bem como a época da colheita também são fatores que influenciam nas perdas qualitativas das sementes. A colheita mecanizada e o beneficiamento são as principais fontes de danos em decorrência do uso de maquinários em diversas espécies de sementes.

Em decorrência do processo e “agressividade” da colheita mecanizada, a semente de torna sensível e propensa a determinado dano mecânico, seja imediatamente ou não, tendo em vista que determinados danos podem se mostrar imediatamente após a colheita ou ao passo que outros danos podem ser visualizados após decorrido determinado tempo, como durante o processo de armazenamento e semeadura do grão (PAIVA et. al., 2000).

Dessa maneira, as perdas decorrentes do processo de colheita mecanizada da soja, podem ser ocasionadas por inúmeros fatores, desde o solo que pode ter sido preparado de modo incorreto, causando desníveis no terreno utilizado e com isso, a plataforma de corte fica em uma altura desuniforme. Pode ainda ocorrer inadequação na época da semeadura, do espaçamento e densidade, utilizar cultivares não adaptadas a determinada região, haver presença de ervas daninhas e até mesmo falta de umidade adequada.

Neste trabalho foram utilizadas as seguintes variedades de cultivares:

DM82i78/DM80i79/bônus, DM80i79, Bônus, Bônus/80i79, Testes, SYN1687 M8644.

A umidade dos grãos é de suma importância em relação à perda total durante o processo de colheita. Diversos produtores não levam em consideração a variação de

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temperatura que pode ocorrer durante o dia e o processo de secagem e em decorrência disso, não realiza o ajuste devido na colhedora de acordo com as condições meteorológicas. Caso a massa colhida esteja seca, a trilha é mais fácil, o que não ocorre quando as plantas estão úmidas, pois a debulha se torna difícil e várias espigas podem passar pelo sistema de trilha sem que sejam debulhadas, e com isso, a quantidade de grão que não passaram pela trilha aumentará, aumentando a perda de grãos (AMADEU, 2020). Porém, as maiores perdas ocorrem devido à regulagem incorreta e forma que o operador manuseia a colhedora (BOTTEGA et al.,2014).

Objetivou-se, com o presente artigo, demonstrar a quantidade decorrente das perdas de grãos de soja realizada com colhedora mecanizada na região de Bom Jesus do Araguaia, no estado de Mato Grosso, na safra 20/21 e, identificar as principais causas de perdas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local

O presente trabalho descritivo foi realizado durante o estágio curricular na fazenda Caaporã localizada na BR 158, KM 372, na Zona Rural de Bom Jesus do Araguaia, MT, durante os meses de março e abril de 2021. Durante o estágio foi possível acompanhar as operações rotineiras da propriedade rural e, em especial a colheita da lavoura da soja. Na ocasião acompanhou-se os procedimentos para maximização de lucros da propriedade agrícola.

2.2 Método de estudo

Foi realizado um estudo descritivo durante o período de colheita da safra 20/21 de soja. A pesquisa descritiva, objeto desse estudo pode ser definida como: método de descrição das características de um determinado fenômeno tendo, também a função de estabelecer relações entre variáveis que se manifestam espontaneamente. Por isso a pesquisa descritiva tem como fundamento realizar o levantamento das características conhecidas, componentes do fato/fenômeno/problema. É normalmente realizada na forma de levantamentos ou observações sistemáticas do fato/fenômeno/problema escolhido (SANTOS, A. R., 2007, p.26).

2.3 Coleta de dados

2.3.1 Entrevista com os operadores

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A fim de coletar os dados para a confecção da pesquisa descritiva, foram feitas pesquisas com os dezoito operadores das colheitadeiras da fazenda Caaporã. O objetivo foi averiguar o período de trabalho na profissão e verificar se receberam qualquer treinamento de operação e manutenção de maquinários. As informações foram anotadas na caderneta de campo e depois confeccionou-se um gráfico.

2.3.2 Amostragem de grãos antes da colheita e após a colheita

Para mensurar a perda quantitativa da cultura soja durante o processo de colheita, procedeu-se em duas etapas: 1) a pré-colheita (perdas naturais), 2) perdas de pós-colheita (perda na plataforma de corte e no sistema de trilha), conforme proposto por Acosta et al.

(2018).

Em cada um dos pontos amostrados, utilizou uma área de 4,5 m², delimitada por armação retangular (9m x 0,5cm), confeccionada com duas barras plásticas e ainda dois cordões de nylon, e posteriormente, realizadas 03 coletas para cada uma das avaliações.

Foram realizadas 03 avaliações para cada um dos dezoito maquinários, em cada um dos treze talhões. Lembrando que talhão é uma área homogênea delimitada na propriedade. Essa estrutura foi estendida aleatoriamente antes do início da colheita na área de plantio, oportunidade em que os grãos eram coletados. Esse método foi adotado tendo em vista que é possível ter o maior controle do local exato onde se dá o maior número de perdas, seja plataforma de corte ou na trilha (Figura 1).

Figura 1. Amostragem de grãos pré e pós colheita com a armação retangular.

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No intuito de averiguar as perdas naturais, no processo de pré-colheita, a armação retangular foi estendida aleatoriamente antes de a colhedora entrar no local onde os grãos eram coletados, oportunidade em que a quantidade da produção foi calculada manualmente, antes de ser dado início à colheita mecanizada, com colheita das plantas existentes na área útil demarcada e após extrapolado para kg ha-1.

Para a correta quantificação das perdas pós colheita, na plataforma de corte, houve necessidade de parar a colhedora e recuar o equipamento a aproximadamente 4m (largura da boca da colhedora). Dessa forma, a armação foi estendida na área de recuo, local em que apenas a plataforma de corte havia passado, e assim houve a coleta dos grãos que estavam dispostos na superfície.

Na Tabela 01 verifica-se os atributos dos equipamentos, como modelo, ano de fabricação e fabricante e a dimensão de cada um dos talhões a fim de demonstrar as características de cada uma das máquinas utilizadas para a colheita durante a realização deste trabalho.

Tabela 1. Dimensão dos talhões com respectivas colhedoras e especificações do maquinário analisado.

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2.3.2 Coleta de informações sobre a umidade dos grãos

Para a devida verificação da umidade dos grãos, as amostras retiradas no momento da colheita, foram dispostas em embalagens plásticas com fechamento hermético.

Posteriormente, as amostras colhidas passaram pela análise de peso e colocados na estufa à temperatura de 105ºC durante o período de 24 horas. Decorrido o prazo estipulado, os grãos foram submetidos à nova pesagem. O resultado obtido acerca da umidade foi encontrado por meio da divisão da massa de água (em gramas) e a massa total da amostra (em gramas), multiplicado por 100 com o consequente resultado do percentual de umidade (HOLTZ et al., 2019).

Por fim, os dados coletados foram levados à análise exploratória, por meio de estudos descritivos, sendo apresentados com a utilização de gráficos para melhor compreensão do tema.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto aos 18(dezoito) operadores que foram submetidos à entrevista, verificou-se que 47,06% estão na profissão há menos de 10 anos, conforme demonstrado na Figura 2a.

Constatou-se que quase 65% dos operadores receberam treinamento para operar o maquinário e, portanto, são capacitados para a atividade desempenhada, conforme demonstrado na Figura 2b.

Figura 2. Tempo de profissão (A) e treinamento e capacitação dos operadores (B).

O percentual de funcionários capacitados deveria ser maior levando em consideração a importância do treinamento acerca de todos os cuidados operacionais e, até mesmo de regulagem dos equipamentos e maquinários utilizados. Tal fato tem grande relevância visto que tem grande influência no sistema de controle de perdas na colheita de soja como já

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mencionado por Pinheiro Neto e Gamero (2000). Os autores afiram que a correta regulagem de rotação dos instrumentos e até mesmo a distância com o solo são elementos essenciais que estão ligados à qualidade do produto, contribuindo ainda para a redução das perdas, que ocorrem na unidade de trilha.

A velocidade de deslocamento da colhedora e a velocidade do molinete podem ser determinantes para apurar quais foram as perdas ocorridas na plataforma de corte. Segundo José Miguel Silveira, pesquisador da Embrapa, um dos principais responsáveis pelo desperdício é o aumento da velocidade da colhedora. Para solucionar esse problema, o deslocamento da máquina deve ficar entre 4 e 6,5 km/hora de acordo com o funcionamento da barra de corte e da plataforma de alimentação (EQUIPE MAIS SOJA, 2020).

Conforme avaliação realizada por Meyer et al. (2015) acerca dos operadores e técnicos de manutenção de máquinas agrícolas, foi relatado que menos de 20% dos trabalhadores, possuem qualquer tipo de capacitação que tenha como finalidade a operação de máquinas agrícolas. A ausência de capacitação auxilia no baixo desempenho operacional do maquinário, ocasionando a perda de grãos no momento da colheita.

Nota-se, portanto, que é de suma importância promover a capacitação dos operadores de maquinários, mesmo que em determinado empreendimento rural possua colhedora menos tecnológica e mais antiga, ainda assim existe a possibilidade de diminuir as perdas dos grãos da soja, e ainda garantir que os operadores estejam capacitados para manusear com maior segurança e eficiência, a fim de minimizar as perdas (CASALI et al., 2015).

Pouco mais de 35% das colhedoras utilizadas na propriedade eram próprias (Figura 3a). Sendo, também, um complicador operacional pois, a utilização de serviços terceirizados dificulta a disponibilidade do equipamento na época ideal da colheita. Araújo et. al. (2016) retratam que os prestadores de serviços terceirizados aumentam a velocidade de operação e em decorrência disso, diminui a qualidade de serviços prestados. Autores relatam a diferença entre uma colhedora própria e uma colhedora terceirizada, onde a terceirizada apresenta um nível bem mais baixo quando comparada com colhedora própria.

Nas análises realizadas durante o processo de colheita da soja, foi verificado que menos de 60% das colheitas dos grãos da soja são realizadas de acordo com o índice de umidade recomendado para tanto, entre 13 e 15% (Figura 3b). O resultado obtido se torna baixo quando comparado ao risco sofrido pelo produtor ao realizar a colheita no momento indevido. França Neto et al. (2007) denotam que grãos de soja com umidade acima de 14%

podem sofrer danos mecânicos latentes no decorrer da colheita ao mesmo tempo que teores de umidade abaixo de 12% podem apresentar maior sensibilidade a quebra de grãos e em danos a

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qualidade fisiológica das sementes podendo antecipar seu processo de deterioração (XAVIER et al. 2015).

Figura 3. Colhedora própria e serviço terceirizado (A) e umidade atingida no momento da colheita da soja (B).

De acordo com as informações da Embrapa (2013), quando a vagem está madura, quer dizer que já se encontra no ponto para a colheita dos grãos. Quando a soja está nesse estágio, pode ocorrer a perda da umidade de forma abrupta e quando o clima está seco, em um curto espaço de tempo – de cinco a dez dias – os grãos atingem o teor desejado de umidade (13% - 15%), oportunidade em que as perdas e os danos mecânicos são minimizados. Quando os grãos são colhidos em umidade superior a 15%, pode ocasionar danos mecânicos latentes, e quando o nível de umidade está abaixo de 13%, pode ocorrer aumento nos danos mecânicos imediatos. Quando isso ocorre, pode-se notar grãos quebrados ou “bandinhas” (metades).

No entanto, França Neto et al. (2007), demonstram que a soja analisada com umidade superior a 14% poderá se sujeitar à maior ocorrência dos danos ocasionados pela colheita mecânica, enquanto índices de umidade inferiores à porcentagem informada, podem ocasionar maior sensibilidade à quebra dos grãos podendo, com isso, acelerar o processo de perda dos grãos da soja (XAVIER et al., 2015).

Conforme relatado por Silveira e Conte (2013) a colheita do grão, a fim de evitar perdas, deve ser realizada a partir do estágio R9, momento em que os grãos de soja apresentam umidade entre 13 e 15%, minimizando os danos causados pela colheita mecânica.

No entanto, vale ressaltar que, enquanto durar o processo de colheita da soja, é inevitável que ocorra perda do produto, e por isso, devem ser estudados meios que consigam minimizar as perdas e aumentar os lucros aferidos.

Observa-se, por meio da quantificação manual, no que tange à porcentagem de perdas informadas do gráfico a seguir (Figura 4), que a plataforma de corte (perdas pós

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colheita) foi a maior responsável pela perda de grande parte do grão de soja na colheita (72,58%). No entanto, quanto às perdas naturais (perdas pré colheita), nota-se que foram responsáveis pelo menor número (3,86%).

Figura 4. Porcentagem de perdas naturais nas plataformas de corte e no sistema de trilha utilizado na colheita mecanizada.

Os resultados obtidos por meio da pesquisa realizada coadunam com os obtidos por Schanoski et al. (2011) ao estudar as perdas ocasionadas pelo processo de colheita mecanizada de soja em um pequeno município do estado do Paraná, oportunidade em que restou demonstrado que cerca de 75% das perdas ocorridas durante a colheita do grão da soja, foram provenientes da plataforma de corte e os outros 25% restantes ocorreram nos outros sistemas que seguem à colheita (trilha, separação e limpeza).

As perdas provenientes da plataforma podem ser reduzidas quando são realizadas as devidas regulagens para que seja garantido bom desempenho do maquinário durante o momento do corte.

Pode ocorrer vibrações no sistema de facas e contra facas ou folgas, no entanto, não podem ser maiores que 4mm, visto que pode fazer com que haja debulha do grão antes que a planta seja ceifada pelo processo de colheita. Ainda, o molinete deve agir mais de 10 a 15%

mais veloz que o avanço da colhedora, pois, caso seja menor, o molinete poderá empurrar as plantas e fazer com que haja debulha dos grãos antes que sejam levados para o interior da plataforma (SCHERER et al., 2015).

Outra observação importante foi que menos de 6% das colhedoras analisadas, conforme dados informados na Figura 5, apresentaram percentuais de perda enquadrados nos limites máximos aceitáveis, ou seja, até 60 kg ha-1(SILVEIRA; CONTE,2013).

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Figura 5. Número total de perdas da soja (kg ha-1) no processo de colheita mecanizada

Algumas medidas podem ser tomadas a fim de diminuir os percentuais de perda da soja, por meio da colheita mecanizada. Por exemplo, realizar os ajustes no sistema de alimentação e corte, trilha, bem como no sistema de separação e limpeza, que são fatores importantes que contribuem para a redução de perdas durante o processo colheita e qualidade dos grãos colhidos.

Os principais ajustes em si tratando do sistema de corte e alimentação da colhedora foram citados como: a posição do molinete e a velocidade de trabalho da colhedora, ao passo que no sistema de trilha os principais ajustes devem ser realizados na abertura entre o cilindro/rotor e o côncavo, a rotação do cilindro e o paralelismo entre o cilindro/rotor e o côncavo; os ajustes do sistema de separação e limpeza por sua vez, são basicamente a abertura dos alvéolos das peneiras e fluxo de ar proveniente do ventilador (SILVEIRA & CONTE, 2013).

Verifica-se que a fazenda Caaporã, da Zona Rural de Bom Jesus do Araguaia, no estado de Mato Grosso, apresenta perdas com números bem acima do mínimo aceitável, o que pode estar intimamente ligado ao tempo de exercício do trabalho desempenhado pelos operadores atrelado à falta de treinamento.

4. CONCLUSÃO

As maiores perdas encontradas durante a pesquisa, na porcentagem de 72,58% foram ocasionadas pelo equipamento de corte, seguido ainda pelo sistema de trilha, que resultou na perda 23,56% na média geral da soja produzida que foi de 72,32 SC.

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