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Concepções sobre empreendedorismo na visão de alunos e professores de cursos de administração de Brasília

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE

CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO

Mestrado

CONCEPÇÕES SOBRE EMPREENDEDORISMO NA VISÃO

DE ALUNOS E PROFESSORES DE CURSOS DE

ADMINISTRAÇÃO DE BRASÍLIA

Autora: Eliana Pessoa

Orientadora: Prof. Dra. Jacira da Silva Câmara

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ELIANA PESSOA

CONCEPÇÕES SOBRE EMPREENDEDORISMO NA VISÃO DE

ALUNOS E PROFESSORES DE CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO DE

BRASÍLIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Educação.

Orientadora: Prof. Dra. Jacira da Silva Câmara

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Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB P475c Pessoa, Eliana.

Concepções sobre empreendedorismo na visão de alunos e professores dos cursos de administração de Brasília / Eliana Pessoa. – 2008.

114 f.: il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2008. Orientação: Jacira da Silva Câmara.

1. Empreendedorismo. 2. Empreendedores. 3. Administração – Brasília (DF) – Estudo e ensino (Superior). I. Câmara, Jacira da Silva, orient. II. Título.

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Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida.

Ao meu filho Guilherme, Antonielda e minha família pelo apoio na realização deste sonho.

À minha querida orientadora Professora Jacira, exemplo indiscutível de educadora, que acreditou no meu potencial e com muita paciência me ajudou, sugerindo alternativas e mostrando caminhos novos diante do caos. Muito obrigada!

Ao Professor Florêncio, pelo precioso apoio, por seus bons conselhos e por me instigar a buscar outros caminhos. Não existem palavras que possam representar minha gratidão a este tão grande educador.

Ao Professor Geraldo Sardinha que além de ter aceitado participar como membro da banca, neste momento tão especial para mim, muito contribuiu para a conclusão deste trabalho.

À Natsuko e Sônia Goulart, minhas maiores incentivadoras, com quem eu sempre pude contar. Mais uma etapa concluída. Minha gratidão por vocês é imensa e tão grande quanto o meu carinho.

Aos meus professores do mestrado pela oportunidade de aprendizagem dentro e fora de sala.

Aos meus colegas do mestrado pelo companheirismo e apoio.

Aos meus amigos pelo apoio e compreensão em todos os momentos e que torceram pelo sucesso deste trabalho.

Às Instituições de Ensino Superior de Brasília que permitiram a realização deste estudo, bem como os professores e alunos que gentilmente relataram suas experiências. Sem vocês não haveria como viabilizar esta pesquisa.

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Todo conhecimento começa com o sonho. O conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não brota das profundezas da terra. Como Mestre só posso então lhe dizer uma coisa: Conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos!

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Referência: PESSOA, Eliana. Concepções Sobre Empreendedorismo na Visão de Alunos e Professores dos Cursos de Administração de Brasília. 2008. (114p.). Mestrado em Educação – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2008.

Esta pesquisa de natureza exploratória teve como objetivo analisar as concepções associadas ao empreendedorismo por alunos e professores de cursos de administração das Instituições de Ensino Superior (IES) de Brasília, nas disciplinas em que a temática era abordada. Foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas com os professores e questionários com os alunos selecionados. A revisão de literatura desvelou uma multiplicidade de enfoques e campos de ação do empreendedor. Vários estudos foram realizados para se explicar o fenômeno do empreendedorismo na ótica dos economistas, comportamentalistas, sociólogos; e, mais recentemente por quase todas as ciências gerenciais e humanas. Os resultados desse estudo evidenciaram que a maioria dos professores possui uma concepção fortemente focada na visão dos economistas enquanto que os alunos ainda não perceberam a multiplicidade de opções que a atitude empreendedora pode lhes proporcionar. Pelos resultados obtidos ficou claro que a educação empreendedora exige uma nova práxis pedagógica, que estimule a criatividade e a inovação de modo que o aluno possa desenvolver o seu potencial empreendedor. Considerando que as concepções são o fio condutor da ação docente, é necessário que os professores revejam as suas concepções parciais ou equivocadas sobre o empreendedor para que possam agir de forma intencional no desenvolvimento de valores e atitudes empreendedoras de seus alunos. Espera-se que os aspectos delineados nesta pesquisa possam contribuir para que os docentes e as instituições educacionais adotem novas óticas e olhares sobre as suas concepções de empreendedorismo de forma a orientar uma nova prática educacional, que se aborde o saber como conseqüência dos atributos do ser empreendedor.

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ABSTRACT

Reference: PESSOA, Eliana. Conceptions About Entrepreneurship in the Vision of Students and Teachers of Courses in Administration of Brasília. 2008. (114p.). Mestrado em Educação – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2008.

This explorative research aimed to examine the concepts associated with entrepreneurship by students and teachers of courses in administration of the higher education institutions from Brasilia, in disciplines where the subject was discussed. Semi-structured interviews were used with the teachers and questionnaires with the selected students. The review of the literature brought a multiplicity of approaches and fields of action of the entrepreneur. Several studies were conducted to explain the phenomenon of entrepreneurship in perspective of economists, behaviorists, sociologists and, most recently, by almost all managerial sciences and humanities. The results showed that the majority of teachers have a conception strongly focused on the vision of economists while the students do not realize yet the plethora of options that entrepreneurial attitude can give them. The results made clear that the entrepreneurial education requires a new educational praxis, which stimulates creativity and innovation so that the student can develop their full potential entrepreneur. Whereas the concepts are the main theme of teaching activities, it is necessary that teachers are encouraged to review their partial or wrong conceptions about the entrepreneur so they can act as intentional in the development of entrepreneurial values and attitudes of their students. It is expected that the points outlined in this research can help ensure that teachers and educational institutions adopt new perspectives and visions about their concepts of entrepreneurship in order to steer a new educational practice, that they address the knowledge as a background of being entrepreneur.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Instituições Selecionadas para Pesquisa ... 25

Quadro 2 Matriz de Características do Empreendedor ... 30

Quadro 3 Temas de Pesquisa em Empreendedorismo ... 35

Quadro 4 As “Escolas” do Empreendedorismo ... 37

Figura 1 Evolução da Taxa de Empreendedores Estabelecidos – Brasil: 2002/2006 ... 41

Figura 2 Evolução da Taxa de Empreendedores por Motivação – Brasil: 2002/2006 ... 42

Figura 3 Características dos Empreendedores – Brasil: 2002/2006 ... 43

Quadro 5 Características dos Tipos de Empreendedores ... 46

Figura 4 Características do Comportamento Empreendedor... 50

Quadro 6 Detalhamento das Características do Comportamento Empreendedor ... 50

Quadro 7 Necessidades... 51

Quadro 8 Conhecimentos ... 52

Quadro 9 Habilidades ... 53

Quadro 10 Valores ... 54

Quadro 11 Os Atributos e Habilidades do Empreendedor ... 55

Quadro 12 Comparação entre Gerentes e Empreendedores ... 59

Quadro 13 Formação Gerencial x Empreendedora ... 60

Quadro 14 Perfil dos Professores ... 72

Figura 5 Concepções Associadas ao Empreendedorismo pelos Professores ... 78

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Perfil dos Alunos por Gênero ... 73

Tabela 2 Perfil dos Alunos por Faixa Etária ... 73

Tabela 3 Objetivos Profissionais ... 74

Tabela 4 Concepções sobre Empreendedorismo – Gênero ... 81

Tabela 5 Concepções sobre Empreendedorismo - Faixa Etária ... 82

Tabela 6 Conhecimentos ... 85

Tabela 7 Necessidades ... 86

Tabela 8 Habilidades ... 87

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LISTA DE SIGLAS

CAPES– Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CCE - Características do Comportamento Empreendedor

CFA - Conselho Federal de Administração

ENANPAD – Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

GEM - Global Entrepreneurship Monitor IES - Instituições de Ensino Superior MEC - Ministério da Educação

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

1.1 JUSTIFICATIVA ... 14

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ... 15

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ... 17

1.3.1 Objetivo geral... 17

1.3.2 Objetivos específicos ... 17

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ... 17

2 NATUREZA E MÉTODO DA PESQUISA ... 19

2.1 MÉTODO DA PESQUISA ... 19

2.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ... 21

2.3 QUESTÕES DE PESQUISA ... 22

2.4 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 23

2.5 PARTICIPANTES DA PESQUISA ... 24

2.6 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DOS DADOS ... 26

2.7 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ... 27

3 REVISÃO DA LITERATURA ... 28

3.1 O EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR ... 28

3.1.1 Visão dos economistas ... 31

3.1.2 Visão dos comportamentalistas... 32

3.1.3 Visão sociológica ... 33

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3.4. CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS, LIDERANÇA E GESTÃO ... 47

3.4.1 Atitude empreendedora ... 57

3.4.2 Paralelos entre o empreendedor e o gerente ... 58

3.4.3 Paralelos entre o empreendedor e o líder ... 60

3.5 A EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL 64 4 RESULTADOS DA PESQUISA ... 71

4.1 PERFIL DOS PROFESSORES E ALUNOS ... 71

4.1.1 Professores ... 71

4.1.2 Alunos ... 73

4.2 CONCEPÇÕES ASSOCIADAS AO EMPREENDEDORISMO ... 75

4.2.1 Visão dos professores ... 75

4.2.2 Visão dos alunos ... 79

4.2.2.1 Gênero ... 81

4.2.2.2 Faixa etária ... 82

4.3 O EMPREENDEDOR, O GERENTE E O LÍDER ... 82

4.4 CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR ... 84

4.4.1 Visão dos professores ... 84

4.4.2 Visão dos alunos ... 85

4.5 ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM UTILIZADA NA DISCIPLINA ... 89

5 CONCLUSÃO ... 91

REFERÊNCIAS ... 98

APÊNDICE A - ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ... 107

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO ... 109

APÊNDICE C - IES CADASTRADAS NO MEC EM BRASÍLIA ... 110

APÊNDICE D - IES COM CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO EM BRASÍLIA ... 112

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1 INTRODUÇÃO

"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”. Paulo Freire

O mundo está presenciando a velocidade das mudanças no cenário político, econômico e social. Os países estão formando blocos, derrubando fronteiras comerciais e impondo um novo tipo de relacionamento ao mercado. O consumidor está cada vez mais exigente quanto à qualidade dos produtos e serviços disponibilizados. A tecnologia da informação a cada dia agrega inovações com impacto direto na vida das organizações e das pessoas.

A ênfase na disseminação da cultura empreendedora tem sido uma das alternativas para auxiliar as pessoas no desenvolvimento de competências e valores mais adequados à realidade atual, visto que são as pessoas consideradas empreendedoras que estão liderando os desafios das constantes mudanças. Elas são visionárias, questionam, arriscam e fazem acontecer. Os empreendedores são considerados pessoas diferenciadas, possuem motivação singular, são apaixonadas pelo que fazem, não ficam satisfeitas em ser mais um na multidão, querem deixar algo para posteridade, e estão revolucionando o mundo (DORNELAS, 2005).

Conseqüentemente universidades, governos e instituições privadas têm intensificado ações na busca de qualificação das pessoas em empreendedorismo. Estes argumentos encontram respaldo em Drucker (1994, p.349), ao destacar que:

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A escola/educação, como um dos agentes responsáveis pelo desenvolvimento do cidadão, vem sofrendo um processo de ressignificação estrutural e de sentido na sua função de formar pessoas que atendam aos múltiplos projetos que a sociedade está requerendo (SILVA, 2002). O debate circula em torno da qualidade da aprendizagem, na expectativa de que o aluno possa se inserir de forma ativa, consciente e competente nesse mundo paradoxal do terceiro milênio.

...o desafio para a educação no século XXI é a integração do desenvolvimento da ciência e da tecnologia na expansão da consciência do ser humano sobre as dimensões pessoais e transpessoais de sua existência e seu papel como cidadão. (BERGER, 2001, p.3).

Faz-se importante, portanto, que a educação enfrente os desafios do novo milênio: a formação do homem na perspectiva do ser integral, de modo que o saber e o ser possam dialogar e contribuir para a realização do ser humano.

Tradicionalmente, os cursos de graduação em administração organizam seus currículos fortalecendo características na formação de profissionais para atuação em grandes empresas. Desta forma, os jovens graduados possuem como opção profissional a procura de emprego em cargos gerenciais ou intermediários na área administrativa de empresas já consolidadas, onde tentarão utilizar e praticar os ensinamentos recebidos na Universidade. (MELATTI, 2002)

Na década de 90, os cursos de administração começaram a introduzir disciplinas relacionadas ao empreendedorismo em seu projeto pedagógico, com a intenção de formar profissionais capacitados para criação e gestão de negócios próprios, influenciados ainda pela visão dos economistas sobre o empreendedorismo.

A necessidade de desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e valores empreendedores na sociedade atual, exige, ainda mudanças na concepção dos cursos de administração no tocante à concepção e implementação de metodologias de ensino/aprendizagem adequadas à educação empreendedora, em sentido amplo.

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específicas, tais como finanças, marketing, produção, concessão de incentivos de créditos e/ou fiscal, elaboração do plano de negócio, mas também em comportamentos e valores empreendedores.

1.1 JUSTIFICATIVA

Autores como Schumpeter (1997), Filion (1999), Dolabela (1999a, 1999b), Dornelas (2005), dentre outros, enfatizam o papel do empreendedor no contexto de desenvolvimento de um país, por meio da criação e geração de emprego e renda. Contudo, os esforços relativos à criação de empresas podem ficar comprometidos e serem desperdiçados, em função da falta de preparo dos empreendedores. Isso pode ser observado no Brasil, em que os índices de mortalidade das empresas emergentes são muito altos. (SEBRAE, 2004).

Dolabela (1999a) afirma que as universidades brasileiras ainda apresentam uma grande dissociação entre o mercado e os “sistemas de suporte” empresariais, prendendo-se ainda a uma formalização curricular e movimentando-se muito lentamente no sentido à mudança.

Percebe-se que a compreensão do empreendedorismo ainda suscita questionamentos, sendo, desta forma, importante avançar na sua discussão, contribuindo para uma maior visibilidade ao tema. Jonathan, Bonan e Luca (2000) afirmam que ainda não existem nas universidades, modelos e padrões consagrados orientadores de como promover a formação de potenciais empreendedores.

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Paiva Jr. e Cordeiro (2002) complementam que é necessário fortalecer teoricamente o construto „empreendedorismo‟ para melhor reconduzir as abordagens acadêmicas da administração para além da geração de novos negócios. Para Souza (2001, p. 2) não existe uma teoria consolidada a respeito do empreendedorismo, pois “é um campo de estudo emergente”. Tudo está em desenvolvimento, desde a própria conceituação até “uma metodologia para o desenvolvimento dessa competência que envolve bem mais do que a aquisição de conhecimentos, mas o aprender a apreender, a ser, a fazer e, principalmente a conviver”.

As Instituições de Ensino Superior possuem um papel estratégico no processo de formação de empreendedores, que envolve não só sua capacitação técnica, como também o desenvolvimento dos valores e comportamentos requeridos. Isto de tal forma que se possa favorecer o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e social, e a formação pessoal do empreendedor.

A formação empreendedora baseia-se no desenvolvimento do autoconhecimento com ênfase na perseverança, na imaginação, na criatividade, associadas à inovação. Dessa forma passa a ser importante não só o conteúdo do que se aprende, mas, sobretudo, como é aprendido, em outras palavras, o padrão de ensino e aprendizado estabelecido. (SOUZA, 2001, p. 249)

Dessa forma, um estudo que trate da questão da concepção empreendedora, sob a perspectiva dos professores e alunos de cursos de administração, no qual a temática é abordado, certamente contribuirá para fomentar o debate e dar maior visibilidade ao tema. Será que os cursos, nos quais o empreendedorismo é objeto de estudo, propiciam aos alunos a formação de atitudes e valores empreendedores?

Considere-se, ainda, que estudos que forneçam subsídios para construção de uma prática pedagógica mais adequada para o ensino de empreendedorismo são de interesse da gestão das Instituições de Ensino Superior e da sociedade que, a cada dia, exige serviços educacionais de qualidade.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

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empreendedores que possam contribuir para o desenvolvimento econômico e social das sociedades é uma preocupação constante da atualidade (DOLABELA, 1999a). Nessa mesma linha, Lezana e Tonelli (1998) reforçam que o empreendedorismo é um dos principais motores da sociedade moderna. Na pesquisa GEM BRASIL (2007)1, o Brasil continua entre os países onde mais se criam negócios, com taxa de empreendedores iniciais (TEA) de 11,3%, situando-se na sétima colocação entre os 42 países participantes.

Apesar das constatações acima, existe ainda um desconhecimento pela sociedade brasileira sobre a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento econômico e social do país.

Considerando que o campo de estudo do empreendedorismo ainda está em construção é relevante fortalecer teoricamente o construto „empreendedorismo‟ para que se possam reconduzir as abordagens acadêmicas da administração. (PAIVA JR. e CORDEIRO, 2002).

Diante deste cenário, as Instituições de Ensino Superior adquirem um papel estratégico neste processo, na formação do empreendedor, com equilíbrio entre a competência técnica, habilidades e valores.

À luz destas considerações esta pesquisa pretende responder a seguinte questão:

Quais as concepções associadas ao empreendedorismo por professores e alunos de cursos de administração, nas disciplinas em que a temática é abordada?

1

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1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.3.1 Objetivo geral

Analisar as concepções associadas ao empreendedorismo por professores e alunos de cursos de administração das Instituições de Ensino Superior (IES) de Brasília, nas disciplinas em que a temática é abordada.

1.3.2 Objetivos específicos

Identificar o perfil dos professores e alunos dos cursos de administração, nas disciplinas em que o tema empreendedorismo é abordado.

Investigar as concepções associadas ao empreendedorismo pelos professores e alunos do curso de administração nas IES de Brasília, nas disciplinas em que a temática é desenvolvida.

Relacionar as diferenças e semelhanças entre o empreendedor, o gerente e o líder, na visão dos professores pesquisados.

Identificar as características do comportamento empreendedor, na visão dos professores e alunos pesquisados.

Identificar as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos professores nas disciplinas em que o foco é empreendedorismo.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

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No segundo capítulo é apresentado o método e natureza da pesquisa, envolvendo a seleção dos participantes; a delimitação do estudo; as questões da pesquisa; as técnicas e instrumentos utilizados na coleta e análise dos dados; e, as limitações da pesquisa.

O terceiro apresenta uma revisão dos estudos sobre as concepções do empreendedorismo; os tipos de empreendedores; comparações das competências empreendedoras com o líder e o gerente; e, a educação empreendedora no Brasil.

O quarto capítulo descreve os resultados obtidos nas entrevistas e nos questionários aplicados com os professores e alunos do curso de administração nas Instituições de Ensino Superior de Brasília, nas disciplinas com ênfase em empreendedorismo.

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2 NATUREZA E MÉTODO DA PESQUISA

Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer. Paulo Freire

Neste capítulo é abordado o método de pesquisa aplicado no estudo, envolvendo a delimitação do estudo, a definição dos participantes e as técnicas e instrumentos de coleta e análise dos dados.

2.1 MÉTODO DA PESQUISA

“Todos nós olhamos o mundo da torre da igreja da nossa própria cidade.” Ditado russo.

Esse ditado popular chama a atenção para que o pesquisador ao efetuar uma pesquisa científica, especialmente de caráter qualitativo, não se fundamente somente em suas próprias concepções, lembrando-se que cada pessoa é, em princípio, diferente da outra. Dessa forma, o pesquisador necessita assumir uma atitude aberta a todas as manifestações dos sujeitos da pesquisa, sem se deixar conduzir pelas aparências e preconceitos, a fim de alcançar uma compreensão global dos fenômenos.

A ciência moderna nasceu no século XVI, baseada na visão racionalista do mundo, com a preocupação de buscar métodos que estabelecessem critérios para o desenvolvimento da ciência como saber universal. E foi nessa vertente que Descartes (2003) defendeu a questão do método como a regra do espírito cientifico.

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investigação sobre os impactos dos principais problemas visíveis do século XX (ameaça nuclear, destruição do meio ambiente, desigualdades e exploração gritante entre Norte e Sul, preconceitos políticos e raciais, dentre outros) Capra (1982) afirmou que, na realidade, os problemas são sintomas de uma única crise. Uma crise de percepção, ou seja, uma percepção distorcida baseada no individual e na separatividade entre pessoas, coisas e eventos.

Muitos desses problemas emergem dada a tendência do ser humano em fragmentar o mundo, os saberes e o homem, por desconhecer a interligação dinâmica de todas as coisas e de que o homem e o universo são constituídos como um holograma.

Desde a revolução promovida por Einstein na Física, os pressupostos clássicos passaram a ser questionados por mostrar várias limitações que exigem uma revisão radical. Não faz mais sentido se falar em peças isoladas que interagem entre si, mas em padrões de relações entre partes inclusas em uma estrutura maior, um todo dinâmico, sendo a relação em si mais importante que as partes que "sentem" esta relação.

Isso exige uma mudança na crença de que o observador nada tem a ver com o objeto observado; para uma ciência epistêmica, em que é necessário levar em consideração o próprio processo humano de conhecer e fazer ciência. No final, a natureza é um espelho dos próprios modelos mentais do homem sobre a natureza. Isso pressupõe que não pode haver uma ciência acabada, com postulados rígidos e fixos.

Demo (1996, p. 34) insere a pesquisa científica como uma atividade cotidiana considerando-a como uma atitude, um “questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático”.

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A pesquisa, para Rudio (2004, p. 9), é:

um conjunto de atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento, e como forma de se qualificar como científica, ela deve ser feita de modo sistematizado, utilizando para isto método próprio e técnicas específicas e procurando um conhecimento que se refira à realidade empírica.

Pode-se considerar a pesquisa como um conjunto de ações propostas para encontrar a solução para um problema, que se fundamenta em procedimentos racionais e sistemáticos.

Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa de caráter exploratório. A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. O significado é de importância vital na pesquisa qualitativa. Assim, os pesquisadores devem ser extremamente cuidadosos na coleta de dados com os participantes da pesquisa, com o objetivo de perceber aquilo que eles experimentam, o modo como eles interpretam as suas experiências, e como eles próprios estruturam o mundo social em que vivem.

Estudos qualitativos auxiliam (1) na descrição da complexidade de determinado problema, (2) na análise da interação de variáveis, (3) na compreensão e classificação dos processos dinâmicos vividos pelos grupos sociais, e (4) no entendimento num nível mais profundo das particularidades do comportamento dos seres humanos (RICHARDSON, 1985).

2.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Dificilmente uma pesquisa engloba todos os aspectos e facetas que abrangem a análise de determinado tema. Dessa forma, esta pesquisa busca identificar as concepções associadas ao empreendedorismo apresentadas por professores e alunos de cursos de administração, em Brasília, nas disciplinas em que a temática é abordada.

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...ser empreendedor não é somente a introjeção de acúmulo de conhecimento, mas a introjeção de valores, atitudes, comportamentos, formas de percepção do mundo e de si mesmo voltados para atividades em que o risco, a capacidade de inovar, perseverar e de conviver com a incerteza são elementos indispensáveis.

Conforme Câmara (2002, p. 4), “a conjugação de todos esses elementos vão contribuir para o estabelecimento de conceitos e concepções sob os quais os indivíduos atuam, interferindo, consciente ou inconscientemente nas ações por eles exercidos”.

Para a autora, conceitos e concepções são formulações de idéias e, desta forma, um conceito adotado representa o circuito condutor de todas as ações e estratégias desenvolvidas pelos sujeitos envolvidos. Os valores nele contidos são particularmente inspiradores para a organização e funcionamento das ações (CÂMARA, 2003)

Ser empreendedor envolve (1) comportamentos, atitudes e valores que conduzem à inovação; (2) capacidade de transformação do mundo; e (3) geração de riquezas em qualquer atividade, seja como empregado, autônomo ou dono de uma empresa. Neste sentido, pretende-se nesta pesquisa identificar as concepções adotadas pelos professores e as concepções apreendidas pelos alunos das disciplinas em que a temática é abordada.

2.3 QUESTÕES DE PESQUISA

Quem são os professores e alunos do curso de administração nas disciplinas em que é abordado o tema empreendedorismo?

Quais as concepções atribuídas ao empreendedorismo na visão dos professores e dos alunos?

Quais as diferenças e semelhanças entre o empreendedor, o gerente e o líder, na visão do professor?

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Quais as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos professores nas disciplinas em que o foco é empreendedorismo?

2.4 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

As técnicas utilizadas nesta pesquisa com a finalidade de garantir a qualidade dos resultados obtidos e a validade do estudo foram:

1. entrevista semi-estruturada com os professores que desenvolvem a temática empreendedorismo em disciplinas do curso de administração (APÊNDICE A); e

2. questionário com os alunos que participam das disciplinas que apresentam a temática empreendedorismo (APÊNDICE B);.

Entrevista é considerada uma conversa estruturada, com objetivo previamente estabelecido pelo pesquisador e conduzida dentro de relações de poder bem definidas. É um instrumento importante na pesquisa qualitativa, quando o objetivo é explorar os significados subjetivos do fenômeno em estudo, na perspectiva dos participantes, ao invés de meramente coletar respostas num formato padrão.

Para Kerlinger (1980), questionário é um conjunto de dados de uma população ou parte para verificar a incidência relativa, a distribuição e as relações de fenômenos que ocorrem naturalmente. O questionário envolve a reunião de dados em uma quantidade de unidades, usualmente num tempo único, com o objetivo de coletar sistematicamente um conjunto de dados quantificáveis em conexão com certo número de variáveis para serem analisadas e se diferenciem os padrões associativos.

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2.5 PARTICIPANTES DA PESQUISA

Como critério para selecionar as instituições participantes da pesquisa, foi definido que as mesmas deveriam oferecer o curso de administração e que em sua grade curricular constassem disciplinas com ênfase em empreendedorismo.

Para determinação das instituições participantes, foi utilizada a amostra não probabilística, denominada por tipicidade, em que o pesquisador escolhe quem será incluído, tendo por base um conjunto de propriedades típicas em relação ao objeto da pesquisa (MARCONI E LAKATOS, 2006).

Assim definidos, foram adotados os seguintes procedimentos:

1. Pesquisa no portal do Ministério da Educação (MEC), para identificar as Instituições de Ensino Superior cadastradas em Brasília/DF. Foram identificadas 84 instituições cadastradas no MEC, conforme APÊNDICE C.

2. Pesquisa no portal do Ministério da Educação - MEC, para identificar as instituições que possuíam curso de administração em funcionamento. Foram identificadas 39 Instituições de Ensino Superior, conforme APÊNDICE D.

3. Pesquisa nas Instituições de Ensino Superior, que possuíam portais na Internet, com grade curricular do curso disponível, para identificar as instituições que possuíssem disciplinas com ênfase em empreendedorismo. Das 39 Instituições de Ensino Superior identificadas no procedimento anterior, 21 apresentavam disciplinas com ênfase em empreendedorismo.

4. Triagem das Instituições de Ensino Superior que se localizavam no Plano Piloto em Brasília, com categoria administrativa semelhantes, e que em sua grade curricular constassem disciplinas com ênfase em empreendedorismo. Somente 10 Instituições de Ensino Superior atenderam ao critério estabelecido.

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Instituição de Ensino Superior Organização Acadêmica

Categoria Administrativa

1 Centro Universitário de Brasília - UniCEUB Centro Universitário Privada/Particular

2 Centro Universitário Euro-Americano –

UNIEURO

Centro Universitário Privada/Particular

3 Faculdade Alvorada de Educação Física e Desporto – SETEC

Faculdade Privada/Particular

4 Faculdade Brasília de Tecnologia, Ciências e Educação Asa Norte - FACBRASÍLIA

Faculdade Privada/Particular

5 Centro Universitário do Distrito Federal - UNIDF

Centro Universitário Privada/Particular

6 Faculdade de Ciências Gerenciais do Planalto Central - CIGEPLAC ou UNIPLAC

Faculdade Privada/Particular

7 Faculdade Planalto de Administração e Ciências Econômicas - FACPLAN - IESPLAN

Faculdade Privada/Particular

8 FACULDADES INTEGRADAS DA UPIS –

UPIS

Faculdades Integradas Privada/Particular

9 Faculdades Integradas do ICESP - FACICESP Faculdades Integradas Privada/Particular

10 Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB – IESB

Faculdade Privada/Particular

Quadro 1 Instituições Selecionadas para Pesquisa

Fonte: dados da pesquisa

A solicitação para realização da pesquisa foi enviada, por e-mail (APÊNDICE E), a todas as Instituições de Ensino Superior selecionadas, após contato telefônico com a coordenação do curso de administração. Das dez instituições selecionadas somente 4 (quatro) Instituições de Ensino Superior de Brasília autorizaram o desenvolvimento da investigação com os seus alunos e professores, apesar de reiteradas solicitações por e-mail e telefone.

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Para a seleção dos professores a serem pesquisados, adotou-se como critério que eles deveriam estar atuando como docentes em disciplinas com ênfase em empreendedorismo nas instituições participantes. As disciplinas foram: Gestão Empreendedora, Administração Empreendedora e Empreendedorismo.

Em cada IES foi indicado pelo coordenador do curso de administração um professor em uma das disciplinas citadas acima. Desta forma, participaram da pesquisa quatro professores.

Foram realizadas entrevistas com cada um dos professores das disciplinas selecionadas, no período de maio a setembro de 2007. As entrevistas foram gravadas com o consentimento dos participantes, com duração média de 30 (trinta) minutos, num clima descontraído e bastante produtivo.

Para participação na pesquisa foram selecionados os alunos das disciplinas referidas anteriormente. Os questionários foram aplicados a todos os alunos presentes em uma das aulas dos professores participantes.

Responderam ao questionário um total de 250 (duzentos e cinqüenta) alunos, nas 4 (quatro) Instituições de Ensino Superior de Brasília.

2.6 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise dos dados das entrevistas semi-estruturadas e das questões abertas do questionário, foi utilizada a análise de conteúdo, que é um método de tratamento e exame crítico de informações consubstanciadas em um documento. A análise de conteúdo aplica-se à análise de textos escritos ou de qualquer comunicação oral representada em forma de texto ou documento. (BARDIN; 1977).

(29)

2.7 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Percebe-se uma limitação para a generalização das informações obtidas nesta investigação, na medida em que a pesquisa é restrita à 40% das Instituições de Ensino Superior de Brasília.

Ressalte-se, entretanto que o percentual acima está diretamente relacionado com a autorização da instituição para a coleta de dados in loco, o que não foi possível com a totalidade das Instituições de Ensino Superior de Brasília inicialmente selecionada.

(30)

3 REVISÃO DA LITERATURA

“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”. Paulo Freire

Neste capítulo, é apresentada a revisão da literatura sobre o tema nas pesquisas efetuadas no campo do empreendedorismo. Envolvem estudos sobre as concepções do empreendedorismo; os tipos de empreendedores; comparações das competências empreendedoras com o líder e o gerente; e a educação empreendedora no Brasil.

3.1 O EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR

O conceito de empreendedor é citado pela primeira vez por volta de 1800 pelo economista francês Say (1964) que definiu o termo como sendo: “aquele que transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento”. O economista austríaco Schumpeter (1997) relançou as idéias sobre o empreendedor e seu papel no desenvolvimento econômico. Ambos associam o empreendedor ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios.

Segundo Deakins e Freel (1996), o termo empreendedor teve sua origem na França e, numa tradução literal, significa alguém que se sobressai na sociedade. Adam Smith (1937) definiu o empreendedor como um proprietário capitalista, um fornecedor de capital e, ao mesmo tempo, um administrador que se interpõe entre o trabalhador e o consumidor.

(31)

negócio de sucesso” (TIMMONS, 1985); “O empreendedor imagina, desenvolve e realiza visões” (FILION, 1991a). Com base nas definições de Timmons e Filion, o empreendedor é, por natureza, um ser que „sonha acordado‟ e sabe como transformar uma idéia em uma realidade lucrativa. Em síntese, sabe combinar visão e ação.

A essência do empreendedor é transformar idéias inovadoras em ações lucrativas, já que o empreendedor percebe as mudanças como oportunidades de negócios (DRUCKER, 1994). Dolabela (1999a) percebe o empreendedorismo como a transformação por meio da inovação que gera valor, e o empreendedor como um rebelde frente às formas comuns de pensar e agir e, por esta razão, coloca em ação as transformações.

Melo Neto e Fróes (2002) conceituam empreendedorismo como o processo dinâmico pelos quais os indivíduos identificam idéias e oportunidades de negócio e atuam desenvolvendo-as, transformando-as em empreendimentos privados ou sociais.

Pode-se perceber, pelas diferentes linhas de pesquisa sobre o empreendedorismo, que existem inúmeras definições para este constructo. De forma geral, empreendedorismo costuma ser definido como o processo pelo qual indivíduos iniciam e desenvolvem novos negócios (LOW e MACMILLAN, 1988).

Por isso, o empreendedorismo relaciona-se tanto com a criação de novos negócios privados ou sociais, quanto com a inovação promovida dentro de empresas já estabelecidas. Considerado dessa forma, o empreendedorismo é tido como um complexo fenômeno envolvendo o empreendedor, a empresa e o ambiente no qual ele ocorre (BEGLEY e BOYD, 1997).

(32)

30

O Quadro 2 retrata a inovação como a característica citada por todos os autores pesquisados por Souza (2005), enquanto que busca de oportunidades, criatividade e correr riscos foram citados por mais da metade deles. Ressalta-se que menos de um terço dos autores pesquisados citaram como importantes para o empreendedor características como autoconfiança, proatividade e redes de contato e, portanto não foram consideradas na matriz.

Características Autores Sch ump et er McC le lla nd W eb er F ili on McD on al d

Degen Dru

cke r La lka la D ut ra Ba rro s e Pra te s Mi nt zb erg An ge lo Longenec ker et al. Le ite C arl an d et a l. F re se e t a l. T ot al

Buscar Oportunidades X x x x x x x x x x x 11 Conhecimento do Mercado x x x x x 5 Conhecimento do Produto x x x x x 5 Correr Riscos X x x x x x x x x x 10 Criatividade x x x x x x x x x 9 Iniciativa X x x x x x 6

Inovação X x X x x x x x x x x x x x x x 16

Liderança X x X x x x x 7 Necessidade de Realização X x x x x 5 Proatividade X x x x x 5 Visionário x x x x x 5

Quadro 2 Matriz de Características do Empreendedor

Fonte: SOUZA, 2005 p.17.

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Empreender não é uma condição passiva, mas produto de participação, envolvimento, comunicação, cooperação, negociação, iniciativa e responsabilidade. O verdadeiro empreendedor é essencialmente um indivíduo capaz de investir tempo e energia no futuro de sua organização e, principalmente, no de seu pessoal (MOTTA, 1998, p. 221).

Dessa forma, o conceito de empreendedorismo não pode ser entendido, apenas, como um padrão de comportamento de uma pessoa. O empreendedorismo é um processo complexo e multifacetado que reconhece as variáveis sociais (mobilidade social, cultura, sociedade), econômicas (incentivos de mercado, políticas públicas, capital de risco) e psicológicas como influenciadoras do ato de empreender (KETS de VRIES, 1985; CARLAND e CARLAND, 1991; HUEFNER; HUNT; ROBINSON, 1996).

Considerando a diversidade de visões sobre o empreendedorismo e a figura do empreendedor, apontadas por economistas, sociólogos, historiadores, psicólogos, especialistas de ciências do comportamento ou de ciências da gestão, Guimarães (2004) identificou três correntes epistemológicas no empreendedorismo: (1) dos economistas, (2) dos comportamentalistas e (3) de outras áreas, dada a expansão do campo de estudo.

Bridge, O‟Neill e Cromie (1998), de forma a explicar o comportamento empreendedor e elencar as características empreendedoras, categorizaram as correntes epistemológicas em: (1) teorias de personalidade, (2) teorias do comportamento, (3) abordagens econômicas, da (4) abordagens sociológicas e (5) abordagens integradas.

Com base nestes estudos, pode-se sintetizar a presença de quatro grandes influências no campo do empreendedorismo.

3.1.1 Visão dos economistas

(34)

32

motor do sistema econômico, detector de oportunidades de negócios, criador de empreendimentos e aquele que corre riscos.

Baumol (1993) propôs duas categorias de empreendedores: (1) os organizadores de negócios, que se incluem no tipo descrito por Say, que se especializam na administração dos novos negócios criados, para que se mantenham no mercado; e (2) os inovadores, que se enquadram mais no tipo descrito por Schumpeter, que já sabem como administrar o seu ramo de negócio, contudo, precisam aprender a empreender e inovar constantemente neste período de rápidas mudanças.

Pode-se afirmar que nesta visão predominam os paradigmas do racionalismo cartesiano e funcionalismo, com limites claramente observados.

3.1.2 Visão dos comportamentalistas

Posteriormente, os comportamentalistas representados por psicólogos, psicanalistas e outros profissionais relacionados à área do comportamento humano, tentaram compreender a pessoa empreendedora.

Weber foi um dos primeiros autores a pesquisar a temática, na década de 1930, ao procurar identificar o sistema de valores dos empreendedores como elemento fundamental para a explicação de seus comportamentos. Foram os estudos de McClelland que realmente contribuíram para o estudo do comportamento do empreendedor. (FILION, 1999)

Para McClelland (1987), empreendedor é: “alguém que exerce controle sobre uma produção que não seja só para o seu consumo pessoal”. Para ele, “um executivo em uma unidade produtora de aço na União Soviética é um empreendedor”.

(35)

Outros pesquisadores estudaram a necessidade de realização, mas não chegaram a conclusões precisas sobre o sucesso dos empreendedores. Filion (1991a) mostra que em muitos casos, a existência de um modelo tem papel crucial na decisão de criar um negócio. O autor chega a afirmar que será maior o número de jovens que imitarão os modelos empresariais quanto maior for o número de empreendedores valorizados pela sociedade local.

Os comportamentalistas dominaram o campo do empreendedorismo até o início dos anos 1980. Procuraram definir o que são os empreendedores e quais as suas características. Numerosas pesquisas foram focadas nas características individuais e nos traços de personalidade dos empreendedores. Mesmo assim, não foi possível ainda estabelecer um perfil psicológico absolutamente científico do empreendedor, por várias razões criticadas por diferentes pesquisadores do assunto como Filion (1999), Fayolle (2000) entre outros.

As pesquisas com escopo comportamentalista mostram forte influência das correntes empírico-analíticas, na busca de criar princípios, leis, normas, regras e conceitos, num nível teórico clássico-positivista.

Filion (1999) comenta que a escola comportamentalista já atingiu o ápice e agora parece estar dando sinais de declínio. Deixa como contribuição o fato de que as características empreendedoras podem ser respostas do ambiente em que vivem, onde as culturas, necessidades e hábitos de uma região determinam o seu comportamento empreendedor. Dessa forma, do ponto de vista da corrente comportamentalista o comportamento empreendedor é um fenômeno regional, determinado por culturas, necessidades e hábitos de dada região.

3.1.3 Visão sociológica

(36)

sócio-34

econômicos como classe social, composição familiar e ocupação dos pais influenciam fortemente na decisão de empreender.

Bridge, O‟Neill e Cromie (1998) afirmam que a opção profissional segue padrões ditados pela estrutura de oportunidades pelos quais os indivíduos estão expostos na educação e na oportunidade de emprego. Assim, os autores compreendem o empreendedor como um catalisador das oportunidades que lhe são apresentadas.

Outro fator abordado por esta teoria é que locais onde há organismos de apoio a pequenos negócios, tais como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), encorajam o aparecimento de empreendedores. Portanto, na visão sociológica, como na visão comportamentalista, o ambiente em que o empreendedor está inserido influencia no seu comportamento e conseqüentemente na sua decisão de ser empreendedor.

3.1.4 Visão multidisciplinar

A partir dos anos 1980 o campo do empreendedorismo expandiu-se por quase todas as ciências gerenciais e humanas, como demonstra a pesquisa realizada por Paiva Jr e Cordeiro (2002) e Guimarães (2004). Eles identificaram a diversificação de temas dominantes no campo do empreendedorismo, no Brasil, no intervalo de 1998 e 2003, nos artigos publicados no ENANPAD.

Este grande crescimento demonstra o interesse do empreendedorismo no Brasil. No Quadro 3 são destacados os temas mais pesquisados sobre empreendedorismo, com base nos estudos de Paiva Jr e Cordeiro (2002) e Guimarães (2004).

(37)

Temáticas de pesquisa sobre empreendedorismo

A concepção de sistemas de redes organizacionais

A criação e desenvolvimento de novos empreendimentos

Alianças estratégicas, incubadoras e sistema de apoio ao empreendedorismo As características comportamentais de empreendedores

As características gerenciais dos empreendedores As empresas de alta tecnologia

As empresas familiares

As políticas governamentais e criação de novos empreendimentos As práticas empreendedoras das empresas brasileiras

As redes de cooperação Auto-emprego

Capital de risco e financiamento de pequenos negócios

Educação empreendedora

Estratégia e crescimento da empresa empreendedora

Estudos culturais comparativos Inovação

Os valores e questões éticas ligadas ao empreendedorismo Perfil ou comportamento do empreendedor

Potencial empreendedor

Questões de gênero, minorias, grupos étnicos e o empreendedorismo

Quadro 3 Temas de Pesquisa em Empreendedorismo

Fonte: elaborado pelo autor.

(38)

36

Béchard (1996), buscando compreender o campo do empreendedorismo, classificou as contribuições mais citadas pelos pesquisadores do campo, nas revistas Journal of Business Venturing, Entrepreneurship Theory and Practice, e Journal of Small Business Management durante 10 anos, em três níveis de conhecimento. No nível praxeológico, o autor identificou os temas relacionados às práticas de gestão e de desenvolvimento do empreendedorismo. No nível disciplinar, fez a ligação entre as diferentes contribuições trazidas pelas teorias econômicas, psicológicas, sócio-culturais e das teorias de organização do campo do empreendedorismo. E, no nível epistemológico, pelos esforços de definição, de modelização, de classificação e de avaliação do empreendedorismo por outros autores relacionados. Esse trabalho de Béchard (1996) caracteriza-se como um trabalho de cunho epistemológico, procurando retratar a racionalidade instrumental do campo dos conhecimentos do empreendedorismo

Cunningham e Lischeron (1991) sugeriram que o campo do empreendedorismo está sendo estruturado em torno de seis pontos: (1) a escola do “grande homem”, (2) a escola de características psicológicas, (3) a escola clássica (da inovação); (4) a escola do gerenciamento; (5) a escola da liderança; e (6) a escola do intra-empreendedorismo.

Para Morris et al (2001), o empreendedorismo é o resultado da interação entre inúmeras variáveis que se influenciam mutuamente. Abaixo estão descritas seis principais variáveis:

1. O processo: está no centro e implica na criação e nos recursos para explorar uma oportunidade.

2. O empreendedor: o empreendedor é a peça fundamental, ou seja, a pessoa que origina a idéia e que se obstina em adaptar, implementar e realizar com sucesso.

3. O ambiente: são as forças que estão além do controle do empreendedor, que podem facilitar (ex. disponibilidade de capital de risco, etc.) ou dificultar (ex. alta inflação, monopólios, etc.) a expressão do empreendedor em geral.

(39)

5. Os recursos: geralmente os recursos financeiros recebem maior atenção, mas existem também os recursos humanos, a tecnologia, dentre outros.

6. O contexto organizacional: refere-se ao tipo e ao tempo da atividade empreendedora, relacionado com o ambiente organizacional.

Cunningham e Lischeron (1991) descrevem seis escolas no empreendedorismo, que são divididas de acordo com o foco dos estudiosos do campo do empreendedorismo: as características individuais, o reconhecimento de oportunidades, e a administração ou a adaptação organizacional. Cada categoria enfoca uma determinada visão do empreendedorismo, conforme detalhado no Quadro 4.

CATEGORIA “ESCOLA” ÊNFASE

Avaliação de Características Pessoais

“Pessoa Especial”: discute se as

características empreendedoras são ou não inatas.

Biografias; Histórias de Sucesso; Características e Atributos Individuais

“Características Psicológicas”: faz

uma reflexão acerca do que determina o comportamento do empreendedor, foca a personalidade do indivíduo e o estilo

comportamental.

Necessidades, Valores e Comportamentos

Reconhecimento de

Oportunidades

“Clássica”: trata da distinção entre “gerentes” e “empreendedores”,

sendo que os primeiros tendem à adaptação diante das mudanças, enquanto os outros são mais inovadores.

Criatividade; Tomada de Decisão; Identificação de Oportunidades; Fundação do Negócio

Ação e Gerência “Gerenciamento”: a preocupação está

centrada na gestão dos processos. Conhecimento e Formação Técnica

“Liderança”: o interesse é na gestão

de pessoas, no perfil e características que fazem do empreendedor um líder de sucesso.

Liderança; Visão; Motivação

Reavaliação e

Adaptação

“Intrapreneurship”: refere-se ao indivíduo que inova e que empreende dentro da organização, trazendo benefícios para a empresa.

Criatividade; Inovação; Trabalho em Equipe

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38

Para Bygrave (1993), empreendedor é uma pessoa que implementa combinações novas, enquanto causa descontinuidade. Pode ser um empregado dentro de uma organização existente ou pode começar um negócio novo. No entanto, um gerente que gere um negócio existente, talvez até mesmo com ajuste contínuo em passos pequenos, não causa descontinuidade e assim, por definição, não é um empreendedor.

Bygrave (1993) aponta a influência da teoria do caos e do paradigma da complexidade na ação empreendedora, afirmando que uma sociedade estritamente determinista, seria apenas ordem, um universo sem devir, sem inovação e sem criação. Mas, um universo que fosse apenas desordem não conseguiria constituir organização, portanto seria incapaz de conservar a novidade e, por conseguinte, a evolução e o desenvolvimento.

De acordo com Déry e Toulouse (1998), está sendo criado um paradigma que ainda não atingiu consenso no referente à construção teórica do empreendedorismo, tendo em vista que é proveniente de praticamente todas as ciências humanas e gerenciais. O que se percebe é a necessidade da criação de uma teoria que não se limite apenas a uma abordagem unidimensional em função da complexidade do campo.

O empreendedorismo compreende, antes de tudo, o fato de que indivíduos realizam ações concretas (DANJOU, 2002). Dessa forma, separar a pessoa do processo empreendedor é tornar abstrato aquele que sustenta a aventura pessoal e coletiva, ou seja, focar o homem fora de sua ação significa reduzi-lo às suas potencialidades. Assim, pode-se cometer o risco de reduzir o processo aos modelos explicativos determinantes, estabelecendo ligações de causalidade muito estreitas entre as características psicológicas de um indivíduo e sua ação empreendedora.

(41)

De acordo com o trabalho de Verstraete (1999), o empreendedorismo é um fenômeno psico-sócio-econômico-cultural complexo. Não se pode, desta forma, ignorar os fatores que influenciam o empreendedorismo, sejam eles econômicos, sociais, culturais, ou mesmo psicológicos.

Para Birley e Muzika (2004), a capacidade empreendedora significa o processo e as atividades realizadas pelos empreendedores. Compreende o processo empreendedor como ação dirigida para a realização do valor associado com as oportunidades de negócio. Enfatizam ainda que a capacidade empreendedora:

Possui forte ligação com a percepção e promoção de empreendimentos de alta tecnologia, resultando na criação de novas riquezas mediante a introdução de conceitos atuais.

Trata-se de qualquer inovação que implique em mudanças organizacionais, gerando valor econômico.

Envolve a aquisição de empreendimentos já existentes com o intuito de obter mais valor econômico.

Está presente também nas grandes organizações, tanto no setor privado como na área pública.

Fortalecendo tais argumentos, Stevenson (2004) define capacidade empreendedora como o aproveitamento de oportunidades independentemente das condições e recursos disponíveis, seja em situações de criação de um negócio ou na condução de uma empresa já estabelecida.

Percebe-se, no campo de estudos sobre empreendedorismo, uma ausência de consenso a respeito do empreendedor e das fronteiras do paradigma. Os economistas tendem a concordar que os empreendedores estão associados à inovação e são vistos como forças direcionadoras de desenvolvimento. Os comportamentalistas atribuem aos empreendedores características de criatividade, persistência, internalidade e liderança.

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40

campo do empreendedorismo deve ser abordado como fenômeno psico-sócio-econômico-cultural, em função da sua complexidade.

3.2 O EMPREENDEDORISMO DE NEGÓCIOS NO BRASIL

No Brasil existem 5 milhões de pequenos negócios que são responsáveis por 20% de todos os bens e serviços produzidos no país. De cada 100 brasileiros, 13 desenvolvem alguma atividade empreendedora, o que configura o Brasil como um dos países mais empreendedores do mundo.

Desde o ano de 2000, a pesquisa GEM BRASIL, é um importante referencial nacional para as iniciativas relacionadas ao tema empreendedorismo e questões correlatas à criação, dinamização e sobrevivência de negócios. Os 42 países participantes, do ciclo 2006 da Pesquisa GEM BRASIL, somam 4,6 bilhões de pessoas, ou seja, pouco mais de 2/3 população mundial. Neles, a população com 18 a 64 anos totaliza 2,7 bilhões de pessoas e aproximadamente 9,5% da população nessa faixa etária estão envolvidas na criação ou à frente de alguma atividade empreendedora. (GEM BRASIL, 2007)

A pesquisa GEM classifica os empreendedores conforme o estágio do negócio, a motivação para empreender e as características demográficas.

Quanto ao estágio, os empreendedores podem ser iniciais ou estabelecidos. Os empreendedores iniciais estão à frente de negócios com até 42 meses de vida, três anos e meio, e compõem uma taxa denominada TEA. Esses empreendedores subdividem-se em dois tipos: {1. empreendedores} nascentes: à frente de negócios em implantação – busca de espaço, escolha de setor, estudo de mercado etc.; {2. empreendedores} novos: seus negócios já estão em funcionamento e geraram remuneração por pelo menos três meses. Os empreendedores estabelecidos, por sua vez, são aqueles à frente de empreendimentos com mais de 42 meses.

Quanto à motivação para empreender, os empreendedores podem ser orientados por: oportunidade, quando motivados pela percepção de um nicho de mercado em potencial; ou orientados por necessidade, quando motivados pela falta de alternativa satisfatória de trabalho e renda.

(43)

O percentual da população que está envolvida ativamente na criação de novos empreendimentos ou à frente de empreendimentos com até 42 meses (Taxa de Empreendedores Iniciais - TEA), no Brasil em 2006 foi de 11,7% e manteve-se praticamente inalterada em relação ao ano anterior, que foi de 11,3% (Figura 1).

Figura 1 Evolução da Taxa de Empreendedores Estabelecidos – Brasil: 2002/2006

FONTE: GEM BRASIL, 2007, p. 47.

Quanto ao estágio do empreendimento, também não foram registradas alterações significativas nas taxas de empreendedores nascentes e novos com relação ao ano anterior. A taxa de empreendedores estabelecidos passou de 10,1% em 2005 para 12,1% em 2006. Embora não seja uma diferença estatisticamente significativa o número de empreendedores estabelecidos é maior que o de empreendedores em estágio inicial.

(44)

42

ranking o Brasil passou de 4º colocado para 6º. Proporcionalmente, é possível dizer que, para cada indivíduo que empreende por oportunidade, existe outro que o faz por necessidade.

Figura 2 Evolução da Taxa de Empreendedores por Motivação – Brasil: 2002/2006

FONTE: GEM BRASIL, 2007, p. 49.

No período de 2001 a 2006, os homens empreendedores ainda são maioria, sendo que, dentre os empreendedores iniciais, as mulheres sinalizam com 42,5% de participação (Figura 3). Em relação ao TEA de empreendedores iniciais, a mulher ocupa a 10ª posição do ranking, com índice de 9,61%, enquanto que os homens ocupam a 12ª posição com TEA de 13,74%.

De acordo com os dados da pesquisa GEM BRASIL, os homens têm menos medo que as mulheres (68,5% versus 63,4%) de iniciar um negócio.

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Figura 3 Características dos Empreendedores Brasil: 2002/2006

FONTE: GEM BRASIL, 2007, p. 211.

Em relação às condições limitantes ao empreendedorismo no Brasil foram apontados na pesquisa GEM BRASIL as Políticas Governamentais, o Apoio Financeiro e a Educação e Capacitação. Como fatores favoráveis para as atividades empreendedoras no Brasil foram citados: o Clima Econômico, os Programas Governamentais, as Normas Culturais e Sociais e a Capacidade Empreendedora.

O empreendedor brasileiro, de forma geral, reconhece boas oportunidades para empreender e considera como principais estímulos à abertura de negócios a busca por uma maior independência profissional e o aumento da renda pessoal (GEM BRASIL, 2007).

(46)

44

3.3 TIPOS DE EMPREENDEDORES

Os estudos sugerem que não é possível estabelecer uma ligação de causalidade entre um ou outro traço de personalidade, pois existe uma multiplicidade de fatores que transforma ilusória toda tentativa de se desenhar um único perfil do empreendedor (GUIMARÃES, 2004).

No passado uma carreira empreendedora significaria normalmente trabalhar num pequeno negócio. Agora, no entanto, há muitas novas formas de empreendedorismo incluindo negócios de família, micro-empresas, auto-emprego, empreendedorismo ecológico, empreendedorismo tecnológico, cooperativa, empreendedorismo de grupo, empreendedorismo social, assim como outros tipos de empreendedorismo no setor dos grandes negócios, como os que estão se tornando cada vez mais comuns. (FILION, 2001a, p. 9)

Mesmo assim o empreendedor ainda é visto como a pessoa que abre um novo negócio, uma empresa própria, ou seja, que deixa de ser empregados para ser “dono de sua própria vida”. É evidente, pelas pesquisas que as pessoas podem ser empreendedoras como proprietários de novas empresas; funcionários de grandes empresas e de órgãos públicos; professores; chefes de família; estudantes; enfim, existem vários tipos de empreendedores.

Apesar dessa diversidade, algumas tentativas foram feitas para classificar os empreendedores a partir de certas características. Dornelas (2007), por exemplo, propôs uma classificação em oito tipos de empreendedores:

1. Empreendedor Nato geralmente iniciam do nada, ainda muito jovens e criam verdadeiros impérios. Na visão de Dornelas (2007, p. 12) são “visionários, otimistas, estão à frente de seu tempo e comprometem-se 100% para realizar seus sonhos”.

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estejam em situação de perder o emprego ou já tenham sido demitido ou aposentado.

3. Empreendedor Serial é aquele apaixonado pelo ato de empreender e não apenas nas empresas que cria. Prefere a adrenalina envolvida na criação de algo novo a assumir uma postura de executivo que lidera equipes. Às vezes se envolve em vários negócios ao mesmo tempo e não é incomum ter várias histórias de fracasso.

4. Empreendedor Corporativo é geralmente um executivo muito competente, com capacidade gerencial e conhecimentos de ferramentas administrativas. Assumem riscos e possuem como desafio lidar com a falta de autonomia total para agir. Sabem convencer as pessoas para fazerem parte de sua equipe e reconhecem o empenho e talento das pessoas. Para Filion (2001a) existem duas categorias de empregados empreendedores. Os facilitadores, que “incorporam a visão de alguém e trabalham ativamente para realizá-la – por exemplo, eles podem projetar e implementar visões que complementem a visão central do dono do negócio”. E os visionários, que são “pessoas que projetam e implementam visões emergentes que modificam a visão central do proprietário do negócio” (FILION, 2001a, p. 9)

5. Empreendedor Social possui um sentimento profundo de ação como defensor da causa coletiva, combina a paixão e o entusiasmo em prol de uma missão social. Buscam melhorias duradouras para manter e gerar valor social. Realizam-se criando negócios voltados para o bem estar das pessoas e das comunidades. Não busca a formação de um patrimônio financeiro, prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o desenvolvimento das pessoas.

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46

7. Empreendedor Herdeiro possui a missão de levar a frente o legado da família. Geralmente o seu desafio é manter e ainda multiplicar o patrimônio recebido. Tem sido freqüente nas empresas familiares profissionalizar estas pessoas em gestão ou contratar apoio externo para a sucessão. Existem variações relevantes no perfil destes empreendedores, pois alguns podem-se revelar mais conservadores e outros mais independentes e inovadores.

8. O Empreendedor “Normal” ou Planejado é o empreendedor que busca a minimização dos riscos; preocupa-se com o futuro do negócio; possui uma visão de futuro clara; e, estipula metas e formas de contole para gestão do seu negócio.

Morris et al (2001) descreve quatro tipos de personalidade empreendedora de sucesso: (1) os Realizadores, que enfatizam a ousadia e são motivados pela realização; (2) os „Super’ Vendedores, que assumem riscos em torno da arte de vender e de relacionamentos; (3) os Geradores de idéias, representados pelos inovadores e inventores; e (4) os Gerentes, auto-motivados e com capacidade de liderança (Quadro 5).

TIPOS CARACTERÍSTICAS

Pessoas Realizadoras - Necessidade de feedback. - Necessidade de realização. - Forte compromisso.

- Controle interno.

Pessoas “Super” Vendedoras - Empatia.

- Crença que os processos sociais são importantes. - Bom relacionamento interpessoal.

- Crença na força das vendas.

Gerador de Idéias - Tolerância em torno de novos produtos.

- Envolvimento com empresas de alta tecnologia. - Desejo em inovar.

- Inteligência como fonte de vantagem competitiva.

Gerentes - Desejo de mudança, de competição, de decisão e de crescimento.

- Desejo de liderança e poder. - Atitude positiva de autoridade.

(49)

Isachsen (1996) baseou-se em características pessoais para classificar os

empreendedores em quatro categorias de temperamentos:

Administrador. Possui como principais características a capacidade de adequar um conjunto de situações para que as atividades sejam desempenhadas de forma ordenada, previsível, exata e no prazo. Possui um profundo senso de comprometimento, corre riscos, e gosta de trabalhar com planos detalhados. Trabalha focado em metas de curto prazo, mas tem dificuldade de trabalhar em ambientes sujeitos a mudanças rápidas e, portanto, não costuma ser um estrategista “brilhante”.

Tático. Caracteriza-se por ser motivado pela necessidade de realização, com forte foco nas oportunidades. Possui capacidade de dar respostas rápidas em situações de dificuldade e é hábil na arte da negociação. Por outro lado, pode não elaborar planejamento de longo prazo e não estar disposto a correr riscos. Geralmente atua na base do “tudo ou nada”.

Estrategista. Possui “visão de longo prazo”, é persistente, com alta necessidade de realização pessoal, mas com dificuldade no trato de detalhes da rotina diária, monitoramento e estabelecimento de metas de curto prazo. Sua independência e autoconfiança podem ser extremamente exageradas.

Idealista. É devotado a uma causa, idéia ou pessoas. Bom líder, enérgico com sua equipe quando é necessário para que os prazos sejam cumpridos. Por outro lado, possui dificuldade de lidar com procedimentos e estruturas hierárquicas formais.

3.4. CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS, LIDERANÇA E GESTÃO

Imagem

Figura    1  Evolução da Taxa de Empreendedores Estabelecidos  –  Brasil: 2002/2006 FONTE: GEM BRASIL, 2007, p
Figura    2 Evolução da Taxa de Empreendedores por Motivação  –  Brasil: 2002/2006  FONTE: GEM BRASIL, 2007, p
Figura    3 Características dos Empreendedores  –  Brasil: 2002/2006  FONTE: GEM BRASIL, 2007, p
Figura    4 Características do Comportamento Empreendedor  Fonte: Adaptado de Longen, 1997
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