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Academic year: 2021

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PADD

Prova de Análise e Despiste da Dislexia

RUI MANUEL CARRETEIRO

MANUAL

(2ª Versão)

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A PADD – Prova de Análise e Despiste da Dislexia encontra-se devidamente registada no IGAC – Inspecção Geral das Actividades Culturais

Nenhuma parte deste Manual, exemplares cartões estímulo ou protocolo da PADD podem ser impressos ou reproduzidos, total ou parcialmente, por qualquer meio, sem autorização escrita do proprietário de Copyright.

Autor: Rui Manuel Carreteiro (Psicólogo Clínico licenciado pela Universidade de Lisboa) Copyright para a 2ª Versão 2005 © by PSICLÍNICA® RM CARRETEIRO – Unipessoal Lda Rua Cidade Dévnia, 15 – 1º Drtº y 2615-062 ALVERCA

www.psiclinica.net psiclinica@rc-grupo.com

Proibida a reprodução total ou parcial. Todos os direitos reservados.

Agradecimento: A Psiclínica® agradece a colaboração de Andreia Matias e Carolina Rodrigues, estudantes de Psicologia, na

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Resumo

Várias evidências que sugerem que o leitor normal dispõe essencialmente de duas vias para ler as palavras: uma baseada nos sons – via fonológica – e outra na em unidades maiores que a letra – via ortográfica. Cada uma destas vias apresenta características diferentes, pelo que quando uma delas se encontra lesada estamos perante uma dupla dissociação.

Partindo das teorias clássicas da leitura foi possível criar uma prova (PADD – Prova de Análise e Despiste da Dislexia) constituída por vários subtestes que analisam o desempenho do leitor face a um conjunto de critérios com vista ao despiste de perturbações fonológicas ou ortográficas.

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Índice

Ficha Técnica ………... 1. Pressupostos Teóricos ……….. 2. Apresentação da Prova ………. 3. Estudos sobre a Prova ……….. 4. Instruções de Aplicação ……… 5. Análise dos Resultados ……….

6. Exemplo ………... Bibliografia ………... Pág.5 Pág.6 Pág.16 Pág.20 Pág.26 Pág.32 Pág.35 Pág.43

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Ficha Técnica

AUTOR: Rui Manuel Carreteiro

Proprietária dos direitos de Copyright:

PSICLÍNICA® RM CARRETEIRO – Unipessoal, Lda

Administração: Individual (em suporte de papel ou informático)

Duração: Variável, em média 30 minutos

Aplicação: Crianças e Adolescentes (embora possa ser aplicada em várias idades, as normas disponíveis incidem sobretudo dos 6 anos até aos 15 anos)

Objectivo: Prova no âmbito da Neuropsicologia Cognitiva que permite analisar a consciência fonética e articulatória dos sujeitos, bem como a capacidade de leitura e funcionamento das vias fonológica e ortográfica, com vista ao despiste da dislexia central.

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Pressupostos Teóricos

Como todos os processos cognitivos, a leitura, uma vez dominada, é simples, imediata, e não exige esforço aparente. É pois uma tarefa esquecida, interiorizada, reduzida a operações automáticas em redes de neurónios acessíveis (Morais, 1997).

Geralmente quando nos lembramos do processo de aprendizagem da leitura, tal significa que foi algo difícil e complexo, acarretando algum sofrimento por parte do sujeito aprendiz.

Mas porquê estudar os processos inerentes à leitura? Segundo Morais (1997), existem fundamentalmente três razões: a) por curiosidade (o desejo inato do Homem para o conhecimento); b) a convicção de que este conhecimento pode levar à construção de máquinas que leiam – a chamada leitura automatizada e c) para ajudar a elaborar métodos de instrução e técnicas de redacção apropriadas.

Hoje é reconhecido a todos o direito de saber ler, escrever e contar. No entanto, tal como muitos recursos básicos, a leitura continua a ser muito mal distribuída.

Na realidade, podemos não ler, simplesmente por falta de motivação, mas na grande maioria dos casos existe uma incapacidade de ler, que por falta de escolaridade, quer por incapacidade real. É deste último caso, denominado por iletrismo funcional – i.e., a incapacidade real de ler e de escrever apesar da escolaridade, ou até mesmo da obtenção de diplomas – que nos vamos ocupar.

Comparada com a linguagem falada, a linguagem escrita é uma aquisição muito recente. Por outro lado, com excepção de algumas patologias raras, todas as crianças adquirem uma linguagem proposicional, desde que não sejam privadas de experiência linguística, enquanto crianças perfeitamente inteligentes e normais falham lamentavelmente na aprendizagem da leitura e da escrita.

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Contrariamente à linguagem falada, é preciso uma instrução formal para aprender a ler e a escrever, independentemente do grau de inteligência do sujeito (escolas…). O reconhecimento deste paradoxo constitui um ponto de partida para a reflexão dos problemas da leitura e da escrita.

O sistema mais primitivo de representação escrita é o sistema pictográfico. Os

pictogramas representam um objecto de maneira simplificada, por exemplo um círculo com

tracinhos [ 5 ] representa o Sol. Os ideogramas distinguem-se dos pictogramas por representarem uma ideia e não um objecto. Note-se que os sinais não representam a linguagem falada, mas sim o que esta pode transmitir através de palavras ou frases.

Por exemplo os números romanos eram inicialmente pictogramas em que o V representava os cinco dedos da mão aberta.

Os sistemas de escrita que representam verdadeiramente a linguagem falada são os sistemas logográfico, silábico e alfabético - cada um a níveis diferentes, respectivamente lexical (as palavras ou os morfemas que constituem as palavras), silábico (sílabas) e fonémico (fonemas).

O poder do alfabeto para representar a língua, independentemente da complexidade das suas estruturas fonológicas, é enorme, todavia assiste-se à necessidade de analisar a língua em fonemas, facto que noutros sistemas de escrita não se assiste.

O sistema alfabético é formado por um conjunto de sons dos quais os sujeitos devem ser conscientes. O fonema é o elemento constitutivo mais pequeno da cadeia falada que permite distinções semânticas. Por exemplo a palavra «bal» é composta por três fonemas: /b/, /a/, /l/. O fonema é pois uma representação abstracta dos sons que constituem as palavras. Não se deve confundir o fonema com as letras, pois são entidades diferentes.

A fala está organizada de tal maneira que é precisamente a sua facilidade de compreensão que torna difícil a leitura e a escrita alfabéticas, já que existe uma grande sobreposição de fonemas no sinal da fala (letra).

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O sistema alfabético tem um número relativamente pequeno de sinais da fala, mas cada sinal da fala pode representar vários fonemas. Por outro lado, outros sistemas têm muito mais elementos representativos – como seja os silabários dos japoneses – mas a sua leitura é muito menos variável.

Segundo Morais (1997), a sensibilidade para com o fonema surge por volta dos dois anos. Eleanor Gibson, constata que o desenvolvimento fonológico se realiza por um princípio biológico de diferenciação: o crescimento do sistema fonológico parte da representação global das unidades silábicas para terminar nas representações fonémicas. O desenvolvimento fonológico e fortemente marcado pela experiência e apresenta uma importante fragilidade.

É frequente confundir-se o iletrado com o analfabeto: Consideram-se iletrados, por oposição aos letrados, os sujeitos que nunca aprenderam a ler nem a escrever. Os conceitos de

iletrado e analfabeto, não são necessariamente coincidentes. Um letrado pode ser analfabeto –

como na generalidade dos orientais, cujos sistemas de escrita não são alfabéticos – mas todos os alfabéticos são letrados. Para ser alfabetizado o que conta é analisar intencionalmente a fala em fonemas e não o ser letrado – assiste-se pois á necessidade de aprender a ler num sistema alfabético.

Dois conceitos também eles frequentemente confundidos são o de escrita e ortografia. Enquanto os sistemas de escrita se caracterizam pelo nível de estrutura da linguagem que representam, a ortografia refere-se às convenções utilizadas em cada língua particular.

1. Neuropsicologia Cognitiva

Norman Geshwind permitiu a reabilitação dos "fazedores de esquemas" contrariando a ideia de que aquando uma lesão cerebral tudo era afectado porque "tudo tem a ver com tudo". O próprio sistema nervoso revelou ser muito mais específico e muito menos equipotente do que Lashley considerou. É neste contexto que nos aparece o estudo dos padrões de desempenho cognitivo em pacientes cérebro-lesionados pela Neuropsicologia Cognitiva.

De acordo com Ellis & Young (cit in Eysenck, 1990), o maior objectivo da neuropsicologia cognitiva consiste em retirar conclusões sobre os processos cognitivos

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normais, intactos, a partir da observação de sujeitos com lesões cerebrais. A neuropsicologia cognitiva permite-se pois a afirmar que os padrões de sintomas observados não poderiam ocorrer se o sistema cognitivo normal, intacto, não estivesse organizado segundo certos princípios.

Para Eysenck (1990), a identificação dos aspectos da cognição que estão intactos ou afectados, revelou-se de grande importância por duas razões principais:

1) O desempenho cognitivo de pacientes cérebro-lesionados pode ser frequentemente explicado pelas teorias da psicologia cognitiva. Tais teorias especificam os processos ou mecanismos envolvidos no funcionamento cognitivo normal, sendo em princípio possível apelar para muitos dos problemas dos sujeitos cérebro-lesionados em termos de dano selectivo de alguns desses mecanismos (ideia em si incongruente com o postulado por Karl Lashley).

2) Pode utilizar-se a informação proveniente dos sujeitos cérebro-lesionados para propor bem como para rejeitar teorias propostas pelos psicólogos cognitivistas.

Na neuropsicologia cognitiva assume-se a existência de uma relação relevante entre o forma como o cérebro se encontra organizado ao nível físico e o modo como a mente e os seus módulos cognitivos estão organizados - Isomorfismo.

Outro princípio da neuropsicologia cognitiva consiste na Transparência, ou seja, “o desempenho patológico observado constituirá a base para discernir qual o componente ou módulo do sistema que está perturbado” (Caramazza cit in Ellis & Young, 1991).

Este princípio encontra-se mais uma vez em clara contradição com a ideia da equipotencialidade expressa por Karl Lashley. No entanto convirá referir que de acordo com Ellis & Young (1991), o princípio da transparência é um dos menos consensuais em neuropsicologia cognitiva, principalmente no que concerne ao “grau” de transparência. Contudo é também um dos pilares fundamentais na pesquisa neuropsicológica.

Um terceiro princípio - Subtractividade - pressupõe que o desempenho dos pacientes cérebro-lesionados reflecte o aparato cognitivo total menos aqueles sistemas perturbados.

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Todo o império da neuropsicologia cognitiva é baseado na assunção de que existe vários

Módulos ou processadores cognitivos no cérebro. Estes módulos, funcionam de uma forma

relativamente independente, de tal modo que o dano num módulo não afecta directamente os outros módulos (Eysenck, 1990).

As evidências para perspectiva da neuropsicologia cognitiva, e em grande parte os aspectos que refutam a teoria de Lashley, assentam na descoberta de Dissociações, as quais ocorrem quando um paciente desempenha normalmente uma tarefa (tarefa A) mas não outra (tarefa B). No entanto, estas diferenças podem dever-se não à lesão cerebral em si, mas antes a um diferente grau de dificuldade entre as duas tarefas.

Este problema resolve-se optando pelo estado de Duplas Dissociações, que ocorrem quando um paciente apresenta desempenho normal na tarefa A mas apresenta dificuldades na tarefa B, enquanto outro paciente desempenha com normalidade a tarefa B, situando-se as dificuldades na tarefa A (Eysenck, 1990).

Uma dupla dissociação indica que duas tarefas fazem uso de módulos diferentes pelo que uma série de duplas dissociações podem ser utilizadas para promover um mapa-esboço do nosso sistema cognitivo-modular, algo que Lashley considerava impensável.

O método da neuropsicologia cognitiva tem assim permitido grandes contributos para o conhecimento do funcionamento da “caixa negra” selada e tão temida pelo behaviorismo. E pensar que nada disto seria possível se considerássemos ainda que qualquer parte de uma área funcional podia levar a cabo um comportamento particular...

2. Leitura

O que existe de específico na leitura é a capacidade de reconhecer palavras escritas, isto é, a capacidade de identificar cada palavra enquanto forma ortográfica com um significado e de lhe atribuir um significado.

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O processo de interpretação dos signos sensoriais, constitui aquilo a que chamamos

percepção, processo que difere significativamente da leitura. O par leitura e escrita é

indissociável. Não há leitura senão onde há (ou onde houve) escrita e os processos utilizados quer para a leitura quer para a escrita de palavras são semelhantes: enquanto o output da leitura é a pronunciação da palavra, na escrita é a redacção da palavra.

Com a aprendizagem de palavras novas e enriquecimento do vocabulário, “armazenamos mentalmente” um grande número de palavras. O léxico mental é a parte da memória onde convergem os diferentes tipos de informação que dispomos relativamente às palavras, necessários à sua compreensão. Esta informação é armazenada em unidades – chamadas

fonemas – que representam formal e abstractamente os sons elementares.

Os anos 70 e 80 destacaram-se pelo aparecimento de vários modelos de leitura (Temple, 1997). Os trabalhos de Marshall & Newcombe (in Morais, 1997), evidenciaram duas patologias raras mas bastante informativas sobre os mecanismos utilizados na leitura das palavras: Dislexia profunda e dislexia de superfície.

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Face a um texto, e em condições normais de inteligência, memória, visão, entre outros..., um sujeito que tenha aprendido a ler dispõe basicamente de duas vias de realizar a leitura (Fig. 1). Numa via – dita fonológica –, o sujeito vai agrupar pequenas unidades das palavras – chamadas fonemas, i.e., sons – até obter a totalidade da palavra.

No segundo processo – via ortográfica –, mais rápido, o agrupamento é feito através de unidades maiores do que a letra (conjuntos de letras, partes de palavras ou palavras completas). Por não se encontrarem no nosso “dicionário mental”, este processo não permite ler nem palavras que não conhecemos, nem palavras que não existam (pseudopalavras).

Quando uma destas vias se encontra perturbada, a leitura processa-se pela via alternativa, ocorrendo erros característicos cuja frequência e magnitude permitem aplicar o termo de dislexia ou mesmo caracteriza-la como profunda (dislexia fonológica) ou de superfície (dislexia ortográfica).

A leitura hábil envolve processos específicos e complexos cuja aprendizagem passa pela descoberta e utilização do princípio alfabético de correspondência entre letras e fonemas.

Coltheart não nega que o acesso lexical se possa efectuar a partir de uma representação fonológica, nomeadamente no caso da leitura de palavras complexas ou pouco familiares, mas acredita que na leitura corrente e para um leitor sofisticado, o acesso lexical efectua-se directamente a partir da informação ortográfica. A via fonológica é pois uma via mais arcaica, no entanto mais versátil, para a leitura de palavras.

O termo dislexia refere-se a um conjunto de alterações que têm em comum uma perturbação ou atraso na aquisição, aprendizagem ou processamento da leitura, na ausência de qualquer outra limitação ou alteração das capacidades intelectuais (Habib, 2000).

Quando aplicadas à escrita, estas perturbações assumem o nome de disgrafia. A disgrafia é uma perturbação da escrita, resultante de um défice de processamento, que se caracteriza pela ocorrência de erros ou incapacidade de produzir palavras escritas podendo interferir na comunicação de ideias.

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As perturbações da leitura e da escrita podem ainda classificar-se como centrais – quando afectam a produção de palavras escritas ou a sua leitura e (como sejam as disgrafias/dislexias de superfície e profundas) – ou periféricas – quando afectam apenas um modo de saída.

A dislexia pode ser adquirida – quando surge na sequência de traumatismo ou lesão cerebral -, ou de desenvolvimento – perturbação ou atraso na aquisição da leitura.

Os problemas da leitura surgem sobretudo entre as pessoas mais velhas: cerca de 4% na população entre os 18-20 anos, 20% entre os 45-59 anos, e 27% a partir do 60 anos. Estas diferenças parecem resultar de vários factores, principalmente da generalização da escolaridade e aumento do nível escolar nos últimos anos, bem como a provável diminuição da frequência da actividade de leitura entre os mais velhos.

Mas que factores nos permitem afirmar que estamos perante uma situação de dislexia? Que fazer perante o diagnóstico de dislexia? Para responder a estas questões torna-se necessário apresentar sucintamente o processo que o leitor dito normal utiliza para realizar o processo de leitura.

A dislexia fonológica caracteriza-se pela ocorrência dos chamados erros semânticos – i.e., o sujeito lê “roda” no lugar de “pneu” –, bem como pela grande dificuldade em ler palavras desconhecidas. Por não existir na nossa língua, um disléxico profundo experimentaria grandes dificuldades ou não seria mesmo capaz de ler a pseudopalavra “beringíneo”.

Se a dislexia for ortográfica, esta dificuldade já não se regista, pois estes sujeitos lêem ao mesmo nível palavras frequentes, pouco frequentes ou pseudopalavras. A maioria dos erros de leitura destes sujeitos chega mesmo a não constituir palavras, e apresentam uma maior facilidade para ler as palavras que se lêm da mesma forma que se escrevem (palavras regulares, p.ex. “carro”) comparativamente às palavras que se lêm de forma diferente à da escrita (p.ex. em “guitarra” não se lê o “u”).

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Nem todos os sujeitos que apresentam dificuldade na leitura são disléxicos. O método de ensino da leitura, revela-se aqui particularmente importante. Hoje existem alguns métodos relativamente simples e fiáveis que permitem despistar a dislexia, pelo que, em face de dificuldades de leitura ou de um alerta dado pelo professor, se revela conveniente consultar o psicólogo.

A APDIS – Associação Portuguesa da Dislexia, refere os seguintes sinais de alerta para sujeitos disléxicos:

Problemas de Aprendizagem relacionados: - Dificuldades na linguagem oral;

- Não associação de símbolos gráficos com as suas componentes auditivas; - Dificuldades em seguir orientações e instruções;

- Dificuldades de memorização auditiva; - Problemas de atenção;

- Problemas de lateralidade

Na leitura e/ ou na escrita:

- possíveis confusões (ex: f/v; p/b; ch/j; p/t; v/z ; b/d...)

- possíveis inversões (ex: ai/ia; per/pré; fla/fal; cubido/bicudo...) - possíveis omissões (ex: livo/livro; batata/bata...)

Problemas de Aprendizagem relacionados: - Dificuldades na linguagem oral;

- Não associação de símbolos gráficos com as suas componentes auditivas; - Dificuldades em seguir orientações e instruções;

- Dificuldades de memorização auditiva; - Problemas de atenção;

- Problemas de lateralidade;

De entre os sujeitos efectivamente disléxicos, um grande número conseguirá recuperar através de uma estimulação adequada. Noutros, a dislexia acabará infelizmente por caracterizar toda a vida do sujeito. Existe ainda um grande número de casos em que a dislexia

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acabará por nunca ser diagnosticada, conseguindo alguns destes sujeitos, graças a um enorme esforço e não obstante de nítidas dificuldades, obter uma formação superior.

Sendo que a dislexia/disgrafia profunda se deve a perturbações da via fonológica, uma estimulação centrada na consciência fonética poderá conduzir a algumas melhorias, nunca se devendo esquecer que a idade do sujeito e severidade da perturbação são sempre factores condicionantes.

No caso da dislexia/disgrafia ortográfica, um aumento do número de palavras conhecidas (no léxico mental) bem como um treino ora da leitura ora da escrita, poderá levar a um melhor desempenho.

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Apresentação da Prova

Partindo das teorias clássicas da leitura foi possível criar uma teste (PADD – Prova de Análise e Despiste da Dislexia) que analise o desempenho do leitor face a um conjunto de critérios com vista ao despiste de perturbações fonológicas ou ortográficas.

A PADD é constituída por 4 subtestes, um dos quais apresenta um carácter suplementar. Todos os subtestes que formam a PADD podem ser aplicados separadamente, no entanto aplicação global proporciona uma informação mais rica.

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O subteste de Consciência Articulatória, pretende analisar a sensibilidade do sujeito no que concerne à articulação dos órgãos fonéticos na produção da unidade formal e abstracta dos sons – fonema.

A realização deste teste faz uso de figuras que representam os órgãos envolvidos na produção de sons (língua, dentes, lábios, etc…) no momento em que este é produzido. Para cada um dos 10 fonemas apresentados, o sujeito depara-se com 4 figuras-estímulo de resposta (nomeadas de A a D) das quais apenas uma se encontra correcta.

Fig. 3 - Cartões estímulo Consciência Articulatória

O subteste de Consciência Fonética, pretende analisar-se a sensibilidade do sujeito para a unidade abstracta que visa representar os sons: o fonema. Este subteste é formado por três índices: subtracção de fonemas, fusão de fonemas e inversão de fonemas.

Na subtracção de fonemas é solicitado ao sujeito que retire o som inicial ou final das palavras. Este índice, baseado no “jogo do príncipe e da feiticeira” (Morais, 1997), revela-se bastante útil e pode ser aplicado de uma forma relativamente simpática e apelativa a crianças em idade pré-escolar.

O mesmo ocorre nos índices de fusão de fonemas e de inversão de fonemas, em que o sujeito deve ora juntar os fonemas iniciais de duas palavras (e.g. “galo” e “pêlo”, lê-se “guêlo”), ora inverter a ordem de aparecimento destas unidades na palavra.

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O subteste de Leitura de Palavras é composto por seis listas que o sujeito deverá ler em voz alta: lista 1, palavras curtas e frequentes; lista 2, palavras curtas pouco frequentes: lista 3, palavras compridas frequentes; lista 4, palavras compridas pouco frequentes; lista 5, pseudopalavras curtas; lista 6 pseudopalavras compridas. Cada lista apresenta duas colunas: coluna A – palavras regulares – e coluna B – palavras irregulares. Nem todas as listas são compostas pelo mesmo número de palavras.

Consideram-se palavras frequentes, por oposição a pouco frequentes, aquelas cuja frequência na língua portuguesa é superior, sendo geralmente do conhecimento e domínio de qualquer criança que tenha aprendido a ler. Para a criação destas lista de palavras foi utilizado um critério empírico, sendo que as palavras frequentes são geralmente das primeiras a ser introduzidas na aprendizagem.

Na lista de palavras compridas/ curtas atendeu-se ao número de sílabas que compõem a palavra. Consideram-se palavras curtas as constituídas por até três sílabas e palavras compridas as constituídas por quatro ou mais sílabas.

Para o estabelecimento de listas pseudopalavras, palavras regulares e palavras irregulares atendeu-se à respectiva definição teórica, já referida nos pressupostos teóricos.

O subteste de Memória Auditiva imediata apresenta um carácter suplementar e fundamenta-se no subteste de memória de dígitos proposto por Wechsler (1955). Pretende verificar a existência de eventuais deficiências ao nível na memória auditiva que influenciem negativamente a leitura.

Uma vez afastada a hipótese de dificuldades ao nível da memória e capacidade intelectual, o padrão de resultados obtidos nos subtestes da PADD permite analisar o processo de leitura bem como informar acerca de eventuais perturbações.

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Estudos sobre a Prova

A PADD foi estudada a partir de uma amostra de 182 sujeitos, igualmente distribuídos por ambos os sexos (51% do sexo feminino e 49% do sexo masculino). Ainda que os sujeitos da amostra apresentem idades compreendidas entre os 6 e os 65 anos, a maioria (163 sujeitos o que corresponde a 89,5% da população) apresenta idade inferior a 15 anos. A amostra de estudo apresentava assim uma média de 12 anos de idade.

No que concerne a habilitações, consideraram-se 4 grupos: Sem habilitações, ensino primário (do 1º ao 4ª ano), ensino básico (do 5º ao 9º ano), ensino secundário (do 10º ao 12ª ano) e ensino superior (frequência universitária, bacharelato, licenciatura ou pós-graduação). As habilitações médias da amostra de estudo consistem no ensino básico.

Todos os sujeitos 182 sujeitos da amostra foram sujeitos à aplicação da PADD (Versão 1 de 2003) tendo sido analisado o seu desempenho para cada um dos subtestes e respectivos índices e itens (Tabela 1). Os dados de todos os sujeitos da amostra foram recolhidos em vários estabelecimentos de ensino da área metropolitana de Lisboa nos quais cada um dos 182 sujeitos era aluno.

A análise dos resultados médios da amostra permitiu uma ordenação dos subtestes (Consciência Articulatória, Consciência Fonética, Memória de Dígitos e Leitura de Palavras), bem como os seus índices e itens por ordem crescente de dificuldade, levando assim ao aparecimento da Versão 2 de 2005, revista e actualizada.

Os estudos estatísticos permitiram ainda analisar a influência do Sexo (Masculino/ Feminino), Idade e Habilitações nos resultados da PADD. Face aos resultados (α = .01) do Teste K-S (homogeneidade de variâncias) e Teste de distribuição de Levene, optou-se pela aplicação de estatística não paramétrica – Tabela 2.

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Tabela 1 – Médias da Amostra

As análises estatísticas foram realizadas através do STATISTICA [StatSoft, Inc. (1997). STATISTICA for Windows [Computer program manual]. Tulsa, OK: StatSoft, Inc]

Pelos resultados obtidos pode-se concluir que não existem qualquer influência da variável Sexo nos resultados da Prova (α= .01) e que poucos itens sofrem uma ligeira influência da variável idade mas apenas para α = .05.

Os resultados permitiram também concluir que é a variável habilitações que conduz a diferenças mais significativas, com uma confiança superior a 99%.

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Tabela 2 – Influência do Sexo, Idade e Habilitações

Estes resultados levaram à criação de uma nova variável (Classes) na qual os sujeitos foram agrupados em três classes:

Classe I – composta por 67 sujeitos de idades compreendidas dos 6 aos 10 anos (e que no fundo agrupa os sujeitos do ensino primário);

Classe II – composta por 97 sujeitos dos 11 aos 15 anos (e que no fundo agrupa os sujeitos do ensino básico);

Classe III – composta por 18 sujeitos com idade superior a 15 anos que no fundo funciona como grupo comparativo de referência;

Esta nova variável (Classes), por se basear na idade dos sujeitos e por ser basicamente coincidente com os grupos de habilitações, apresenta, tal como a variável habilitações, diferenças significativas com uma confiança superior a 99% para a globalidade dos itens (Tabela 2)

Note-se que o tempo de aplicação da prova e o número de paralexias semânticas cometidas, não sofre qualquer influência das variáveis sexo, idade, habilitações ou classes.

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Face a estes resultados e à nova variável – Classes – procedeu-se ao agrupamento dos sujeitos pelas 3 classes formadas, de acordo com os critérios especificados e analisou-se o resultado médio para cada item em cada uma destas classes.

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A análise destes resultados permite verificar que para a Classe I (6 aos 10 anos), o índice de Inversão de 3 fonemas, constituído por 10 itens, obtém em média 50% de respostas correctas. Face a este dado, e ao facto de existir outro índice composto por 2 fonemas, que se revela mais discriminativo, considera-se que o índice de Inversão de 3 fonemas, deve apenas ser aplicado a partir da Classe II (11 aos 15 anos) ou nos casos em que o sujeito, embora pertencente à Classe I, obtenha excelentes resultados no índice composto por 2 fonemas.

Situação oposta acontece na classe seguinte – Classe II (11 aos 15 anos) – na qual praticamente todos os itens do índice de Inversão de 2 fonemas são respondidos correctamente pelos sujeitos, deixando assim de ser discriminativos. Por esta razão considera-se que este índice deve apenas ser aplicado em sujeitos da Classe I ou com idade inferior a 6 anos, ou ainda que, embora integrados na Classe I, obtenham resultados muito inferiores à média da sua faixa etária.

O mesmo acontece para o índice de Subtracção de Fonemas que, se já não era muito discriminativo na Classe I, surge com uma taxa de resposta média de cerca de 95% na Classe II. Ainda que o estudo tenham apenas incidido em crianças com idade superior ou igual a 6 anos, supõe-se tratar-se de um índice sobretudo útil para crianças em idade pré-escolar.

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Note-se que o tempo médio de realização da prova e o número paralexias semânticas cometidas considera-se idêntico para todas as 3 classes consideradas o que se deve ao facto de não se considerarem existir diferenças estatísticas significativas nestas variáveis para o factor sexo, idade, habilitações ou classes.

Para além das considerações apontadas, os resultados médios dos sujeitos de cada Classe vão ainda permitir analisar os resultados clínicos singulares de cada sujeito em análise, podendo ser extrapolados na forma de normas para a população.

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Instruções de Aplicação

Antes de iniciar a aplicação o psicólogo deve seleccionar todo o material necessário (protocolo, cartões-estímulo, listas de palavras e relógio ou cronómetro). A PADD é uma prova que recorre a conhecimentos de psicologia pelo que só deverá ser aplicada por um psicólogo ou técnico com formação equivalente.

Como é natural e visto que a maioria dos sujeitos alvo de aplicação da Prova são crianças, convém criar condições para que se estabeleça uma relação adequada com a criança.

O psicólogo deve começar por preencher a primeira folha de protocolo com o nome, data de nascimento e habilitações do aplicando, colocando a data da observação (se a aplicação se prolongar por mais do que uma sessão colocar as datas do início e do fim) e o nome do psicólogo que fez a aplicação.

A idade cronológica do sujeito será obtida pela diferença entre a data final da observação e a data de nascimento do sujeito:

Exemplo:

Final da Observação: 2005/05/31 Data Nascimento: 1997/03/01

Idade Cronológica: 8A - 2M - 30d

Antes de se iniciar a aplicação o psicólogo deverá ainda fazer uma breve análise das capacidades visuais – usa próteses? (lentes de contacto, óculos…), aproxima-se muito da folha para conseguir ver? – e auditivas do sujeito – usa próteses? (aparelho auditivo…), ouve os pedidos à primeira ou há necessidade de repetir as palavras várias vezes?

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Deve igualmente sinalizar-se qual a mão que o sujeito utiliza geralmente para realizar a maioria das tarefas: Direita? Esquerda? Ambas?

No caso de ser necessário registar algum comentário adicional, o protocolo reserva ainda um pequeno espaço para o registo de observações, que poderão todavia ser registadas ao longo de toda a aplicação.

I. Consciência Fonética:

O Subteste de Consciência Fonética é composto por três índices: Subtracção de Fonemas, Fusão de Fonemas e Inversão de Fonemas. O índice de Fusão de Fonemas é sempre aplicado ao longo de todas as Classes, o mesmo não acontecendo nos outros dois índices.

a) Subtracção de Fonemas

Neste índice, o sujeito deve retirar ora o fonema inicial ora os fonemas finais da palavra. É importante que o sujeito perceba que índice alude ao fonema e não as letras ou conjunto de letras. Aliás o seu objectivo reside mesmo na análise da capacidade do sujeito em fazer esta distinção.

A aplicação do índice de Subtracção de Fonemas começa pelo exemplo: Fonema Inicial: palavra “MOLA” que retirando o fonema inicial /m/ fica “óla” Fonemas Finais: palavra “PATA”, cujo fonema final é /p/

Se o sujeito apreendeu o exemplo avança-se para a fase experimental.

Este índice é apenas aplicado na Classe I, ou – ainda que a amostra inicial seja apenas constituída por sujeitos em idade escolar – em crianças em idade pré-escolar. Nestas crianças mais novas recomenda-se o recurso ao fantástico transformando a tarefa num jogo. Por exemplo “imagina que uma feiticeira fazia desaparecer este(s) bocadinho(s) da palavra. Que

som(ns) é que ficava(m)?”.

Cotação: Anotar as respostas dadas pelo sujeito. No final da aplicação atribuir 1 ponto por cada resposta correcta.

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b) Fusão de Fonemas

No índice de fusão de fonemas, o sujeito deve aglutinar o fonema inicial da primeira palavra (e.g. casa) com os fonemas terminais da segunda palavra (e.g. barro, em que a resposta certa seria carro).

A aplicação do índice de Fusão de Fonemas começa pela ilustração de alguns exemplos. Se o sujeito apreendeu o que é solicitado avança-se para a fase experimental.

Trata-se de um índice que é aplicado em todas as Classes. Em caso de maior dificuldade ou para as crianças mais novas (em idades pré-escolares) recomenda-se novamente o recurso ao fantástico transformando a tarefa num jogo. Por exemplo: “imagina que uma feiticeira

trocava o som inicial destas duas palavras para formar uma palavra nova. Como é que ficava?”.

Cotação: Anotar as respostas dadas pelo sujeito. No final da aplicação atribuir 1 ponto por cada resposta correcta.

c) Inversão de Fonemas

Ainda no domínio da análise da consciência fonética, é agora solicitado ao sujeito que inverta a ordem do aparecimento dos sons na palavra. Não se trata de ler a palavra de trás para a frente, mas antes de referir os sons de forma inversa.

A aplicação do índice de Inversão de dois ou três Fonemas começa por alguns exemplos que o sujeito deve perceber devidamente, só posteriormente passando para a fase experimental.

Trata-se de um índice algo complexo, sobretudo para as crianças mais novas pelo que, quando composto por dois fonemas, o índice de Inversão de Fonemas é aplicado na Classe I e em sujeitos em idade pré-escolar, reservando-se a Inversão de três fonemas para as Classes II e III. Para mais detalhes consultar os estudos sobre a Prova.

(29)

Cotação: Anotar as respostas dadas pelo sujeito. No final da aplicação atribuir 1 ponto por cada resposta correcta.

II. Consciência Articulatória

Para o Subteste de Consciência Articulatória serão necessários os cartões estímulo. Começar pelo cartão E, exemplificativo. O sujeito deve estar ciente de que as figuras representam os órgãos envolvidos na produção dos sons. Identificar estes órgãos em conjunto com o sujeito, prosseguindo apenas quando este tiver compreendido devidamente.

Produzir os sons [a], [p], [t] e [z] a partir das palavras correspondentes e solicitando a atenção do sujeito para a forma como se conjugam os órgãos na produção dos sons. Quando o sujeito tiver compreendido, avançar para a fase experimental.

Note-se que embora seja aplicado em todas as faixas etárias, não é um subteste fácil e mesmo muitos adultos altamente letrados sentem dificuldades significativas na realização da tarefa proposta.

Assinalar a resposta do sujeito com um círculo em torno da opção escolhida. A correcção das respostas deverá apenas ser realizada posteriormente quando a aplicação tiver sido concluída.

Cotação: Atribuir 1 ponto para cada item respondido correctamente.

III. Memória de Dígitos

Este subteste baseia-se na proposta de Wechsler para análise da memória seguindo o mesmo procedimento indicado pelo autor nas suas escalas de inteligência.

Neste subteste solicita-se que o sujeito repita os algarismos ora na ordem directa em que foram pronunciados ora na ordem inversa. O intervalo entre a pronunciação de cada algarismo não deve ser nem muito curto nem muito longo, devendo em média o tempo de citação de cada algarismo ser idêntico ao intervalo da pausa entre cada algarismo.

(30)

Trata-se de um subteste que conta com um carácter opcional e que é aplicado independentemente da idade do sujeito. A aplicação termina quando o sujeito falhar na primeira e segunda tentativa.

Cotação: Anotar as respostas dadas pelo sujeito. A pontuação é o número de algarismos da maior série repetidos correctamente à primeira ou segunda tentativa.

IV. Leitura de Palavras

O subteste de leitura de palavras é aplicado independentemente da idade dos sujeitos e pode ser aplicado de duas formas diferentes consoante se está a analisar o processo da leitura (dislexia) ou da escrita (despiste da disgrafia). A diferença reside em se é solicitado que o sujeito escreva ou leia as palavras constantes nas listas.

Note-se contudo que os resultados normativos apresentados referem-se à leitura de palavras, não tendo sido analisado estatisticamente os resultados para a situação em que é solicitado ao sujeito que escreva as palavras (análise da disgrafia)

No caso da disgrafia as palavras são lidas em voz alta, sendo solicitado ao sujeito que as escreva. No caso da dislexia, deve apresentar-se ao sujeito as seis listas de palavras, solicitando-lhe que as leia em voz alta.

Para cada uma das listas deve ser anotado (em frente das palavras) a resposta do sujeito (lida/escrita) para correcção futura da quadrícula à frente apresentada.

O subteste e formado por 6 listas de palavras: Lista 1 – palavras curtas frequentes (PCF), Lista 2 – palavras curtas pouco frequentes (PCPF), Lista 3 – palavras compridas frequentes (PCpF), Lista 4 – palavras compridas pouco frequentes (PCpPF), Lista 5 – pseudopalavras curtas (PpC) e Lista 6 – pseudopalavras compridas (PPCp).

Cada uma destas listas apresenta duas colunas – coluna A, constituída por palavras regulares e coluna B, constituída por palavras irregulares.

(31)

Cotação: Anotar as respostas dadas pelo sujeito. No final da aplicação atribuir 1 ponto por cada resposta correcta e 1 ponto por cada erro semântico realizado.

Deve igualmente registar-se o número de erros semânticos (paralexias semânticas) cometidos pelo sujeito em cada uma das listas/colunas.

Tabela 4 – Conversão de Resultados da Leitura de Palavras Lista 1 Lista 2 Lista 3 Lista 4 Lista 5 Lista 6 TOTAL

Coluna 1 Regulares Coluna 2 Irregulares TOTAL U U U U Palavras U U U Compridas U U U Curtas U U Pseudopalavras U U Pouco Frequentes U U Frequentes

No final da aplicação da prova os resultados obtidos para cada uma das listas/ colunas de palavras devem ser convertidos em número de palavras, pseudopalavras, palavras compridas, curtas, frequentes, pouco frequentes, regulares e irregulares, lidas correctamente. Para tal deve ser utilizado o quadro existente no protocolo da Prova:

Outros

Paralelamente à aplicação da PADD recomenda-se a aplicação de um teste de inteligência a fim de excluir a hipótese de dificuldades intelectuais, bem como uma prova grafo-perceptiva.

Caso tenham se verifiquem dúvidas relativas às capacidades visuais e/ou auditivas do sujeito, poderá revelar-se pertinente a solicitação de um exame médico, com vista à exclusão da hipótese de insuficiência visual e/ou auditiva.

(32)

Análise dos Resultados

Uma vez feita a aplicação da PADD e feita à respectiva cotação, deverá proceder-se à análise e interpretação dos resultados com vista a uma análise das capacidades de leitura e despiste da dislexia.

Como cada subteste é composto por um número diferente de itens e como sujeitos de classes diferentes apresentam resultados médios também diferentes, o resultado bruto de um determinado indivíduo não pode ser comparado quer com outro indivíduo de uma classe diferente quer com o resultado do mesmo individuo mas num subteste/índice diferente.

Nesta conformidade, a fim de permitir uma análise dos resultados e poder estabelecer uma comparação simultaneamente entre os vários subtestes e sujeitos de idades diferentes, foi criado um quociente – Q*, obtido através da seguinte fórmula matemática:

R.O.

Q* =

R.E.

× 100

Em que R.O. representa o Resultado Bruto obtido pelo sujeito no subteste/índice em questão, e R.E. representa o Resultado Esperado, isto é, a média obtida pela Classe do sujeito no subteste/índice em questão. Esta média deverá ser obtida a partir das tabelas estatísticas para a idade do sujeito.

Para facilitar a comparação inter-item ou inter-sujeito, os quocientes obtidos – Q* – para os vários índices podem ser registados graficamente no próprio protocolo da PADD (Fig. 4)

(33)

Figura 4 – Resultados Gráficos (Q*) 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10

Sub Fus Inv Pal Cmp Crt Ppl Pfr Frq Reg Irr Plx

Cons Fonética Cons Art Leitura Mem Dig Tmp

Se o valor de Q* for aproximadamente 100, significa que o sujeito obteve no subteste/índice em questão um resultado dentro da média (para a sua faixa etária). Se o resultado obtido for superior ou inferior a 100, significa respectivamente, que o desempenho foi superior/inferior ao da sua faixa etária.

Para averiguar qual a magnitude da diferença observada face ao esperado para a sua faixa etária, dever-se-á recorrer novamente às tabelas estatísticas para a faixa etária do sujeito a fim de comparar com os respectivos quartis.

Memória

Se os piores resultados obtidos pelo sujeito se situam nos subtestes/índices de: • Memória de Dígitos

• Palavras Compridas

e se estes tiverem sido francamente inferiores à média esperada para a Classe do sujeito, é provável que seja um problema e memória a curto prazo, sendo conveniente a aplicação de um aprova neuropsicológica específica.

(34)

Dislexia Fonológica

Se os piores resultados obtidos pelo sujeito se situam nos subtestes/índices de • Consciência Articulatória

• Consciência Fonética • Leitura de Pseudopalavras

• Leitura de Palavras Pouco Frequentes

e se estes tiverem sido francamente inferiores à média esperada para a faixa etária do sujeito, em princípio estamos perante uma situação de dislexia fonológica.

Dislexia Ortográfica

Se os piores resultados obtidos pelo sujeito se situem nos subtestes de • Leitura de Palavras Irregulares

• Erros Semânticos

e se estes tiverem sido francamente inferiores à média esperada para a faixa etária do sujeito, em princípio estamos perante uma situação dislexia ortográfica

Comentários Finais

Nunca é demais referir que estes resultados deverão ser considerados como indicadores e nunca como taxativos. A dislexia é uma perturbação grave e complexa e que, tratando-se de uma dislexia central – como é ocaso das que a PADD pretende analisar – implica a existência de alterações neuropsicológicas. Desta forma o diagnóstico final da dislexia deve ser feito com bastante cuidado e só em casos de certeza absoluta já que implicará todo um conjunto de conotações na vida social do sujeito.

Como o próprio nome indica, a PADD deve ser encarada com um instrumento para a análise e despiste da dislexia, devendo ser um índice importante entre muitos outros, para o diagnóstico desta perturbação.

Relembra-se também que existem várias formas de dislexia além das centrais (profunda ou fonológica e de superfície ou ortográfica), para as quais a PADD não será tão sensível.

(35)

EXEMPLO 1

Caso José Gomes

A titulo de exemplo, apresenta-se em seguida o protocolo de José, um rapaz de 12 anos que frequenta o 6º ano de escolaridade. Foi observado a pedido dos pais e por indicação da professora, por ter bastantes dificuldades na leitura e compreensão dos enunciados dos testes, o que o leva a ter resultados negativos, apesar de ser atento e participativo, conseguindo responder correctamente às perguntas que a professora coloca durante as aulas.

(36)

PADD

Prova de Análise e Despiste da Dislexia

Neuropsicologia Cognitiva y Copyright © Rui Manuel Carreteiro y 2003-2005 y PSICLÍNICA®

Nome:

José Gomes

. Data Observação: ________/ _____/ _____ Duração:

40 Minutos .

Data Nascimento: ________/ _____/ _____ Habilitações:

6º Ano .

Idade Cronológica:

12

A

3

M

21

d Observador:

António Veríssimo .

REGISTO DE RESULTADOS

Capacidades Visuais: Usa óculos

Capacidades Auditivas: Aparentemente normais

Obtido Q* CONSCIÊNCIA ARTICULATÓRIA

4

66 CONSCIÊNCIA FONÉTICA • Subtracção de Fonemas

9

95 • Fusão de Fonemas

5

66 • Inversão de Fonemas

11

81 LEITURA DE PALAVRAS • Palavras

70

103 • Compridas

40

98 • Curtas

58

100 • Pseudopalavras 90 • Pouco Frequentes

28

95 • Frequentes

23

99 • Irregulares

43

100 • Regulares

39

114 • Paralexias Semânticas

69

0 MEMÓRIA DÍGITOS t

12

117 TESTE DE INTELIGÊNCIA t

PROVA GRAFO PERCEPTIVAt

Resultados Normais

OBSERVAÇÕES

11

(37)

GRÁFICO DE RESULTADADOS (Q*)

150 140 130 120 110 100 90

X

X X

80

X

70

X

X

60

X

50 40 30 20 10

Sub Fus Inv Pal Cmp Crt Ppl Pfr Frq Reg Irr Plx Consc Fonetica Cons Art Leitura Mem Dig Tmp

O José usa óculos por sofrer de miopia, mas está vigiado pelo oftalmologista. Não parece apresentar dificuldades auditivas. Para escrever utiliza a mão direita. O teste de inteligência aplicado (WISC) e a prova grafo-perceptiva (Bender) apresenta resultados normais para a sua faixa etária, apesar de realizar algumas inversões.

A tabela e o gráfico apresentado, retratam os resultados obtidos pelo José na PADD, que sugerem dificuldades particulares nos seguintes subtestes:

SUBTESTE DE CONSCIÊNCIA FONÉTICA

- Subtracção de Fonemas (situando-se no Q1 o que significa que cerca de 75% da população da sua Classe apresenta resultados iguais ou superiores aos seus);

- Fusão de Fonemas (situando-se a baixo do Q1 o que significa que cerca de 75% da população da sua Classe apresenta resultados iguais ou superiores aos seus);

(38)

SUBTESTE DE CONSCIÊNCIA ARTICULATÓRIA

Situando-se no Q1 o que significa que cerca de 75% da população da sua Classe apresenta resultados iguais ou superiores aos seus;

SUBTESTE DE LEITURA DE PALAVRAS

- Leitura de Pseudopalavras (situando-se a baixo do Q1 o que significa que cerca de 75% da população da sua Classe apresenta resultados iguais ou superiores aos seus);

- Leitura de Palavras Pouco Frequentes, que provavelmente por não as conhecer, funcionam para si como pseudopalavras (situando-se no Q1 o que significa que cerca de 75% da população da sua Classe apresenta resultados iguais ou superiores aos seus);

Os restantes subtestes apresentam resultados situados na média da sua faixa etária, chegando mesmo a obter resultados acima da média no subteste de memória de dígitos e na leitura de palavras regulares.

Este quadro de resultados parece ser compatível com uma situação de Dislexia Fonológica (ou profunda) na qual o José tem a sua via fonológica perturbada, tendo de recorrer à via ortográfica para ler as palavras.

Por não existirem no seu léxico mental, o José experimenta grandes dificuldades na leitura de pseudopalavras e palavras que ainda não aprendeu (palavras pouco frequentes). O José tem também pouca consciência da realidade fonética das palavras, o que leva a resultados fracos nestes subtestes.

(39)

EXEMPLO 2

Caso Maria Vasco

A Maria é uma menina de 11 anos que frequenta o 5º ano de escolaridade. Foi observada a pedido dos pais e por indicação da professora, por ter bastantes dificuldades na leitura.

A Maria não usa óculos nem parece apresentar quaisquer dificuldades auditivas. Para escrever utiliza a mão direita. O teste de inteligência aplicado (WISC) e a prova grafo-perceptiva (Bender) apresenta resultados normais para a sua faixa etária.

(40)

A tabela apresentada, retrata os resultados obtidos pela Maria na PADD, que sugerem dificuldades particulares nos seguintes subtestes:

SUBTESTE DE CONSCIÊNCIA ARTICULATÓRIA

Situando-se ligeiramente abaixo do Q2 o que significa que um pouco mais de 50% da população da sua Classe apresenta resultados iguais ou superiores aos seus;

SUBTESTE DE LEITURA DE PALAVRAS

- Leitura de Palavras Irregulares, situando-se abaixo do Q1 o que significa que apenas menos de 25% da população da sua Classe apresenta resultados iguais ou inferiores aos seus);

- Realiza alguns erros semânticos, nomeadamente, leu “osga” em vez de “osca” e “carro” em vez de “automóvel”

Os restantes subtestes apresentam resultados situados na média da sua faixa etária, chegando mesmo a obter alguns resultados ligeiramente acima da média.

Este quadro de resultados parece ser compatível com uma situação de Dislexia de Superfície (ou ortográfica) na qual o José tem a sua via ortográfica perturbada, tendo de recorrer à via fonológica para ler as palavras.

(41)

EXEMPLO 3

Caso Adriano Varela

O Adriano é um rapaz de 14 anos que frequenta o 7º ano de escolaridade. Foi observado a pedido dos pais que estranham os seus resultados escolares e têm bastante receio que o Adriano seja disléxico, até porque tem um primo a quem foi diagnosticada uma dislexia fonológica.

O Adriano não usa óculos nem parece apresentar quaisquer dificuldades auditivas. Para escrever utiliza a mão direita. A prova grafo-perceptiva (Bender) apresenta resultados normais para a sua faixa etária, mas o teste de inteligência aplicado (WISC) coloca-o ligeiramente

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A tabela apresentada, retrata os resultados obtidos pela Maria na PADD, que sugerem dificuldades particulares nos seguintes subtestes:

SUBTESTE DE CONSCIÊNCIA ARTICULATÓRIA

Situando-se ligeiramente abaixo do Q2 o que significa que um pouco mais de 50% da população da sua Classe apresenta resultados iguais ou superiores aos seus;

SUBTESTE DE MEMÓRIA DE DÍGITOS

No qual obtém um resultado nitidamente inferior ao Q1 o que sugere que a generalidade das crianças da sua idade (mais de 75%) obtêm no mesmo subteste, um resultado superior ao seu e sugerindo claras dificuldades mnésicas.

SUBTESTE DE LEITURA DE PALAVRAS

- Leitura de Palavras Compridas, situando-se abaixo do Q1, o que significa que mais de 75% das crianças da sua idade obtém um resultado superior ao seu;

Os restantes subtestes apresentam resultados situados na média da sua faixa etária, chegando mesmo a obter alguns resultados ligeiramente acima da média.

Este quadro de resultados parece sugerir que o problema do Adriano não se encontra nas capacidades de leitura, mas antes ao nível da memória. Como a PADD não é uma prova destinada à avaliação de perturbações de memória, o Adriano deverá ser sujeito a uma avaliação neuropsicológica que avalie as suas competências mnésicas.

(43)

Bibliografia

Carreteiro, R. 2003. Neuropiscologia: Mente, Cérebro e Ciência. Lisboa: Publicações RCG

Carreteiro, R. 2003. Psicologia: A Lógica da Mente. Lisboa: Publicações RCG

Castro-Caldas, A. 2000. A Herança de Franz Joseph Gall. Lisnoa: MacGraw-Hill.

Habib, M. (2000). Bases neurológicas dos comportamentos. Lisboa: Climepsi Editores

Morais, J. (1997). A arte de ler Psicologia cognitiva da leitura. Lisboa: Edições Cosmo.

Temple, C. (1997). Developmental cognitive neuropsychology. United Kingdom: Psychology Press.

Wechsler. D. (1955). Manual, Weschsler Adult intelligence Scale. New York: Psychological Corporation.

Referências

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