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O Lazer na Cidade de São Paulo – SP

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Academic year: 2021

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Definições e Origens A gênese do tempo livre e do lazer modernos sempre foi situada no século XIX, como conseqüência da revolução industrial (Dumazedier, 1974; 1995). Uma região se industrializa, um movimento de urbanização acelerada se associa a esse processo, o tempo de trabalho passa a ter um perfil diferente do vivido na zona rural; o tempo livre das pessoas, ao final do dia, da semana, do ano (férias) e da existência (aposentadoria) torna-se visível, bem como as práticas de lazer que nele torna-se detorna-senrolam. Nesse esquema explicativo, há uma dinâmica econômica que cria o tempo livre e uma dinâmica sócio-cultural que impõe o lazer como conteúdo quase exclusivo desse tempo. E como se coloca o problema do lazer em regiões que não chegaram a se industrializar? Ao fim de uma época em que se acreditava que a industrialização era o destino de todas as sociedades, por isso chamadas de “em vias de industrialização” ou de “em vias de desenvolvimento”. Assume o papel preponderante desempenhado pela urbanização, na emergência de processos culturais que resultam em reivindicações de lazer, com ou sem o processo prévio de industrialização. De fato, o assunto ainda permanece inédito nas dissertações e teses produzidas no Brasil (ver sobretudo Marques Gomes, 2004). Os modernos estudos sobre a cultura material (Braudel, 1979; Roche, 2003) vêm hoje corroborar esta assertiva. Tais estudos permitem refinar a análise clássica sobre a gênese do lazer nas sociedades modernas, em meio a “transformações (que) surgem antes do triunfo da revolução industrial, já que estão na urbanização e nos movimentos culturais que ela cria” (Roche, 2003, 20). De forma condensada, esta análise pode ser explicitada como se segue. Sociedades pré-industriais Neste âmbito, os tempos do trabalho, da família, da religião e da diversão são indivisíveis – as pessoas das classes populares divertem-se nos tempos em que o exercício da prática religiosa impõe-se à do trabalho, notadamente nos domingos e dias santos, quando o antes e após o culto são tempos voltados à ludicidade e à diversão. As diversões consistem basicamente de festas e práticas reguladas por um consenso entre a autoridade religiosa e a autoridade política, boa parte delas restritas aos homens. O próprio tempo de trabalho é marcado por pausas, adotadas em conformidade com os ritmos naturais – biológicos (dos indivíduos), das estações e do clima/temperatura (da natureza) – nas quais são praticados certos exercícios lúdicos, que hoje fazem parte do folclore. As elites, principalmente os chamados nobres de sangue, até o final da Idade Média (no Brasil, até o final do século XIX), sobretudo nas zonas rurais então predominantes, pouco se distinguiam culturalmente do restante da população, exceto pelo detalhe nada desprezível de que se proibiam o trabalho, qualquer tipo de trabalho; de resto, podiam ser tão ignorantes como o mais humilde de seus servos. Ainda nas sociedades pré-industriais, mas aqui falando especificamente das sociedades européias ocidentais e do período que se inicia no pós-renascimento, surge o chamado processo civilizador (Elias, 1990), prenhe de normas que regulam o comportamento na “civis” (cidade) – normas para a conversação, para o passeio, para receber, para ordenar o espaço doméstico, para servir a mesa, para comer, para se vestir, etc. Essas normas desdobram-se numa cultura material, de objetos e de espaços que, entre outras funções (afetivas, estéticas, comunicativas), passam a explicar a distinção das elites

O lazer na Cidade de São Paulo – SP

LUIZ OCTÁVIO LIMADE CAMARGO

Leisure activities in the city of São Paulo-SP

The city of São Paulo has approximately 11 million inhabitants and its metropolitan area gathers 17 million people, the largest urban center in Brazil and the third in the world. Since large and modern urban centers offer many different options of leisure, observations of groupings typical of mapping are made possible. For this reason, São Paulo was chosen to open the section that deals with leisure activities related to sports and physical activities in general. This chapter starts off by describing leisure theories from connections with the industrial revolution confronting pre-industrial societies against the emerging material culture. Leisure then appears in the modern city, in Brazilian cities and, particularly, in São Paulo, capital of the state with the same name. The city of São Paulo has had the most remarkable urban growth in the

world. In 1836 it was a village with 12,000 people (Portuguese and their descents). In 1900 the village had grown into a town with 240,000 inhabitants due to the intense European immigration, particularly from Italy, Germany and Spain. A period of intense industrialization started in the 1910s and lasted until the late 1930s, when foreign immigration declined and the migration of Brazilians from other regions increased, all attracted to dreams of easy jobs. As a result, the population of 580,000 São Paulo had in 1920 reached 2 millions in 1950. Different meanings taken up by sports and leisure activities marked singularly each decade of the 20th century within this rhythm of accelerated growth. It is possible to conclude that the growing use of the automobile within this period shaped the urban space and green areas of São Paulo to traffic and not to the use of leisure. The recreational club- one

of the most common means of leisure in the city during the first half of the 20th century – was abandoned in the 1970s, when the family was no longer the cultural reference for most people. In the next development stage, vertical and horizontal condominiums got recreational facilities similar to those of the clubs, but this time not so much used. As a result, there was a decrease in the attendance to the recreational club. In addition, the following facts have contributed to the decline of old habits of home leisure: (i) new technological devices like videogames and the Internet, at home; (ii), the spread of gyms and health clubs, of video rental clubs and of ‘lan-houses’, in neighborhood leisure, and (iii), the development of the shopping centers, shopping malls and thematic parks, in urban leisure. Facts of memory are displayed in chronological order from 1823 to 2003 (a spread of 180 years). – no caso, do sangue, da nobreza (aliás, muitos objetos eram de

consumo exclusivo da nobreza).

Cultura material Com o fim do feudalismo, o acesso à cultura material é irrestrito e surgem infinitas variedades de materiais e de espaços produzidos para indivíduos que se querem mostrar civilizados, a quase totalidade dos mesmos no século XIX, uma cultura feita para alguns, de consumo e de ostentação, mas sempre impregnadas de significados que a história da vida cotidiana hoje tenta desvelar. A distinção desloca-se do sangue para a posse do dinheiro e uma curiosa inversão se produz – não mais se é nobre pela posse e desenvoltura no uso de baixelas num jantar; ao contrário, a posse e a desenvoltura no uso de baixelas num jantar é que passa a determinar a “nobreza”, a característica “civilizada” do indivíduo. Essa cultura material desdobra-se em três segmentos essenciais na análise do lazer moderno: primeiro, na chamada ação cultural, que começa com a transformação de coleções exclusivas de nobres e reis em museus, ainda no século XIX. Estes museus se diversificam no exercício das formas culturais nos campos das artes plásticas, da música e mesmo da ciência, na primeira metade do século XX, e, na segunda metade do mesmo século, deixam de ser espaços de conservação para se transformarem em espaços de criação, os chamados centros culturais. A difusão do esporte insere-se nesta mesma perspectiva, de início prática de nobres e burgueses, encontra nos Jogos Olímpicos recriados pelo Barão de Coubertin (primeira edição em 1896) sua grande forma de expressão. Ao longo do século XX diversifica-se e renova-se constantemente. Em segundo lugar, criação de novas formas de entretenimento doméstico, e aqui pode-se estabelecer uma genealogia que vai do folhetim em jornais e livros, bem como do romance literário, às revistas de novidades no século XIX, ao rádio, na primeira metade do século XX, à tevê e internet na segunda metade do século XX e ao entretenimento virtual que se prenuncia neste século XXI. Todas estas práticas têm em comum a possibilidade de exercício dentro do espaço doméstico que hoje competem e, não raro, impõe-se ao exercício da sociabilidade familiar e vicinal tradicionais. E, por último, na criação de formas de entretenimento extra-doméstico, e aqui uma nova genealogia se estabelece, que vai das primeiras montanhas russas, do início do século XIX, em Paris, às Feiras e Exposições Internacionais, aos “Grands Magazins”, aos teatros, bares, restaurantes, hotéis, agências de turismo da segunda metade do século XIX, às salas de cinema, de teatro de variedades e aos parques de diversões da primeira metade do século XX, aos parques temáticos e “shopping centers” da segunda metade do século XX. A revolução industrial aprofunda o fosso entre os integrados e os excluídos. Se os privilegiados na nova distribuição de riquezas beneficiam-se dos avanços dessa cultura material e dela fazem objeto de consumo e ostentação, às classes populares, notadamente operárias, resta o pagamento dessa conta. Se, no mundo pré-industrial, feito de trabalho rural, as jornadas de trabalho anuais oscilavam de 700 a 1.000 horas, a busca do trabalho das cidades revela-se uma armadilha: salários vis e jornadas de trabalho de 3.500 a 4.000 horas anuais. Ainda no século XIX, os grandes movimentos sociais e políticos caminham em dois sentidos opostos – de um lado, o da negação e da tentativa de eliminação dessa cultura doravante denominada de “burguesa”; de outro, o da

tentativa de democratização dessas práticas. É sob essa ótica que devem ser analisados todos os movimentos que se ocuparam dos excluídos: o da luta pela redução da jornada de trabalho, que uniu vozes expressivas no campo da política (Marx e Engels, à frente, sem esquecer Lafargue e seu manifesto O direito à preguiça (publicado pela primeira vez em 1883), da educação popular, de alguns segmentos religiosos (a encíclica “Rerum Novarum” de Leão XIII também deve ser analisada sob essa perspectiva). Alguns movimentos produzidos no seio das próprias elites constituem um quarto segmento do moderno campo do lazer, o voltado à ação social – o surgimento da YMCA (Associação Cristã de Moços, no Brasil), em 1844, na Inglaterra, ocupando-se da triste situação dos jovens operários ingleses submetidos a pesadas jornadas de trabalho, propondo-lhes alternativas de recreação e bem-estar; dos Vanderwögel (pássaros migradores) alemães, no final do século XIX, jovens burgueses que, em revolta ao modelo de família e de escola vigentes e, sobretudo, ao modelo de trabalho industrial, aproveitando a inovação da bicicleta, percorriam as estradas do país sem destino. Tais iniciativas, na primeira metade do século XX, deram origem aos centros sociais, colônias de férias e albergues da juventude, e, atualmente, encontraram uma nova formatação política e jurídica, a das ONGs.

O lazer moderno Também no final do século XIX, a introdução do ensino leigo na França produz uma inesperada competição com o ensino religioso. Essa competição converte-se num laboratório de práticas extra-escolares – ginástica, excursões e práticas esportivas. Nasce o estudo do meio e boa parte das práticas lúdicas hoje associadas ao ensino. Essas atividades extra-escolares convertem-se, na primeira metade do século XX, em educação popular e, na segunda metade, resultam no hoje forte movimento profissional da animação sócio-cultural. Esta perspectiva educacional impôs-se, também, em outras fontes de produção do lazer moderno: o movimento higienista que, predominantemente no século XIX, inspirou a criação dos parques e jardins urbanos, como contraponto ao cinzento das cidades e ao ar poluído decorrente da promiscuidade urbana e de suas múltiplas atividades domésticas e industriais, espaços que, com o tempo, incorporam outras duas funções, além da higiênica: a estética e a recreativa. A mesma evolução no uso do espaço surge nas áreas criadas – os parques nacionais, por exemplo – em contraponto à devastação que se segue às fortes correntes migratórias campo-cidade, notadamente na América do Norte e do Sul, prática rapidamente adotada nos demais países desenvolvidos, emergentes e excluídos. A análise dos pensadores marxistas já é bem conhecida no sentido que privilegia o consumo e a ostentação que as elites fizeram e fazem uso dessas práticas e objetos, servindo à distinção (P.Boudieu, 1983; 1994, 82). Tal interpretação é, sem dúvida, reducionista, mesmo se os fatos por ela privilegiados são empiricamente observáveis. Sobretudo estas análises descuram o fato maior de uma revolução técnico-científica ao inverter a relação entre tempo de trabalho e produção (a produção aumenta mesmo com menor carga de tempo de trabalho humano) e de uma revolução ético-estética, constituída de novas aspirações que surgem – e rapidamente se disseminam por toda a população – de uma nova relação dos indivíduos: consigo mesmos (o cuidar de si, o uso expressivo do corpo, até então escondido), com os outros (a busca

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de relações menos superficiais, menos baseadas em papéis, e mais autênticas, que do tempo livre expande-se para os campos do trabalho, da religião, da política) e com a natureza (a civilização se reconcilia com o uso lúdico da água, tão valorizado na Idade Média e tão esquecido na Idade Moderna, bem como com os espaços verdes naturais). No campo do trabalho, essas aspirações foram percebidas pelos “engenheiros” do trabalho que desdobraram-se em tentar ajustar essas novas expectativas aos ambientes de trabalho, com a sua redução quantitativa e a sua melhoria qualitativa. Lazer e a cidade brasileira Mais do que práticas e objetos, o que se dissemina no conjunto da população é um novo paradigma de existência, no qual cabem o viver a vida, o exprimir-se. Lazer deixa de ser supérfluo para se tornar ingrediente essencial à qualidade de vida, perspectiva que hoje se impõe. Mesmo que a problemática do lazer ainda continue menor no conjunto dos estudos sociais acadêmicos, já se percebeu que, parafraseando Bachelard em sua crítica à psicanálise, “o estrume não explica a rosa”. Um fenômeno tão explosivo como a busca da “sombra de Dioniso” num mundo que ainda vive à sombra de Prometeu, não pode ter sua explicação reduzida aos fatos econômicos que lhe são subjacentes. E, nas cidades brasileiras, como esse fenômeno se realizou? Quais explicações o pensamento social brasileiro avança? Comecemos pelo pensamento econômico, ainda que seja para demonstrar que, para as teorias aí esboçadas, os problemas dos tempos e espaços sociais sempre foram marginais e analisados exclusivamente sob um ângulo da produção e do consumo. A explicação mais corrente, fortemente impregnada pelos estudos econômicos inspirados pela Comissão Econômica para a América Latina-CEPAL, nos anos de 1950 e 1960, é a da modernização das sociedades periféricas segundo a lógica econômica do interesse dos países centrais e hegemônicos. A teoria da dependência (Fernando Henrique Cardoso) que se seguiu, sofisticou essa análise no plano da dinâmica econômica, mas não deixou de continuar a colocar na obscuridade as transformações culturais que se realizavam à margem. Essa análise predominou nos tempos da ditadura que ocupou a segunda metade dos anos 1960 e toda a década de 1970. De lá para cá, exceto pelo esforço de alguns economistas da Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP, interessados na redução da jornada de trabalho no Brasil, pode-se dizer que as ciências econômicas passam ao largo do problema do lazer. No campo da sociologia brasileira, pressupõe-se que o lazer sempre esteve submetido a um processo (no sentido jurídico do termo) e, nesse sentido, teve sua importância até superestimada nas análises. Nessas, o lazer é “um obstáculo a ser superado na luta contra as desigualdades sociais seja porque ele é o resultado de uma indústria cultural produzida pela lógica do capitalismo, seja porque ele é o signo de uma ideologia de modernização da sociedade, seja porque ele se estrutura dentro de um imaginário que aliena os indivíduos dos problemas cotidianos, principalmente do trabalho” (Camargo, 1982). A indústria de massa constitui um elemento de falsa consciência, diminuindo nos trabalhadores a percepção da opressão capitalista (Frederico, 1978). Já para Leôncio M. Rodrigues, “os efeitos da massificação se fazem sentir não na capacidade de reivindicação, mas no enfraquecimento dos comportamentos classistas e das ideologias trabalhistas” (1974, 125). Analisando as leituras realizadas por operárias, Ecléa Bosi nota que a indústria cultural se dirige a elas “não como um público especial, mas como um público consumidor anônimo, debilitando sua consciência, o sentido e o significado de classe” (1977, 157). Lazer, indústria cultural, modo de produção capitalista, alienação são conceitos também na análise que Miccelli (1979) faz dos programas populares da televisão brasileira, no início da década de 1980, e que constitui ainda a matriz predominante da análise sociológica no Brasil. Este foi, em resumo, o balanço efetuado em 1982 que ainda mantém sua atualidade. Nada de mais normal, assim, que o problema do lazer nem seja ainda relevante na produção sociológica brasileira. Lamente-se, apenas, que essa ênfase na dinâmica socioeconômica lançou na obscuridade outras análises mais pertinentes, como as de Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre e mesmo, relativamente fora dos meios acadêmicos, os irmãos Oswald e Mário de Andrade.

Sérgio Buarque de Holanda (1989) entende que a única revolução verdadeiramente ocorrida no Brasil foi a urbanização, que se inicia após a abolição da escravatura, em 1.888 e ainda era uma promessa à época da divulgação de sua tese (1936) e, de certa forma, ainda deixa à margem inúmeros setores sociais do país, mormente os que vivem nos chamados “grotões”. A urbanização, segundo ele, tende a transformar o espírito cordial (movido pelo

coração, pelos sentimentos) que rege as relações primárias dos meios rurais, substituindo-o pela etiqueta das cidades, onde predominam as relações sociais secundárias. Essa revolução altera o trabalho e as relações sociais nele inseridas, a família e, é claro, o lazer. A cidade é o advento do movimento civilizatório, com todas as implicações daí decorrentes. Gilberto Freyre (1971) entende que a transformação da sociedade brasileira não pode deixar de ser explicada por sua raiz ibérica. Segundo ele, os povos anglo-saxões foram avançados na concepção do tempo e retrógrados na concepção do espaço, o contrário do que sucede entre os povos ibéricos. Os sinos das igrejas anglo-saxões soavam a cada quinze minutos enquanto os nossos apenas às 6 da manhã e da tarde. Por outro lado, os anglo-saxões não mostravam, para com as belezas das regiões por ele colonizadas, a mesma sensibilidade e integração dos ibéricos. Esquematicamente falando, os anglo-saxões sempre se mostraram mais avançados em relação ao trabalho, enquanto os ibéricos sempre se mostraram mais avançados em tudo o que diz respeito ao gozo da vida. Oswald e Mário de Andrade foram sobretudo literatos e militantes da área artística, mas profundamente inquietos com o que imaginavam uma diversidade cultural ameaçada. Mário de Andrade era profundo conhecedor das raízes culturais brasileiras e chegou a ser o chefe do Departamento de Cultura e Recreação do Município de São Paulo. Oswald de Andrade foi talvez mais enfático, ao propor em seu Manifesto Antropófago “a insistência radical no caráter indígena de nossas raízes (tupi or not tupy that is the question)”, bem como “o humor como forma crítica e traço distintivo do caráter brasileiro (a alegria é a prova dos nove)”. Para ele, também era necessária a criação de uma utopia brasileira, centrada numa sociedade matriarcal, anárquica e sem repressões: “Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud, a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama”. Propunha a postura antropofágica como alternativa entre o nacionalismo conservador, anti-europeu e a pura cópia dos valores ocidentais: “Nunca fomos catequizados.(...) Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará”.

Tais inspirações não se afirmaram como hegemônicas no pensamento sociológico e antropológico brasileiros, mas certamente foram e ainda são a inspiração de numerosos estudos de relevo, cabendo destacar, em primeiro lugar, Roberto da Mata. O antropólogo procura investigar mais do que a modernização o fenômeno de resistência à modernização e a persistência das dimensões da chamada malandragem numa espécie de idealtipo nacional, à maneira weberiana. Estão, também, no cerne de um sem número de observações vindas de observadores externos mais receptivos ao fenômeno do lazer, ainda que declaradamente simpatizantes da sociabilidade transbordante do país. Essa percepção baseia-se no fato de que a industrialização inacabada do país teve, como contrapartida saudável, a preservação de nossa ludicidade tradicional que hoje é um patrimônio importante. Tudo se passa como se a cultura tradicional, tendo resistido à cultura moderna e industrial, possa vir a lastrear uma cultura pós-industrial e pós-moderna. O sociólogo italiano Domenico de Masi dizia, ainda que com caráter anedótico, que “no Brasil, dá-se mais gargalhada em um dia do que, na Itália, em uma semana e do que, na Suécia, em um mês”. O filósofo espanhol Julián Marias já afirmou que “há mais alegria no mercado de Olinda do que em toda a Suíça”. De qualquer forma, dentre os pensadores da sociedade brasileira, estes são os que melhor posicionaram seu foco de observação de forma a captar a dimensão do lazer na sua totalidade.

Lazer na cidade de São Paulo É importante observar que, na aurora do século XIX, quando a indústria já se afirmava em alguns países da Europa, São Paulo era um pequeno povoado, de cultura ainda predominantemente tupi-guarani (a língua mais falada) e bastante conservador. As práticas recreativas mais comuns da população eram o banho nos numerosos córregos da cidade, a caça e a pesca, as cavalhadas e touradas aos domingos e dias santos, as rinhas de galo, corridas de cavalo, os jogos de malha bastante espalhados pelas áreas desocupadas da cidade, interesses basicamente masculinos, nos quais se incluíam ainda as brigas de rua de adolescentes e jovens (flagelo das autoridades policiais). Para as famílias, como de resto em todo o mundo pré-industrial, os únicos eventos acessíveis eram, nas famílias mais ricas, os eventos domésticos, notadamente as festas de batizado, crisma, casamento, os saraus, e, para as classes populares, as festas e quermesses religiosas, importantes num país com 120 dias santos e feriados por

ano, além dos domingos. Não havia, pois, o lazer moderno e sim um conjunto de práticas lúdicas associadas ora ao trabalho, ora ao culto, ora à vida familiar e, quase sempre, associadas a todas essas instâncias. A Faculdade de Direito do Largo São Francisco, criada em 1827, era sem dúvida um núcleo inovador da cultura local, mas ao que tudo indica, além da vida boêmia, pouca contribuição trouxeram os estudantes para a vida recreativa da cidade (Bartalini, 1999, 17). Da mesma forma, a chegada da Marquesa de Santos à cidade, por volta de 1830, deve ter aumentado a cota de saraus e festas, mas sem interferir num padrão cultural bastante conservador. O Horto da Luz, já aberto ao público desde 1825, não registra essas práticas já bastante desenvolvidas em centros cosmopolitas, como o passeio, a “promenade” (Bartalini, 1999, 32). A São Paulo da segunda metade do século já é outra cidade. Beneficiada localmente pelo êxito da lavoura cafeeira do Estado e pelo fato mais significativo, em sua repercussão nacional, da integração à economia formal dos capitais até então destinados ao tráfico de escravos, extinto em 1850, a cidade ganha ares cosmopolitas, com hotéis, bares e restaurantes. Registre-se que a freqüência a bares, aos poucos deixa para trás o antigo preconceito associado à malandragem. Estes passam paulatinamente à condição de pontos de encontro, de espaços do “ver e ser visto”. As primeiras linhas férreas acentuam as viagens familiares e turísticas, panorama que se acentua nos anos 1890, com a chegada maciça de imigrantes europeus. A cidade aos poucos perde seu caráter provinciano. Já é mais importante e mais bem abastecida do que as grandes fazendas. Os banhos nos rios continuam sendo a prática recreativa preferida, mas uma curiosa postura municipal de 1864, como que a atentar para o novo porte da cidade, já proíbe os banhos despidos durante o dia. A renovação se mostra, também, a partir de 1870, com o desaparecimento das rótulas das janelas e balcões, que serviam para manter as mulheres afastadas dos olhares públicos, já desaparecidos das cidades litorâneas desde a chegada da família real portuguesa em 1808, e que eram os últimos resquícios da antiga cidade provinciana. As mulheres, contudo, passaram a povoar a paisagem recreativa da cidade apenas quando, na segunda metade do século, um equipamento mais bem aparelhado no Parque do Luz e, depois, a abertura do Parque Antártica e de outras áreas verdes que começaram a surgir, permitiram os piqueniques e a prática familiar da peteca que, por sua elegância, era também admitida para o sexo feminino. As últimas décadas do século são tumultuadas: menos pela agitação política, como seria de se supor com os incidentes que marcaram a queda do Império, e mais com a avalanche de migrantes do país e do exterior. São Paulo que, em 1836, tinha 12 mil habitantes, passa para 23 mil em 1874, 44 mil em 1886 e chega em 1900, com espantosos 240 mil habitantes. Nesse período, pois, já existia uma cultura material do lazer, mas ainda não existia o tempo livre moderno produzido e pago pelo trabalho, o que acabaria por acontecer apenas no século XX.

Século XX No início desse período, São Paulo já era o grande centro cultural-econômico do Brasil. A eletricidade havia mudado a fisionomia da cidade com seus bondes circulando nas ruas centrais, os locais de entretenimento público multiplicavam-se ao mesmo tempo em que surgiam as primeiras fábricas. Com os imigrantes do exterior, chegam novas práticas recreativas, notadamente as modalidades esportivas. É para São Paulo que Charles Miller traz a nova prática esportiva que aqui teria seu terreno mais fértil, o futebol. Nessa passagem, ainda, uma nova prática começa a se disseminar: os clubes recreativos. Segmentados por classe social e, às vezes, também por etnia, surgem os clubes burgueses, notadamente às margens dos rios Tietê e Pinheiros. Nos bairros industriais, os clubes de trabalhadores, voltados às práticas lítero-musicais, notadamente de operários imigrantes europeus que, no seu interior, esconderam as primeiras associações reivindicativas de trabalhadores proibidas até a legalização dos sindicatos na década de 1930. O futebol começa a impor-se como prática recreativa predominante entre adolescentes e jovens do sexo masculino e as salas de cinema começam a se difundir como o grande entretenimento familiar. As pequenas salas da época do cinema mudo tornam-se maiores com o advento do cinema falado e gigantescas com o advento do cinemascope, na década de 1950. O rádio, após a década de 1920, impõe-se como o entretenimento doméstico por excelência, posição que manteria até a difusão da televisão, acontecida após os anos 1960. Em 1920, a população dobra novamente, chegando a 580 mil habitantes e intensas transformações operam-se na paisagem urbana, com novas ruas e avenidas.

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Década de 1930 Em 1935, o prefeito Fábio Prado cria o Departamento de Cultura e Recreação da cidade de São Paulo, para cuja direção convida o eminente escritor e poeta Mário de Andrade. Em sua curta gestão de menos de três anos, este Departamento, que ainda contava com consultores do calibre de Paulo Duarte, Sérgio Milliet e para o qual Mário de Andrade convidou para ter como colaborador Nicanor Miranda, efetuou pesquisas, levantamentos demográficos, construção de parques infantis, criação do coral paulistano, pesquisas folclóricas, setor de iconografia, publicações variadas etc. Sua proposta de criação de parques infantis enxergava aí uma possibilidade de preservação das brincadeiras tradicionais infantis (e também adultas) como um eixo imprescindível à identidade cultural. Durante esse período, São Paulo é o centro da questão operária no país. Aqui estão as grandes indústrias, aqui se concentram os imigrantes mais esclarecidos, aqui a luta se desenrola. Os salários eram vis, mas, para os operários, a se julgar pelas pautas de reivindicações, o maior problema estava nas extensas jornadas de trabalho de, às vezes, mais de 15 horas por dia, de domingo a domingo (Camargo, 1982). Nesta década de 1930, Getúlio Vargas cria a legislação do trabalho e, como num passe de mágica, o país é dotado de todos os benefícios trabalhistas que, nas três décadas anteriores, tinham custado tanta luta e aos quais os operários da maior parte dos países desenvolvidos ainda não tinham acesso: jornada de 8 horas diárias de trabalho, fim de semana remunerado, férias remuneradas e aposentadoria remunerada. Na segunda metade do século, São Paulo já é a cidade de 2 milhões de habitantes – a segunda do país – o Rio de Janeiro já seria suplantado na década de 1960 como a maior cidade.

Década de 1950 A década foi duplamente marcada com o apogeu de uma modalidade de lazer doméstico – a radionovela, que conseguia prender uma família inteira diante do aparelho de rádio em casa (apenas a Rádio São Paulo chegou a ter vinte novelas sendo levadas simultaneamente ao ar, com a necessidade de um enorme elenco) e com a inauguração da primeira emissora de tevê, que iria incorporar e amplificar o sucesso das novelas. Essa década foi, também, ainda marcada pela mais importante intervenção urbana recreativa, a criação do Parque Ibirapuera. Ainda não foi feita nenhuma análise de fundo sobre a importância do Parque Ibirapuera para a cidade e, a nosso ver, esta análise deveria ser feita com vários enfoques. A análise poderia mostrar, em primeiro lugar, que a criação do parque foi uma iniciativa ao mesmo tempo tardia e insuficiente. Na época, São Paulo, por padrões urbanísticos vigentes, já deveria contar com, ao menos, três outras áreas assemelhadas (um parque urbano para cada grupo de 500 mil habitantes) e até 1970, com mais dez áreas assemelhadas. Por outro lado, a São Paulo de 1950 ainda não era o monstro de cimento para o qual todo parque é um oásis. A sociologia do lazer já desvelou essa dinâmica da interação dos indivíduos com as áreas verdes. Há uma relação entre a sensação de artificialidade e monotonia do espaço físico e a busca de espaços naturais, ainda que domesticados, como os parques e jardins. Dessa forma, até o início de 1970, a freqüência ao parque ainda era reduzida, o que de alguma forma justificou as diferentes investidas para a ocupação utilitária do seu espaço. Temos, assim, um resultado paradoxal: a iniciativa de criação do parque foi tardia, mesmo que a população ainda não sentisse os efeitos nefastos do crescimento urbano que a moviam em direção aos espaços verdes e livres. Essa mesma análise poderia demonstrar, também, que a São Paulo da época perdeu sua grande oportunidade de dotar-se de áreas verdes na proximidade das residências e dos bairros, itens dentro dos espaços livres de lazer nos quais a cidade hoje se mostra mais deficitária. O custo do espaço urbano ainda não era tão elevado nem os cofres públicos estavam tão minguados, de forma que uma visão estratégica mais inovadora poderia e deveria ter valorizado a manutenção dos espaços livres e mesmo a desapropriação de outros no seio dos bairros que cresciam. O que se assistiu, nas décadas seguintes, foi o contrário: a mutilação de “inúteis” praças e áreas verdes em favor da cada vez mais “útil” circulação viária do novo personagem que irá alterar a paisagem física e cultural da cidade: o automóvel.

Década de 1960 Neste estágio, São Paulo já é uma cidade que tem suas artérias viárias congestionadas e já conhece o fenômeno das mega-migrações de fins de semana quando os veículos entopem suas vias de acesso ao litoral e ao interior, por mais que estas sejam sempre ampliadas e modernizadas. Nessa mesma época, grandes associações culturais voltadas aos trabalhadores começam a ganhar visibilidade, notadamente SESC, SESI e ACM. Os sindicatos também estão presentes, mas sua ação recreativa acontece sobretudo sob a

forma de colônias de férias que já se espalham pelo litoral e pela região serrana. No início da década de 1970, os leitos de colônias de férias, apenas no Estado de São Paulo, já superam a capacidade hoteleira de uma cidade do porte de Salvador. O período também mostra o peso da televisão e da telenovela como novos hábitos de entretenimento doméstico, com mudanças de hábitos daí decorrentes. Como que para equilibrar o novo peso do lazer doméstico, começam a surgir os grandes equipamentos de lazer extra-doméstico da atualidade, os shopping centers, e os grandes eventos que passariam a pontuar os ciclos anuais da cidade: a corrida de Fórmula 1, a Mostra Internacional de Cinema que, ao lado das Bienais de Arte, de Livros, pouco a pouco colocam a cidade no concerto das metrópoles mundiais e globalizadas.

Década de 1970 Trata-se da época do “São Paulo deve parar”. De todos os lados, partiam advertências sobre os perigos do crescimento abusivo da cidade. No final dos anos de 1960, um Seminário sobre o lazer: perspectivas para uma cidade que trabalha tinha sido quase objeto de escândalo, pelo que se qualificou de impropriedade de um tema para uma população miserável. O que se viu, contudo, foi que a problemática do lazer decorre antes das condições urbanas que da industrialização. Uma cidade, já com quase 5 milhões de habitantes, tem diferentes dimensões perversas para a qualidade de vida. A mais gritante delas é sem dúvida a do espaço. A conturbação das cidades da Grande São Paulo já se fazia evidente e a preocupação passa a ser não mais em relação à cidade, mas em relação à metrópole e à região metropolitana. Surge o primeiro estudo, Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de São Paulo-PDDI, com importantes avanços conceituais (sobretudo em relação ao que nos interessa aqui, as áreas verdes e livres), mas que teve tão pouco eco como o segundo plano realizado em seqüência ao PDDI, já em 1995.

Décadas de 1980 e 1990 Este período foi marcado pelos seguintes fatos relevantes para o lazer da população as cidade de São Paulo:

• a nova Constituição, em 1988, declara o lazer direito básico da população e, com isso, os diferentes planos de governo municipal, estadual e federal, passam a abordar especificamente o tema, seus problemas e suas soluções;

• surgem dois novos itens do lazer doméstico, os vídeo-games e a internet;

• no lazer extra-doméstico vicinal, de bairro, verifica-se a proliferação de academias de ginástica, de vídeo-locadoras e das “lan-houses”; • e, no lazer urbano, observa-se a disseminação dos shopping centers nas diferentes regiões da cidade e a febre dos parques temáticos. Destes novos fatos é que emergem as principais preocupações em relação ao lazer da população. De um lado, deve-se dizer que são equivocadas as preocupações com o excesso de lazer doméstico da população. As práticas domésticas não são necessariamente desintegradoras do vínculo social, nem necessariamente de menor qualidade do que a que se processa no plano extra-doméstico. Mas não deixa de ser preocupante observar que, por força do apelo de novos recursos midiáticos, somados à insegurança da população, às dificuldades de circulação, o lazer doméstico ganha um passo importante em relação ao lazer extra-doméstico, que viu uma prática centenária caminhar celeremente para a extinção e uma nova iniciativa também caminhar celeremente para o fracasso. Entre os fatos negativos, no final do século XX, devem, assim, ser registrados a decadência dos clubes recreativos e as desastradas iniciativas de parques temáticos. O conceito de clube recreativo já tinha envelhecido na década de 1970, quando a família deixa de ser a referência cultural maior dos indivíduos e a família explode em grupos de iguais para os quais a mesma família passa a constituir, antes, um embaraço e um estorvo. Os condomínios verticais e horizontais ganham instalações recreativas semelhantes às dos clubes e, ainda que tão pouco utilizadas como as destes, contribuem para apressar o seu fim. Outros fatos, tais como, no lazer doméstico, o advento dos videogames e da Internet; no lazer vicinal, de bairro, a proliferação de academias de ginástica, de vídeolocadoras e das “lan-houses”; e, no lazer urbano, o desenvolvimento dos shopping centers foram, ao que tudo indica, a derradeira pá de cal nessa prática centenária de lazer. O lazer extra-doméstico conheceu, ainda, a euforia e a desilusão dos parques temáticos, iniciativas temerárias e desastradas de cópia de

empreendimentos americanos sem o necessário respaldo de um estudo de mercado que levasse em conta a cultura recreativa local. O enorme parque aquático The Waves é o ícone dessa aventura. Numa cidade – e país – que valoriza a prática aquática apenas dentro do contraponto sol-água e onde o banho “indoor” das piscinas aquecidas cumpre apenas função estética, de manutenção da forma, ou de saúde, mas não recreativa, tentou e fracassou, nos seus menos de 10 anos de existência, na disseminação dessa prática, tendo-se transformado na primeira sucata imobiliária do pais, realidade que alguns países europeus, notadamente França e Espanha, conheceram nessa mesma ocasião e pelos mesmos motivos. O fato de, quase ao mesmo tempo, o governo francês ter fechado um parque temático de 1 bilhão de dólares, a Eurodisney parisiense ter estado em situação quase falimentar deve ser visto nesta mesma perspectiva. Do ponto de vista institucional, o poder público perde a hegemonia para as entidades privadas lucrativas do comércio e não lucrativas do terceiro setor. Os shopping centers e a moderna indústria de eventos (congressos, feiras, exposições, competições esportivas) para a qual a parece especialmente vocacionada, de um lado, e, de outro, o SESC com seus bem aparelhados centros culturais e esportivos assumiram a dianteira e constituem indubitavelmente as referências maiores dos chamados entretenimento urbano e lazer sócio-educativo, respectivamente. Século XXI A cidade entrou no século XXI como a mega-cidade de 11 milhões de habitantes no interior de uma mancha conturbada, a Região Metropolitana, de 17 milhões de habitantes. Seus desafios e oportunidades parecem ser os seguintes:

• a ocupação recreativa e sustentada do seu potencial hídrico de rios (Tietê, Pinheiros e Tamanduateí) e represas (Guarapiranga, Billings e Cantareira), hoje impróprios à balneabilidade e mesmo à freqüentação de suas margens;

• a ocupação recreativa e também sustentada do seu potencial de parques verdes, sobretudo da Serra do Mar;

• a recuperação de imensas áreas centrais hoje inóspitas, como o centro histórico e os armazéns abandonados pela desativação do transporte ferroviário e pela desindustrialização dos anos de 1990; • a definição de uma política de articulação dos eventos grandes médios e pequenos, que permita uma maior organicidade à ação dos agentes da iniciativa cultural e divulgue essas iniciativas. À vista das interpretações e sugestões dos antecedentes ora em exposição, cabe por em realce fatos de memória pontuais que ilustram, de modo resumido, as diferentes fases da vida recreativa da cidade de São Paulo nos dois últimos séculos.

1823 Surge o primeiro jornal em São Paulo, “O Paulista”, ainda manuscrito.

1825 Criado em 1798, por decreto de D. João VI, para ser um Horto Botânico de estudo de espécies vegetais de outros países, é aberto ao público, no centro da cidade, o Jardim da Luz, ocupando uma área de 113.400 m2. É o jardim público mais antigo da cidade. 1827 Surge o primeiro jornal impresso de São Paulo, “O Farol Paulistano”.

1842 O serviço de iluminação com lampiões a gás começa a funcionar em São Paulo.

1853 Começa a circular o primeiro jornal diário da cidade, “O Constitucional”.

1854 Por volta desse ano surgem os primeiros hotéis: Hotel Paulistano (na rua São Bento); Hotel do Comércio (rua Floriano Peixoto); Hotel da Providência (rua do Comércio) e o Hotel Universal (no Pátio do Colégio).

1854 É inaugurada, em São Paulo, a primeira editora do país, a Francisco Alves.

1855 Criação da Cia da Estrada de Ferro Dom Pedro II cujo objetivo era fazer a ligação férrea São Paulo-Rio de Janeiro, com ramal para Minas Gerais.

1857 Começa a surgir, na cidade, um carnaval com feição mais moderna, em substituição ao entrudo primitivo. Surgem os bailes de máscaras e os carros carnavalescos.

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1859 Registro do primeiro meio de hospedagem com a denominação de hotel – Hotel de França, referência não somente para os turistas como para os residentes, enquanto espaço de encontro e de alimentação.

1860 Já existem na cidade quatro confeitarias: a de Jacó Loskiell e a de Pereira Jr., na rua do Comércio; a de Gaspar Leonard, na rua Direita e a de Rodovalho & Irmãos, na antiga rua do Imperador. Neste ano, é criado o primeiro bloco carnavalesco, “Os Zuavos”. 1867 Inauguração da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (São Paulo Railway).

1868 Fundação da Cia Paulista de Estradas de Ferro. 1872 É inaugurada a iluminação a gás na cidade.

1872 O Parque da Luz, que, em 1860, tinha perdido uma vasta área para a construção da Estação da Luz, é objeto de várias intervenções (criação de fontes, lagos e novas mudas de plantas) transformando-se em parque público.

1872 Inauguração da Cia Mogiana de Estradas de Ferro. 1875 Inauguração da Estrada de Ferro Sorocabana.

1876 Última cavalhada na atual Praça Princesa Isabel e inauguração do Hipódromo da Mooca (Rafael Aguiar Paes de Barros).

1877 É inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo-Rio de Janeiro (Central do Brasil).

1878 O grande marco da hotelaria paulistana: a inauguração do Grande Hotel (no Largo do Rosário), em prédio especialmente construído com essa finalidade, acompanhando na arquitetura e no serviço, o modelo da hotelaria francesa criado por Cesar Ritz.

1888 Criação do São Paulo Athletic Club.

1891 Inauguração da iluminação elétrica na cidade.

1892 Inauguração do Parque Villon, atual Parque Tenente Siqueira Campos, projetado pelo francês Paul Villon.

1893 O padre e cientista brasileiro Roberto Landell de Moura realizou a primeira transmissão falada, sem fios, por ondas eletromagnéticas. Sua experiência mais importante – praticamente desconhecida do mundo – foi em São Paulo, quando transmitiu por telegrafia sem fio do alto da avenida Paulista para o alto de Sant’Ana. Todos os equipamentos usados forma inventados pelo próprio Landell de Moura, com patentes registradas no Brasil em 9 de março de 1901.

1895 Inauguração do Museu Paulista (Museu do Ipiranga). 1896 Primeira exibição cinematográfica em São Paulo, para o presidente Campos Sales.

1896 Alberto Loefgren cria em São Paulo o Horto Florestal, em área de 196 ha.

1896 É realizada a primeira partida de futebol em São Paulo, disputada entre os membros do São Paulo Athletic Club e os empregados da São Paulo Railway Company (há controvérsias sobre essa data, já que o jogo poderia ter sido em 1895)

1899 Um grupo de 7 jovens italianos cria o primeiro clube de remo de São Paulo, o atual Clube Espéria.

1901 É criada a Liga Paulista de futebol, que reunia os seguintes clubes: São Paulo Athletic, Paulistano, Germânia (atual Pinheiros), Mackenzie e SC Internacional.

1902 Primeira edição do Campeonato Paulista de Futebol, vencido pelo São Paulo Athletic Club. A Associação Crista de Moços-ACM instala-se em São Paulo. Inaugura-se o Parque Antártica, aberto ao público, destinando ao lazer um espaço superior a 300.000m², abrigando, além da vasta área verde, circos temporários, parques infantis, pistas de atletismo, quadras de tênis, tornando-se o recanto favorito da população em finais de semana para passeios e piqueniques. Neste cenário, formou-se um dos primeiros campos de futebol da cidade.

1905 É inaugurada a Pinacoteca do Estado, no bairro da Luz.

1907 É inaugurado o primeiro cinema de São Paulo, o Bijou-Theatre, na rua São João. Até então, os filmes eram exibidos de forma itinerante, principalmente em teatros.

1908 Em julho deste ano, o Parque da Antarctica também foi palco da “largada” e “chegada” da primeira corrida automobilística ocorrida no Brasil e na América do Sul, fato que elevou a cidade ao nível das grandes capitais européias.

1911 Inauguração do Teatro Municipal de São Paulo

1913 É criada, em São Paulo, a “Eclética”, a primeira criadora de anúncios, embrião das agências de publicidade atuais.

1913 Inauguração da Mappin Stores na rua 15 de Novembro, pelos irmãos Walter John e Herbert Joseph Mappin, para atender à aristocracia cafeeira. Em 1919, a loja se mudou para a praça do Patriarca e, em 1939, foi para a praça Ramos de Azevedo. 1917 É inaugurado o Teatro São Pedro, no bairro da Barra Funda. 1920 Inauguração do primeiro terminal aéreo – Campo de Marte. 1922 Transcorre, no Teatro Municipal, a Semana de Arte Moderna, movimento cultural transformador. Dela participam artistas como Mário de Andrade; Oswald de Andrade; Tarsila do Amaral, Heitor Vila Lobos, Graça Aranha, entre outros, e choca a sociedade paulistana. 1922 Inauguração da Via Anhanguera, ligando São Paulo a Ribeirão Preto.

1924 Inauguração da primeira rádio de São Paulo, a Educadora Paulista. Realização da Primeira Corrida de São Silvestre. 1925 Inauguração da Biblioteca Municipal de São Paulo. 1928 O Presidente Washington Luiz inaugura a rodovia Rio-São Paulo. O dirigível Zeppelin sobrevoa a cidade de São Paulo. 1933 É disputado o primeiro campeonato paulista profissional. O vencedor foi o Palestra Itália (atual Palmeiras).

1933 Instala-se, em São Paulo, a primeira agência de publicidade – a J.Walter Thompson.

1935 Criação do Departamento de Cultura e Recreação da Prefeitura Municipal de São Paulo, sob a direção de Mário de Andrade. 1937 Conclusão das obras e inauguração do Aeroporto de Congonhas.

1938 É inaugurado o Parque da Aclimação, inspirado no “Jardim da Aclimatação” de Paris e implantado por iniciativa privada de Carlos José Botelho. Antes, o local servia para a “aclimatação” temporária, do gado trazido da Holanda. O parque foi tombado em 5 de outubro de 1986.

1939 É inaugurado o Autódromo de Interlagos. 1940 Inaugurado o Estádio do Pacaembu.

1940 Inauguração da primeira agência de turismo em São Paulo – a empresa estrangeira Miller Turismo.

1941 Transferência do Jockey Club de São Paulo para as suas atuais instalações de Cidade Jardim.

1942 A Biblioteca Municipal de São Paulo foi transferida para o prédio idealizado por Rubens Borba de Morais e Jacques Pilon, inaugurado pelo Prefeito Prestes Maia, à Rua da Consolação 94, do qual constavam duas torres de depósito de livros, para abrigar um milhão de volumes, das quais apenas uma foi construída. O edifício foi considerado um marco da arquitetura Art-Déco em São Paulo. Recebeu o nome do escritor Mário de Andrade em 15 de fevereiro de 1960. 1943 Inaugurada a primeira agência de turismo brasileira em São Paulo – a Agência Geral de Turismo Ltda que, após sucessivas alterações de razão social, hoje é a Agência Geral Tour Brasil Ltda. 1947 Inauguração da Via Anchieta, rodovia ligando São Paulo a Santos, cidade portuária do Estado de São Paulo. Inauguração do Museu de Arte de São Paulo-MASP.

1946 Criação do Departamento Regional do Serviço Social da Indústria e do Departamento Regional do Serviço Social do

Comércio-SESC de São Paulo. Ambas as instituições iniciam uma política de abertura de Centros Sociais.

1947 Primeira versão dos Jogos Operários do SESI, ainda hoje existentes.

1948 Inaugurado o Museu de Arte Moderna de São Paulo, presidido por Francisco Matarazzo Sobrinho, o Cicillo. O museu expõe seu acervo na sede provisória, na rua Caetano Pinto, onde ficava a Metalúrgica Matarazzo, com Picasso, Kandinsky, Dufy, Chagall, Morandi, Volpi, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, em sua maioria, doados pelo próprio Cicillo.

1948 É criado o Teatro Brasileiro de Comédia – TBC.

1950 Inaugurada no Brasil a primeira emissora de tevê – a TV Tupi. 1951 Primeira Bienal de Artes Plásticas de São Paulo. Inauguração da Via Dutra, que moderniza a antiga rodovia Rio-São Paulo. 1954 Inauguração do Parque do Ibirapuera (Oscar Niemeyer e Burle Marx), com 100 ha. Inaugura-se o Hotel Othon. O empreendimento de 26 andares da família Bezerra de Mello hospedou celebridades e foi o hotel mais importante da cidade por décadas. Era o único a ter uma boate e uma sala de cinema. 1958 Inaugurado o Jardim Zoológico de São Paulo, no Parque da Água Funda. Pavimentação do trecho São Paulo-Sorocaba da rodovia Raposo Tavares.

1960 Inauguração do Estádio do Morumbi e do SESI-Catumbi, o primeiro Centro de Atividades-CAT da instituição em São Paulo.. 1961 Inauguração da Estação Rodoviária de Campos Elíseos e da duplicação do trecho São Paulo-Campinas da Via Anhanguera, com pavimentação de todo o trecho compreendido até Igarapava, na divisa com Minas Gerais, tornando-se então a mais longa rodovia pavimentada do país. Inauguração do Centro da ACM, a rua Nestor Pestana, com modernas instalações esportivas “indoor”

1963 Francisco Matarazzo Sobrinho, conhecido como Ciccilo, o fundador da Bienal e do MAC, além do MAM (Museu de Arte Moderna) e do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), tem atritos com a diretoria do MAM e resolve transferir todo o acervo do museu para a USP, que cria o Museu de Arte Contemporânea (MAC) para abrigá-lo. Seu primeiro diretor é Walter Zanini. 1965 Acontecem, em São Paulo, os primeiros festivais de música popular, patrocinados pelas TVs Excelsior e Record.

1966 É inaugurado o primeiro grande centro comercial de São Paulo, inspirado em similares americanos, o Shopping Center Iguatemi. 1968 Inauguração da atual sede do MASP na Av. Paulista, no centro da cidade. Inauguração do primeiro trecho (Capital-Torre de Pedra) da Rodovia Castelo Branco, um projeto avançado com o ambicioso objetivo de ligar São Paulo a Mato Grosso. Inauguração do SESC-Consolação, projeto do arquiteto Icaro de Castro Mello, o primeiro centro cultural e esportivo da cidade, reunindo espaços para atividades físicas e artísticas, em especial o Teatro SESC-Anchieta. O evento marca a adoção pelo SESC do lazer como diretriz principal de ação. 1969 O SESC de São Paulo e a Secretaria Municipal de Bem Estar Social realizam o Seminário sobre o Lazer – Perspectivas para uma cidade que trabalha. O evento foi duramente criticado por intelectuais paulistanos, que viam no evento um acinte à situação de pobreza do país.

1970 É inaugurado o Museu de Arte Sacra, no Mosteiro de Nossa Senhora da Luz, fundado em 1774, que até hoje abriga uma comunidade religiosa contemplativa e guarda os restos mortais de seu Santo Fundador, Frei Antônio de Sant’Ana Galvão. O museu é detentor de um tesouro de arte que ultrapassa o âmbito nacional e o situa em posição de destaque internacional no seu gênero. 1971 Inauguração do Play Center. Foi o primeiro parque temático do país, contando com mais de 30 atrações e funcionando dentro da moderna engenharia financeira do entretenimento, destinado a quem procura fortes emoções. Sua inauguração coincide com a desativação do Parque Shangai, inaugurado na década de 1950 e que ainda se inscrevia no ultrapassado conceito dos antigos parques de diversões do país, que, de forma itinerante, ainda continuam funcionando em diferentes cidades e regiões.

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1973 Primeira prova do Campeonato de Fórmula 1 no Autódromo de Interlagos. O vencedor da prova foi o brasileiro Emerson Fittipaldi. O autódromo sedia o evento até hoje (de 1981 a 1990 a prova brasileira foi transferida para o Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro). 1974 Inaugurada a primeira pista da Rodovia dos Imigrantes, ligando São Paulo ao litoral sul do Estado. A Fundação Maria Luíza e Oscar Americano é criada e aberta ao público, contando com a antiga residência do doador, bem como com a coleção de obras de arte e extenso parque. Inauguração do Centro de Atividades do SESI em Vila das Mercês.

1975 Renato Requixa assume a direção regional do SESC de São Paulo, instaurando uma política agressiva de investimentos em benefício do lazer do trabalhador. No mesmo ano, é inaugurado o SESC-Interlagos, na época o mais requintado de São Paulo, com projetos de arquitetura de Botti & Rubin, de paisagismo de Rosa Kliass e Maddalena Ré, de iluminação de Esther Stiller e de decoração de interiores do botânico Harry Blossfeld.

1976 Inauguração dos primeiros cem quilômetros da moderníssima Via Bandeirantes, com o ambicioso projeto de efetuar uma segunda ligação rodoviária da capital ao norte do Estado. Inaugurado o Shopping Ibirapuera, cuja divulgação centrou-se na oferta de 400 mil itens à venda. Inauguração do Parque do Carmo, com 154 ha. 1977 Inauguração da Rodovia Bandeirantes. Primeira Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, iniciativa do crítico de cinema Leon Cakoff, hoje já na 27ª edição.

1980 Inauguração do CAT do SESI em Vila Leopoldina. 1981 Inauguração do Shopping Eldorado. Inauguração do CAT do SESI em Cidade A.E.Carvalho.

1982 É criado o Centro Cultural São Paulo, sob inspiração de Mario Chamie, então Secretário de Cultura do Município. A sede do CCSP é um projeto dos arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Benedito de Castro Telles. No mesmo ano, o SESC marcou sua presença na recuperação de reciclagem do patrimônio cultural para o lazer, com a inauguração do SESC-Pompéia, projeto da arquiteta Lina Bo Bardi sobre uma antiga fábrica. O impacto dessa obra fez-se presente não apenas na administração pública, incentivando projetos de restauro e reciclagem em outros municípios, como na indústria do entretenimento com, ao menos, dois empreendimentos que seguiram a mesma filosofia, o Radar Tantan, na Barra Funda e o Moinho Santo Antônio, na Mooca. 1982 Inaugurado o Shopping Morumbi. Inauguração da Rodovia dos Trabalhadores (hoje Ayrton Senna) ligando São Paulo ao leste do Estado. Inaugurado o Parque Ecológico do Tietê, com 1.400 ha, a maior parte no município de São Paulo, projeto do arquiteto Ruy Otake e administrado pelo DAEE do Governo do Estado. 1984 Inaugurado o Shopping Center Norte, mostrando a pujança da região norte da cidade na economia local.

1984 Danilo Santos de Miranda substitui Renato Requixa na direção regional do SESC e aprofunda a política de lazer da instituição, com forte promoção de eventos próprios e significativo apoio à vida cultural da capital e do Estado.

1985 A Rede Globo de Televisão estréia a novela Roque Santeiro, de Dias Gomes, censurada em 1975, a que conseguiu a maior audiência na história da telenovela brasileira.

1989 Inauguração do Memorial da América Latina, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, na Barra Funda.

1991 Inauguração do primeiro parque aquático “indoor” do país, o The Waves, na zona sul da cidade, com projeto do arquiteto Ruy Otake.

1992 Inauguração do SESC-Itaquera, com conceito semelhante mas ainda mais arrojado do que o do SESC-Interlagos.

1993 Inaugurado, dentro do Shopping Eldorado, o Parque da Mônica, o primeiro parque temático “indoor” da cidade, em área de 10.000 m2. 1994 Inauguração do Parque Vilalobos, com 80 ha, com apenas uma parte finalizada do projeto do arquiteto Décio Tozzi. Hoje, somente metade da área de 717 mil m2 encontra-se aberta ao público. 1995 Inauguração do Market Place Shopping Center, o primeiro com âncora ostensiva de lazer (o parque temático “indoor” Fantasy Place).

1997 É realizada a primeira Parada Gays, Lésbicas e Travestis, reunindo 400 mil pessoas na avenida Paulista, no centro da cidade. 1997 Com o fechamento, por erros conceituais de planejamento, o parque aquático The Waves torna-se a primeira sucata imobiliária do país. Transformado em supermercado, perde o seu grande diferencial arquitetônico, a cobertura composta por uma parte opaca, em telhas de aço, e outra parte transparente, em policarbonato, fazendo desenhos curvos, como se fossem nuvens no céu.

1997 Inauguração do Parque do Gugu, na zona sul da cidade. 1998 O teatro São Pedro, na Barra Funda é reaberto depois de passar por reformas. O São Pedro é o segundo teatro mais antigo da cidade. Perde apenas para o Teatro Municipal. Foi construído por um empresário português, Manuel Fernando Lopes. Inauguração do SESC-Vila Mariana, complexo centrado na programação musical e teatral. 1999 Inauguração do Complexo Cultural Júlio Prestes na antiga estação ferroviária de mesmo nome. O espaço abriga a Sala São Paulo, com 1.509 assentos e dotada dos mais refinados conceitos e equipamentos de apoio à escuta musical. O local torna-se, também, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo que, sob a liderança do maestro John Neshling, passa a integrar o rol restrito das grandes sinfônicas mundiais.

1999 Inauguração do Parque Ecológico do Guarapiranga, do Governo do Estado, com 250 ha, projeto do arquiteto Carlos Maximiliano Fayet.

2000 Showmissa comandada pelo padre Marcelo Rossi atrai cerca de 1 milhão de pessoas, segundo cálculos da Polícia Militar, ao autódromo de Interlagos, em São Paulo. Em eventos religiosos, o público é menor apenas que o do papa João Paulo, segundo em missa realizada no Rio, em 1997.

2002 O Parque do Gugu encerra suas atividades, obrigando os parques temáticos a repensar seu conceito e estratégias. 2002 Inauguração da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes. 2002 Diferentes clubes recreativos tradicionais da cidade declaram-se em situação pré-falimentar.

2003 Inauguração do “Mundo da Xuxa”, parque temático “indoor” em área de 12 mil m2 do Shopping SP-Market.

Fontes Marques Gomes, Cristina. Pesquisa Acadêmica em Lazer, dissertação de mestrado (orientação da Profª Mirian Rejowski), ECA-USP, 2004. Bartalini, Vladimir. Parques Públicos Municipais de São Paulo. Tese de doutorada defendida em 1999 na FAU-USP. Bourdieu, Pierre – Questões de sociologia. São Paulo, Marco Zero, 1983; Ibidem. Sociologia. São Paulo, Ática, 1994; Bosi, E. Cultura de Massa e cultura popular. Petrópolis, Vozes, 1977. Braudel, Fernand. Civilisation matérielle, économie et capitalisme. Paris, A.Colin, 1979. Camargo, Luiz Octavio de Lima. Génèse du loisir dans les pays em voie de devéloppement – le cas du Brésil. Tese de doutorado defendida em 1982 na Univ.Sorbonne-Paris 5, sob a direção de Joffre Dumazedier. O que é lazer. São Paulo. Brasiliense, 1986. Educação para o lazer. São Paulo: Moderna, 1998. Dumazedier, Joffre. Lazer e cultura popular. São Paulo, Perspectiva, 1994. A revolução cultural do tempo livre. São Paulo: Studio Nobel, 1994. Elias, Norbert. O processo civilizador. 2 vols. Rio, Zahar, 1990; Micelli, Sérgio. A noite da madrinha. São Paulo, Pespectiva, 1979. Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio: José Olympio, 1989. Freyre, Gilberto. Novo mundo nos trópicos. São Paulo: Nacional, Edusp, 1971.; Frederico, C. Consciência operária no Brasil. São Paulo, Ática, 1978. Lafargue, Pierre. O direito à preguiça. Kairós, RJ, 1980. Roche, Daniel. História das coisas banais. Rio: Rocco, 2.000. Rodrigues, Leôncio M. Trabalhadores, sindicatos e industrialização. São Paulo, Brasiliense, 1974.

Fontes consultadas para a cronologia Oliveira, Nadja. Agências de viagem: atuação dos agentes pioneiros da cidade de São Paulo (1940-1970). Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação. ECA/USP-2003; Pires, Mário Jorge. Raízes do turismo no Brasil: viajantes e hospedeiros. São Paulo: Manole, 2001; Pires, Raquel d´Alessandro. Hotéis da cidade de São Paulo: história e trajetória (1889-1971); Site www1.folha.uol.com.br/folha/especial/ 2003/saopaulo450/br

• 83 ouvem rádio diariamente ou várias vezes por semana • 71 preferem, na rádio, a audição musical pura e simples • 68 lêem jornais diariamente ou várias vezes por semana • nos jornais, 19 preferem a seção esportiva, 17 o noticiário nacional,

12 a seção policial e 5 a economia

• 40 lêem revistas ao menos uma vez por semana • no último ano, 10 leram ao menos um livro e 47 nenhum • 24 escrevem ao menos cartas, 7 compõem poemas

• 18 têm a culinária como “hobby”, 12 a criação de animais, 11 a jardinagem, 11 os consertos domésticos

• todos apreciam algum tipo de música, sendo que 23 preferem a música sertaneja, 22 a música popular brasileira, 15 o pagode, 9 o rock, 6 a música clássica

• 4 compõem algum tipo de música • 14 executam algum instrumento musical

• 7 declaram alguma habilidade com desenho, 6 com pintura

• 40 tiram fotografias e 2 já fizeram algum curso na área • 9 freqüentam parques diariamente ou algumas vezes por

semana, 28 algumas vezes por mês

• 3 freqüentam semanalmente salas de cinema, 9 ao menos uma vez por mês, 10 algumas vezes por ano

• 34 preferem filmes de ação, 15 preferem comédia e 14 os filmes românticos

• 4 vão ao teatro ao menos uma vez por mês, 7 algumas vezes por ano

• 58 têm na comédia o gênero teatro preferido

• 21 foram a algum tipo de espetáculo no mês anterior à entrevista • 2 visitam galerias de arte ao menos uma vez por mês, 8, algumas

vezes por ano

• 56 participam de alguma atividade associativa, 37 tiram férias nos últimos 12 meses, 17 viajaram, 7 hospedaram-se em hotéis nessas viagens

A pesquisa foi realizada para o SESC de São Paulo, coordenada pelo sociólogo Luiz Octávio de Lima Camargo. O trabalho de campo foi efetuado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, junto a uma amostra de 1.233 pessoas representativas da população da população paulistana acima de 15 anos, nos meses de setembro a novembro de 1996. A amostra selecionou os entrevistados por quotas que levavam em conta a distribuição geral da população por sexo, faixa etária, condição sócio-econômica e local de moradia.

Os resultados mostraram que, de cada 100 paulistanos acima de 15 anos:

• 88 assistem tevê diariamente ou várias vezes por semana • da progamação de tevê, 31 deles preferem novelas, 24 os

telejornais e 16 os filmes

Pesquisa sobre práticas e aspirações culturais de lazer da população paulistana, 1996 Research on cultural leisure activities and aspirations of São Paulo’s population, 1996

Referências

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