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REFLEXÕES SOBRE O MUNDO DO TRABALHO E AS SUAS MUTAÇÕES, NO BRASIL, A APARTIR DA DÉCADA DE 1990, NO CONTEXTO DAS IDÉIAS NEOLIBERAIS

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REFLEXÕES SOBRE O MUNDO DO TRABALHO E AS SUAS MUTAÇÕES, NO

BRASIL, A APARTIR DA DÉCADA DE 1990, NO CONTEXTO DAS IDÉIAS

NEOLIBERAIS

Priscila Tamara Menezes Dias1

Resumo: As mutações no mundo do trabalho decorrem da crise estrutural do capital, que a partir dos anos de 1970, impõe reestruturações, trazendo profundas transformações no processo de produção. Assiste-se a ação das idéias neoliberais, que traz em seu receituário transformações, que incluem redução do Estado, precarização do trabalho, etc. No objetivo de visualizar as transformações ocorridas, a partir da década de 1990, no contexto das transmutações advindas do desenvolvimento do capitalismo. As discussões atuais demonstram no trabalhador uma forma de submissão à realidade imposta através das exigências crescentes de cumprimentos de metas, qualificações. O novo trabalhador vive sob pressões constantes.

Palavras-chave: Trabalho, precarização.

Abstract: The changes in the work world arise from the structural crisis of capital, which since the 1970’s, as an attempt to get out of the crisis, has imposed restructurings that brought deep changes in the production process. One watches the action of neoliberal ideas, which brings structural changes in their formulary, which includes State reduction, work precarization, etc. In the perspective of viewing the changes which have taken place in the work world since the 1990’s, in the context of the transmutations originating from the development of capitalism. Current discussions show a kind of submission to the reality which is imposed through the growing requirements for reaching goals, qualifications. The new worker lives under constant pressures when s/he is led to attend to so many demands in his/her work.

Key words: work, precarization.

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1-INTRODUÇÃO

O capitalismo é produto de uma relação social desigual entre capital e trabalho. E, nesta relação antagônica se estabelecem as contradições sociais, principalmente a partir da exploração do trabalho. O desenvolvimento do capitalismo, em sua evolução, através do processo de acumulação encontra barreiras inerentes a sua própria lógica de desenvolvimento, as quais são superadas por mecanismos criados para amenizar o efeito da tendência decrescente da taxa de lucro como, por exemplo, o aumento do grau de exploração do trabalho, existência de superpopulação relativa e redução dos salários.

Desta forma, as mutações no mundo do trabalho decorrem da crise estrutural do capital, que como tentativa de saída das crises impõe reestruturações, trazendo profundas transformações no processo de produção e na maneira como se utiliza a mão de obra. Particularmente a partir de 1970, segundo Antunes (2005), estas transformações intensificaram-se pelo avanço tecnológico e novas formas de acumulação flexível, dando lugar ao binômio taylorista-fordista. Essa nova produção flexibilizada, ideologicamente, passa a buscar adesão dos trabalhadores, que devem se adequar ao projeto do capital. Assim, as conseqüências disto são as transmutações que ocorrem no mundo do trabalho através da diminuição relativa do operariado, aumento de inúmeras formas de precarização como expansão do trabalho parcial, temporário, subcontratado e terceirizado e a observação do aumento de trabalho feminino.

Desta forma, a redução do número de funcionários, intensificação do ritmo de trabalho, exigências de qualificações, sem paralelo aumento de salário, são novas tendências observadas advindas do desenvolvimento do capitalismo.

O problema apresentado no presente artigo consiste na analisar de forma geral as tendências no mundo do trabalho e o que são as chamadas mutações as quais pioram com a inserção do modelo neoliberal vigente no Brasil desde a década de 1990, reconhecendo neste, as mutações causadas pela reestruturação do próprio capitalismo.

2- O TRABALHO NO CONTEXTO DAS MUTAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO

O trabalho é o ato intrínseco da humanidade, que ultrapassa a instintividade dos animais, criando uma dinâmica da reprodução social, na qual, novas relações se desenvolvem e cada vez mais se complexificam. É, portanto, o ponto de partida para o entendimento do desenvolvimento das diversas formas sociais e das transformações nos processos de

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trabalho. O trabalho determinou as relações sociais, que se modificaram e se complexificaram, até o estágio que se conhece hoje, que é o capitalismo. E este surge, juntamente com a classe trabalhadora, através da expropriação do meio de subsistência do trabalhador camponês, que no feudalismo utilizava-se dos feudos para sobreviver.

Marx vai chamar esta relação, entre a classe trabalhadora e a burguesia capitalista, de luta de classes, relação esta travada no mercado de maneira desigual e de forma hierarquicamente impositiva. A partir de então, a classe trabalhadora nasce na condição de vender a força para trabalhar (que é a força de trabalho), porque não tem outro jeito para sobreviver, ao capitalista, que por meio desta subordinação põe a funcionar o processo de trabalho, que é um processo para

O aumento do grau de exploração do trabalho, a redução dos salários e a existência da superpopulação relativa são os elementos que podem auxiliar na discussão do foco do estudo em questão. Na observação dos fenômenos na contemporaneidade, estes elementos se fazem presentes e marcam as estratégias dessa nova etapa na acumulação do capitalismo, que para a saída da crise, impõe uma nova relação por novos métodos de organização e de exploração do trabalho, refletindo em mutações no mundo do trabalho contemporâneo.

Com o objetivo de resolver os problemas gerados pela crise fordista, que é crise do capital, foram desenvolvidas transformações no processo produtivo, com a adoção de novas formas de acumulação e organização do trabalho, trazendo modificações importantes no campo do trabalho, como a introdução de novas tecnologias e, por via de regra, o aumento da exploração da classe operária. Assiste-se a partir de então, a reestruturação produtiva que de acordo com Alves (2005), é o movimento de caráter estrutural no plano da produção e do trabalho, que busca novas práticas de adequação do trabalho dando continuidade ao funcionamento do sistema capitalista.

O processo de reestruturação produtiva, desencadeado após a crise de 1973 teve como objetivo central à restauração do domínio do capital. Os modelos Taylorista e Fordista foram perdendo exclusividade dando lugar a um método cuja apropriação da mão-de-obra (a chamada acumulação flexível) vai degradar as condições de trabalho, os direitos dos trabalhadores e, conseqüentemente, transmutando o mundo do trabalho.

Para Harvey (1989, p.140), esta nova forma de produção que é também chamada de acumulação flexível: “[...] é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Ela

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se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo”.

Para o autor, a acumulação flexível caracterizou-se pelo surgimento de novos setores de produção com novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros e novos mercados. Marcou-se assim, a intensificação da inovação comercial e tecnológica que exige rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento desigual entre setores e regiões geográficas criando assim, o surgimento no chamado setor de serviços.

Cresce também, com a flexibilização, o controle maior do trabalho exercido pelos empregadores, pois a força de trabalho agora é mais enfraquecida. Esse fato é enfatizado por Harvey:

O trabalhado organizado foi solapado pela reconstrução de focos de acumulação flexível em regiões que cresciam de tradições anteriores e pela reimportação para os centros mais antigos das normas e práticas regressivas estabelecidas nessas áreas. A acumulação flexível parece implicar níveis relativamente altos de desemprego “estrutural” (em oposição ao “funcional”) rápida destruição e reconstrução de habilidades, ganhos modestos (quando há) de salários reais e retrocessos do poder sindical uma das colunas políticas do regime fordista (1992, p.141).

Subcontratações, informalidade, terceirizações e péssimas condições de trabalho são as “novas” características para o mercado de trabalho, que funcionam como contra-tendência a queda da taxa de lucro, e fazem o trabalhador ser submisso pelo capital e expropriado de seus direitos.

Na atual conjuntura brasileira de altos índices de desemprego e subempregos, cria-se no trabalhador, submissão a realidade imposta diante do medo constante da demissão. Desta forma, os trabalhadores ficam subjugados a sobrecarga de trabalho e às exigências crescentes no cumprimento de metas, implicando assim, num ambiente de tensão nas relações de trabalho.

E isto só tem aumentado ainda mais com a introdução do modelo neoliberal nos países periféricos.

3- AS IDÉIAS NEOLIBERAIS E AS REPERCUSSÕES PARA O MUNDO DO TRABALHO

A crise do padrão monetário internacional, que sinaliza a crise estrutural do capital, instabilizou a economia mundial na década de 1970, trouxe inflação crônica associada ao

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baixo crescimento econômico, que de acordo com Soares (2000), levou economistas, ideólogos políticos a repensarem o velho ideário liberal. Na verdade, é o capitalismo buscando novas saídas para as crises, introduzindo novos modelos de conformação.

De acordo com a autora, a partir deste período, a crise global do modelo social de acumulação teve como tentativa de resolução da crise, transformações estruturais dando lugar a um novo modelo denominado neoliberal. É um novo modelo social de acumulação não só de natureza econômica, mas que emerge também como redefinição global do campo político institucional e das relações sociais.

É um modelo que tem como eixo central a condução de políticas econômicas para a estabilização e pagamentos de dívidas, propondo a desregulamentação da economia, pois o Estado é tido como ineficiente para regular os preços da economia e as relações de capital e trabalho É imposta assim, uma visão privatista da sociedade desmoralizando a esfera pública, trazendo a idéia de que com a privatização e a redução do tamanho do Estado se esteja reduzindo os gastos públicos, eliminando o déficit público pois, de acordo com Soares (2000, p.40), são tidos como “[...] os dois grandes causadores de quase todos os males sobretudo o da inflação”.

Passa-se a perceber, como observa Druck (1996), uma época histórica em que se aprofundou e se realizam as principais tendências do capitalismo, seja através do movimento dos capitais e da mundialização através do desenvolvimento científico e tecnológico ou simplesmente através da concentração da riqueza e desigualdades sociais. Para ela, é no plano social que se tem as conseqüências mais visíveis deste novo modelo de acumulação que são: “[...] a globalização do desemprego, a globalização da exclusão social e a globalização de formas precárias de trabalho e de precarização da vida” (DRUCK, 1996, p. 31).

Esse movimento estrutural do capitalismo aparece neste momento sob as formas da reestruturação produtiva e do neoliberalismo, que são tidas por Druck (1996) como as condições materiais que atuam, a primeira de maneira objetiva no âmbito da produção e do trabalho redefinindo a estrutura produtiva e a segunda de forma subjetiva como o conteúdo ideológico da conformação da realidade. Juntos contribuem, na atual fase do capitalismo, para o desmantelamento do movimento social, da solidariedade e da ação coletiva.

Há assim, o enfraquecimento da identidade da classe trabalhadora, contribuindo para o aumento do individualismo, divisão e concorrência trabalho versus trabalho. E tudo isto é possível porque para Druck existe:

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[...] uma base real construída pelas transformações na organização/gestão do trabalho postas pela reestruturação produtiva, que desemprega precariza, exclui e deixa os trabalhadores expostos

à selvageria do mercado de trabalho cada vez mais

desregulamentado e livre (1996, p.32).

Desta forma, a década de 1980 de acordo com Braga (1995) foi marcada por profundas transformações políticas, econômicas e sociais, que já viam passando as economias capitalistas desde a década de 1970, é o período que estes países obtêm índices de desemprego sem precedentes. Segundo a Organização para as Nações Unidas ONU (apud BRAGA, 1995), neste período foram registrados 50 milhões de desempregos entre as nações ricas, nos países de economias dependentes as cifras chegaram a marca de 500 milhões de desempregados.

De acordo com Braga (1995), este período se caracterizou como a fase superior do processo de internacionalização do capital, com determinações na recomposição das bases do imperialismo e da hegemonia burguesa. Estabelecendo assim, uma nova ordem política, que serve aos interesses do poder econômico privado transnacional e uma desordem social de modelo terceiro mundista como afirma Braga (1995, p.108): “[...] com ilhas intensamente privilegiadas em meio a um mar de miséria”.

Assim, estes novos acordos que se estabelecem sob essa nova ordem imperial passam por cima dos direitos dos trabalhadores e consumidores, expressando assim, a derrota da resistência dos movimentos organizados e a ofensiva da nova ordem imposta, que é a conservadora burguesa.

O trabalho informal, de acordo com Soares( 200), passa a se afirmar como principal fonte geradora de empregos, 84% das ocupações criadas neste período estavam ligadas às atividades informais, há a redução no setor formal tanto no setor público quanto no privado como nos traz Soares (2000, p.57): ”[...] era responsável por 51,6%; em 2000 enquanto o setor formal vê reduzida a sua participação de 48,4% em 1990 para 43,9%, em 2000, reduzindo-se o emprego formal tanto no setor público quanto no privado

Aliado a este novo quadro de precarização das condições de emprego, as políticas de flexibilização trazidas pelo modelo japonês (toyotismo), contribuíram para intensificar as reformas das leis trabalhistas, afetando assim, a estabilidade, jornada de trabalho e remuneração, conformando então, a condição de trabalho precária em que se encontram os trabalhadores.

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Nesse sentido cabe registrar o percentual de trabalhadores sindicalizados na América Latina, trazido por Soares (2000, p.57): “Com relação à população ocupada vai de 42% no início da década de 1990, na Argentina, passando por 7,8% no final da década de 1990 no

Peru, chegando a 2,9% na Guatemala” Isto só afirma a perda do movimento dos

trabalhadores frente às mutações no mundo do trabalho que lhes são impostas e a impossibilidade de melhorarem suas condições de vida através da luta e negociações. Segundo Carcanholo (1997), essa nova realidade é imposta como única alternativa às nações, que não têm outra saída a não ser adequar-se a ela, acreditando na idéias que devam estar inseridas neste novo contexto, porque se não, de acordo com o autor: “as nações que não implementarem perderão o trem da história” (1997, p.201). É nesse sentido, que o neoliberalismo passa de simples receituário a uma ideologia que define os três mercados, o de trabalho, de capitais e o de bens e serviços.

Para Sader (1995) esta hegemonia se dá, justamente pelo neoliberalismo ser um movimento ideológico como o capitalismo jamais produziu em sua história, são doutrinas coerentes, auto-conscientes, que, para o autor, transformam o mundo: “[...] a sua imagem, em sua ambição estrutural e sua extensão internacional” (1995, p.22).

James (1999) diz ser a expansão do trabalho de baixos salários uma das características mais perturbadoras da economia neoliberal, para ele a força de trabalho empregado durante o ano em tempo integral, caiu de 24,1% em 1964 para 12% em 1974. Em números absolutos o neoliberalismo contribui para o aumento de 7,8 milhões de trabalhadores de baixos salários em 1979, para 14,4 milhões em 1990 (MISHEL, apud PETRAS, 1999). Pochmann (1999) entende que o mundo do trabalho tem sido bastante afetado por estas promoções de medidas voltadas à redução do papel regulador das políticas públicas, criando assim, uma maior heterogeneidade no mercado de trabalho, aumento da jornada e desigualdade social. É o que ele nos traz quando afirma:

Estudos da OCDE mostram que, no médio prazo, nem mesmo um rápido retorno ao crescimento sustentado e durável seria suficiente para reduzir a taxa de desemprego européia, que para o início do próximo século estaria próxima dos 10%(OCDE, 1994 a 1994b). Nos EUA, embora com taxas de desemprego relativamente menores, o emprego gerado é acompanhado de baixa produtividade e qualificação, redução de salários, crescimento do emprego parcial e de tempo determinado [...] (POCHMAM, 1999, p.26).

Com isto, estando a ação pública na desregulamentação do mercado de trabalho e redução de custos do trabalho em meio ao acirramento da concorrência desregulada (bem regulada

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pelo mercado), favorecem o abandono da ação estatal na normatização das relações econômicas individuais, setoriais nacionais ou internacionais.

Para o autor, é retirada do Estado nacional, a capacidade de implemento de políticas macroeconômicas voltadas ao pleno emprego e políticas sociais para uma melhor distribuição de renda, daí se agravam os problemas da pobreza e renda dificultando estes países obterem um ciclo de crescimento e desenvolvimento econômico.

Da mesma forma, Singer (1998), destaca que as relações de produção do capitalismo estão sofrendo mudanças radicais, implicando numa crescente exclusão social, como resultados do desemprego. Os novos postos de trabalho que têm surgido não oferecem garantia alguma, pois surgem em função das tecnologias e da divisão internacional do trabalho, que nada têm a ver com leis e contratos anteriormente estabelecidos.

A precarização do trabalho assume forma de relações informais e incompletas de emprego, gerando insegurança no mundo do trabalho, é o que experimenta todos os países capitalistas, quando utilizam contratação de trabalhadores temporários, de tempo parcial, em domicílio, aprendizes e estagiários (MATOSO apud SINGER, 1998). Entende-se que o neoliberalismo provocou retrocesso nas políticas sociais, agravando as desigualdades em todo o mundo, caracterizando-se como políticas econômicas de exclusão social.

4-CONCLUSÃO

O mundo do trabalho, de fato, vem sofrendo mutações advindas do desenvolvimento do capitalismo. O aumento do grau de exploração, redução dos salários, aumento acentuado de inúmeras formas de precarização do trabalho com a expansão do trabalho parcial, temporário, subcontratado, terceirizado e informal são tendências criadas na tentativa de saída da crise estrutural do capital.

O capitalismo vem procurando responder as suas crises, que são inerentes a sua própria lógica de existência, através de vários mecanismos de racionalização do processo de produção como foi visto através dos modelos tayloristas, fordistas e a acumulação flexível. Com isto, o trabalho foi fragmentado, é mais heterogêneo e diversificado, houve uma perda significativa de direitos e uma maior exploração do trabalho, tornando as relações de trabalho cada vez mais precarizadas.

Entende-se que o modo de produção capitalista vem transmutando em seu processo de desenvolvimento e, mais precisamente a partir de 1973, traz profundas modificações no processo de produção e na maneira como se utiliza a mão de obra, a chamada acumulação

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flexível, expressa bem a mudança no padrão de acumulação do capital. As bases dessa mudança têm seus fundamentos materiais nas mudanças tecnológicas e organizacionais. Para isto, foi fundamental um novo modo de regulação, um novo tipo de Estado que desse respostas aos objetivos de acumulação propostos pelo capitalismo, que em suas crises pudesse superar a queda nas taxas de lucros, como ocorreu com o esgotamento do padrão taylorista-fordista. Nasce, assim, o Estado neoliberal que inaugura uma nova fase para o capitalismo cuja prioridade foi elevar o patamar de acumulação, gerando conseqüências danosas ao campo social e ao mundo do trabalho.

A competitividade e a sobrevivência das empresas passam a ser determinantes para o aumento brutal da exploração da força de trabalho em escala mundial. A mão de obra tem que se adequar às necessidades do mercado, que se estrutura a partir de um mínimo de trabalhadores. Assim, é preciso ser polivalente para assumir qualquer posto que se faça necessário, surge assim, o princípio de multifuncionalidades, pois o trabalhador deve ser capaz de desenvolver uma série de competências para estar inserido no mercado.

Com a automação e a evolução dos processos produtivos na acumulação flexível, o mundo do trabalho intensificou a alienação do trabalhador, que destrói a autonomia do trabalho e transforma o homem em apêndice da máquina. O capital ignora os limites fisiológicos e mentais do trabalhador, que cumprem jornadas longas de trabalho, e alienado a isto, o trabalhador não tem outra alternativa a não ser qualificar-se para estar no mercado ou cair na informalidade.

5-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Ana Elizabeth Santos. Qualificação e trabalho bancário no contexto da

reestruturação produtiva. Vitória da Conquista/BA: Edições UESB, 2005.

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaios sobre a negação do trabalho. São Paulo: Editora Bom Tempo, 2005.

BRAVERMAM, Hary. Trabalho e capital monopolista e a degradação do trabalho no

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HARVEY, David. Condição Pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1992.

MARX, Karl. O capital: Crítica a economia política. O processo global de produção capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, [198?]. livro terceiro v.4

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SOARES, Laura Tavares. O que é o ajuste neoliberal. São Paulo: Editora Vozes, 2000. (coleção outra margem)

DRUCK, Graça. Globalização, reestruturação produtiva e movimento sindical. Revista CRH, n.1, UFBA, 1996.

BRAGA, Ruy. A crise contemporânea como crise orgânica do capitalismo tardio. In: KATZ Cláudio, COGGIOLA Osvaldo. Novas tecnologias: Crítica a atual reestruturação produtiva. São Paulo: Editora Xamã, 1995.

CARCANHOLO, Dias Marcelo. Globalização e o neoliberalismo: os mitos de um (pretensa) nova sociedade. In: MALAGUTI, L LUIZ Manoel. Et al (orgs). A quem pertence o amanhã? São Paulo: Edições Loyola, 1997.

JAMES, Petras. Armadilha neoliberal e alternativas para América Latina. São Paulo: Xamã, 1999.

SADER, Emir, GENTILI Pablo (orgs). Pós-neoliberalismo: as políticas sócias e o estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1995.

POCHMANN, Marcio. O trabalho sob fogo cruzado. São Paulo: Contexto, 1999. SINGER, Paul. Globalização e desemprego: diagnósticos e alternativas. São Paulo: Contexto, 1998.

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