• Nenhum resultado encontrado

Jornal de Estudos Espíritas - Resumo - Art. N. 010202

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Jornal de Estudos Espíritas - Resumo - Art. N. 010202"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Jornal de Estudos Espíritas 5, 010202 (2017) - (8pgs.) Volume 5 – 2017

Explicando conceitos espíritas em

Mecanismos da Mediunidade

parte

II: analogia com circuitos elétricos

Alexandre Fontes da Fonseca

1,a

1

Campinas, SP

e-mail:aa.f.fonseca@bol.com.br

(Recebido em 30 de Dezembro de 2016, publicado em 08 de Março de 2017).

RESUMO

Escrita a mais de 50 anos atrás, Mecanismos da Mediunidade é uma obra que ainda desafia o estudioso espírita. Nela, André Luiz propõe uma forma de entender os mecanismos da mediunidade, utilizando-se de comparações entre determinados efeitos e fenômenos da Física e da Psicologia e alguns efeitos da ação dos pensamentos sobre os fluidos espirituais. O objetivo desta série de estudos (esta é a parte II) é esclarecer as razões e o valor relativo dessas comparações em termos doutrinários. Na parte I [Jornal de Estudos Espíritas 4, art. n. 010201 (2016)], esclarecemos porque André Luiz comparou a emanação fluídica de seres espirituais elevados com a emissão de

raios γ dos núcleos de elementos radioativos da matéria. Aqui, apresentamos um estudo sobre a analogia que ele faz

entre circuitos elétricos e a mediunidade. Descrevemos os elementos mínimos que compõem um circuito elétrico simples e esclarecemos a relação entre o valor relativo de cada elemento do circuito para o seu funcionamento, com as condições necessárias para o fenômeno da mediunidade, segundo a proposta de André Luiz. Veremos que André Luiz corrobora exatamente algumas lições contidas nas Obras Básicas da Codificação, com uma ênfase especial na importância do médium desenvolver sua concentração, o controle sobre si mesmo e sobre a entidade comunicante, para que o fenômeno mediúnico seja benéfico para todos: encarnados e desencarnados.

Palavras-Chave: Mecanismos da Mediunidade; fluidos espirituais; circuito mediúnico; vontade; controle da me-diunidade; concentração.

DOI:10.22568/jee.v5.artn.010202

I

I

NTRODUÇÃO

Mecanismos da Mediunidade [1] (MM)1 é a 11a obra da coleção “A Vida no Mundo Espiritual” ditada por An-dré Luiz através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Como mencionado na primeira parte deste estudo [2], MM é uma das obras menos com-preendidas no movimento espírita em função do emprego de conceitos específicos da Física e da Psicologia, que requerem conhecimento técnico.

É necessário para uma interpretação correta do livro, o conhecimento de Filosofia da Ciência e Metodologia de Pesquisa, disciplinas filosóficas que estudam como a ci-ência desenvolve e produz conhecimento. Muitos compa-nheiros espíritas tomaram essa obra por tratado científico da mediunidade em termos da Física, isto é, que o con-teúdo de MM representaria uma “nova” teoria científica, com base na Física, para explicar os mecanismos da me-diunidade. Entretanto, Emmanuel e André Luiz, em seus prefácios, esclarecem que não propõem uma nova teoria científica, mas empregam as teorias da Física e da Psi-cologia como alegorias para o entendimento dos meca-nismos dos fenômenos mediúnicos. O valor relativo do conteúdo da obra, bem como a fonte de conhecimentos científicos de onde André Luiz colheu os conceitos uti-lizados em suas explicações foram discutidos na parte I desse estudo [2].

Há quem alegue que MM seria uma obra inválida por conter alguns erros na descrição de conceitos de Física. Porém, esse tipo de crítica não impede a percepção do caráter instrutivo da proposta de André Luiz sobre a me-diunidade.

De modo a ficar claro que MM não apresenta solu-ções científicas absolutas para o estudo da mediunidade, veja o Leitor como Emmanuel descreve a obra MM: “Em nosso campo de ação, temos livros que consolam e res-tauram, medicam e alimentam, tanto quanto aqueles que propõem e concluem, argumentam e esclarecem.” Aí arre-mata: “Nesse critério, surpreendemos aqui um livro

que estuda.” (Grifos meus). Após dizer isso, Emannuel

sugere que meditemos sobre suas páginas. Ao dizer que o principal caráter de MM é ser uma obra que estuda e não que propõe e conclui, ou que argumenta e

es-clarece, Emmanuel mostra que MM não é uma obra de

conhecimentos finais (ou seja, que conclue ou esclarece), mas que nos convida à reflexão e à meditação. Esse é o propósito deste artigo: estudar um pouco mais do con-teúdo de MM visando aprendizado em sintonia com a Doutrina Espírita.

Para atingir esse objetivo, esta série de artigos (a parte I já está publicada [2]), busca esclarecer o Leitor es-pírita sobre os conceitos da Física empregados por André Luiz e as razões para relacioná-los aos conceitos espíritas explicados na obra. Isto é, explicar que características 1De agora em diante, nos referiremos à obra Mecanismos da Mediunidade através da sigla “MM”.

(2)

desses conceitos da Física são relevantes para explicar ou valorizar os conceitos espíritas descritos por André.

Como a Doutrina Espírita é nossa referência a res-peito dos fenômenos espíritas, é válido aqui reproduzir um resumo de como o Espiritismo descreve os mecanis-mos da mediunidade. A partir de conceitos presentes em O Livro dos Médiuns (LM) [3] e O Livro dos Espíritos (LE) [4], os mecanismos da mediunidade segundo o Es-piritismo podem ser entendidos em 5 itens a seguir:

1. O perispírito é o agente das sensações exteriores (item 257 do LE. “Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito.” (Kardec, item 257 do LE, grifos meus). A percepção dos Espíritos se dá através de todo o seu ser quando está desencar-nado ou emancipado do corpo, e não através órgãos como quando está encarnado (item 249a do LE); 2. O perispírito e o fluido universal servem de meio

de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico (item 455 do LE e itens 51 e 58 do LM). “O Espí-rito precisa, pois, de matéria, para atuar

so-bre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação o perispírito, como o homem tem

o corpo. Depois, serve-lhe também de agente in-termediário o fluido universal, espécie de veículo

sobre o qual ele atua, ...” (Kardec, item 58 do

LM, grifos meus);

3. É preciso que haja uma ligação entre desencarnado e médium para haver a comunicação espírita. O fluido do médium se combina com o fluido univer-sal que o Espírito carrega consigo. É necessária a união desses dois fluidos para haver o fenômeno da mediunidade, seja de efeitos físicos (item 74 do LM) seja de efeitos inteligentes (item 223 do LM). 4. Os Espíritos se comunicam com os encarnados

(mé-diuns) da mesma forma como os Espíritos se comu-nicam entre si, isto é, tão somente pela irradiação do pensamento (item 225 do LM).

5. Os Espíritos tem mais facilidade para responder questões quando há afinidade entre o perispírito do desencarnado e o do médium que serve de in-térprete. “Quando seja um terceiro quem nos haja de interrogar, é bom e conveniente que a série de perguntas seja comunicada de antemão ao médium, para que este se identifique com o Espírito

do evocador e dele, por assim dizer, se impregne,

porque, então, nós outros teremos mais

facili-dade para responder, por efeito da afinifacili-dade existente entre o nosso perispírito e o do médium que nos serve de intérprete.” (Erasto

e Timóteo, item 225 do LM, grifos meus).

Os mecanismos da mediunidade segundo o Espiri-tismo, portanto, decorrem das propriedades e funções do perispírito e questões de afinidade fluídica entre Espírito

comunicante e médium, ambas relacionadas com o pen-samento e a vontade que são as “alavancas” do Espírito (ver cap. XIV de A Gênese (GE) [5]). O Espiritismo não entra no mérito dos mecanismos físicos envolvendo a in-teração entre os fluidos e a matéria. Infelizmente, nossa Ciência ainda não reconhece a existência dos fluidos espi-rituais2. Como comentamos acima, embora André Luiz construa suas explicações para os mecanismos da mediu-nidade em termos de conceitos da Física e da Psicolo-gia, essa tentativa não constitui uma teoria científica dos fluidos ou sua interação com a matéria. É ele próprio quem esclarece isso no Cap. 7 de MM, intitulado “Ana-logias de circuitos”:

Cabe considerar que as analogias de circuitos apre-sentadas aqui são confrontos portadores de

jus-tas limitações, porquanto, na realidade, nada existe

na circulação da água que corresponda ao efeito mag-nético da corrente elétrica, como nada existe na

corrente elétrica que possa equivaler ao efeito espiritual do circuito mediúnico [1, Cap. 7, grifos meus].

Por isso, e por razões que discutimos antes (ver parte I deste estudo [2]), o pensamento ou os fluidos espirituais não são ondas eletromagnéticas, nem as partículas que os constituem são exatamente do mesmo tipo, propriedades e funções das partículas que compõem os átomos da ma-téria.

Na primeira parte deste estudo [2], esclarecemos a comparação feita por André Luiz, contida na obra MM, entre a emissão de raios γ (diz-se “gama”) por núcleos de elementos radioativos da matéria com a emissão de fluidos por Espíritos muito elevados. Assim como a emis-são de raios gama decorre de reações e transformações profundas no âmago dos núcleos atômicos da matéria, a emissão de uma vibração muito elevada decorre de trans-formações, emoções e sentimentos muito profundos na intimidade do ser. Sentimentos bons mas menos pro-fundos, como aqueles que sentimos quando estamos em preces, são capazes de fazer-nos gerar luzes espirituais de frequência menor que as vibrações comparadas por An-dré Luiz aos raios gama, mas de frequência maior que as vibrações e pensamentos comuns do dia-a-dia. Ele faz analogia dessas vibrações boas da prece com aquelas que os elétrons emitem quando ganham bastante energia den-tro de seus átomos e liberam-na na forma de fótons de frequência um pouco maior. Na Física, a energia de um fóton é proporcional a sua frequência. Quanto maior a frequência, maior a energia do fóton, e sua capacidade em transformar a matéria ao seu redor. Por isso que são os raios ultravioletas e raios X, e não os raios de luz visível, que são capazes de causar câncer, pois eles tem frequência e, portanto, energia suficientes para causar reações quí-micas nos núcleos das células, podendo levar ao cancer. No Espiritismo, a frequência da luz espiritual condiz com a qualidade elevada do sentimento íntimo que um Espí-rito vivencia, que tem poder transformador para o bem. Cumpre destacar, porém, que a analogia não é perfeita porque a luz emitida por um corpo material sempre atua 2O termo “fluido espiritual” não é rigorosamente exato, mas isso foi discutido por Kardec no item 5 do Cap. XIV da GE [5].

(3)

mecanicamente na transformação de outros corpos ma-teriais (raios ultravioletas sempre causarão mutações nos seres suscetíveis a isso), porém com o Espírito a dinâ-mica não é mesma porque o Espírito sempre tem o livre-arbítrio para regular sua sintonia em vibrações maiores ou menores. Em outras palavras, as boas vibrações de um bom Espírito podem até ajudar outros Espíritos, mas nunca transformá-los moralmente de modo mecânico ou automático. A fé raciocinada exige de nós que façamos essa distinção e identificação desse limite de validade das analogias entre os efeitos de ondas e luzes materiais e efeitos de luzes espirituais.

Aqui, apresentamos a parte II desse estudo de escla-recimento sobre a obra MM, que consiste de explicar as analogias que André Luiz faz entre os elementos que com-põem um circuito elétrico, que vão desde o gerador, pas-sando pelos fios, até o elemento ativo (um motor ou uma lâmpada por exemplo), com o conceito de “circuito me-diúnico”, onde os fluidos do desencarnado e do médium se ligam e combinam para a realização do fenômeno mediú-nico. Mostraremos o importante papel que a vontade do médium tem no processo mediúnico, conceito este que consideramos uma das mais importantes contribuições doutrinárias de André Luiz na obra MM.

O artigo está organizado da seguinte maneira: na se-ção II, analisamos conceitos científicos relacionados aos elementos de um circuito elétrico. Na seção III, apre-sentamos a descrição de André Luiz para o “circuito me-diúnico” e a comparação que faz com os elementos que formam um circuito elétrico. Um resumo das principais conclusões é apresentado na seção IV.

II

C

IRCUITO ELÉTRICO

De modo a entender as analogias que André Luiz faz na obra MM, vamos descrever as características de um circuito elétrico simples e seus componentes. A figura a seguir ilustra um esquema e um exemplo de circuito elétrico.

Figura 1: Esquerda: esquema de um circuito elétrico.

Di-reita: um exemplo de circuito elétrico correspondente ao es-quema, contendo quatro componentes: bateria, chave, lâm-pada e fios. V , i e R significam a diferença de potencial, a corrente elétrica e a resistência elétrica, respectivamente. A pilha e a lâmpada são os elementos relacionados ao gerador e resistência elétrica, respectivamente.

Vemos na figura acima o gerador, uma chave elétrica, os fios e o elemento ativo que foi representado por uma lâmpada, mas poderia ser um motor, um computador,

um aparelho eletrodoméstico, ou qualquer outro aparelho elétrico que realiza algum tipo de trabalho. No esquema, o elemento ativo é representado por uma resistência elé-trica que define o valor máximo de corrente e potência elétrica que serão consumidos.

André Luiz dá um destaque ao conceito de gerador elétrico. Nas usinas hidro ou termoelétricas, por exem-plo, o gerador é composto pelo dínamo que é um apa-relho que converte energia mecânica em energia elétrica. Quando as turbinas do gerador são impulsionadas seja pela água acumulada em uma represa (numa usina hi-droelétrica) ou pelo vapor d’água em alta pressão (ge-rado numa usina termoelétrica), espiras elétricas giram dentro de um ambiente contendo campo magnético, con-forme ilustrado na figura2. O movimento de um circuito elétrico dentro de um campo magnético faz gerar movi-mento de cargas elétricas através da produção de uma força eletromotriz. Esse é um fenômeno conhecido como Lei de Faraday3. O resultado, portanto, da ação do ge-rador é o acúmulo de cargas elétricas de sinais contrários nos terminais a e b do gerador (figura2).

Figura 2: Ilustração de um dínamo. Uma espira é colocada

entre os pólos Norte e Sul de um imã, de modo que possa girar em torno de um eixo que cruza o espaço conforme a figura. Se o eixo da espira é feito girar, uma diferença de potencial elétrico surgirá entre os terminais a e b. Um circuito ligado aos terminais a e b fará com que surja uma corrente elétrica entre eles. “B” é a letra usada para representar o vetor campo magnético.

Se um circuito elétrico for ligado aos terminais a e b, uma corrente elétrica surgirá já que o fio condutor per-mite que as cargas elétricas se movimentem através dele. Como as cargas acumuladas são de sinais contrários, elas se atraem e se movimentarão umas em direção às outras. Isso vai ocorrer até as cargas elétricas se equilibrarem, isto é, em cada terminal o número de cargas positivas se tornar igual ao de cargas negativas. Quando isso ocorrer, a corrente elétrica cessará. De modo a manter a corrente elétrica permanente, é necessário que o gerador perma-neça acumulando cargas elétricas de sinais contrários nos terminais a e b. Um bom gerador é aquele que consegue manter determinado acúmulo de cargas entre seus termi-nais independente da intensidade de corrente elétrica que se faça entre eles. Esses conceitos sobre o gerador elétrico são importantes porque André Luiz se utilizará deles na proposta de circuito mediúnico.

(4)

Há outros tipos de geradores como, por exemplo, a pi-lha ou bateria. Dentro da pipi-lha, há compostos químicos que ao reagirem permitem formar um acúmulo de cargas positivas e negativas entre seus terminais. Pilhas ou ba-terias transformam energia química em energia elétrica.

Independente do tipo de gerador, para haver corrente elétrica é necessário que um circuito elétrico ligue os dois terminais através de fios que conduzam eletricidade. Essa ligação é, em geral, representada pela chave elétrica que permite fazer ou desfazer os contatos entre os fios de acordo com a vontade do operador. Embora passivo, o papel dos fios é também destacado por André Luiz em suas comparações. A vontade do operador é um item im-portante nas analogias que André Luiz faz. A figura 3

ilustra o resultado de ter a chave aberta ou fechada.

Figura 3: Circuito aberto (esquerda) e fechado (direita).

III

C

IRCUITO MEDIÚNICO

Agora, vamos analisar algumas analogias que André Luiz faz envolvendo esses conceitos de circuitos elétricos e seus elementos com o fenômeno mediúnico na seguinte sequência: conceito de dínamo, de gerador mediúnico e analogia com o gerador “shunt”.

III.1 Dínamo espiritual

André Luiz define o conceito de dínamo espiritual da seguinte maneira:

O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo complexo ... Para que nos façamos mais simplesmente compreendidos, imaginemo-lo como sendo um dínamo gerador, indu-tor, transformador e coleindu-tor, ao mesmo tempo, com capacidade de assimilar correntes contínuas de força e exteriorizá-las simultaneamente [1, Cap. 5, item “Dínamo espiritual”].

Na definição simples de dínamo, vimos na Seção an-terior que ele nada mais é que um conversor de energia mecânica para energia elétrica, baseado na Lei de Fara-day. Entretanto, na definição de André Luiz, transcrita acima, mais funções foram atribuídas ao conceito de dí-namo espiritual. Ele diz ser o Espírito um dídí-namo com-plexo, capaz de não somente de gerar correntes de forças e exteriorizá-las, mas também induzir, transformar e co-letar esse tipo de força.

André Luiz chama essas forças de mento-eletro-magnéticas. A intenção de André Luiz é associar essas forças ao que a mente produz e fazer analogia com a

forma como a matéria produz luz, magnetismo e corren-tes elétricas. Destacamos a palavra *analogia* porque André Luiz deixou bem claro isso no Cap. 7 de MM, já comentados na Introdução. Cumpre-nos, também, escla-recer o entendimento doutrinário do assunto. Por forças mento-eletromagnéticas André Luiz se refere ao Fluido Universal (FU) modificado pela ação do pensamento e vontade do Espírito [5, Ver cap. XIV de GE] que, então, se propaga em direção e de acordo com a qualidade do pensamento. Isso é importante pois o espírita não pode nunca perder de vista a referência doutrinária das obras de Kardec, na explicação dos fenômenos espíritas.

III.2 Gerador mediúnico

Logo em seguida, ainda no Cap. 5 de MM, André Luiz define o conceito de gerador mediúnico. Para isso, ele faz algumas definições, isto é, ele considera primeiro o conceito de cargas positivas e cargas negativas da seguinte maneira:

Idealizemos o fluxo de energias mento-eletromagné-ticas, ou fulcro de ondas da entidade comunicante e do médium, como dois campos distintos, associ-ando valores positivos e negativos, respectiva-mente, com uma diferença de potencial que, em

nosso caso, constitui certa capacidade de junção específica [1, Cap. 5, item “Gerador mediúnico”, grifos meus].

Primeiro, lembramos que por energias mento-eletro-magnéticas André Luiz se refere ao FU modificado pela ação do pensamento e vontade. No caso da citação acima, André Luiz afirma que devemos considerar o FU modificado pelos Espíritos do desencarnado comunicante e encarnado médium como representando duas polarida-des, de modo *análogo* à polaridade elétrica devido ao acúmulo de cargas positivas e negativas. Isso faz sentido, porque se encarnado e desencarnado não pensarem em nada e não quiserem se comunicar, não haverá fenômeno mediúnico. Vemos, portanto, que André Luiz não afirma que a corrente mediúnica será composta de cargas “elé-tricas” do mundo espiritual, mas de FU modificados pelo desencarnado e encarnado. Isso está em pleno acordo com as obras de Kardec (veja, por exemplo, o item 2 do resumo apresentado na Introdução).

Em Física, potencial elétrico é definido como a energia potencial eletrostática, por unidade de carga elétrica, ca-paz de fazer cargas elétricas se moverem sob ação de for-ças eletrostáticas que se formam devido a um acúmulo de cargas. Por diferença de potencial, entende-se dois pon-tos no espaço entre os quais existe um valor não nulo de potencial elétrico de um ponto em relação ao outro, isto é, que faz com que cargas elétricas acumuladas em um dos pontos possam se mover em direção ao outro ponto, caso haja um condutor que os conecte.

André Luiz não se refere a acúmulo ou capacidade de gerar movimento de cargas quando define o conceito de diferença de potencial no fenômeno mediúnico. Primeiro, ele associa a ideia de diferença de potencial com o que ele chamou de valores positivos e negativos que, por sua

(5)

vez, dizem respeito aos pensamentos do Espírito desen-carnado e médium. De fato, sem que hajam pensamentos distintos, não é possível haver fluxo (ou troca) de pensa-mentos. E, por valores positivos e negativos, ele não quer dizer que sejam positivos e negativos no sentido moral, mas que representam apenas pensamentos de seres dis-tintos: de um desencarnado e de um encarnado.

Mas, André Luiz também associou o conceito de di-ferença de potencial no fenômeno mediúnico ao que ele chamou de uma certa capacidade de junção específica. O que seria essa capacidade de junção específica? Va-mos primeiro interpretar as palavras que compõem esse conceito. A palavra “capacidade” diz respeito à possibi-lidade que uma coisa ou pessoa tem de realizar determi-nada atividade. A palavra “junção” se refere ao conceito de união, ou contato, ou ainda combinação que é a pa-lavra usada por Kardec para determinar uma das condi-ções necessárias ao fenômeno da mediunidade (ver item 3 do resumo). Por fim, a palavra “específica” diz respeito a algo particular, relacionado apenas aos envolvidos no fenômeno que, no caso, é a tentativa de formar-se uma comunicação mediúnica entre desencarnado e encarnado. Portanto, por certa capacidade de junção específica, in-terpretamos que André Luiz se refere à capacidade de se formar uma combinação entre os fluidos do desencarnado e os do médium. Quanto maior essa capacidade, maior e mais firme será a diferença de potencial necessária para formar e manter a corrente mediúnica.

Perante essas analogias, como entender o papel do médium e do Espírito no processo mediúnico? Para res-ponder essa questão, vejamos como André Luiz prossegue nas explicações ainda no referido capítulo de MM:

Estabelecido um fio condutor de um para o

ou-tro que, em nosso problema, representa o pen-samento de aceitação ou adesão do médium, a

corrente mental desse ou daquele teor se improvisa em regime de ação e reação ... Se quisermos

sus-tentar o continuísmo de semelhante conjugação, é imprescindível conservar entre os dois um ge-rador de força, que, na questão em análise, é o pensamento constante de aceitação ou ade-são da personalidade mediúnica, através do qual

se evidencie, incessante, o fluxo de energias conjuga-das entre um e outro,... [1, Cap. 5, item “Gerador mediúnico”, grifos meus].

As afirmativas acima esclarecem um papel importante do médium na comunicação mediúnica. O fio condutor que, no caso do circuito elétrico, permite haver a con-dução das cargas elétricas formando a corrente elétrica, representa segundo André Luiz, o pensamento de acei-tação ou adesão do médium. Isto é, o fio condutor está para um circuito elétrico como o pensamento de aceitação ou adesão do médium está para o fenômeno mediúnico! Sem fio condutor, não há corrente elétrica e o circuito elétrico não funciona. Sem o pensamento de aceitação ou adesão do médium, não há corrente fluídica de pensamentos e a mediunidade não ocorre. As-sim, enumeramos a primeira contribuição, chamemo-la de C1, de André Luiz para o entendimento da mediunidade

e façamos uma análise doutrinária a respeito:

C1. O pensamento de aceitação ou adesão do mé-dium é condição necessária para o fenômeno mediúnico. As palavras aceitação e adesão revelam uma ação da vontade do médium com relação ao Espírito que deseja se comunicar. Aceitar ou aderir significam concordar com ou conceder ao Espírito, mesmo que momentaneamente, a oportunidade de se comunicar. Entretanto, essas pala-vras não significam afinidade que significa semelhança de sentimentos, preferências e pensamentos de outrem. Esse detalhe é importante pois muitos confundem a mediuni-dade com um fenômeno de ressonância. Ressonância é um fenômeno de intensificação na troca de energia en-tre dois ou mais sistemas físicos, quando estes oscilam ou vibram em uma dada frequência natural e comum a eles. Esse conceito de ressonância é bom para entender as influências que sentimos dos Espíritos que se afinizam conosco e com nossos gostos, e explica o item 5 do resumo dos mecanismos da mediunidade segundo o Espiritismo, que apresentamos na Introdução. Isto é, os Espíritos te-rão mais facilidade em expor seus pensamentos através da mediunidade, na medida que encontram médiuns cujos pensamentos são afins aos deles. Mas isso não significa que seja impossível uma comunicação mediúnica através de médiuns que pensam de modo diferente pois que basta que o médium exerça o pensamento de aceitação ou adesão para a comunicação ocorrer.

Se isso não fosse verdade, jamais pessoas boas como, por exemplo, Chico Xavier, poderiam dar comunicações a Espíritos malévolos, obsessores, extremamente desequi-librados. Nesses casos, o problema não é de afinidade no sentido moral, mas sim no sentido de que por estarmos encarnados, estamos naturalmente vibrando o nosso pen-samento de acordo com a matéria, e esses Espíritos, por terem ainda muito apego à matéria e aos sentimentos mundanos menos dignos, naturalmente se afinizam com os encarnados. Logo, a condição apresentada por André Luiz é bastante sensata, isto é, para que uma comunica-ção mediúnica ocorra entre um Espírito ainda inferior e nós, é necessário o nosso pensamento firme de aceitação ou adesão. Veremos adiante, que essa condição é indis-pensável para um bom trabalho mediúnico de amparo e socorro aos Espíritos sofredores.

Pelo menos, a contribuição C1 é válida em termos do fenômeno mediúnico de efeitos inteligentes, pois alguns fenômenos de efeitos físicos podem ocorrer mau grado a vontade ou mesmo consciência do médium, conforme es-clarece São Luís nas questões XV e XVIII do item 74 do LM, e o cap. V da segunda parte dessa obra.

André Luiz prossegue na analogia entre a mediuni-dade e o circuito elétrico dizendo que para sustentar o continuismo da corrente mediúnica, assim como no caso do circuito elétrico é necessário que o gerador mantenha a diferença de potencial mantendo o acúmulo de cargas elétricas entre os terminais do mesmo, é imprescindível conservar entre os dois [médium e desencarnado] um ge-rador de força que, na questão em análise, é o

(6)

pensa-mento *constante* de aceitação ou adesão da per-sonalidade mediúnica (destaque entre ** meu). Isso destaca a segunda contribuição, C2, de André Luiz que consiste da primeira contribuição adicionada da palavra constante:

C2. O pensamento constante de aceitação ou ade-são do médium é condição necessária para manter o fenômeno mediúnico.

Novamente, a afirmativa faz sentido e está de acordo com a Doutrina Espírita. A palavra constante, entre-tanto, adiciona um conceito muito importante para a aplicação da atividade mediúnica na ajuda a Espíritos desencarnados sofredores. Essa palavra significa manter a concordância ou aceitação do fenômeno mediúnico de acordo com a vontade do médium. A importância disso está no fato de que basta o médium não querer, que uma comunicação deixa de ocorrer. Se o Espírito comunicante desejar, através do médium, externar um ato ou palavra incondizente com a nobreza e elevação de uma reunião mediúnica, basta o médium não-querer para sustar o im-pulso menos digno do Espírito. Sobre a responsabilidade de médiuns e grupos espíritas com relação ao conteúdo das comunicações mediúnicas vejam-se as seguintes refe-rências: item 299 do LM, e mensagens XII, XIII, XIV, XV, XVI e XXIV do cap. XXXI do LM.

As analogias entre o fenômeno mediúnico e circuitos elétricos ainda não terminaram. André Luiz, no Cap. 6 de MM, analisa o conceito de circuito mediúnico dizendo assim:

Aplica-se o conceito de circuito mediúnico à extensão do campo de integração magnética em que

cir-cula uma corrente mental, sempre que se mante-nha a sintonia psíquica entre os seus extremos ou,

mais propriamente, o emissor e o receptor [1, Cap. 6, item “Conceito de circuito mediúnico”, grifos meus].

Por campo de integração magnética devemos enten-der, simplesmente, a combinação entre os fluidos do Es-pírito comunicante e do médium. É através dessa com-binação que circula a corrente mental que, como comen-tamos no começo da Seção III.2 ao falar da analogia entre cargas e valores positivos e negativos, não consiste de corrente de cargas elétricas espirituais mas sim de FUs modificados pelos pensamentos do Espírito que chegam até o médium e vice-versa. Por sintonia psíquica, deve-mos, também, entender não a afinidade que decorre da semelhança de gostos, sentimentos e pensamentos, mas a aceitação (vide contribuições C1 e C2) do médium e do Espírito da oportunidade de comunicação entre os dois planos. Isso fica bem claro a partir das seguintes pala-vras de André Luiz:

O circuito mediúnico, dessa maneira, expressa uma

“vontade–apelo” e uma “vontade–resposta”,

respectivamente, no trajeto ida e volta, definindo o comando da entidade comunicante e a

concordân-cia do médium, ... [1, Cap. 6, item “Conceito de circuito mediúnico”, grifos meus]

A partir das palavras acima, percebe-se que o fenô-meno mediúnico, de acordo com a proposta de André Luiz, depende da vontade de ambas as partes que com-põem o fenômeno: Espírito desencarnado e médium. Destaque foi dado para a expressão concordância do mé-dium, pois além de ser fator necessário para o fenômeno mediúnico ocorrer, implica na responsabilidade do mé-dium pelo que o Espírito fizer durante o transe mediú-nico.

III.3 O gerador “shunt” e a importância da concentração

Na figura 3, a imagem da lâmpada acesa pode ser comparada à “luz” de uma mensagem que é recebida pela via mediúnica, ou o esclarecimento ou alívio que se faz na mente de um Espírito atordoado e infeliz. No circuito elétrico, a lâmpada acesa depende da chave elétrica per-manecer fechada. Embora a contribuição C2, acima ana-lisada, destaque a importância do pensamento de aceita-ção do médium permanecer constante, ela não explicita possíveis fatores que atrapalham o fenômeno mediúnico. Um desses fatores é o que André Luiz chama, simples-mente, de desatenção [1, Cap. 6, item “Circuito aberto e circuito fechado”]. Mas, a desatenção é melhor anali-sada adiante no Cap. 9 de MM. Neste capítulo, André Luiz inicia uma outra analogia com o chamado gerador “shunt” (para abreviar, GS), cujo exemplo de esquema está ilustrado na figura4.

Figura 4: Esquema de um gerador “shunt” (GS). O círculo

contendo os terminais “+” e “−” representam o dínamo. Rf, Ra, If, Ia e Il, são resistências e correntes nas várias partes do circuito. Nf representa uma bobina capaz de gerar campo magnético. Ea é a força eletromotriz gerada. O texto ex-plica o mecanismo de funcionamento deste gerador. Linhas pretas e vermelhas representam fios condutores e dispositivos que formam a parte normal do gerador e o circuito “shunt”, respectivamente.

Para entender como funciona o GS, lembremos a figura 2. Nela, observamos que o dínamo depende da existência de um campo magnético dentro do qual uma espira condutora é feita girar por forças mecânicas ex-ternas. Pela Lei de Faraday, uma força eletromotriz será sentida pelas cargas elétricas livres presentes no condu-tor. Essas cargas irão se acumular nos terminais do ge-rador ou formarão uma corrente elétrica se os terminais estiverem ligados a um circuito elétrico. Quanto maior

(7)

a intensidade do campo magnético, maior o acúmulo de cargas elétricas nos terminais ou a corrente elétrica.

Sabendo que correntes elétricas, por sua vez, podem gerar campos magnéticos (fenômeno esse descrito pela Lei de Ampère4), engenheiros e cientistas desenvolveram um gerador cujo campo magnético se auto-alimenta po-sitivamente. Esse gerador foi chamado “shunt” (GS).

Ele funciona assim: na figura4 vemos o dínamo re-presentado pelo círculo contendo os terminais “+” e “−”. Ea representa a força eletromotriz gerada no dínamo. No GS, o campo magnético presente no dínamo é *bem pe-queno* e é chamado de campo magnético residual. Por isso, quando o gerador é acionado por uma força me-cânica, uma força eletromotriz, Ea, *bem pequena* é gerada, mas que faz movimentar algumas poucas cargas elétricas através do circuito indicado pelas linhas de cor vermelha na figura. Essas linhas definem um circuito elé-trico desenhado à esquerda na figura 4 e que contém o desenho de uma espiral representada pela letra Nf. Essa espiral representa uma bobina que, pela Lei de Ampère, tem o papel de gerar um campo magnético quando uma corrente elétrica passa através dela. A *pequena* cor-rente elétrica gerada pelo dínamo, ao atravessar a espiral Nf, gera um campo magnético que, pela figura, vemos estar localizado *ao lado* do dínamo. Por estar *perto* do dínamo, e se o circuito orienta o sentido da corrente na direção certa, o campo magnético gerado pela bobina vai *se somar* ao campo magnético residual do dínamo, intensificando o campo magnético total e *fazendo au-mentar* a força eletromotriz gerada, Ea. *Aumentando* Ea, *aumenta-se* a corrente através da bobina ou espi-ral que, por sua vez, *gerará mais campo magnético* e que, também por sua vez, *aumentará* a força eletromo-triz gerada, Ea, num processo cumulativo de alimenta-ção positiva que atinge um valor máximo de equilíbrio de acordo com as resistências do circuito. Nesse momento, o gerador atinge sua condição máxima de trabalho.

André Luiz, no Cap. 9 de MM nos lembra que um GS pode não funcionar se houver: i. ausência de magnetismo residual que impede a formação de corrente elétrica ini-cial; ii. ligações invertidas na parte “shunt” do circuito do gerador (linhas vermelhas na figura4), que fazem com que o campo da bobina não intensifique o campo residual; e iii. muita resistência que impede o aumento da corrente elétrica.

De posse desses conhecimentos, vejamos, agora, a analogia que André Luiz faz com o GS:

À feição do gerador “shunt”, se a mente jaz

de-satenciosa, como que mantendo o cérebro em circuito aberto, forma-se, no mundo intracraniano, reduzida força mentocriativa que não determina

qualquer corrente circulante no campo individual: mas, se a mente está concentrada, fazendo con-vergir sobre si mesma as próprias oscilações, a força mentocriativa gerada produz uma corrente no campo da personalidade que, a seu turno, provoca a forma-ção de energia mental de sentido análogo àquele em que se exprime o magnetismo de resíduo, dilatando o

fluxo até que a força aludida atinja o seu valor má-ximo, de acordo com a resistência do campo a que nos referimos. [1, Cap. 9, item “Corrente do pensa-mento”, grifos meus]

Podemos indicar, agora, a terceira contribuição, C3, de André Luiz para o entendimento dos mecanismos da mediunidade, a partir dessa analogia entre gerador “shunt” e a concentração do médium:

C3. A importância da concentração.

A falta de concentração dispersa a mente que dificilmente consegue formar uma boa ligação com um Espírito comunicante. Isso está de acordo com a Dou-trina Espírita. A concentração é um fator importante, como se pode ver nos comentários de Kardec nos itens 148 e 331 do LM, e através do estímulo à prece, à calma e ao recolhimento (ver itens 177, 204, 207, 217, 222, 332, 335 e 341 do LM e mensagens XIII, XVI e XXIII do Cap. XXXI também do LM) para que uma reunião mediúnica tenha o apoio de bons Espíritos.

Ainda no Cap. 9 de MM, André Luiz apresenta pos-síveis razões para ausência de magnetismo residual nessa comparação com a mediunidade. Ele considera que seres ainda muito primitivos, nos primeiros estágios evoluti-vos, que ainda não conseguem concentrar suas mentes; aqueles que sofrem forte influência obsessiva; e irmãos com aparelhagem orgânica cerebral deficiente, natural-mente não conseguem manter ou sustentar a devida con-centração mental para a realização de uma comunicação mediúnica.

IV

C

ONCLUSÕES

A segunda parte de nossos estudos sobre a obra MM consistiu de explicar as comparações que André Luiz fez entre circuitos elétricos e circuito mediúnico. Esclarece-mos os itens míniEsclarece-mos que compõem um circuito elétrico, sua importância e papel relativos, e analisamos como An-dré Luiz se utiliza desses conceitos para apresentar im-portantes afirmativas a respeito das condições necessárias para o fenômeno da mediunidade. Nisso, destacamos três contribuições especiais resumidas a seguir:

C1. O pensamento de aceitação ou adesão do médium. André Luiz deixa claro que o pensamento de aceitação ou adesão do médium tem papel tão impor-tante quanto o do fio condutor em um circuito elétrico. Por mais simples que seja o papel dos fios condutores, sem eles nenhum circuito ou aparelho elétrico funciona. Com essa analogia, André Luiz deixa claro que é condi-ção necessária que o médium se disponha ao intercâmbio mediúnico. Mostramos que essa ideia está em perfeito acordo com o conteúdo das Obras Básicas de Kardec. C2. O pensamento *constante* de aceitação ou adesão do médium. Segundo André Luiz, a constância 4Ver, por exemplo, o link do Wikipedia sobreLei de Ampère.

(8)

no pensamento de aceitação ou adesão também é condi-ção necessária para que o fenômeno mediúnico ocorra de modo completo. Isso mostra que o fenômeno mediúnico não é automático, isto é, não ocorre como se o médium fosse uma marionete, sem que o médium não possa exer-cer controle sobre si mesmo, mesmo nos casos de me-diunidade dita mecânica. Os Espíritos do desencarnado e médium permanecem atentos ao processo mediúnico. Isso leva, portanto, a uma consequência importante para a utilização da mediunidade no trabalho de socorro a Es-píritos sofredores: o médium sempre detém o controle da comunicação, daquilo que o Espírito pretende dizer ou fa-zer. Basta que o médium perceba o excesso para coibí-lo ou simplesmente desfazer a corrente mediúnica.

C3. A importância da concentração. Segundo o Espiritismo, o fenômeno da mediunidade requer a ex-teriorização do perispírito do médium, para que haja a combinação fluídica necessária à comunicação que se de-seja realizar (ver itens 3 e 4 da Introdução). Segundo a obra MM, a concentração é condição necessária à me-diunidade. Sem concentração, não é possível o médium exteriorizar seu perispírito para se colocar em maior con-tato com o Espírito comunicante. Algumas religiões que fazem uso da prática mediúnica, propõem maneiras dis-tintas de promover a concentração do médium, seja atra-vés de músicas e hinos, seja atraatra-vés do uso de substâncias que acalmam e relaxam a mente. Segundo a Doutrina Es-pírita, a calma, a prece e o recolhimento são condições absolutamente necessárias não somente para promover uma boa concentração, mas também para a realização de um bom trabalho mediúnico, sob assistência de

Espí-ritos bons e sérios.

A obra MM ainda descreve muitos outros fenômenos envolvendo o magnetismo e a eletricidade. Deixaremos para um próximo artigo, o esclarecimento sobre a com-paração entre o fenômeno de indução eletromagnética e a influência dos Espíritos em nossos pensamentos.

A análise da obra MM apresentada nas partes I [2] e II consiste apenas dos estudos de seu Autor. Outros pontos de vista, outros detalhes e outras relações entre afirmativas de André Luiz e a Doutrina Espírita podem existir e estimulamos os estudiosos e interessados nesses assuntos que realizem análises similares, dessa e de outras obras espíritas, e publiquem seus estudos, sempre valori-zando a mensagem original trazida pelos bons Espíritos e codificada por Kardec.

R

EFERÊNCIAS

[1] F. C. Xavier e W. Vieira, Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito de André Luiz, FEB, 11a edição, Rio de Janeiro (1990).

[2] A. F. da Fonseca, “Explicando conceitos espíritas em

Meca-nismos da Mediunidade parte I: analogia com raios gama”, Jornal de Estudos Espíritas 4, art. n. 010201 (2016). DOI:

10.22568/jee.v4.artn.010201

[3] A. Kardec, O Livro dos Médiuns, Editora FEB, 62a Edição, Rio de Janeiro (1996).

[4] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76aEdição, Rio de Janeiro (1995).

[5] A. Kardec, A Gênese, Editora FEB, 36a Edição, Rio de Ja-neiro (1995).

Title and Abstract in English

Explaining spiritist concepts in the book Mecanismos da Mediunidade part II: analogy to

electric circuits

Abstract: Mecanismos da Mediunidade was written more than 50 years ago, and still challenges the spiritist reader. In this

book, André Luiz proposes a way to understand the mechanisms of mediumship based on concepts of Physics and Psycology. We started a series os studies of this book in order to clarify the meaning of the comparisons and analogies used by André Luiz within the book. In part I of this series, we clarified the André Luiz’s explanations about the comparison between the emission of gamma radiation by nuclei and elevated fluids from good spirits [Jornal de Estudos Espíritas 4, art. n. 010201 (2016)]. Here, in part II, we explain and analyse the comparisons between elements of an electric circuit and what André Luiz called “mediumistic circuit”. We show that André Luiz assertions corroborate exactly what the Spiritist Doctrine says about the mediumship. In particular, he emphasizes the importance for the medium to develop concentration, control of the spiritual entity and self-control, in order to obtain a useful mediumistic communication.

Referências

Documentos relacionados

Por meio de Funções Densidades de Probabilidade (PDFs), a fim de observar a concordância entre os modelos e cenários (incertezas quanto aos cenários RCPs), os resultados

Através da análise dos resultados do teste de aceitação para o suco de laranja, observou-se que houve diferença significativa nos atributos aroma e sabor, com

O estudo do impacto sobre os atributos do solo causado pela adição do agrotóxico 2,4-D e de peróxido de hidrogênio tem a finalidade de elucidar as

Partindo desse princípio, o presente trabalho buscou analisar quais as TDIC utilizadas pelos docentes de História do Ensino Fundamental II da rede municipal de Campos dos

3.4 Quarta Etapa – Novas Hipóteses e Construção do Modelo Tendo em vista que o experimento permite verificar o movimento de um objeto sob a influência da força

De fato, uma proporção considerável dos pais tem dificuldade em identificar que seus filhos estão com sobrepeso ou obesos (Francescatto,2014),embora a obesidade

Com enfoque nas alterações presentes na mandíbula, este estudo teve como objetivos avaliar a prevalência das variações anatômicas do canal mandibular, assim como comparar

a) O primeiro, de Ezequiel Figueiredo Vilela e Leandro Londero, fala sobre as controvérsias do currículo de formação de professores de Física (licenciaturas) quanto à