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ACERVOS ESCOLARES E A PRODUÇÃO DE BANCO DE DADOS: UMA OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA EM ANDAMENTO

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

UMA OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA EM ANDAMENTO

Renata dos Santos Alves1 - UFPel Patrícia Weiduschadt2 - UFPel Eixo – História da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Escolas e documentos guardam memórias. É a partir de memórias inscritas em documentos de escolas que o processo de pesquisa neste texto narrado ganha possibilidade. O encontro com dois acervos documentais constituídos por documentos de escrituração escolar de escolas situadas no interior dos municípios de Pelotas/RS e São Lourenço do Sul/RS desativadas durante o processo de nucleação escolar orientou estudos e pesquisas no campo da História da Educação. O encontro com os acervos ocorre por meio de projetos e estudos acerca de acervos escolares, memória e escola rural. Projetos que tem como temáticas norteadoras a Educação do Campo, a memória e a cultura local, temáticas que tem espaço na proposição de pesquisa acadêmica no contexto da pós-graduação. Em decorrência da importância da salvaguarda de tais acervos um desdobramento desta pesquisa será a produção de banco de dados e categorias de análise sobre a educação rural nos municípios de Pelotas e São Lourenço do Sul formado por fontes documentais e orais. O objetivo deste escrito é narrar e refletir sobre o movimento de organizar tal produção. O banco de dados é utilizado como instrumento metodológico de organização das fontes históricas bem como espaço de categorização dos elementos em análise, portanto, consideramos tal fazer como processo da operação historiográfica (Certeau, 1982). Narramos ações já realizadas na constituição do banco de dados analisando algumas possibilidades de pesquisa e o mapeamento de categorias de análise nos documentos orais e escritos já arquivados. A escrituração escolar é compreendida enquanto artefato de memória que descreve e indica memórias construídas a partir do fazer coletivo que permeia o espaço escolar. Utilizado como instrumento metodológico a construção do banco de dados e a elaboração de categorias de análise tem organizado o trabalho da pesquisa nos aspectos quantitativos, mas também qualitativos das temáticas e fazeres representados nos documentos.

Palavras-chave: Acervos Escolares. Operação Historiográfica. Escrituração Escolar.

1 Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Membro do Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (CEIHE/UFPel). Pesquisadora do Núcleo Educamemória (IE/FURG). E-mail: renatasalvees@gmail.com.

2 Doutora em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Professora efetiva da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Pesquisadora vinculada ao grupo Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (CEIHE/UFPel). E-mail: prweidus@gmail.com.

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Introdução

Contar histórias é uma forma de fazer a vida e o mundo existirem, expor percepções da realidade e atribuir sentidos aos fazeres da vida cotidiana. Escrever um pouco da história de um lugar é uma tarefa interpretativa e desafiadora. Uma tarefa que implica busca, reflexão, questionamentos e produção de sínteses interpretativas. Nesse sentido, projetar uma pesquisa no espaço da História da Educação implica em compor uma história com diferentes faces, escrever uma versão dentre diferentes registros e memórias.

O presente trabalho configura-se enquanto narrativa do processo de pesquisar no contexto do campo de estudos da História da Educação. Tal pesquisa está situada no âmbito do Centro de Estudos e Investigações Em História da Educação (CEIHE) vinculado a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e se propõe a problematizar a relação entre identidade étnica e identidade docente e suas implicações para a construção da cultura escolar de escolas em área de imigração pomerana3. Para tanto, acervos escolares apresentam-se como espaços potenciais e centrais a construção da discussão e análises.

Os arquivos escolares têm emergido como temática recorrente no campo de estudos da História da Educação (Vidal, 2005). Tal fato indica a relevância dos arquivos escolares como objeto de estudo e permite refletir sobre a importância da preservação e da conservação da documentação neles depositada. Em linhas gerais, tais circunstâncias permitem evidenciar a importância que os arquivos escolares veem alcançado nos novos caminhos da pesquisa em História da Educação.

Juntamente com seus atores, as instituições escolares produzem diversos tipos de documentos e registros de caráter administrativo, pedagógico e histórico, exigidos pela administração e pelo cotidiano burocrático, que perpassam seu âmbito educativo. Desse modo, as escolas apresentam-se como espaços portadores de fontes de informações fundamentais para a formulação de pesquisas, interpretações e análises sobre elas próprias, as quais permitem a compreensão do processo de ensino, da cultura escolar e, consequentemente, da História da Educação.

3 Os pomeranos são povos originários da Pomerânia e constituem-se atualmente Povos Tradicionais Brasileiros, a medida em que mantêm processos culturais, ritualísticos, de trabalho e de modos de vida específicos. No ano de 2007, foi instituída a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), através da publicação do Decreto nº 6.040/2007 (BRASIL, 2007).

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Vale observar que o trabalho de pesquisar a história das instituições educacionais é facilitado, em certa medida, quando a escola mantém o seu arquivo histórico organizado. Entretanto, os arquivos e os locais onde se guardam os documentos ainda apresentam muitos problemas de acesso e conservação. No fazer desta pesquisa nos deparamos com dois arquivos de escolas. O primeiro deles estava em Escola Polo de Pelotas/RS e o segundo na Secretaria de Educação de São Lourenço do Sul/RS4. Os documentos, sobretudo no primeiro caso, estavam em condições precárias de acondicionamento e guarda. Portanto, uma primeira ação organizada e realizada foi a de salvaguarda do material. Processos de higienização e digitalização do material foram realizados. Com tais ações seguiu a necessidade de organizar tais materiais.

Como pensar tais documentos neste fazer: a partir das necessidades e problemáticas da administração escolar ou com olhar de pesquisadora? Pensar distribuição de espaço ou salvaguarda do material? Documentos de escrituração escolar poderiam ser fontes de pesquisa? Como compreender tais documentos? Como estão organizados aspectos da formação e da trajetória docente pela documentação? Como sistematizar os dados? Estes são alguns dos questionamentos iniciais para que possamos pensar possibilidades e limites da escrituração escolar como fonte de pesquisas em História da Educação. Questões que perpassaram o processo de construção de banco de dados.

Dito isso, neste escrito nos detemos a narrar e refletir o processo de produção do banco de dados. O banco de dados é utilizado como instrumento metodológico de organização das fontes históricas bem como espaço de categorização dos elementos em análise. Narramos as ações já realizadas na constituição do banco de dados analisando algumas possibilidades de pesquisa e o mapeamento de categorias de análise nos documentos orais e escritos já arquivados.

A produção do banco dados e possibilidades de pesquisa

Um banco de dados é quase uma forma de narrativa histórica. Ele é configurado, perfeita ou imperfeitamente, a partir de preceitos e de concepções de mundo (e, dentro desses, das opiniões sobre o problema de pesquisa) do pesquisador. A produção da pesquisa em História inclui escolha de objetos, de conjuntos de fontes, de metodologias e de interlocutores. A organização dos dados faz parte desta produção.

4 O encontro e acesso aos diferentes acervos deu-se a partir de projeto de Ensino-Extensão universitária desenvolvidos pelo Núcleo Educamemória (IE/FURG).

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A decisão técnica de construir um banco de dados permeia escolhas pessoais do pesquisador. Mas, isso não decorre por causa da materialização da organização de dados em formato de bancos. O mesmo poderia ser dito do trabalho do historiador com seus recortes, suas notas, seus instrumentos de organização dos materiais diários de trabalho. A operação técnica que envolve a operação historiográfica assume um lugar fundamental, logo, “Se é verdade que a organização da história é relativa a um lugar e a um tempo, isto ocorre, inicialmente, por causa de suas técnicas de produção” (CERTEAU, 1982, p.78). Uma produção que tem início justamente no gesto de selecionar e de reunir.

A intenção e necessidade de criar o banco de dados é a princípio organizar o processo de análise e os documentos, utilizar uma ferramenta com a qual seja viável reunir os materiais, os dados em um ambiente que permita seleções, buscas e ordenamentos variados sem a perda da informação original. Ressalte-se, contudo que esta tarefa tem suas dificuldades. Criar uma tabela para coletar os dados de uma fonte pode parecer muito simples, em alguns casos, mas não é. Ter trabalhado durante três anos com parte do acervo, conhecer as fontes e, sobretudo, o contexto em que foram produzidas me auxiliaram neste momento. De tal forma que uma de minhas preocupações ao montar o banco de dados e elencar possíveis categorias de dados é a de que ele possa ser acessível a outras pessoas. Pessoas que não estão envolvidas no processo desta pesquisa, mas que possam vir a utilizar o banco de dados em outros espaços de pesquisa acadêmica.

Ao digitalizar os documentos algumas analises já eram visíveis. Mas, é claro uma leitura mais atenta foi realizada verificando assuntos abordados, objetivo do material, verificando principais temas e elegendo unidades significativas. Unidades estas que traduzi em possíveis categorias de análise. Para tanto, parto da categorização dos documentos em um banco de dados construído a partir do software “Microsoft Office Access” (Access). Em síntese, é um sistema de gerenciamento de banco de dados da Microsoft. Escolhi utilizar este programa por dois motivos. Primeiro porque permite a elaboração de diferentes tabelas a partir de diferentes categorizações do material. Segundo porque permite anexar os documentos na própria tabela de listagem o que facilita compartilhar com os grupos de pesquisa o acervo organizado e facilita o acesso ao material.

A imagem abaixo demonstra o arquivo do Banco de Dados – Escolas multisseriadas (Pelotas-SLS) no referido programa:

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Figura 1 - Página inicial do Banco de Dados Escolas Multisseriadas (Pelotas-SLS) no programa Access.

Fonte: Arquivo pessoal das autoras.

Inicialmente os documentos foram organizados em duas tabelas: fontes escritas e/ou impressas; fontes orais. A imagem acima refere-se a tabela das fontes escritas. Opto por esta divisão para melhor considerar na inserção de dados as diferentes características das fontes. Nesse sentido criei diferentes campos de inserção para cada tabela. Para a tabela das fontes escritas estou utilizando os seguintes campos: código (para numeração do material), categorias de análise (inclusão de conceitos, temáticas que visualizo na leitura das fontes), instituição (nome da escola em que o documento foi produzido), anexo (documento em formato pdf), observações (se necessárias) e, por fim, tipo de documento (finalidade do documento: livro de atas, registro de matrículas...).

Quanto as fontes orais utilizo os seguintes campos: código, nome do entrevistado, data da entrevista, categorias de análise, termo de concessão de uso (espaço para anexar o documento), outros anexos (tais como fotos e transcrição das entrevistas) e, por fim, observações. Há de ser ressaltado que a definição de tais campos não se deu de forma imediata. Ela foi sendo definida no processo de organizar os documentos e várias vezes refeita para dar conta de novas informações que a leitura de novos documentos colocavam como necessidade.

As fontes orais são constituídas por entrevistas realizadas com professores das escolas rurais dos municípios de Pelotas e São Lourenço do Sul. Há intenção de dar continuidade a este

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processo com outros professores da região, haja visto o foco desta pesquisa. Até o momento foram realizadas duas entrevistas.

Os dois sujeitos entrevistados atuaram em escolas multisseriadas localizadas no interior de Pelotas. A Escola Ipiranga e a Escola Riachuelo, respectivamente. Foram responsáveis por administrar as instituições além de ocupar a função de professores.

Quanto a tabela de fontes escritas e/ou impressas relaciono abaixo a sistematização dos documentos já inclusos no banco de dados a partir dos tipos de documentos encontrados:

Tabela 1 – Documentos arquivados no banco de dados

Documentos Quantidade de

trabalhos arquivados

Livros de Atas 3

Livro de matrículas 4

Pasta Pedagógica (atividades sugeridas pela

SME) 1

Treinamento de professores de zona rural em

1ª série 4

Plano de estudos 1

Projeto Político Pedagógico 1

Regimento escolar 1

Testes ABC 8

Relatórios anuais 102

Documentos individuais de matrícula 82

Registro de frequência escolar 129

Ficha diagnóstico de escola 8

Censo escolar 26

Ficha cadastro de escola municipal 14

Ficha de prédio escolar 7

TOTAL 397

Fonte: Dados organizados pela autora.

Há, portanto, 16 diferentes ‘tipos de documentos’ já inclusos na organização do banco de dados. No total já se encontram digitalizados, produzidos em formato pdf e listados no banco de dados 397 documentos escritos e/ou impressos advindos da escrituração escolar. Ressalto que a quantidade considerável de documentação se dá sobretudo por ser a aglutinação de documentos de 12 escolas, 3 localizados no espaço rural de Pelotas e 8 no de São Lourenço do Sul. A preservação de tamanho acervo em parte se justifica por ser relativo a documentação oficial das instituições, nesse sentido era obrigatório manter na instituição tais documentos. Com o fechamento das escolas temos duas instituições responsáveis pela guarda da documentação: a escola polo Wilson Müller no caso de Pelotas e a Secretaria Municipal de Educação no caso de São Lourenço do Sul. A primeira, sobretudo, por necessitar quando

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ex-alunos precisam comprovar a escolaridade a fins de aposentaria e a segunda em ação de salvaguarda tendo em vista o processo de nucleação escolar organizado pela esfera municipal. Ao trabalhar com os documentos no fazer de constituir o banco de dados foi necessário problematizar esse material, especialmente nesse caso, que a escrituração escolar e as fontes orais são fonte e objeto de estudo. O conjunto constitui uma diversidade de fontes, espaços e memórias educativas. São produções múltiplas que refletem diferentes dimensões das realidades escolares, das intenções educativas e da produção dos atores educativos. Os documentos apresentam diferentes perspectivas e permitem uma diversidade significativa de dados e de possibilidades de análise. Gostaríamos de elencar algumas possibilidades visualizadas ao trabalhar com o banco de dados.

Vários dos documentos, escritos ou orais, permitem vislumbrar orientações da vida escolar, tensões educativas e administrativas ou mesmo embates entre legislação, prescrições das secretarias de ensino e proposta educativa local. Outros permitem traçar o perfil dos alunos, da comunidade escolar e caracterizar o corpo docente das instituições. É possível também caracterizar o trabalho de gestão e de organização pedagógica das escolas. Dados específicos possibilitam analisar relações entre idade e série, aprovação e reprovação escolar, bem como os índices de evasão escolar.

Percepção e análise dos sentidos atribuídos aos saberes a partir de modelos culturais e pedagógicos priorizados em diferentes tempos do espaço escolar. Diferentes documentos narram processos de ensino-aprendizagem pela ótica do professor. Há também material que desafia o pesquisador a questionar sobre a materialidade dos espaços educativos, sua potencialidade e limites.

Opções pedagógicas e curriculares também se fazem visíveis no conjunto da documentação. Há traços da história do currículo, das disciplinas escolares e das relações pedagógicas. Indicação de festas, exposições, manifestações culturais e atividades extracurriculares que marcaram o calendário das instituições. Detalhes, nuances que possibilitam apreender elementos do cotidiano na sala de aula e dos processos educativos desenvolvidos nesses espaços.

As muitas informações sobre as possibilidades de pesquisa e de categorias de análise colocadas neste escrito podem ser sintetizadas no seguinte esquema:

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Figura 2 – Esquema com possibilidades de pesquisa.

Fonte: Construído pelas autoras.

Temos consciência da dimensão potencial dos documentos. Estamos cientes também que foram elencados mais do que algumas possibilidades de análise como dito anteriormente. Entretanto, fazemos isto para que o leitor, que não esteve em contato com os materiais, possa visualizar o que visualizamos: um lugar de memória que arquiva diferentes dimensões do espaço educativo das escolas do campo.

Considerações Finais

O documento impresso e/ou escrito é uma representação da realidade. Como tal, é preciso considerar que o processo de produção de tal material é um processo seletivo, realizado a partir de escolhas e prescrições de diferentes ordens. Logo, é preciso considerar que os documentos não reproduzem o relato dos fatos tais como aconteceram. Compreender tais representações implica compreender que os processos de memória não são lineares. A memória é construída por entrelaçamentos de tempos, vivências e significados.

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Nessa dinâmica, memórias individuais e memórias coletivas encontram-se, fundem-se e constituem-se como possíveis fontes para a produção do conhecimento histórico. Cabe ao historiador problematizar as fontes documentais tendo em perspectiva os objetivos e categorias de análises de sua pesquisa. Cabe ainda a este traçar relações entre os documentos, questionar as fontes e produção uma interpretação histórica possível.

A operação narrada nesse escrito, constitui enquanto lugar de memória. Um lugar de memória é um núcleo significativo, tanto material como imaterial para a memória e as identidades coletivas. Como tal, os lugares de memória são estabilizadores da memória coletiva. Lugares de guarda e de externalização da memória.

Como lugar de memória, a produção do banco de dados constitui-se enquanto um espaço rico de história, pois

[...] memória é a vida, emerge de um grupo que ela une, é múltipla, plural, coletiva e individualizada, é afetiva e mágica, se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto; a materialização da memória está representada nos museus, arquivos, bibliotecas, centros de documentação e banco de dados. (NORA, 1993, p.08)

Os arquivos escolares possuem, via de regra, uma finalidade específica: registrar aspectos que em seu conjunto representam a cultura escolar das instituições. Nos documentos encontrados nestes acervos estão informações diversas que permitem analisar diferentes aspectos da cultura da instituição. Dentre eles a trajetória escolar de indivíduos e grupos e práticas que desenvolveram em seus tempos escolares. Há pertinência em salientar que os documentos de escrituração escolar são documentos oficiais da instituição, portanto, estão permeados por uma cultura escrita envolta na necessidade de registro, listagem, organização e seriação de fazeres. Tais registros orientam práticas e significações atribuídas por seus atores aos fazeres cotidianos do mundo escolar e, mais que isso, representam o poder simbólico do Estado à medida que materializam o regulamento e controle de fazeres dos sujeitos no espaço da instituição.

Nesse sentido, compreendemos a escrituração escolar enquanto artefato de memória à medida que representa em seu conjunto, a memória de ações oficializadas no espaço escolar via instrumento de normatização da ação docente e administrativa. Enquanto artefato de memória os documentos, descrevem e indicam memórias construídas a partir do fazer coletivo que permeia o espaço escolar. Nessa medida, envolvem um conjunto de registros-lembranças que dão conta de traçar rastros de atos de uma memória que é coletiva (Halbwachs, 2006).

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Utilizado como instrumento metodológico a construção do banco de dados e a elaboração de categorias de análise tem organizado o trabalho da pesquisa nos aspectos quantitativos, mas também qualitativos das temáticas e fazeres representados nos documentos. Considerando a operação técnica de estruturar o banco de dados, este fazer já se configura em um primeiro movimento de análise, ao passo que foi preciso buscar interpretar as diferentes informações, identificar os dados e classificá-los.

REFERÊNCIAS

CERTEAU, Michel de. A Escrita da história. Tradução de Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

HALBWACHS Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice Editora, 1990.

NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. In Projeto História, n. 10, p.07-28. 1993. Disponível em:

<https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/12101>. Acesso em: 30 mai. 2017. VIDAL, Diana. Apresentação do dossiê arquivos escolares: desafios à prática e à pesquisa em História da Educação. Revista Brasileira de História da Educação, n. 10, p. 71-73, jul./dez, 2005. Disponível em:<http://www.rbhe.sbhe.org.br/index.php/rbhe/article/viewFile/167/176>. Acesso em: 30 mai. 2017.

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