• Nenhum resultado encontrado

Vivências de uma instituição de longa permanência de idosos: um relato de experiência

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Vivências de uma instituição de longa permanência de idosos: um relato de experiência"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCVida – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

VIVÊNCIAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DE

IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

LAURA ELISA SCHERER WILDNER

(2)

LAURA ELISA SCHERER WILDNER

VIVÊNCIAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DE

IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado em forma de artigo ao Curso de Enfermagem do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

Orientadora: Profª Msc. Enfª Marinez Koller Pettenon

(3)

LAURA ELISA SCHERER WILDNER

VIVÊNCIAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DE

IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em forma de artigo ao Curso de Enfermagem do Departamento de Ciências da Vida, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, para obtenção do título de enfermeira.

Banca Examinadora:

Orientadora _____________________________________________________ Profª Msc. Enfª Marinez Koller Pettenon

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ

Parecerista _____________________________________________________ Profª Msc. Enfª Drnd. Eniva Miladi Fernandes Stumm

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ

(4)

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por ter me guiado durante o percurso acadêmico. Aos docentes que instigaram a construção do conhecimento, a pesquisa e aprendizagem. A minha família e ao meu namorado, sempre prestativos com seu amor e carinho em todos os momentos da graduação, apoiadores, ininterruptamente transmitindo força e confiança para que esse momento pudesse de concretizar.

(5)
(6)

SUMÁRIO RESUMO ... 6 ABSTRACT ... 6 INTRODUÇÃO ... 7 A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA ... 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 14

(7)

VIVÊNCIAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DE IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA1

Laura Elisa Scherer Wildner2 Marinez Koller Pettenon3

RESUMO

Introdução: Fato marcante para a sociedade atualmente é o processo de envelhecimento

populacional observado em todos os continentes. Instituições de Longa Permanência para idosos são governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada a domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania. A inserção no referido local se deu em um período de 08 horas diárias, de segunda a sexta-feira, nos turnos manhã e tarde, totalizando 45 turnos, no mês de janeiro a março de 2012. Objetivo: refletir e discutir, com base nas interações realizadas, a dinâmica de funcionamento, planejamento e gestão, bem como a atuação da equipe de saúde no cuidado ao idoso institucionalizado. Considerações

Finais: Este trabalho de conclusão de curso emergiu da oferta de um estágio acadêmico

realizado em uma instituição de longa permanência, contribui para o crescimento pessoal, construção de conhecimentos, buscas e pesquisa, autonomia e tomada de decisão, enfim, ações exigidas para atuação do enfermeiro. Da mesma forma colabora positivamente, para que os profissionais da saúde reflitam sobre o envelhecimento populacional e o processo de institucionalização.

Descritores: Gerontologia; Idosos; Instituição de Longa Permanência para idosos;

Enfermagem.

ABSTRACT

Introduction: Remarkable for society is currently in the process of population aging

observed in all continents. Long-stay institutions for elderly are governmental or non-governmental residential character, intended to address collective of people aged 60 years or more, with or without family support, in condition of freedom, dignity and citizenship. The insertion in the said location was in a period of 08:00 daily, from Monday to Friday, in the morning and afternoon shifts, totaling 45 shifts, in the month of January to March 2012.

Objective: reflect and discuss, on the basis of the dynamic of interactions undertaken,

operation, planning, and management, as well as the performance of the health care team in the institutionalized elderly. Final thoughts: This final paper emerged from a academic stage held in a long-term institution, contributes to personal growth, construction of knowledge, searches and research, autonomy and decision making, anyway, actions required for actuation of the nurse. Similarly positive, so that the collaborating health professionals think about the ageing population and the process of institutionalization.

Keywords: Gerontology; The Elderly; Long stay institution for the elderly; Nursing.

1Trabalho de Conclusão de curso, construído a partir de uma experiência vivenciada.

2Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul -

UNIJUÍ. e-mail: laura.wildner@hotmail.com

3Enfermeira, Mestre em Educação nas Ciências, Docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do

(8)

INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento caracteriza-se por meio das modificações biológicas, psicológicas e sociais. As biológicas são as morfológicas, reveladas por aparecimento de rugas, cabelos brancos e outras; as fisiológicas, relacionadas às alterações das funções orgânicas. As modificações psicológicas ocorrem quando, ao envelhecer, o ser humano precisa adaptar-se a cada situação nova do seu cotidiano. Já as modificações sociais são verificadas quando as relações sociais tornam-se alteradas em função da diminuição da produtividade e, principalmente, do poder físico e econômico, sendo a alteração social mais evidente em países de economia capitalista (SANTOS, 2010).

Ser idoso é o resultado do processo de desenvolvimento, individual durante o percurso da vida. O idoso é um ser de espaço e tempo. É a expressão das relações e interdependências. Integra uma consciência coletiva, a qual influencia em seu pensar e agir (FERNANDES, 1997).

De acordo com diversos organismos internacionais, verifica-se um acentuado envelhecimento da população em nível mundial (SALGUEIRO, LOPES, 2010). No Brasil é considerada idosa a pessoa com 60 anos ou mais, enquanto que nos países desenvolvidos, idoso é aquele que tem 65 anos ou mais, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) (BRASIL, 2006).

Segundo o guia de atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento, do Ministério da Saúde, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem no Brasil, aproximadamente, 20 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa pelo menos 10% da população brasileira. Segundo projeções estatísticas da OMS, no período de 1950 a 2025, o grupo de idosos no País deverá ter aumentado em quinze vezes, enquanto a população total, em cinco. Assim, o Brasil ocupará o sexto lugar no contingente de idosos, alcançando, em 2025, cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2006).

Salgueiro e Lopes (2010) colocam que há uma alteração dos modelos tradicionais das famílias. O contexto familiar é o primeiro local de cuidados, e está cada vez mais reduzido ao seu núcleo essencial, sendo frequentemente constituído por dois idosos de idades semelhantes, com os filhos a morarem em outra casa e frequentemente, em outra terra. Todavia, prestar cuidados em casa a pessoas dependentes é uma tarefa árdua que pode acarretar consequências para o cuidador e para a família como um todo. Ora, sabendo como e em que medida se altera a dinâmica da família que coabita e cuida de um familiar idoso

(9)

dependente, podemos identificar aquelas famílias que possam estar em risco de desequilíbrio e estabelecer mecanismos e programas de apoio que vão ao encontro das mesmas.

Um dos programas e lugar de apoio são as instituições que acolhem idosos. A institucionalização de idosos tem sido objeto de preocupação do poder público e dos profissionais de saúde, da assistência social que lidam com idosos fragilizados (WATANABE E GIOVANNI, 2011).

Habitualmente conhecidos como asilos, do grego asylon, que significa o local onde as pessoas sentem-se abrigadas e protegidas contra diversos danos de qualquer natureza, as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) historicamente têm o seu surgimento fundamentado na caridade e num atendimento básico às necessidades de vida, como ter onde se alimentar, se banhar e dormir; destinadas ao amparo aos sem família, pobres e mentalmente enfermos (CREUTZBERG; GONÇALVES; SOBBOTKA, 2007).

ILPI é definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283 (BRASIL, 2005) como: Instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada a domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania.

Estudos nacionais apontam como motivos para a institucionalização de idosos aqueles relacionados ao caráter socioeconômico, às condições de saúde e à opção pessoal (PAVARINI, 1996).

Considerando a importância da temática estudada, bem como o interesse e afinidade pessoal que vem de longa data devido ao convívio familiar, com duas pessoas idosas que desde muito cedo realizaram o papel de babás cuidando das crianças da casa e hoje se encontram na condição de idosas cuidadas.

Com base nessas breves considerações, como graduanda do Curso de Enfermagem busca-se, a partir de vivências no decorrer do estágio curricular supervisionado em enfermagem III, refletir e discutir, com base nas interações realizadas no referido serviço, acerca da dinâmica de funcionamento, planejamento e gestão da referida instituição e da atuação da equipe de saúde no cuidado ao idoso institucionalizado. Realizado em uma ILPI, na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A inserção no referido local se deu em um período de 08 horas diárias, de segunda a sexta-feira, nos turnos manhã e tarde, totalizando 45 turnos, no mês de janeiro a março de 2012. Originando assim o trabalho de conclusão de curso.

(10)

A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA

A inserção no referido local se deu em um período de 08 horas diárias, de segunda a sexta-feira, das 07h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h30min, totalizando 45 turnos, no mês de janeiro de 2012 a março de 2012, em uma Instituição de Longa Permanência que abriga Idosos. Inicialmente, me apresentei como acadêmica do curso de enfermagem à enfermeira responsável pela mesma, a qual me acolheu e, em seguida, buscou me familiarizar com os demais integrantes da equipe. Posteriormente, ela convidou-me para acompanhá-la em suas atividades. Minha proposta inicial era de realizar observação, mas a partir dessa prática ocorreu interação com os usuários. Ao dialogar com eles, me inteirava sobre seus problemas de saúde, diagnóstico, etiologia, quadro clínico e, a partir dessas informações buscava esclarecer dúvidas, transmitir conhecimentos sobre a gerontologia, o que favoreceu troca de saberes. Para Lopes (2005), nesse contexto, a enfermeira aprende com o doente a sua história, perspectiva pessoal, enquanto que o doente recebe dela elementos de natureza cognitiva e outros que lhe facilitam o lidar com a situação.

Atualmente, a referida instituição disponibiliza aos usuários e comunidade local e regional, serviços de moradia, abrigo e cuidados de modo especial na área da enfermagem aos idosos. A infraestrutura não é a ideal e adequada, mas supre parcialmente a necessidade do atendimento aos moradores necessitando de mais profissionais para compor uma equipe multiprofissional para qualificar o atendimento prestado aos idosos. Sá (2002), coloca que o objetivo da enfermagem é cuidar do ser humano idoso, considerando sua totalidade biopsicossocial e estimulando o autocuidado, autodeterminação, independência auxiliando na compreensão do envelhecimento humano.

Buscando conhecer a estrutura física e funcionamento, nos deparamos com os serviços da lavanderia onde atuam duas funcionárias. As atividades de lazer ocorrem de forma esporádica, conduzidas por membros da equipe de enfermagem. O serviço de fisioterapia para os moradores é terceirizado, para os familiares que tem condições de pagar.

Um estudo realizado em ILPIs, envolvendo seis universidades e três regiões geográficas do país, constatou que essa não é uma realidade vivida somente na instituição referida. CREUTZBERG et al. (2011) corrobora dizendo que nem mesmo os direitos garantidos pela legislação são suficientes e servem de estímulo, para um atendimento adequado e uma reorganização no número de profissionais colaboradores.

No decorrer da permanência no local, algumas situações chamaram a atenção como o tempo ocioso dos idosos que lá residiam. Como forma de contribuição, promovi momento de

(11)

descontração e lazer tocando flauta e convidando-os para rodas de conversa. Outra atividade positiva foi que alguns residentes puderam sair da instituição e apreciar uma apresentação do coral da universidade. Esporadicamente a assistente social entra em contatos com grupos culturais da cidade para que se dirijam até a instituição com o objetivo de integração e interação. É visível que as atividades de terapia ocupacional deixam os moradores mais animados. Em relação a isso, Santos (2003), comenta que atividades que auxiliam nas atividades de memória e relacionadas à manutenção de autonomia e qualidade de vida, possibilitam prevenção e promoção da saúde do indivíduo atrelado a um envelhecimento sadio e bem-sucedido.

No que tange aos profissionais que atuam no referido serviço, integram a equipe uma enfermeira/responsável técnica, cinco técnicas de enfermagem e três cuidadoras de idosos. É realizada escala de trabalho para os funcionários conforme disponibilidade dos mesmos e necessidade da instituição.

Para Sthal, Berti e Palhares (2011), o cuidado integralizado é uma realidade no atendimento ao idoso. Portanto, é necessário respeitar a velhice e seu processo, utilizar uma abordagem individual centrada na pessoa, e não na doença, considerar o idoso como participante ativo no controle e no tratamento da saúde e lutar por condições cada vez mais humanas de assistência. A especificidade quanto à população idosa está em atentar para vulnerabilidades, manutenção de capacidade funcional, autonomia e minimização de dependência. A enfermagem gerontológica, no Brasil, ainda carece de profissionais que atuem nessa área.

Ainda durante o período em que estive na instituição, foram observados aspectos quanto organização, funcionamento e gestão do local. O total de moradores eram 33 idosos com diferente grau de dependência. A rotina acontece da seguinte forma: quatro refeições por dia. Quanto à higiene corporal dos moradores, com exceção dos idosos acamados, esta ocorre em dias alternativos em função do número de profissionais. As trocas de fraldas são realizadas em média cinco vezes ao dia. A administração de medicamentos se da a cada duas horas. A dispensação de medicamentos ocorre no turno da noite, assim como à higienização do espaço físico da enfermaria e organização dos materiais para esterilização. Após o café da manhã tem o momento de reflexão/oração e também troca de curativos.

Michel (2010) coloca que, em uma instituição de residência coletiva, muitas vezes é necessário flexibilizar as normas e rotinas, abrindo espaço para as manifestações individuais e grupais. Reconhecer as diferenças culturais e individuais auxilia para as especificidades do cuidado. Nesse sentido Goffman (2005) afirma que as regras estabelecidas na casa são um

(12)

conjunto explícito e formal de prescrições e proibições que definem a conduta do internado e sua rotina diária.

A rotina, controle e conferência das receitas e das medicações acontecem uma vez por mês, pela enfermeira que também é responsável por agendar e autorizar consultas. Ainda faz parte da rotina deste profissional: buscar materiais esterilizados para curativos na Unidade de Estratégia da Saúde da Família onde os moradores são cadastrados; transportar idosos para consultas e ou exames; atender os familiares durante visitas aos residentes e recepcionar novos moradores.

A área da gerontologia focaliza a prestação de cuidados ao idoso pela enfermagem, consideradas as necessidades e características como únicas, o que promoverá um cuidado integral e contextualizado para essa população. Desse modo, a incapacidade funcional deve ser sempre levada em conta no planejamento estrutural da unidade e no planejamento de cuidados, incluindo tanto o dimensionamento de pessoal, quanto a capacitação e suporte oferecido à equipe para realizar um cuidado humanizado e voltado para a autonomia do paciente (STHAL, BERTI E PALHARES, 2011).

Destacando que a vivência foi também participativa a contribuição também ocorre na elaboração do plano de enfermagem a partir do levantamento e análise das necessidades prioritárias de atendimento aos pacientes e doentes. No planejamento, organização e coordenação dos serviços de enfermagem, supervisão e orientação os profissionais da equipe. Supervisão o controle de estoque e os pedidos periódicos de suprimentos. Elaboração das escalas mensais de trabalho e supervisão a escala de serviço diário do pessoal de enfermagem para as atividades internas e externas. Supervisão a manutenção do controle dos aparelhos, da previsão de pessoal, material e equipamento da unidade, e o registro dos procedimentos executados, bem como de dados estatísticos.

Durante a vivência, uma das atividades também concentrou-se na revisão da Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE). Ela acontece na recepção do morador no serviço. Conforme Duarte, Andrade e Lebrão (2007), a avaliação funcional é essencial no tratamento do idoso, uma vez que as condições crônico-degenerativas, tão freqüentes nessa faixa etária, e tendem a afetar a capacidade funcional dos idosos comprometendo-os. Souza, Skubs e Bretas (2007) diz que a SAE permite subsidiar o planejamento da assistência profissional, que também deve estar em sintonia com o contexto familiar do idoso, considerando as nuances sociais e culturais presentes nessa relação.

Na vivência, também revisei e ampliei as normas e rotinas, bem como o regimento interno. Esta atividade requereu tempo, estudo, pesquisa e atenção. Destacado positivamente,

(13)

pois possibilita a revisão das técnicas da realização dos procedimentos, bem como a legislação que rege a atividade do enfermeiro.

Nos dias em que passei na instituição pude observar que a mesma é carente em relação a alguns materiais e equipamentos indispensáveis para melhor atender aos seus moradores. Levando em conta praticidade, economia, Lorenço e Castilho (2006) comentam que a implementação de sistemas de gerenciamento de custos é importante para a área de saúde, quando se visa à contenção de gastos sem a perda da qualidade do serviço a que se propõe oferecer. Silva (2009) diz que, para realizar mudanças nas ILPIs e prestar uma melhor assistência aos idosos residentes, não é necessário grandes reestruturações do sistema e investimentos financeiros, pois, pequenas alterações na rotina das ILPIs já podem contribuir para um envelhecimento mais ativo dos idosos. Também houve a contribuição na organização do consultório para consultas médicas e de enfermagem, na busca dos cadastros para estratégia de saúde da família. Quanto a ESF, no Brasil, ela foi planejada para reorientar a atenção à saúde da população, fomentando a qualidade de vida, por exemplo, mediante a promoção do envelhecimento saudável (MOTTA et al., 2011).

Durante a minha permanência e vivencia no local, ocorreu o resgate das reuniões de equipe, as quais não estavam existindo, a partir de uma proposição teve boa aceitação. Oliveira et al (2011), diz que, na busca por qualidade dos serviços, percebe-se na referida equipe a preocupação com a educação continuada, novos aprendizados, atitude indispensável para o crescimento profissional. Com a formação continuada, o profissional busca atualização de conhecimento com ênfase nas suas necessidades individuais e focadas na melhora de sua capacidade funcional.

Foi-me possibilitado acompanhar idosos em consultas e realização de exames bem como contatar com familiares para conversar sobre os residentes. Em um determinado momento me deparei com a situação, da hospitalização de umas das idosas com diagnóstico de pneumonia. Enquanto internada ela dizia: “Me leva logo pra casa, não me sinto bem aqui,

lá eu vou me cuidar, sinto saudade dos meus amigos, do meu chimarrão, das minhas coisas, aqui não posso fazer nada, só ficar deitada e deitada (choro)”. Conforme Kawasaki e Diogo

(2007), durante a hospitalização, a capacidade funcional do idoso pode ser comprometida e levar à dependência funcional, por se tratar de um evento complexo que ocorre num momento de fragilidade, quando o idoso é retirado do seu meio e do convívio familiar e social, e transferido para um ambiente estranho.

Voltando para a instituição a mesma idosa, após dois dias faleceu, ocorrendo assim a dificuldade de lidar com situação. Os agravos decorrentes das doenças crônicas

(14)

não-transmissíveis têm sido as principais causas de óbito na população idosa, seguindo uma tendência mundial (BRASIL, 2006).

Morin (1999) comenta que no processo de envelhecer percebe-se que há rejeição e recusa da morte, o ser humano tende a rejeitar também a velhice, talvez por esta fase da vida ser a que mais se aproxima da morte e assim, torna a velhice um peso para sua vida. Sendo o ser humano marcado pela consciência da tragédia da morte, ele tenta inventar os mitos para negá-la ou para encontrá-la, pensando nos meios para aceitá-la e, aí se dá conta de que o problema da consciência e do ser humano é atravessado pelo tempo e tornado trágico pela morte. Esta ação deixa o ser humano, agoniado principalmente, durante a velhice.

Outra atividade desafiadora foi a revisão, conferência, atualização e organização dos medicamentos. Em relação a isso Marin et al. (2010) diz que, as muitas alterações apresentadas pelos idosos os transformam em consumidores de medicamentos e esses, embora necessários em muitas ocasiões, quando mal utilizados podem desencadear complicações sérias. Na instituição os familiares são responsáveis por comprar a medicação prescrita e encaminhá-la para a mesma. O estabelecimento só se responsabiliza pela medicação dos idosos encaminhados pelo município. A partir de então foi elaborada uma planilha/tabela com o controle de uso mensal de fármacos de cada morador. Esse controle serve para facilitar o trabalho da enfermagem.

A RDC prevê também que a equipe de saúde responsável pelos residentes deverá notificar à vigilância epidemiológica suspeita de doença de notificação compulsória conforme o estabelecido no Decreto nº 49.974-A, de 21 de janeiro de 1961, Portaria Nº 1.943, de 18 de outubro de 2001, suas atualizações, ou outra que venha a substituí-la. Ocorre a implementação e avaliação estatística para vigilância epidemiológica conforme a RDC (BRASIL, 2005).

Outra atividade específica do enfermeiro que tive oportunidade de auxiliar foi a escala de trabalho dos funcionários. Conforme a Resolução Cofen nº 293/2004, que fixa e estabelece parâmetros para o dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem nas unidades assistenciais das instituições de saúde e assemelhados, compete ao enfermeiro estabelecer o quadro quanti-qualitativo de profissionais, necessário para a prestação da Assistência de Enfermagem (COFEN, 2006).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A satisfação dos usuários da referida instituição é avaliada como boa, levando em conta que são pessoas que vivenciam sofrimento, angústia, medo da morte, dentre outros

(15)

sentimentos, motivados mostram-se satisfeitos, sorrindo retribuem carinhos oferecidos pela equipe. Convivem como uma grande família. Preocupam-se uns com os outros.

A experiência foi muito significativa. Inicialmente foi um pouco difícil, pois a área de atuação era desconhecida e o período de adaptação durou um pouco mais que o previsto.

A angústia tomou conta até compreender o funcionamento da rotina na unidade e porque elas aconteciam daquela forma. Viver em uma ILPI é desafiador, principalmente em relação aos profissionais. Pois como enfermeira você torna-se mediadora entre equipe de enfermagem, idoso/morador, equipe administrativa e familiares.

Inquietou no decorrer das minhas vivências a dificuldade de compreensão por parte de alguns trabalhadores, no que diz respeito a implantação de melhorias para a instituição, que gerasse bem estar físico e emocional aos moradores. Percebeu-se resistência a mudanças, que somassem positivamente para o ambiente de trabalho. Foi uma vivência que oportuniza crescer como profissional que ensina lutar, proporciona uma situação satisfatória e relevante no final da formação acadêmica.

Salienta-se que ocorreram mudanças. Dentre elas a desacomodação por parte dos profissionais responsáveis pela instituição, em relação a procurar melhorias para o estabelecimento, o resgate da reunião de equipe de enfermagem, vínculo com moradores, o orçamento dos equipamentos para melhor estruturar a enfermaria e vínculo afetivo da equipe.

A contribuição para a equipe se deu de forma afetiva, procurando qualificar o serviço, revisando o regimento interno e as normas e rotinas, deixando também material de estudo e a amizade.

A vivência acadêmica, por meio da teoria e da prática propicia organização e planejamento das atividades realizadas, permite maior vivência no campo da saúde e qualificação técnico-científico. Garante maior independência e mobilidade nas atividades próprias do enfermeiro.

Considera-se que essa experiência contribua de forma positiva para que os profissionais da saúde reflitam sobre o envelhecimento populacional e que o mesmo representa uma evidente conquista humana em relação à melhoria das suas condições de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Brasília, 2010. 44p. (Série B. Textos Básicos de Saúde). (Série Pactos pela Saúde, 2006, v. 12).

(16)

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM – COFEN. Documentos Básicos Adaptado

pelo COREN – RS, maio 2006.

CREUTZBERG, M. et al. Acoplamento estrutural das instituições de longa permanência para idosos com sistemas societais do entorno. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre, 32(2):219-25, jun. 2011.

CREUTZBERG, M.; GONÇALVES, L. H. T.; SOBOTTKA, E. A. A comunicação entre a família e a Instituição de Longa Permanência para Idosos. Rev Bras Geriatr Gerontol., 10(2):147-60, 2007.

DUARTE, Y.; ANDRADE, C. L.; LEBRÃO, M. L. O índice de Katz na avaliação da funcionalidade dos idosos. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, 41(2):317-25, jun. 2007.

FERNANDES, F. S. As pessoas idosas na legislação brasileira: direito e gerontologia. São Paulo: LTR, 1997.

GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 2005.

KAWASAKI, K.; DIOGO, M. J. D. Variação da independência funcional em idosos hospitalizados relacionada à variáveis sociais e de saúde. Acta Fisiatr., 14(3):164-9, set. 2007.

LOPES, M. J. Os clientes e os enfermeiros: construção de uma relação. Rev Esc Enferm

USP, São Paulo, v. 39, n. 2, jun. 2005.

LOURENÇO, K. G.; CASTILHO, V. Classificação ABC dos materiais: uma ferramenta gerencial de custos em enfermagem. Rev Bras Enferm, 59(1):52-5, jan./fev. 2006.

MARIN, M. J. et al. Diagnóstico de enfermagem em idosos que utilizam múltiplos medicamentos. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, 44(1):47-52, 2010.

MICHEL, T. A vivência em uma instituição de longa permanência: significados atribuídos pelos idosos. Curitiba, 2010.

MORIN, E. Por uma reforma do pensamento. In: PENA-VEGA, A.; NASCIMENTO, E. P. O

pensar complexo: Edgar Morin e a crise da modernidade. Rio de Janeiro: Gramond, 1999.

MOTTA, L. B. et al. Artigo article 780. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(4):779-786, abr. 2011.

OLIVEIRA, F. M. C. S. N. et al. Educação permanente e qualidade da assistência à saúde: aprendizagem significativa no trabalho da enfermagem. Aquichán, Bogotá, v. 11, n. 1, jan./abr. 2011.

(17)

PAVARINI, S. C. I. Dependência comportamental na velhice: uma análise do cuidado prestado ao idoso institucionalizado. Tese (Doutorado), Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1996. 230p.

RDC/ANVISA nº 283. Resolução da Diretoria Colegiada, de 26 de setembro de 2005.

SÁ, J. L. M. A formação de recursos humanos em gerontologia: fundamentos epistemológicos e conceituais. In: FREITAS, E. V. (org.). Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 1119-24.

SALGUEIRO, H.; LOPES, M. A dinâmica da família que coabita e cuida de um idoso dependente. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre, 31(1):26-32, mar. 2010.

SANTOS, S. M. A. Idosos, família e cultura: um estudo sobre a construção do papel do cuidador. São Paulo: Alínea, 2003.

SANTOS, S. S. C. Concepções teórico-filosóficas sobre envelhecimento, velhice, idoso e enfermagem gerontogeriátrica. Rev Bras Enferm, Brasília, 63(6):1035-9, nov./dez. 2010.

SILVA, A. H. Análise da capacidade funcional e aptidão funcional de idosos de ILPIs. 2009.

SOUZA, R. F.; SKUBS, T.; BRÊTAS, A. C. P. Envelhecimento e família: uma nova perspectiva para o cuidado de enfermagem. Rev Bras Enferm., 60(3):263-73, maio/jun. 2007.

STHAL, H. C.; BERTI, H. W.; PALHARES, V. C. Grau de dependência de idosos hospitalizados para realização das atividades básicas da vida diária. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 20(1):59-67, jan./mar. 2011.

WATANABE, H. A. W.; GIOVANNI, V. M. D. Instituições de longa permanência para

Referências

Documentos relacionados

Para tanto se fez uso de um fogão com placa de alumínio (Al) e outro de zinco (Zn), de tal modo identificando, a partir de observações, qual se apresenta mais eficiente no

Quando a desconexão persistir por tempo superior a 10 (dez) minutos, a Sessão Eletrônica será suspensa e terá reinício somente após a comunicação expressa aos participantes. A

Reis (2004) observou em sua pesqui- sa que os idosos relevam a segundo plano sua saúde bucal por considerarem mais importante sua saúde geral, ao passo que Silva (2001)

As ações do Projeto de Extensão são desenvolvidas semanalmente em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos no Município de Lagoa Seca no estado da

A cor “verde” reflecte a luz ultravioleta, porém como as minhocas castanhas são mais parecidas com as minhocas verdadeiras, não se confundem com a vegetação, sendo

No código abaixo, foi atribuída a string “power” à variável do tipo string my_probe, que será usada como sonda para busca na string atribuída à variável my_string.. O

O processo de gerenciamento da capacidade foi desenhado para assegurar que a capacidade da infraestrutura de TI esteja alinhada com as necessidades do negócio. O

Assim como no domínio das alturas, é possível elaborar um espaço textural não taxonômico, apresentando assim distâncias desiguais entre as partições, o que resulta no