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ACESSIBILIDADE EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: estudo de caso no Residencial Waldemar Rolim

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ACESSIBILIDADE EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL:

estudo de caso no Residencial Waldemar Rolim

CALADO, Giordana Chaves(1);

ELALI, Gleice Azambuja (2)

(1) UFRN, Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo e-mail: giordanacalado@hotmail.com

(2) UFRN, Doutora em Arquitetura e Urbanismo. e-mail: gleiceae@gmail.com

RESUMO

Este artigo utiliza como objeto de estudo o Residencial Waldemar Rolim, em Parnamirim-RN, integrante do Programa Minha Casa Minha Vida. Seu objetivo é analisar a acessibilidade na Habitação de Interesse Social (HIS), frente às exigências normativas. Partindo do estudo da legislação, a pesquisa de campo verificou sua aplicação em casas indicadas como acessíveis em um projetos de HIS. Para tanto foram avaliadas duas unidades habitacionais, por meio de análise técnica e da opinião dos seus usuários-com-deficiência (um deficiente motor e um idoso). Tendo em vista a dificuldade de acomodação e condições de uso resultantes do favorecimento de algumas áreas em prejuízo de outras, os resultados apontam para construções que não correspondem às indicações mínimas de acessibilidade, exigindo o cumprimento dos critérios estabelecidos, o que aponta para a necessidade de projetos mais adequados e fiscalização mais cuidadosa.

Palavras chave: acessibilidade; habitação de interesse social; pessoa com deficiência e idoso.

ABSTRACT

This paper has used Waldemar Rolim Residential, in Parnamirim-RN, of “Minha Casa Minha Vida” Program as object of study in order to examine the accessibility in Social Interest Housing. Methodology has arisen of a literature search, based on the study of the legislation and its application in residential units called accessible through technical analysis and opinion of a disabled person and elderly. Given the difficulty of accommodation and conditions of using, resulting from favoring of some areas to the detriment of others, results point to buildings that do not meet accessibility by requiring compliance with the established criteria.

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1. INTRODUÇÃO

Entre as diversas tipologias do ambiente construído, a habitação desponta como espaço mais importante para o ser humano, tendo em vista a sua transformação em algo no qual a pessoa se apropria e transforma para atender as suas necessidades, “buscando encontrar sua identidade e fazendo prevalecer seu direito à privacidade e ao convívio familiar” (SANTOS, 2001 apud CIRICO, 2001).

A habitação visa satisfazer o homem em suas necessidades físicas, compreendendo fatores socioculturais, econômicos e espaciais. Garantir moradia digna, que atenda todas as necessidades do ser humano é ponto crucial no momento em que se buscam formas de promover a inclusão social. Assim, entendendo que as condições de liberdade e de proteção física concorrem para definir o papel das pessoas na sociedade, a habitação de interesse social (HIS) mostra-se uma importante estratégia de inclusão social, uma vez que atende à população com a renda familiar mensal de três salários mínimos ou menos.

Com relação à HIS, embora desde 2004 a acessibilidade física tenha sido garantida – por meio de dispositivos legais como o Decreto 5.296 de Dezembro de 2004 que determinou a adoção de tipologias construtivas livres de barreiras arquitetônicas e urbanísticas –, somente a partir de 2011, com a instituição do Plano Nacional dos direitos das pessoas com deficiência (PDs), popularmente conhecido como “plano viver sem limite”, foi garantido o acesso desta camada da população à habitação adaptada.

O problema da acessibilidade no ambiente construído é agravado se levarmos em conta o déficit habitacional Municipal no Brasil, apontado, pela Fundação João Pinheiro, em parceria com o Ministério das Cidades a partir dos números do Censo 2010, déficit de 6,940 milhões de unidades, sendo 85% na área urbana. O suprimento destas edificações deverá contemplar as necessidades das pessoas ao longo de todo o seu ciclo de vida. Além disso, é preciso destacar que cerca de 50% das pessoas com deficiência situam-se na faixa de renda mais baixa, ou seja, percebem menos de três salários-mínimos. Até 2001, de acordo com SANTOS (2001), a grande maioria dos conjuntos habitacionais projetados para abrigar as classes economicamente, menos favorecidas, não haviam incluído a acessibilidade como requisito mínimo de projeto.

Apesar de, por muito tempo, haver desconsiderado a questão da acessibilidade em seus projetos, a política habitacional brasileira, recentemente, passou a elaborar exigências legais e normativas destinadas a tornar o meio físico acessível às PDs, intensificando a luta de forma oportuna, dada a importância em destinar regras para a HIS, notadamente para o programa habitacional Minha Casa Minha Vida (PMCMV).

Focalizando a acessibilidade nas habitações do PMCMV, esta pesquisa escolheu o Conjunto Residencial Waldemar Rolim localizado no situado no Vale do Sol, município de Parnamirim/RN, com o objetivo de analisar as edificações e áreas comuns a fim de verificar sua acessibilidade frente às exigências normativas. Apresentando o trabalho realizado, esse artigo está subdivido em quatro subitens: breve apreciação sobre a legislação brasileira aplicável à HIS acessível, método da pesquisa, principais resultados e considerações finais.

2. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE A HIS ACESSÍVEL

Para facultar às pessoas com deficiência o acesso com a eliminação ou a redução das dificuldades por eles enfrentadas no cotidiano a Legislação brasileira, constituiu dispositivos constitucionais, leis, decretos e outras normas voltadas a garantir os direitos de tão expressivo contingente de brasileiros. Esse contingente de pessoas depende de uma série de políticas públicas de inclusão, especialmente nas áreas de educação, saúde e trabalho,

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para que possam exercer sua cidadania em plenitude. Desde a promulgação da Constituição Federal e a aprovação de legislação decorrente, houve muitos avanços no plano institucional, no sentido de criar condições para que as pessoas com deficiência possam conduzir as próprias vidas de modo autônomo.

O livre acesso ao espaço construído e a toda infraestrutura urbana é legalmente garantido a todas as pessoas, independente de qualificação física. No tocante à pessoa com deficiência, essa garantia está explícita em algumas leis específicas e sob este prisma, a legislação brasileira estabelece normas gerais e critérios básicos de acessibilidade ambiental para espaços urbanos e diversos tipos de edificações. Para garantir a correta execução dos elementos que constituem a acessibilidade de um espaço, devem ser utilizados os parâmetros e critérios das normas técnicas de acessibilidade ambiental, ou seja, a legislação determina a aplicação da NBR 9050 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS), sendo que, as determinações limitam-se aos espaços públicos e de uso comum, delegando a responsabilidade de regramento às legislações municipais ou estaduais específicas que por si, contemplam somente estes espaços.

Por sua vez, a acessibilidade física na HIS é garantida por dispositivos legais, dentre eles o Decreto 5.296 de Dezembro de 2004, Seção 3, com destaque para o art. 28 que, entre outras considerações decreta a definição de projetos e adoção de tipologias construtivas livres de barreiras arquitetônicas e urbanísticas. Interessa, ainda, a lei 10.098 que, no seu capítulo V, art.15, determina uma reserva mínima do total de unidades construídas para atender as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Esse direito é ratificado com a recente Lei Brasileira de Inclusão que determina no Art. Nº 13.146 que determina no Art. 32 a reserva de, no mínimo 3% (três por cento) das unidades habitacionais para pessoa com deficiência.

Em respeito ao que determina o Estatuto do Idoso no Inciso I do artigo 38, 3% (três por cento) das unidades habitacionais devem ser destinadas a população idosa, Paralelamente, o Decreto 7.612:2011 instituiu o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Viver sem Limite, que por sua vez especifica idêntico percentual das unidades habitacionais para pessoas com deficiência. Exemplo disso é o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), instituído pela Lei nº 11.977, de 7 de Julho de 2009, que disponibiliza recursos e uma parceria com os estados, municípios e a iniciativa privada, na qual estes contribuem com a isenção de impostos além da oferta do terreno, já o setor privado, participa com a construção das casas.

A Portaria Nº 610 de 26 de dezembro de 2011 dispõe sobre os parâmetros de priorização e sobre o processo de seleção dos beneficiários do programa, cujo objetivo é apresentar critérios e procedimentos durante a escolha no âmbito do Programa Nacional de Habitação Urbana – PNHU com referência às operações realizadas com os recursos transferidos ao Fundo de Arrendamento Residencial – FAR e ao Fundo de Desenvolvimento Social – FDS e às operações do PMCMV em municípios com população de até cinquenta mil habitantes realizadas por meio de oferta pública de recursos.

Para favorecer as pessoas com deficiência, o governo federal propõe através do programa “Viver sem Limite” adequar a moradia conforme a deficiência assinalada pelo morador no ato da sua inscrição no programa MCMV. O Programa visa à contratação de casas adaptáveis e a oferta de kits de adaptação adequado à condição física, sensorial e intelectual, do usuário em pelo menos 3% das moradias, conforme apresentação no Quadro 1.

Saliente-se que, para a habitação receber os kits, deverão dispor de espaços adequados a todas as necessidades, assim como disponibilizar acessos e espaços bem dimensionados, que proporcionem conforto, segurança e bem-estar aos moradores. Para tanto, o projeto deve considerar as dimensões de área de manobra e do módulo de referência, além de

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possibilitar flexibilidade de acesso ao mobiliário e aberturas, permitindo que todos os movimentos e deslocamentos internos sejam realizados de forma independente pelo morador com mobilidade reduzida.

No Rio Grande do Norte, o desenvolvimento de tais programas revela a preocupação com a moradia em cumprimento às regras, tendo, algumas prefeituras, edificado conjuntos habitacionais, respeitando a prerrogativa de destinar parte das unidades para a população deficiente e idosos. Sensíveis a tais transformações, reforçamos a nossa disponibilidade em referendarmos a acessibilidade nos espaços habitacionais mencionados.

Deficiência Física Nanismo Visual Auditiva Intelectual

Barra com puxador horizontal na porta do banheiro

Barras de apoio na bacia sanitária Barras de apoio no boxe do chuveiro

Torneiras de fácil acionamento - alavanca

Banco articulado para banho

Fita reflexiva para sinalização de degraus Contraste de cor entre paredes, piso e portas

Rebaixamento de pias, chuveiro, torneiras, quadro de luz, interruptores

Campainha com sinalização luminosa estroboscópica e vibração em todos os cômodos

Interfone com vídeo

Acionadores elétricos com sinalização em relevo

Fixador de portas

Quadro 01: Critérios de acessibilidade de acordo com a deficiência Fonte: Plano Viver sem Barreiras, trabalhado pelas autoras.

3. MÉTODO DA PESQUISA

A metodologia adotada baseia-se no modo exploratório, com abordagem qualitativa, fundamentada na pesquisa bibliográfica. O tipo utilizado adequou-se satisfatoriamente, correspondendo ao interesse voltado para análise da aplicação da legislação no local estudado.

A pesquisa de campo dividiu-se em três etapas: a primeira, destinada ao levantamento de dados da edificação, com a verificação no número de unidades destinadas às pessoas com

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deficiência e idosos; análise dos projetos arquitetônicos. A segunda com base na avaliação técnica das áreas comuns, tais como, acesso; circulação; área de lazer para em seguida serem examinados os apartamentos das pessoas com deficiência e idosos. A terceira fase correspondente às entrevistas com moradores referenciados.

Entre as 31 torres do Residencial Waldemar Rolim, o estudo focalizou, em especial, duas unidades de apartamentos selecionados previamente, ocupados por uma pessoa com deficiência e por um idoso com problemas de mobilidade, os quais se mostraram disponíveis para participar da pesquisa e assinaram o TCLE.

Foram analisadas as áreas comuns e as áreas internas das unidades habitacionais, exigindo-se a correspondência com a NBR 9050, uma vez que, no projeto da edificação, todas as áreas devem estar em sintonia com a legislação, a exemplo da existência de rotas acessíveis para todos os ambientes. Além da NBR 9050, a análise técnica considerou os critérios indicados pelo código de obras de Parnamirim e legislação complementar. Para tanto, foi elaborado um roteiro de análise incluindo os pontos a serem investigados, o que também possibilitou confrontar os dados levantados em campo com o projeto arquitetônico original.

A entrevista priorizou a satisfação do usuário com deficiência em relação ao empreendimento. Ressalte-se que o número reduzido de entrevistados se deu em razão do pequeno número de PDs detectados, e da ausência de algumas destas pessoas em suas casas no período determinado para a pesquisa.

4. RESULTADOS

4.1. Primeira etapa: levantamento dos dados

O condomínio Habitacional Waldemar Rolim foi edificado pela Construtora Método Construtivo, foi entregue às famílias beneficiadas pelo PMCMV em 29/11/2011. O empreendimento está implantado em 24.157,11m² de terreno, contando com 23.360,53m² de área construída. Ele é composto por 31 blocos de 4 pavimentos (16 apartamentos cada); há uma vaga de garagem/apto, além de área de lazer com quadra poliesportiva, play-ground, salão de festas, apoio de cozinha/ bar e banheiros. Em cada torre, os quatro apartamentos do pavimento térreo são adaptáveis (Figuras 1 e 2).

De acordo com o Plano Viver Sem Limites habitações adaptáveis são aquelas que possuem todos os ambientes (incluindo banheiro) com: espaço para manobras de cadeira de rodas, portas com vão livre de 80 cm, maçanetas de alavanca a 1 m de altura; previsão de área de aproximação para abertura das portas e área de manobra para cadeira de rodas de 180o em todos os cômodos; Piso com desnível máximo de 1,5 cm; banheiro com largura mínima de 1,50 m; box para chuveiro com dimensões mínimas de 90 cm x 95 cm; área de transferência ao vaso sanitário e ao box, instalações elétricas com tomadas baixas, a 40 cm do piso acabado; interruptores e interfones e tomadas altas a 1m do piso acabado; lavatório suspenso sem coluna e torneira com acabamento de alavanca ou cruzeta.

Apesar da especificação das necessidades exigidas para o Plano Viver sem Limite, observou-se nos projetos arquitetônicos que os apartamentos adaptáveis destinados às pessoas com deficiência e idosos não atendem ao dimensionamento das circulações e ambientes e área para aproximação frontal do lavatório e bancada da cozinha. A adequação aparece somente, no caso da implantação de barras de apoio no banheiro e de portas com 80cm de largura, o que não é suficiente para caracterizar a acessibilidade. Ao mesmo tempo,

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a redução dos espaços reflete sobre o espaço adicional, dificultando a realização da rotação da cadeira de rodas em diversos ambientes.

Figura 01: Apartamento convencional Figura 02: Apartamento adaptável

Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

4.2 Segunda etapa: Avaliação técnica

De modo geral, podemos afirmar que o empreendimento não atende à legislação de acessibilidade, revelando inadequações, tanto nas áreas comuns quanto na parte privativa dos apartamentos destinados a pessoas com deficiência e idosos. Chamou a atenção, a depredação de ambientes na área de lazer, a ausência de bancadas e sanitários e os sinais de pichação em paredes, conforme apresentados entre as imagens logo em seguida: Áreas Comuns:

Área comum: Acesso, circulação externa, estacionamento e área de lazer

 Interrupção de rotas acessíveis com piso trepidante e/ou desnível (Figuras 05, 07 e 08);

 Vaga de garagem com pavimentação inadequada e sem faixa adicional paralela a vaga para acomodação da cadeira de rodas (Figura 06);

Presença de desníveis no acesso ao salão de eventos e play-ground (Figura 10);  Lixeiras implantadas em locais invadindo a circulação;

 Circulação entre os blocos de apartamentos com largura inferior a 1,20m (Figura 06);

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Figura 05: Piso trepidante Figura 06: Inclinação transversal acentuada

Fonte: Acervo da pesquisa Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 07: Interrupção da rota acessível Figura 08: Interrupção da rota acessível

Fonte: Acervo da pesquisa Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 09: Cozinha Figura 10: Desnível no acesso depredada ao parque infantil

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Figura 11: Banheiro Figura 12: Ausência de identificação depredado tátil no porteiro eletrônico

Fonte: Acervo da pesquisa Fonte: Acervo da pesquisa

Apartamentos

Com relação aos apartamentos, entre as unidades analisadas (Figura 13), uma serve de abrigo de uma família com três pessoas, sendo um deficiente físico que utiliza cadeira de rodas e a outra pertencente a um idoso que aparentemente não apresenta restrições em sua locomoção, morava sozinho em razão de uma recente viuvez. Constatamos divergência entre o projeto arquitetônico e o banheiro que, diante da necessidade de ser ampliado para facilitar a rotação da cadeira de rodas, gerou um novo problema, o quarto sofreu redução em sua dimensão, comprometendo assim o uso e a distribuição da mobília, visto que, tornou-se impossível distribuir no quarto a cama, guarda-roupa e ainda sobrar espaço para o acesso e circulação livre. Com relação aos demais cômodos do apartamento, permaneceram conforme o projeto original destinado aos que não possuem deficiência.

Figura 13: Planta baixa do apto adaptado

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Figura 14: Lavatório com coluna não permite aproximação frontal da cadeira de rodas.

Figura 15: Ausência de local para acomodação da cadeira de rodas

- Do usuário de cadeira de rodas:

A dimensão dos ambientes não permite a utilização da cadeira de rodas, cabendo destacar que os apartamentos destinados à pessoa com deficiência possuem a mesma área útil dos demais. A dimensão do banheiro foi ampliada, porém existem problemas com relação à coluna no lavatório e o local para acomodação da cadeira de rodas (Figuras 14 e 15). Além disso, a ampliação do banheiro reduziu o tamanho do quarto. Outras questões emergentes:

 A área do apartamento não permite a acomodação da cadeira de rodas no apartamento, sendo necessário deixar uma na área comum do prédio.

 Ausência de área para manobra da cadeira de rodas;

 Comandos de acionamento como maçanetas, torneiras não são de alavanca, pressão ou sensor eletrônico, dificultando a manipulação do idoso;

 Comandos das janelas altos impedem o acesso manual do usuário de cadeira de rodas.

Fonte: Acervo da pesquisa Fonte: Acervo da pesquisa

- Do idoso

O apartamento do idoso apresenta as mesmas distorções daquele destinado ao deficiente. Levando-se em consideração sua dificuldade de mobilidade, não vislumbramos a adequação necessária à idade, como exige a NBR 9050, evidenciando-se problemas com relação ao uso do banheiro e cozinha Figuras 16 e 17), bem como na circulação interna dos demais cômodos (Figuras 18 e 19).

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Figura 16: Banheiro Figura 17: Cozinha

Fonte: Acervo da pesquisa Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 18: Ausência de área Figura 19: Ausência de área para circulação para circulação

Fonte: Acervo da pesquisa Fonte: Acervo da pesquisa

Em síntese, nos apartamentos analisados apenas dois dos critérios especificados no Plano Viver sem Limites atendem aos aspectos de acessibilidade, sendo evidente o despreparo do espaço para atender os usuários de cadeira de rodas. Portanto, em termos técnicos, o projeto e a execução do empreendimento apresenta falha em todos os critérios de acessibilidade.

4.3 Terceira etapa: Entrevista

Nas entrevistas foi perguntado: o que a PD achava da acessibilidade nas áreas externas e nos apartamentos, bem como investigada sua opinião específica a respeito dos banheiros, dos espaços de circulação e área de lazer.

A princípio, os entrevistados fizeram questão de demonstrar satisfação com a nova moradia, não identificando obstáculos em relação ao espaço físico, deixando claro o desconhecimento com o quesito acessibilidade e o medo de desagradar. É importante destacar que os moradores fazem questão de demonstrar satisfação com a aquisição da casa própria, o que dificulta a revelação dos problemas gerados pelo ambiente inadequado.

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Porém, na continuidade da conversa, após se descontraírem, foram reveladas algumas, dificuldades, entre as quais, a necessidade de guardar a cadeira de rodas na escada de acesso aos demais pavimentos (por não haver espaço no apartamento, e problemas no dimensionamento das habitações. Além disso, o entrevistado em cadeira de rodas relatou também preferir ficar na calçada interna do empreendimento, onde desfruta de maior espaço para circular, o que comprova a falta de um projeto adequado as PDs.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A funcionalidade dos espaços deve oferecer um maior grau de independência, proporcionando conforto para seus usuários. Na verdade, quem possui deficiência são os meios de transporte, comunicação e edificações em geral. É preciso facilitar o “ir e o vir”, com menos transtornos, como mais um ato da vida diária. Portanto, o conceito de acessibilidade é requisito fundamental para Inclusão Social, ressaltando a importância de projetos arquitetônicos verdadeiramente inclusivos para atender de forma eficaz os usuários que possuem deficiência.

Embora concordemos com SUCZS et al (2006) quando afirma que “a moradia parece ter como único objetivo oferecer um teto com o menor custo possível, gerando por vezes verdadeiras injúrias arquitetônicas e sociais”, a questão habitacional, grande gargalo da administração pública brasileira, convenhamos, deu alguns passos em direção a diminuição do déficit habitacional.

É bem verdade que, a constante miniaturização, como é o caso dos apartamentos do “Waldemar Rolim” que priorizaram a definição da área de forma igual para deficientes e não deficientes, dificulta a promoção da acessibilidade. O ato de destinar maior área para o banheiro de forma inadequada, implica na necessidade de se reavaliar esta maneira de conceber o espaço, no sentido de evitar a criação de outras barreiras.

Dentro desta premissa, torna-se imprescindível a projeção de ambientes verdadeiramente voltados para as pessoas com deficiências, pois as adaptações de última hora ou o suposto cumprimento às regras não são capazes de tornar o ambiente acessível.

Por outro lado, questionamos o ínfimo percentual de casas denominadas acessíveis. E se os moradores, considerados “normais” em algum momento da vida, por motivo de doença ou acidente necessitarem de um banheiro ou de quarto que lhes dê condição de circular livremente? É preciso lembrar que, o espaço acessível serve não apenas para deficiente, mas, facilita a vida de todas as pessoas.

Portanto, pautamo-nos em Cambiaghi: (2007) “pensar acessível é partir da concepção de um projeto plenamente utilizável por todos”. As normas técnicas são os referenciais mínimos para garantir a funcionalidade”. A sua sugestão se volta para a utilização do Desenho Universal cujo conceito indica o acesso e uso confortáveis para os usuários sentados ou em pé; o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários sentados ou em pé; o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários sentados ou em pé; Acomodar variações ergonômicas, oferecendo condições de manuseio e contato para usuários com as mais variadas dificuldades de manipulação, toque e pegada; Permitir a utilização dos espaços por pessoas com órteses, como cadeira de rodas, muletas, entre outras, de acordo com suas necessidades para atividades cotidianas. É uma prática ainda não muito discutida e sem amparo técnico, porém necessária como forma de reduzir as desigualdades e incluir as pessoas com deficiência na sociedade.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 9050/2004: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BRASIL / COORDENADORIA NACIONAL PARA INTEGRAÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA, ACESSIBILIDADE. Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), 2005.

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CÍRICO, L. A. Por dentro do espaço habitável: uma avaliação ergonômica de apartamentos e seus reflexos nos usuários. 2001 140f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

DISCHINGER, Marta et al. Desenho Universal nas escolas – acessibilidade na rede municipal de ensino de Florianópolis. Florianópolis: Grupo PET/Arq/SESu, Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2004.

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