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3.4. CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS, LIDERANÇA E GESTÃO

3.4.3 Paralelos entre o empreendedor e o líder

“Liderança é a capacidade de tirar a máxima performance de sua equipe com padrões de consistência e permanência." Bernardinho

Dos vários traços característicos que compõe o perfil empreendedor, pode-se afirmar que se trata de pessoas que são inovadoras, criativas e visionárias. O líder, segundo Drucker (1996), é o indivíduo que influencia as pessoas, de maneira a que elas queiram atingir os resultados, com eficiência. O líder, na visão de Bennis (1996) puxa as pessoas para si, trabalha seus talentos (como um maestro), comunica-se com eficácia (mão dupla na informação) e ouve mais do que fala. Um líder usa a sinergia de sua equipe para gerar resultados e criar novas situações para o aprendizado pessoal (dele) e de sua equipe.

Não há, portanto, como separar o empreendedorismo da liderança. Pode ser possível imaginar um líder não empreendedor (conservador, mantenedor de sistemas), mas não há como se vislumbrar um empreendedor que não tenha características de liderança.

A liderança é um assunto recorrente, importante e desafiador que remete à discussão de outros temas como poder e autoridade, características pessoais de líderes e liderados, inter-relações sociais, poderes atribuídos aos cargos, necessidade de alcançar objetivos corporativos e conjuntos de competências desejadas e necessárias ao seu exercício (PESSOA, 2005).

Kets de Vries (1997) enfatiza que, na literatura organizacional sobre liderança, existem definições ilimitadas, incontáveis artigos e polêmicas e que a maioria dos pesquisadores concorda com alguns traços comuns, como sendo importantes para os líderes. Estes são: consciência, energia, inteligência, domínio, autocontrole, sociabilidade, abertura a experiências, conhecimento da relevância de tarefas e estabilidade emocional.

Cartwright e Zander (apud Minicucci: 1997) afirmam que “a liderança é vista como a realização de atos que auxiliam o grupo a atingir seus resultados preferidos”. Tais ações devem estar focadas na promoção do estabelecimento dos objetivos do grupo, melhoria da qualidade de interação entre os membros, na coesão do grupo e no compartilhamento dos recursos disponíveis. Peter Drucker (1997, p.28) ressalta que:

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Em crise não há liderança partilhada, quando o barco se está a afundar o capitão não pode convocar uma reunião para ouvir as pessoas, tem de dar ordens. Esse é o segredo da liderança partilhada: saber em que situações agir como chefe e em que situações atuar como parceiro.

Para o autor, “a tarefa do líder é desenvolver líderes”, pois toda empresa necessita deles, ainda que muitas negligenciem o seu desenvolvimento.

Senge (1998) acrescenta que liderança consiste na tensão criada entre a situação presente e o sonho. Como toda tensão criativa procura solução, ela é a fonte de energia que leva o líder à criação de algo que não existe.

Para Kotter (1997), a atividade principal de um líder é produzir mudanças empresariais. A sua ação deve se pautar sobre três dimensões fundamentais: estabelecer a direção estratégica da empresa, comunicar essas metas aos recursos humanos e motivá-los para que sejam cumpridas. Ele considera que as capacidades de liderança são inatas, apesar de que todas as pessoas podem ser encorajadas a ser líderes. Reforça Kotter ainda que todos os líderes de sucesso possuem uma grande paixão por algo, paixão essa que é mais forte do que eles e do que a organização.

Bennis (1996) afirma que um bom gestor faz as coisas bem, enquanto que um bom líder faz as coisas certas. Ele identifica quatro competências comuns nos líderes: visão, capacidade de comunicação, respeitabilidade e desejo de aprendizagem. Também afirma que os líderes são pessoas com capacidade para se expressar plenamente: “Eles também sabem o que querem, por que querem e como comunicar isso aos demais, a fim de obter a cooperação e o apoio deles”. Considera a liderança um requisito básico para que haja eficácia em qualquer organização ou empresa, seja qual for o tempo em que se viva. Para ele: “O processo de tornar-se um líder é muito parecido com o de tornar-se um ser humano bem integrado".

Como se pode perceber, inúmeros autores buscaram definir o conceito de liderança apresentando ações que, sendo realizadas por indivíduos, consistem em características de liderança (Cartwright e Zander, citados por Minicucci: 1997), ou a influência do ambiente (Drucker, 1996). Outros, como (Senge, 1998), buscam definir liderança com atributos como tensão e energia, ou sob o prisma dos atributos morais (Bennis, 1996), e competências analíticas, técnicas e políticas necessárias ao líder.

Kotter (1997) cita a função primária do líder como sendo a de produzir mudança, considerando as capacidades de liderança inatas.

Verifica-se que a maioria dos autores possui a visão de que o líder deve fazer convergir as necessidades individuais com as da organização; e que traços de personalidade marcante e conhecimento generalista do ambiente externo e interno da organização são imprescindíveis a um líder.

Para Kouzes e Posner (1997, p. 33), a liderança é “a arte de mobilizar os outros para que estes queiram lutar por aspirações compartilhadas”. Nesse conceito, uma palavra se destaca: querer, pois levar as pessoas a fazerem alguma coisa não é uma tarefa relativamente simples. Para perceber a verdadeira essência da liderança, é preciso se perguntar: o que é necessário para que as pessoas queiram se engajar em uma organização de forma “voluntária”? O que precisa ser feito para que as pessoas apresentem um desempenho de alto nível? O que você deve fazer para que as pessoas permaneçam leais à organização?

Eles complementam ainda que existe uma diferença entre conseguir apoio e dar ordens e que os verdadeiros líderes “mantêm a credibilidade em conseqüência de suas ações – ao desafiar, inspirar, permitir, guiar e encorajar” (KOUZES E POSNER: 1997, p.34).

As diversas visões apresentadas sobre liderança confirmam que a ação de liderar demanda a realização de objetivos com e por meio de pessoas. Os objetivos empresariais somente serão efetivados se as ações forem assimiladas e correspondidas pelos membros da equipe, portanto requer a cooperação e mobilização das pessoas.

Conseqüentemente, a liderança exige uma estratégia de aprendizado contínuo. Nesta perspectiva, um líder, em posições estratégicas, intermediárias ou na base da pirâmide empresarial, precisa envolver as pessoas dispostas a enfrentar o desafio, ajustar seus valores, mudar as perspectivas e aprender novos hábitos. O líder expõe-se e conduz. A liderança não pertence apenas ao líder. Para que ela exista é necessário adesão ao líder. Deve existir inter-relação entre a visão e as ações do líder com as necessidades e desejos de um determinado grupo e época.

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O século XXI remete a uma grande reflexão sobre a maneira pelas quais as organizações devem ser administradas, por causa das constantes mudanças e turbulências do cenário atual. As principais forças que estão interferindo na gestão das organizações são: a mudança da estrutura demográfica, o avanço tecnológico, o processo de globalização, a preocupação com o meio ambiente e o impacto das mudanças governamentais na sociedade.

Na atual sociedade do conhecimento, as empresas capazes de se renovar continuamente através da inovação em estratégia, produtos, processos, relacionamento humano e conexão com a sociedade, definitivamente obterão amplas vantagens competitivas.

Para tornar a visão e os “sonhos” visíveis a todos os colaboradores da empresa e fazê-los alinhar-se a eles, os empreendedores precisam criar significado para as pessoas. Existe, hoje em dia, um fluxo tão intenso de dados e informações nas empresas, que há uma tendência a olhar superficialmente à questão do significado. Na verdade, quanto mais uma sociedade ou organização é “bombardeada” por fatos e imagens, maior sua necessidade de significado.

Nesse sentido, o papel dos líderes é integrar fatos, conceitos, histórias e mitos em um conjunto que faça sentido para seus seguidores. Os empreendedores devem tornar as idéias tangíveis e reais para a sua equipe. Não importa o quão maravilhosa possa ser uma visão, o empreendedor/líder eficaz precisa usar das palavras e de modelos para fazer com que a essência seja compreendida por todos.

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