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A herança de Javé: meditando o Salmo 127

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Academic year: 2021

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A HERANÇA DE JAVÉ

M editando o Salm o 127

Milton Schwantes

C â n tic o d e p e re g rin a ç ã o . De S alom ão. Se Javé nã o construir a casa,

em vã o se e sfo rça m os q u e a constroem . Se Javé nã o g u a rd a r a c id a d e ,

em vã o v ig ia a s e n tin e la .

2Em vão vos será: a d ia n ta r o le va n ta r, a tra sa r o d e ita r,

co m e r o pã o da a m a rg u ra . A o seu a m a d o e le o dá e n q u a n to d o rm e . 3A te n çã o !

A herança de Javé são os filh o s . Recom pensa é o fru to do ventre.

4C om o fle c h a s na m ão d o g u e rre iro , assim são os filh o s da ju v e n tu d e . 5Feliz o ho m e m q u e d e le s e n cheu sua a lja v a :

N ão será e n v e rg o n h a d o a o litig a r com in im ig o s no p o rtã o .

1 — O te xto p a re ce ser cla ro . E a im pressão q u e se te m após um a p rim e ira le itu ra . E, de fa to , cada um dos versículos é tra n sp a re n te , é in te ­ lig ív e l. A d ific u ld a d e a p a re ce , q u a n d o se p e rg u n ta p e lo o b je tiv o d o to ­ do. Q ual é o se n tid o d o c o n ju n to d o salm o? Em co n se q ü ê n cia , nossa ta re ­ fa consiste, por um la d o , d a a n á lis e das d ife re n te s partes e, por o u tro la ­ do, da v e rific a ç ã o d o a lv o d o c o n ju n to . Passemos a e la .

1.1 — E fra g ra n te q u e o sa lm o n ã o p rim a p o r coesão. Com certa fre q ü ê n c ia , in clu sive te m sido s u b -d iv id id o em duas u n id a d e s distintas:

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v. 1-2 e v.3-5. C ada um a chegou a ser e n te n d id a com o um salm o a u tô n o ­ m o .1 Tal d e s in te g ra ç ã o de nossos versículos em dois salm os não d e ix a de ter suas razões. A fin a l, não parece h a ve r in te g ra ç ã o e n tre os v. 1-2 e os v.3-5. C o n tu d o , não só estes versículos carecem de e fe tiv a coesão. Há outras intersecções a m ais. Entre os v . l e v .2 há vín c u lo (am bos usam a expressão " e m v ã o " ) ; mas ta m b é m há desco n e xã o (os conteúd os são distin to s; o v. 1 é constatação, o v .2 a lo cu çã o ). Se bem qu e o v .4 e o v .5 c o m p le m e n ta m o v .3, ta m b é m têm seu e stilo p e c u lia r e sua re la tiv a a u ­ to n o m ia . Portanto, as in te rru p çõ e s são e vid e n te s. O te xto carece de um a m a io r seqüên cia de co n te ú d o . Isso tem a ve r com o g ê n e ro deste nosso texto.

Trata-se de um sa lm o s a p ie n c ia l.2 Certas p e c u lia rid a d e s d is tin ­ guem este tip o de salm os. E n foque m o-las:

Retom o in ic ia lm e n te a q u e la qu e a c im a já nos o cupava . Tais sal­ mos não se n o ta b iliz a m por um a seqüên cia ló g ica . N ão são um to d o coe­ rente e consistente. C om põem -se d e conteúd os d iv e rs ific a d o s , cada q u a l em si c o m p le to , in d e p e n d e n te do q u e lhe a co n te ce e sucede. Q uase ca­ da versículo é um p e n sa m e n to c o m p le to e a u tô n o m o . Estes salm os sa- p ie n c ia is a ssem elham -se, pois, à lite ra tu ra qu e nos é c o n h e cid a no liv ro de P rovérbios q u e , em e sp e cia l a p a rtir do cap. 10, vem a ser um a g ru p a ­ m ento de sentenças breves e in d e p e n d e n te s. A in te rd e p e n d ê n c ia , v ia de re g ra , é obra re d a c io n a l nada fá c il de reco n h e ce r. T am bém nosso SI 127 é um a tal "c o m p o s iç ã o "3 s a p ie n c ia l, um " c o m p ê n d io " 4. C o m p õ e m -n o breves sentenças.

Cada um a d e la s fo rm u la fe n ô m e n o s da v id a . E o qu e ca ra cte riza a s a b e d o ria : Ela pensa a p rá tica . C ondensa e x p e riê n c ia .5 Há q u e m , por is­ so, a firm a que a fu n ç ã o da sa b e d o ria seria a de e n sin a r e d o u trin a r.6 Sa­ b e d o ria e sta b e le c e ria o senso com um . F ixaria o que é de v a lid a d e co n tí­

1 — É o q u e o co rre e m : KITTEL, R udo lf. Die Psalm en. In: Kommentar zum Alten Testament, v. 13. ó .e d . Le ip zig, 1929, p. 397s; GUNKEL, H e rm a n n . Die Psalmen. 5 .e d . G ö ttin g e n , 1968, p. 553- 556.

2 — V e ja GUNKEL H erm ann . Einleitung in die Psalmen, die Gattungen der religiösen Lyrik Is­ raels. 2 .ed. G ö ttin g e n , 1966, p. 381ss; SELLIN, Ernst e FOHRER, G e o rg . Introdução ao Antigo Testamento, v .2. São Paulo, 1978, p. 427.

3 — SEYBOLD, Klaus. Die R eda ktion d e r W a llfa h rts p s a lm e n . In: Zeitschrift für die alttestamentli-che Wissenschaft, v .91. B e rlin , 1979, p. 256.

4 — LUTHER, M a rtin . D. Martin Luthers Psalmen = Auslegung, v .3. G ö ttin g e n , 1965, p. 516. 5 — Em sua in te rp re ta ç ã o , Lutero (cf. n o ta a n te rio r) destaca, com in sistên cia, a c a te g o ria da e x p e ­

riê n c ia co m o m e d ia ç ã o p a ra a le itu ra d o SI 127.

6 — V e ja po r e x e m p lo : GESE, H a rtm u t. Lehre und W irklichkeit in der alten W eisheit, Studien zu den Sprüchen Salomos und zu dem Buche Hiob. T ü b in g e n , 1958.

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nua. C ontudo, isso não m e parece fa z e r jus aos p ro v é rb io s e às sentenças sapienciais. Eles conden sam as surpresas in e re n te s às e xp e riê n c ia s . N ão pensam o co stu m e iro e o rd in á rio , mas o in co m u m e e x tra o rd in á rio .7É o qu e ta m b é m se observa em nosso salm o. Suas diversas sentenças fo rm u ­ lam surpresas. O v .2 e sta b e le ce um a d o u trin a ou um a o rd e m , d e te cta , is­ so sim , um a surpresa. O SI 127 é um co n v ite a o in u sita d o , à u topia.

Cada sentença capta um a e x p e riê n c ia e sp e cífica ; tra b a lh a -a de um m odo p e c u lia r. N o v . l , d e p a ra m o s com duas constatações. Suas o ri­ gens são distintas. A p rim e ira p ro vé m da vid a " f a m ilia r " , a segunda da vid a " p o lític a " , em cid a d e . No v .2, tem os um a a lo cu çã o . Seu â m b ito é o tra b a lh o . A lin g u a g e m a p e la tiv a prossegue no v .3. Exige a te n çã o a um a constatação no n ível fa m ilia r (com o o v . l! ) . No v .4, lem os um a b e la c o m p a ra ç ã o .8 R efere-se a o filh o h o m e m , a p to para a g u e rra . A fe lic ita ­ ção do v.5 nos conduz a o â m b ito d o po rtã o . Q u ã o d ife re n te s são as e x p e ­ riências co le ta d a s em nosso salm o!

O SI 127 a g ru p a , pois, sentenças sobre e x p e riê n c ia s circunscritas. E obra c o m p ila tó ria . Por isso, c e rta m e n te não está no in ício , mas num a fase a d ia n ta d a da fo rm u la ç ã o de textos sapiencia is. E pou co p ro vá ve l que seja de a u to ria sa lo m ô n ica . O títu lo .("c â n tic o de p e re g rin a ç ã o , de S a lo m ã o ") há de ser se cu n d á rio . Foi a crescentad o, q u a n d o a " c a s a " , m e n c io n a d a no v . l , passou a ser e n te n d id a com o " t e m p lo " e q u a n d o o " a m a d o " , cita d o no v .2, fo i re la c io n a d o a S alom ão (cf. 2 Sm 12.24s). O salm o é recente.

1 .2 — Se bem q u e nosso te xto não p rim e p e la coesão, ta m b é m não pod e ser e s fa c e la d o e nem se ccio n a d o em partes. R epresenta um a certa u n id a d e , a in d a q u e p e c u lia r e a je ito dos textos sapiencia is. Pode- se c o m p ro v á -lo in clu sive a p a rtir de a lg u n s indícios externos. Neste con­ te xto , o títu lo ("c â n tic o de p e re g rin a ç ã o , de S a lo m ã o ") d e se m p e n h a p a ­ pel re le v a n te . Para os co le c io n a d o re s qu e com e le e n ca b e ça ra m o sal­ m o, o que lhe seguia era um só c o n ju n to , to d o e le obra da s a b e d o ria (cf. 1 Rs 3.4ss; 4.29ss; Pv 10.1) e da d e vo çã o cu ltu a l (cf. 1 Rs 6-8) de S alo­ m ão. Diversas ligações e n tre as várias sentenças c o n firm a m q u e o salm o sofreu a lg u m a re d a çã o u n ific a d o ra . M e n c io n o as m ais e vid e n te s. As três sentenças dos v. 1-2 estão in te rlig a d a s po r " e m v ã o ". O v .3 re to m a o as­

7 — V e ja SCHWANTES, M ilto n . A g ló ria dos g o ve rn a n te s consiste em in v e s tig a r a corru p çã o — um estudo de P rové rbios 25. In: Estudos Teológicos, v .24. São L e opold o, 1984, p. 59-82. 8 — H. G u n ke l observa q u e o v .4 p o d e ria ser a p a rte m ais a n tig a , o “ g e rm e " de to d o sa lm o (op.

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sunto da p rim e ira constataçã o do v. 1: cá e lá o e n fo q u e recai sobre a fa ­ m ília . Os v.3-5 estão conectad os e n tre si a tra vé s da te m á tic a dos " filh o s " . A luz destas e v id ê n c ia s pode-se a firm a r q u e o SI 127 constitui um c o n ju n to . Q ual é seu a lvo ?

N ão é fá c il re sp o n d e r, q u a n d o se tra ta — co m o em nosso te xto — de um a co m p o siçã o de sentenças sapiencia is. Há p ro b le m a s para id e n ti­ fic a r seu d ire c io n a m e n to . E p ro v á v e l qu e , para p e rc e b ê -lo , seja básico, por um la d o , v e rific a r a re p e tiç ã o de assuntos e, por o u tro la d o , lo c a liz a r o e ix o , e m to rn o d o q u a l g ira a com posição. A p lic a n d o tal suspeita, c o n c lu ir-s e -á o se g u in te : O assunto dos v.3-5 são os " f ilh o s " . Q u a n to a is­

so não m e parece p o d e r h a ve r d ú v id a .9 Este assunto dos v.3 -5 ju sta m e n te é o da sentença qu e a b re a com posição. A constatação "s e Javé não co n stru ir a casa, em vão se e sfo rça m os qu e a c o n s tro e m " ( v . l) diz res­ p e ito às pessoas da " c a s a " , à fa m ília . Esta sentença in ic ia l p re p a ra os conteúd os dos v.3-5. E, com isso, ta m b é m está id e n tific a d o o e ix o ou o n ú cle o d o salm o. Encontra-se no v .3, e s p e c ia lm e n te in tro d u z id o por um a p e lo à " a te n ç ã o " . O SI 127 g ira , pois, em to rn o da tese: " a hera n ça de Javé são os filh o s " . Tratem os de e x p lic ita r as im p lic a ç õ e s desta desco­ berta.

M as, antes de precisar o se n tid o deste cerne cabe-nos v e rific a r qu e os co n te ú d o s de nosso sa lm o são expressos d e um m o d o m ui p e cu ­ lia r. São pensados em oposições. Os v.3-5 c u lm in a m na co n tra p o siçã o e n tre " o h o m e m " (a p o ia d o po r seus filh o s ) e os " in im ig o s " . No v . l c o li­ d e m o fa z e r de pessoas ("c o n s tru to re s " e " s e n tin e la " ) e o de Javé. No v.2 há ig u a l d e se n co n tro e n tre o tra b a lh o das pessoas e a d á d iv a d iv in a . Portanto, o se n tid o de nosso sa lm o é expresso a través de a ntago nism os. Sua d ire ç ã o a flo ra em m e io a oposições. Seu m u n d o é o d o c o n flito . Em m e io a e le opta e d ire c io n a .

A d ic io n e -s e a isso o ritm o destas co n fro n ta çõ e s. In icia m n e g a n d o (v. 1-2). Nas duas p rim e ira s negações ( v . l) torna-se p a te n te o q u e não a d ia n ta , sem qu e seja d ito , no concreto, com o Javé " c o n s tró i" e " g u a r ­ d a " . Neste p o n to , o v.2 já dá um passo a m ais. Ig u a lm e n te n e g a , e o fa z e n fa tic a m e n te a o in ic ia r com " e m v ã o " . C o n tu d o , este v.2 ta m b é m pas­ sa à a firm a ç ã o : Javé concede . N o concreto, esta d á d iv a há d e ser o a li­ m ento. A a firm a ç ã o p o sitiva e, s im u lta n e a m e n te , concreta lê-se no v .3 (e nos q u e lhe sucedem ). N e le as negações in ic ia is (v. 1-2) ob tê m seu

re-9 — C o n fira a in te rp re ta ç ã o de KRAUS, H ans-Joach im . Psalm en. In: Biblischer Kommentar Altes Testament v ,1 5 /2 5 .e d . N e u k irc h e n , 1978, p. 1038.

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verso. Portanto, o ritm o dos a n ta g o n ism o s vai de n e g a çã o à a firm a ç ã o , d o g e ra l a o concreto. O a lv o é a a firm a ç ã o concreta!

A luz destas observações sobre a d in â m ic a dos conteúd os, p o d e ­ mos precisar, a o m eu ve r in e q u iv o c a m e n te , o s ig n ific a d o do SI 127. Ele fa la da fa m ília ! T e o lo g iza a casa! Filhos e filh a s 10 são herança de Javé! Este cerne d o sa lm o é d u p la m e n te s ig n ific a tiv o . Por um la d o , é a p lic a d o a pessoas um c o n ce ito m u ito c e n tra l d o A n tig o T estam ento: o da " h e r a n ­ ç a ". A te rra é e n te n d id a , antes d e m ais n a d a , co m o " h e r a n ç a " . Por isso não pod e ser v e n d id a . E te rra de tra b a lh o , ja m a is de n e g ó c io (1 Rs 21). A lé m de e n te n d e r a te rra desse m odo, ta m b é m o p ró p rio po vo , o p ró p rio Israel é " h e r a n ç a " . Q u a n d o nosso v .3 se v a le d o c o n ce ito da " h e r a n ç a " , recorre, pois, à v e ia m ais p ro fu n d a das e x p e riê n c ia s históricas do p o v o .11 — Por o u tro la d o , su rp re e n d e q u e a m e d ia ç ã o concreta da " h e ­ ra n ç a " v e n h a m a ser pessoas jovens, filh a s e filh o s . É-lhes a trib u íd a im ­ p o rtâ n cia d e cisiva , com o se v e rific a na fig u ra d o v .4 e no m e n c io n a d o no v.5. A d e fe sa da v id a é esta g e n te nova (v .4). E e la q u e sustenta o d ire ito dos injustiçado s (v.5). Enfim , a q u i neste salm o, e la é a m e d ia ç ã o da p re ­ sença e g ra tu id a d e de Javé. A p a rtir d a í re sp la n d e ce m , com in te n sid a d e a in d a m a io r, as sentenças d o v. 1. Lidas à luz dos v .3-5, a firm a m qu e as casas bem construídas e as cidades bem g u a rn e c id a s nada v a le m se não tiv e re m em m ente a " h e r a n ç a " ., filh a s e filh o s , a g e n te m oça. Em si, ca­ sas e institu içõ e s nã o fa z e m se n tid o . Nosso salm o tem a lg o de h u m a n is ­ ta. N ão é m esm o? Ele se ba te por pessoas, não po r coisas! E nisso é v a lio ­ sam ente in q u ie ta n te .

T am bém o é o v .2. Ele é m u ito ra d ic a l. Entre os in té rp re te s não poucos se irrita ra m com seus d iz e re s .12 A fin a l, este versículo põe em ch e q u e a tese de q u e o tra b a lh o d u ro , de sol a sol, traz c o m id a e bem - estar. Na lin h a de Eclesiastes, nosso v .2 d u v id a q u e o tra b a lh o , p o r m ais á rd u o q u e seja, tra g a s o lu çõ e s.13 E, d e fa to , o n te m e h o je , po r m ais qu e escravas, cam ponesas e o p e rá rio s tra b a lh e m , sua fo m e e suas carências a u m e n ta m . A o d iz e r q u e Javé dá g ra tu ita m e n te , nosso salm ista ce rta ­ m ente pensa na fa rtu ra co n c e d id a p e lo c ria d o r em m e io à natu re za . O v.2 me parece ser de um a in tu iç ã o fa scin a n te .

10 — F. D elitzsch já con statava q u e a expressão " o fru to do v e n tre " (v .3b ) ta m b é m in c lu i as filh a s (DELITZSCH, Franz. B ib lisch e r C o m m e n ta r ü b e r das A lte Testam ent. In: Biblischer Commentar über das Alte testament, v .4 /1 . Le ip zig, 1873, p. 275).

' 1 — V e ja WANKE, G. B e sitza n te il. In: Theologisches Handwörterbuch zum Alten Testament, v.2. M ü n c h e n , 1976, col. 55-59.

12 — V e ja p o r e x e m p lo KRAUS, H ans-Joach im , op. cit., p. 1038.

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Este v.2 a le rta -n o s para o co n te xto te o ló g ic o de nosso salm o. Seu h o rizo n te te o ló g ic o c e rta m e n te não são os fe ito s históricos de Javé. N ão é o credo h istó rico (Dt 26.5ss) o que p rim a ria m e n te o a n im a . Seu h o riz o n ­ te é o Deus cria d o r. As criaturas são as m e d ia çõ e s d e sua fa la te o ló g ic a , com o a liá s ocorre, em g e ra l, na s a b e d o ria 14.

2 — Este nosso salm o a b re a lg u m a s cla re ira s. Localizam o-las e d e ix e m o -n o s ilu m in a r por elas. Desse m o d o , ta m b é m tra to de e x p lic ita r a re la ç ã o e n tre os conteúd os de nossas sentenças s a p ie n cia is e os co m ­ prom issos pastorais, h o je re le va n te s.

As sentenças d o SI 127 conden sam re a lid a d e s e as c o rre la c io n a m a Deus. Fazem te o lo g ia a p a rtir d o qu e está aí, a p a rtir d o qu e se e x p e ri­ m enta. N ão a p lic a m id é ia s á p rá tica . Mas, em m e io à p rá tica e às e x p e ­ riê n cia s fo rm u la m o se n tid o m ais p ro fu n d o da fé . Estas re a lid a d e s e e x ­ p e riê n cia s se a p re se n ta m re p le ta s de c o n flito s e oposições. N ão são n a ­ da harm oniosa s. O m u n d o desse nosso salm o co nhece a m ig o s e in im i­ gos, ata q u e s e defesas. O a g ir de Deus se dá em m e io a tais co n tra p o s i­ ções, sem q u e as e te rn iz e . São postos n um a nova d ire ç ã o . Esta nova d ire ­ ção cham a-se g ra tu id a d e (v.2) e herança (v .3). — Neste se n tid o , este nosso sa lm o nos a n im a a a p ro fu n d a r um a te o lo g ia qu e esteja co la d a à p rá tica , às dores da g e n te la tin o -a m e ric a n a .

Nossa ta re fa e cle sia l reside em : a rtic u la r a e x p e riê n c ia da fé em co rre la ç ã o com as prá tica s tra n sfo rm a d o ra s da g e n te e sm a g a d a em nos­ so c o n tin e n te .

O coração deste sa lm o bate por pessoas, p e la g e n te nova. N elas d e p o sita seu entusiasm o. São herança de Javé. Com isso, está co lo ca d o um constante d e s a fio para o tra b a lh o p astoral. Ele é um serviço. Um ser­ viço aos q u e buscam a p ro fu n d a r sua fé . Um serviço às co m u n id a d e s in ­ seridas neste país d o lo rid o . G e n te é a herança q u e Javé c o n fia à Ig re ja . As a le g ria s e as m isérias das pessoas te rã o qu e ter espaço p riv ile g ia d o nessa in stitu içã o . C orrem os o risco de p riv ile g ia r a " c a s a " e a " c id a d e " , os e d ifíc io s e as instituições. Para estas coisas ta m b é m p o d è rá h a ve r es­ paço. São instru m e n to s de serviço. Nisso consiste sua im p o rtâ n c ia re la ti­ va. E re la tiv a a o serviço, cu jo c o n te ú d o são pessoas.

P ortanto, o SI 127 nos a ju d a a não o lh a r em d e m a sia para a " c a ­ s a ", e a c a m in h a r de m o d o cada vez m ais e n g a ja d o com a " h e r a n ç a " , com a g e n te b ra s ile ira .

14 — C o n fira ZIMMERLI, W a lth e r. M a n u a l de T e o lo g ia d e i A n tig u o Testam ento. In: Academ ia Chris­ tiana. v . l l . M a d rid , 1980, p. 177ss.

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