• Nenhum resultado encontrado

Maria Eduarda da Silva

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Maria Eduarda da Silva"

Copied!
45
0
0

Texto

(1)
(2)

Maria Eduarda da Silva

As Val da vida real: vivências de empregadas domésticas

Relatório Técnico do Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Jornalismo do Centro de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo.

Orientadora: Prof. Leslie Sedrez Chaves.

Florianópolis 2021

(3)

Ficha de identificação da obra

Silva, Maria Eduarda da

Relatório Val da vida real: vivências de empregadas domésticas / Maria Eduarda da Silva; orientadora, Leslie Sedrez Chaves, 2021.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Graduação em Jornalismo, Florianópolis, 2021.

Inclui referências

1.Jornalismo. 2. Empregada Doméstica. 3. Documentário. I. Chaves, Leslie. II. Universidade Federal de Santa Catarina. III. Graduação em Jornalismo

(4)

Maria Eduarda da Silva

As Val da vida real: vivências de empregadas domésticas

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Bacharel em Jornalismo” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Jornalismo

Florianópolis, 05 de maio de 2021.

Prof. Dr. Daisi Vogel Coordenadora do Curso

BANCA EXAMINADORA

Profa. Leslie Sedrez Chaves Dra, Orientadora

Instituição Universidade Federal de Santa Catarina

Profa. Melina de la Barrera Ayres, Dra Avaliadora

Instituição Universidade Federal de Santa Catarina

Isabel Colucci Coelho Avaliadora

(5)

Dedico este trabalho a minha mãe e a todas as trabalhadoras domésticas. Guerreiras e batalhadoras na luta cotidiana por uma vida digna.

(6)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a minha mãe, que além de ser o motivo desse trabalho, foi responsável pela minha permanência nesses mais de quatro anos na graduação, sem ela nada disso teria dado início e continuidade. Foram dias de luta, muitas decisões foram tomadas, umas mais doloridas que outras, para que eu me tornasse não somente uma jornalista, mas uma pessoa boa. Meu exemplo de vida é você, não existem palavras para agradecer por tudo o que tu fazes por mim.

Agradeço às empregadas domésticas que conversaram comigo, que disponibilizaram tempo para que esse documentário acontecesse. Agradeço por terem confiado no meu trabalho para contar suas histórias, sei que as situações atuais não foram as melhores, mas espero que suas vivências sejam ouvidas.

Agradeço aos meus irmãos também, mesmo com as brigas sem vocês eu não seria essa irmã chata que sempre quer dar orgulho para a família toda. Ao meu pai e ao Fabinho eu agradeço pelas palavras que me acalmavam para continuar sempre.

Ao meu namorado, Lucas, obrigada pelo companheirismo, por me fazer acreditar que eu consigo, eu só preciso me organizar e concentrar. Agradeço pelos momentos de leveza que tu trouxeste (mesmo não sabendo) nos momentos em que eu estava mais ansiosa, tu foste porto seguro pra me manter calma. Que possamos dividir mais momentos juntos, obrigada! Agradeço também aos meus sogros e cunhadas por me receberem aos finais de semana e me ouvirem desabafar.

Não posso deixar de agradecer aos meus colegas e amigos de graduação, vocês fazem parte da Madu que está terminando a graduação, em específico As diferenciadas. Ana, Letícia, Bruna, Emily e Paula vocês me fizeram sentir confiança não só nesse trabalho, mas na vida em todos os momentos que conversamos no CALJ, muito obrigada meninas! Aqui também agradeço aos meus amigos fora da graduação, vocês fazem parte disso. João em específico, obrigada por sempre me lembrar que comunicação é um campo gigante eu só preciso escolher com qual eu me identifico.

Agradeço a todos os professores da graduação que durante todo esse período compartilharam comigo seus conhecimentos e me prepararam para uma vida profissional. Em especial, a minha orientadora Leslie, que soube respeitar todo o meu período de ansiedade e pausas necessárias (olha, foram muitas), mas que soube ser essa professora incrível que é. Leslie, você é um ser de luz e eu serei eternamente grata, sem você nada disso teria sentido ou seria realizado, obrigada por tudo!

(7)

Um rápido agradecimento a todas as pessoas que de alguma forma passaram pela minha vida na graduação, todos que me conhecem sabem o quão sou comunicativa e que rápidas conversas às vezes fazem a diferença.

À Universidade Federal de Santa Catarina, que foi minha casa nos últimos quatro anos e meio, aos momentos que vivenciei dentro do campus. Não posso deixar de dizer que a UFSC me permitiu ter uma educação gratuita e de qualidade, me abriu portas e me apresentou a pessoas mais que especiais.

Por último, mas não menos importante, obrigada papai do céu por me permitir vivenciar tudo isso.

(8)

RESUMO

No Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas são trabalhadoras domésticas. Deste número, 92% são mulheres. Uma rotina composta de tarefas que foram atribuídas ao longo dos anos para mulheres como limpar, passar e cozinhar, que são atividades diárias dessas trabalhadoras. Este trabalho de conclusão de curso (TCC) é um documentário em vídeo que tem como objetivo apresentar a realidade de mulheres que vivenciam diariamente esta profissão em Florianópolis. Além disso, faz referência ao filme “Que horas ela volta?” que mostra a história de Val, uma pernambucana que se muda para São Paulo em busca de oferecer uma vida melhor para a filha e trabalha como empregada doméstica. Em segundo plano, o documentário irá abordar as desigualdades sociais presentes na profissão, os traços da escravidão ocorrida no país, já que em sua maioria a profissão é representada por mulheres negras, pobres e de baixa escolaridade.

Palavras chaves: Empregada doméstica; Documentário; Jornalismo; Vivência; Mulheres; Grande Florianópolis

(9)

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DO TEMA 10

2. JUSTIFICATIVA 13

3.PROCESSO DE PRODUÇÃO 15

3.1 DEFINIÇÃO DA PAUTA E PRÉ - APURAÇÃO 15

3.2. APURAÇÃO E GRAVAÇÕES 15

3.3. FONTES 16

3.4. FORMATO E ESTRUTURA NARRATIVA 17

3.5. EDIÇÃO E FINALIZAÇÃO 17 4. RECURSOS E EQUIPAMENTOS 18 5. DIFICULDADES E APRENDIZADOS 18 6.VEICULAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO 19 7.REFERÊNCIAS 20 ANEXO A – Ficha do TCC 21

ANEXO B – Declaração de Autoria e Originalidade 22

(10)

1. APRESENTAÇÃO DO TEMA

A Consolidação das Leis do Trabalho define que o trabalhador doméstico é “aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 dias por semana”.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas mostram que o país ultrapassou a marca de 6,3 milhões de pessoas empregadas na função de trabalhador doméstico no ano de 2019. Ainda que uma porcentagem dos trabalhadores domésticos seja homens na função de jardineiros, motoristas, caseiros entre outros, o trabalho doméstico continua sendo representado por mulheres, são cerca de 92% que trabalham como diaristas e faxineiras.

Aqui no estado de Santa Catarina, o número de empregadas domésticas soma mais de 150 mil, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio realizada pelo IBGE de 2018, e destas, 63% não possuem registro em carteira.

A origem do emprego no país possui relação direta com a escravidão, visto que durante todo o período escravocrata mulheres e homens negros, capturados e transportados ao redor do mundo por meio de navios negreiros, eram vendidos para trabalhar nos afazeres domésticos e nas lavouras. As mulheres também tinham sua força de trabalho explorada, mesmo sendo trazidas em menor quantidade em relação aos homens, pois o valor de venda de uma escravizada era cerca de 10% mais baixo que o de um escravizado. Após serem transportadas em condições desumanas, às quais muitas se quer sobreviviam, as mulheres negras eram forçadas a trabalhar sofriam diversos abusos e violências físicas, sexuais e psicológicas cometidas pelos senhores de escravos e familiares.

Foi um momento da história em que ainda não se falava em dignidade do ser humano, tampouco havia direitos ou leis que os garantissem, sendo assim, permitia-se livremente que as pessoas, no caso os escravos, fossem forçados a trabalhar no pesado e sem limite de tempo, deixando-os sem perspectivas de melhorias de sua condição de vida. (et al Valiati Jusbrasil 2015, p.5).

As mulheres que eram empregadas domésticas após a abolição da escravatura foram incluídas em uma nova categoria, então chamada de "ajuda contratada", visto que as famílias contratavam uma mulher que servia como ajudante que “era enviada pela sua família para outra casa, como um passo intermediário entre a casa de sua família e o matrimônio” (MELO, 1998, p.1).

(11)

Durante a virada do século XIX para o XX, o trabalho que foi dominado pelas mulheres fez parte de um dos setores que mais importantes no universo dos trabalhadores nas grandes cidades, visto que elas foram incorporadas ao sistema produtivo, mas ainda sim com este crescimento o trabalho continuava sendo desvalorizado e discriminado por ter sido originado do período escravocrata do país (Valiati, 2016).

A discriminação relativa ao trabalho doméstico nasce, pois, de sua representação ligada à condição escrava e, consequentemente, à sua desvalorização social. No período escravista, a assimilação da posição social à identidade racial indicava certa equivalência entre a cor e o exercício de certas atividades, ou seja, ser escravo significava ser negro e as atividades realizadas pelos negros, na maioria das vezes, eram atividades desprestigiadas (MELO, 1998, p.455).

Mesmo com os anos que se passaram, as semelhanças com a dinâmica da “Casa grande” permanecem na profissão e tem características que se destacam:

[...] informalidade no trato com a trabalhadora; a perspectiva servil; a ausência de uma jornada de trabalho, na qual a trabalhadora parece estar permanentemente disponível para as demandas familiares; a falta de uma clara percepção da tarefa a ser desenvolvida, sendo que a trabalhadora doméstica não raras vezes realiza afazeres que fogem das prerrogativas do seu trabalho; a desvalorização social e uma gama de outros elementos [...] (FURNO, 2016, p.42).

O termo “casa grande” refere-se à casa da família do proprietário das grandes propriedades rurais do Brasil colonial, ou seja, a família branca e rica que tinha como empregadas escravas negras que moravam na senzala. Atualmente Preta Rara, historiadora, rapper e escritora negra escreveu o livro “Eu empregada doméstica: a senzala moderna é o quartinho da empregada”, que reúne relatos de violências vividas por trabalhadoras em todo país e mostra, que muitas empregadas domésticas vivem em situações análogas ao período escravocrata do país.

Como citado anteriormente, por lei, o trabalho doméstico é aquele que o empregado presta serviço por pelo menos dois dias na mesma residência, mas as empregadas domésticas são divididas em dois segmentos: mensalistas e diaristas.

As mensalistas que são as trabalhadoras com contrato mensal em um único domicílio, e as diaristas que são aquelas que trabalham por conta própria em várias casas de família, recebendo por dia, semana ou mês. As diaristas, principalmente as sem carteira assinada, possuem uma maior renda, ao passo que trabalham na informalidade e não possuem um domicílio fixo como garantia de estabilidade. Já as mensalistas são mais frequentes que as diaristas na atividade, mas apresentam menores rendimentos. Estas diferenças, expressivas entre as profissionais domésticas, demonstram que existe uma certa heterogeneidade na ocupação(Myrrha, Wajnman; 2008, p. 3).

(12)

Apesar da diferenciação na profissão, os casos de desvalorização permanecem. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho doméstico é “uma das ocupações com níveis de remuneração mais baixos no mundo, com médias de salário abaixo da metade do salário médio no mercado de trabalho”.

Mesmo após a abolição da escravidão no Brasil com a Lei Áurea de 13 de maio de 1888, as mulheres que antes eram escravas em senzalas, hoje são as trabalhadoras domésticas. Essas mulheres, vivenciam situações diárias que lhe causam grandes desconfortos, essas mesmas mulheres são representadas na televisão brasileira praticamente todo dia. Elas estão espalhadas pelo país, suas vivências fazem parte do dia-a-dia do brasileiro.

2. JUSTIFICATIVA

Uma reportagem produzida pela BBC News mostra que o número de empregados domésticos no Brasil é equivalente à população da Dinamarca, uma média de três empregados para cada 100 habitantes. A reportagem traz ainda um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada em parceria com a ONU Mulheres, onde é possível observar um retrato evolutivo de raça e gênero do trabalho doméstico, os dados são de 1995 a 2005.

Em 1995, havia 5,3 milhões de trabalhadores domésticos no Brasil. Desses, 4,7 milhões eram mulheres, sendo 2,6 milhões de negras e pardas e 2,1 milhões de brancas. A escolaridade média das brancas era de 4,2 anos de estudo, enquanto que das afrodescendentes era de 3,8 anos.

Vinte anos depois, em 2015, a população geral desses profissionais cresceu, chegando a 6,2 milhões, sendo 5,7 milhões de mulheres. Dessas, 3,7 milhões eram negras e pardas e 2 milhões eram brancas. O nível escolar das brancas evoluiu para 6,9 anos de estudo, enquanto que, no caso das afrodescendentes, chegou a 6,6 anos (Wentzel, 2018).

Os dados apresentam um grupo de brasileiras do qual a minha mãe faz parte. Portanto, a escolha para o tema do Trabalho de Conclusão de Curso está diretamente relacionada à minha vivência pessoal e acadêmica. Filha e neta de empregadas domésticas, cresci vendo as mulheres da minha família trabalharem na casa de patrões e de alguma maneira gostaria de fazer com que elas se sentissem representadas, valorizadas e principalmente ouvidas de alguma forma, já que poucas vezes elas têm essa oportunidade. Também, desde o início do

(13)

curso desenvolvi pautas com o viés social que pudessem ser de interesse público, e com o TCC não podia ser diferente. O trabalho busca contribuir para que profissões que ainda são desvalorizadas, como a de empregada doméstica, possam ser mostradas para o público e que discussões possam ser feitas.

Além disso, ao longo da graduação alguns filmes me ajudaram a compreender como o universo midiático retrata as trabalhadoras domésticas, já que por ser filha de empregada doméstica tive a possibilidade de entender como elas são tratadas na sociedade. Vale ressaltar que fiz algumas vezes faxinas junto com minha mãe e prima .

Em relação aos exemplos da mídia, são vários os filmes que me ajudaram a pensar em como produzir melhor o meu trabalho. Um exemplo é o filme “Que horas ela volta?”de 2015, obra brasileira escrita e dirigida por Anna Muylaert. Protagonizado por Regina Casé, que trata dos conflitos que acontecem entre Val, a empregada doméstica, e os patrões de classe média alta, sendo assim uma crítica às desigualdades da sociedade brasileira. O longa-metragem, também mostra a vivência da Val com sua filha, que precisou se mudar para São Paulo junto com a mãe. Outro filme que não só serviu de referência para o produto final que foi desenvolvido, como também é um trabalho que mostra a mulher negra no papel principal, é o documentário brasileiro "Eu empregada doméstica - A senzala moderna é o quartinho da empregada". O filme foi idealizado por Preta Rara, mulher negra, rapper, arte-educadora e escritora, e conta histórias de empregadas domésticas do estado de São Paulo. Nesta produção, Preta Rara partilha um pouco do que vivenciou, já que também foi empregada doméstica por alguns anos em sua vida, e vale enfatizar que antes do documentário ela escreveu um livro sobre o tema com o mesmo título do filme.

Quanto à justificativa do formato, comecei refletindo sobre as representações de mulheres sendo empregadas domésticas, que são várias: Cheias de Charme, novela com as empregadas que saíram de sua profissão e tornaram-se cantoras; A Diarista, série que conta a história de Marinete e suas vivências nas faxinas; a Bozena, da série Toma lá dá cá, que conta suas histórias de quando vivia em Pato Branco (inclusive é cidade natal minha e da minha mãe); Zezé na novela Avenida Brasil, além de outros casos não citados. Todas essas personagens, além de serem empregadas domésticas, possuem outra coisa em comum: o humor que transmitem, ou seja, são lembradas por serem engraçadas.

Em contrapartida, eu procurei com este trabalho, trazer a verdadeira realidade dessas mulheres. Colocar elas para contarem sua própria história, seja ela boa ou ruim, como é na maioria das vezes. A maneira escolhida para fazer isso foi por meio do documentário, já que

(14)

o “fato de ser um discurso sobre o real e utilizar imagens in loco são características que aproximam o documentário da prática jornalística” (MELO, 2002).

Além disso, ao longo de toda a graduação percebi o gosto por contar histórias e também de entrevistar pessoas. Ambos os gostos estão diretamente ligados, já que faz parte da profissão ouvir as narrativas dos entrevistados para registrar fragmentos de sua vida, seja para uma pequena matéria, como também para uma grande reportagem, ou até mesmo uma reportagem de perfil (Rouchou, 2003).

O tema em si possui relevância social e é de interesse profissional, visto que trata de uma profissão que foi originada no período escravocrata do país e traz para debate as condições de trabalho dessas mulheres e o quanto elas ainda são desvalorizadas na sociedade.

3.PROCESSO DE PRODUÇÃO

3.1 PRÉ - APURAÇÃO

A pauta, inicialmente, foi definida durante a disciplina de Planejamento de TCC do Curso de Jornalismo da UFSC, mais especificamente no final da disciplina em janeiro de de 2020. Já que por conta da greve estudantil de 2019, o segundo semestre foi concluído apenas em fevereiro.

O objetivo inicial, presente no projeto entregue na disciplina, era acompanhar o dia a dia de uma empregada doméstica que trabalha em Florianópolis, desde o momento em que ela acorda, pega o transporte público, chega no trabalho, realiza seu serviço e volta para casa. Porém, em março de 2020 devido à pandemia do novo coronavírus e, consequentemente, a suspensão das aulas não foi possível a realização das entrevistas como planejado. A única empregada que eu poderia acompanhar no trabalho seria a minha mãe, visto que moramos na mesma casa.

O processo de pré-apuração do trabalho teve início como citado acima, em janeiro de 2020 quando realizei as pesquisas bibliográficas para a produção do projeto. Também já fui realizando pesquisas com possíveis fontes que seriam entrevistadas, por meio de colegas da minha mãe, grupos de Facebook e indicações de amigas. Além disso, pesquisei trabalhos com a mesma temática para ter certeza de qual abordagem iria trazer no documentário.

(15)

Toda essa pesquisa se faz necessária para a realização de qualquer produção jornalística, visto que é preciso entender a pauta antes mesmo de começar a realizá-la. O processo de apuração se faz necessário para trazer credibilidade à profissão, que tem ganhado mais importância no momento atual de disseminação de fake news e desinformação (SILVA, et al 2020).

3.2. APURAÇÃO E GRAVAÇÕES

A apuração começou oficialmente em agosto de 2020 quando o semestre deu início após decisão da UFSC de que as aulas seriam realizadas remotamente, em virtude da pandemia do novo coronavírus. Por conta disso, as entrevistas e a apuração do TCC foram realizadas à distância, de forma online.

As entrevistas foram realizadas em setembro e outubro de 2020 e janeiro e fevereiro de 2021, em sua maioria, pela plataforma do Google, o Meet. Cada entrevista durava em média 40 minutos. A única entrevista presencial foi a da minha mãe, já que moramos juntas. Além disso, foram feitas gravações de um dia de trabalho dela na casa da patroa, enquanto ela estava fora de casa.

Imagens de trabalhos realizados em casa foram feitas na minha casa, já que a profissão em questão, tem como função os deveres de limpeza e organização da casa.

O material deste trabalho de conclusão de curso também conta com imagens de filmes, novelas e documentários que trazem representações da empregada doméstica.

3.3. FONTES

As fontes entrevistadas foram:

Evelin dos Santos Basques - 22 anos, natural de Minas Gerais, mora atualmente em

Florianópolis. Estudante de Ciências Biológicas na Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalha como empregada doméstica desde os 18 anos. Filha da Silma (também entrevistada)

Jociele Barbosa - 33 anos, natural de São José, mora atualmente em Biguaçu. Trabalha como empregada doméstica desde os 11 anos. Atualmente faz de quatro a seis faxinas por semana.

(16)

Leandro Assis - 46 anos, roteirista e quadrinista, famoso pelos quadrinhos "Os Santos" e " A Confinada".

Leila da Silva - 42 anos, natural de Pato Branco (PR), mora atualmente em Biguaçu. Trabalha como empregada doméstica desde os 10 anos. Atualmente trabalha em Florianópolis três vezes por semana e faz faxina quando necessário. Minha mãe.

Luana Karoline Gonsaga Mendonça - 28 anos, natural de São Paulo, trabalhou como empregada doméstica durante a graduação em Florianópolis. Chegou na cidade em 2016 e permaneceu até 2020.

Luciana Leite - 44 anos, natural de Minas Gerais, mora atualmente em Florianópolis. Estudante de Psicologia na Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalha para a mesma família há seis anos, começou na profissão aos 20.

Maria Teresa Wiethorn - Advogada trabalhista do Sindicato dos Empregados Domésticos de Florianópolis desde 2001.

Maria Terezinha Floriano - 59 anos, natural de São José, mora atualmente na Palhoça. Trabalha como empregada doméstica desde os 13 anos, está na mesma família hà 37 anos, trabalhou para os pais de sua patroa por 10 anos e está há 27 anos na mesma casa.

Silma da Silva Santos - 41 anos, natural de Minas Gerais, mora atualmente em

Florianópolis. Trabalha como empregada doméstica desde os 15 anos. Atualmente faz de três a quatro faxinas por semana.

3.4. FORMATO E ESTRUTURA NARRATIVA

O formato escolhido para este Trabalho de Conclusão de Curso, como já explicado anteriormente neste relatório, foi o documentário.

No período de pré-apuração, a estrutura narrativa foi dividida em quatro blocos que responderam às seguintes questões: 1) Como começou na profissão? 2) Quais as situações mais complicadas enfrentadas? 3) Quais as vantagens de trabalhar como empregada doméstica? 4) Qual a sua motivação para se manter na luta do dia-a-dia?. Porém, com a pandemia foi necessário trazer o tema para um bloco da pauta. Além disso, com as entrevistas

(17)

realizadas, uma semelhança entre a maioria das entrevistadas foi o assunto referente aos filhos, então um novo bloco surgiu.

No fim, o documentário ficou com seis blocos. A escolha de separar os blocos surgiu com uma reunião com a orientadora e a forma escolhida para separar foi por meio de trechos do livro Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus. O livro escolhido é por conta de Carolina ser uma mulher negra, periférica que sempre fez de tudo para criação de seus filhos.

No primeiro bloco, as empregadas domésticas contam como começaram na profissão. Todas começaram na infância ou adolescência, o que também traz uma problematização ao assunto já que, de acordo com dados da OIT, as meninas dominam o trabalho doméstico infantil no país, são mais de 93% , em números absolutos 241 mil garotas trabalham na casa de terceiros.

O segundo bloco, “Será que os pobres de outro país sofrem igual aos pobres do Brasil?”, traz a realidade da profissão que é ser hereditária. A partir deste bloco alguns casos de assédios sofridos começam a ser retratados.

O terceiro bloco tem como abertura caso da Madalena Gordiano, empregada doméstica que viveu por 38 anos em situação análoga à escravidão. O bloco é intitulado “Compreendo que naquela época os escravizadores eram ignorantes” essa frase de Carolina mostra que, apesar da escravidão ter acabado, ainda existem mulheres que passam por situações cotidiandas relacionadas à escravidão.

No quarto bloco, “Os meus filhos não são sustentados com pão da igreja. Eu enfrento qualquer trabalho para mantê-los", as mulheres contam as situações por que passam e passaram para que seus filhos possam ter uma vida melhor, e também casos em que os filhos sofreram, já que alguns foram com as mães trabalhar.

O quinto bloco “Mas, o pobre não repousa. Não tem o privilégio de gozar descanso" conta quais foram as dificuldades sofridas ao longo da pandemia e de que forma ela afetou essas trabalhadoras, já que não é possível realizar a função de empregada doméstica de forma remota.

A última parte, “Eu não estou descontente com a profissão que exerço”, traz a parte boa que hoje essas mulheres encontraram na profissão. Algumas permanecem como empregadas domésticas hoje por opção, já que trabalham para uma família que lhes respeita como trabalhadoras.

(18)

3.5. EDIÇÃO E FINALIZAÇÃO

A edição do material foi realizada no programa Adobe Premiere Pro CC 2020 no meu notebook pessoal. Após cada entrevista realizada, já fui separando os trechos que iriam entrar na proposta e assim transcrevendo somente o que usaria. Além disso, já fui montando o roteiro para que, após todas as entrevistas realizadas, eu só precisasse montar os trechos na timeline com a ordem correta. Após a conclusão das entrevistas, a edição foi tranquila de ser realizada no período de março e abril.

Ao todo foram em média 360 minutos de entrevista, ou seis horas de gravação disponíveis para corte e seleção. Com os trechos selecionados e escolhidos e o roteiro já montado, foi preciso pensar em cenas de filme, documentários, jornais e novelas que me ajudaram na transição entres os blocos e entrevistas, já que não realizei imagens de cobertura. Foram adicionadas imagens dos jornais: Jornal Nacional, Bom dia Brasil, RJ1, MG1 e do programa Fantástico. Essas imagens serviram para trazer contextualização e informação para o telespectador. Foram selecionados alguns trechos do filme “Que horas ela volta?”, já que foi o filme que utilizei como inspiração para o trabalho e também para o título do documentário.

Após os cortes e montem surgiu a necessidade de um off de abertura para contextualizar o telespectador a respeito do que seria mostrado no filme e também usei o mesmo recurso para algumas informações mostradas em tela.

A finalização do produto consistiu primeiramente em ajustar e equalizar os áudios. E também deixar todas as imagens que não eram minhas em preto e branco para identificação. Apenas a imagem de uma criança trabalhando é de minha autoria. As imagens das entrevistas realizadas remotamente não precisaram ser tratadas porque consegui conversar com a maioria dos entrevistados para posicionarem o celular ou computador da melhor forma possível.

Para a realização da identidade visual, eu optei por algo mais simples e discreto, sempre em preto e branco para seguir o efeito usado ao longo das imagens.

Vale dizer que foi preciso colocar legendas porque a qualidade do som deixou a desejar em alguns momentos e só foi percebido quando assisti às entrevistas novamente, porém não havia tempo para refazer. Além disso, elas proporcionam uma acessibilidade aos telespectadores que tiverem interesse em assistir ao trabalho, já que todas as entrevistas posteriormente foram legendadas.

(19)

4. RECURSOS E EQUIPAMENTOS

Os recursos e os equipamentos utilizados para a produção deste trabalho foram custeados por mim. Os equipamentos – celular, computador, e lapela – devidamente listados abaixo já eram de uso pessoal, tendo sido adquiridos no decorrer da graduação, inclusive o microfone lapela foi adquirido apenas para realização do documentário. Para a edição foi utilizado o programa Adobe Premiere durante um mês. O único equipamento utilizado que não era meu, foi o tripé utilizado para entrevista com a minha mãe, que era do meu namorado. Como eu fui trabalhar um dia com a minha mãe, não houve gasto com deslocamento, já que fomos de carro e era rotina diária.

ITEM QUANTIDADE VALOR

Notebook Lenovo 1 R$ 2.800,00

Microfone lapela 1 R$ 40,00

Licença mensal Adobe Premiere Pro 1 R$ 90,00

Celular Redmi Note 8 1 R$ 1.300,00

Pacote mensal de internet 4 R$ 480,00

Tripé 1 Emprestado

VALOR TOTAL R$ 4,710

5. DIFICULDADES E APRENDIZADOS

O Trabalho de Conclusão de Curso é umas das fases mais importantes na vida de um graduando. Logo, por si só ele já é difícil já que devemos pôr em prática os conteúdos aprendidos ao longo da graduação. Então, é uma grande vitória já ter conseguido realizá-lo, ainda mais nesse ano.

A tarefa de produzir um documentário já estava comigo desde a sexta fase do curso e eu sempre soube que faria sozinha, nunca imaginei trabalhar com alguém neste momento. Eu estava preparada, apesar de que no jornalismo ninguém nunca trabalha literalmente sozinho. Mesmo estando preparada, quando houve a notícia de que estávamos enfrentando uma crise sanitária no país por conta de uma doença desconhecida, isso me paralisou. Então a primeira

(20)

dificuldade que demorou muito a ser superada foi o fato da incerteza do que iria acontecer de março para frente.

Sempre estudei presencialmente na minha vida inteira, sou muito sociável e sinto a necessidade de ter contato diário com as pessoas, mas com a pandemia precisei aprender a primeiro conviver tanto tempo dentro de casa, pois eu saia às 6h20 de casa e ficava o dia todo fora, então a ansiedade do que viria pela frente tomou conta do meu corpo e da minha mente. Eu não conseguia e ainda tento ter uma vida “normal” com tudo que aconteceu. Muitas famílias perderam pessoas que amavam, o fato de eu ter familiares do grupo de risco me gerou muito medo. Então, a minha maior dificuldade foi a incerteza sobre o que fazer e como fazer. Após conversas com a orientadora e com as minhas amigas que estavam na mesma situação, percebi que o jornalismo exerce um papel social, de comunicar. Em nenhum momento o jornalismo parou, ele se adaptou. Eu como futura jornalista precisava me acalmar e fazer o que estava dentro do meu alcance e o que era possível dentro da situação em que eu estava.

Uma outra dificuldade foi conciliar o fato de estar em dois estágios ao mesmo tempo. Já que eu necessitava de experiências para vida profissional, esse foi o caminho que segui, uma delas inclusive começou em setembro e, mesmo remotamente, foi uma das melhores que tive.

Sobre as dificuldades técnicas, a primeira foi a gravação das entrevistas remotas, algumas tiveram problema no som, outras a conexão caía e são coisas que fugiram do meu controle. Além disso, marcar um horário quando se está em casa não é fácil, algumas vezes uma entrevista ou outra foi cancelada por alguma emergência ou porque a internet não estava boa no dia. Mas mesmo com esses “perrengues”, as entrevistas aconteceram, algumas melhores que outras.

Na edição, mesmo que tenha sido uma escolha minha, aconteceram momentos que o programa travava por conta do arquivo pesado e como não tinha um HD externo, o medo de perder o trabalho foi grande. Fora a falta que faz ter alguém para auxiliar, dar um palpite, algo que só tinha no departamento na época presencial. Mas de certa forma era só ligar ou mandar mensagem, que a ajuda vinha de alguma forma.

Mas enfim, esse trabalho realmente foi desafiador. Em muitos momentos eu achei que não conseguiria entregá-lo ou até realizá-lo, eu imaginava que não tinha capacidade de entregar algo neste período. Existiam dias em que eu sentava no computador, olhava o que precisava ser feito e chorava porque não acreditava que ia conseguir. Mas no fim eu entendi que eu podia dar o melhor de mim na situação que estamos vivendo. E uma coisa que me

(21)

mantinha focada em não desistir é que essas mulheres precisavam ser ouvidas, elas decidiram me contar suas vidas, abriram as portas das suas casas para que eu entrasse (mesmo que por meio de uma chamada de vídeo) e elas acreditavam em mim, assim como todos ao meu redor. O aprendizado mais importante que tive com certeza foi o de acreditar mais no meu potencial, acreditar que eu consigo e que pessoas irão me ajudar com isso, eu não vivo sozinha e que é preciso se adaptar, nunca nada é para sempre. Precisamos cuidar uns dos outros e cuidar de nós mesmos e esse trabalho me mostrou isso, o cuidado com o próximo. Tudo que eu aprendi com a realização deste documentário vai ser levado comigo para sempre.

Finalizo a graduação triste por ser a distância, já que queria abraçar todo mundo e chorar, mas feliz por ter conseguido.

6.VEICULAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO

O documentário está disponível na plataforma de vídeos YouTube, no link < > onde terá alcance mundial, podendo ser assistida por qualquer pessoa que se interesse. Além disso, vai servir como portfólio.

O produto pode ser veiculado na televisão, em emissoras regionais e estaduais que possam ter interesse em mostrar como é a vida das empregadas domésticas.

(22)

7.REFERÊNCIAS

BETIM, Felipe. No país com mais empregadas domésticas, a vida de 7 milhões de mulheres é uma luta. El País, São Paulo, 13, fevereiro, 2018. Política. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/09/politica/1518183910_858999.html>

BRITES, J. Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu, n. 29, p. 91-109, 7 abr. 2016. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8644819>

CIRILO, Junior. RÓNAI, Bia. Brasil tem recorde de trabalhadores domésticos: seis milhões. Jornal Nacional. 06, janeiro de 2020. Disponível em:

<https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/01/06/brasil-tem-recorde-de-trabalhadore s-domesticos-6-milhoes.ghtml>

CHAVES, Jaqueline; ROCKENBACH, Cláudia Werle. ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO – Um Estudo com Empregadas Domésticas na Cidade de Tucunduva. 2015. 128f. Trabalho de Conclusão de Curso - UNIJUÍ, Santa Rosa, 2015.

Disponível em:

<http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/3266/TCC-%20JA QUELINE.pdf?sequence=1>

DE, Jeferson. Carolina. (filme). Brasil 2003. Disponível em: <https://vimeo.com/174292663>

Eu Empregada Doméstica | Preta Rara | TEDxSaoPaulo. 12 de janeiro de 2017. 1 vídeo (16min45). Publicado pelo canal TEDx Talks. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_d_n-z3s8Lo&t=10s>

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo – diário de uma favelada. São Paulo: Francisco Alves, 1960.

LINS, Consuelo da Luz. O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

MEDINA, Cremilda. Entrevista: o diálogo possível. 5ª Edição. São Paulo: Ática, 2008.NIZOLA, Liliane Janine. Iphan – Santa Catarina. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em <http://portal.iphan.gov.br/sc/pagina/detalhes/341> . MELO, Cristina Teixeira Vieira de. O Documentário como Gênero Audiovisual. XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Salvador/BA, 2002. Disponível em: <http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/45804366738191169013150690906956806443.pd f>

MELO, Hildete Pereira de. O serviço doméstico remunerado no brasil: de criadas a trabalhadoras. Rio de Janeiro: IPEA, 2005. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2423/1/td_0565.pdf

(23)

MYRRHA, Luana Junqueira Dias WAJNMAN, Simone. Características e Heterogeneidade do Emprego Doméstico no Brasil. XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu, MG.Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008. Disponível em: <http://abep.org.br/~abeporgb/publicacoes/index.php/anais/article/viewFile/3410/3269> MUSSE, C. F.; MUSSE, M. F. A entrevista no telejornalismo e no documentário: possibilidades e limitações. RuMoRes, [S. l.], v. 4, n. 8, 2010. DOI: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2010.51209. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/51209. >

MUYLAERT, Anna Que horas ela volta? (filme). São Paulo, Brasil, 2015.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Trabalho Doméstico. 2017 Disponível em: https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-domestico/lang--pt/index.htm PAULA, Marisa Vicente de. De escrava à empregada doméstica: o fenômeno da (in)visibilidade das mulheres negras. Revista Latino-americana de Geografia e Gênero. Ponta Grossa, v. 3, n. 2, p. 157-164, ago. / dez. 2012 Disponível em: <https://revistas.apps.uepg.br/index.php/rlagg/article/view/3257/pdf_33>

RARA, Preta. Nossa Voz Ecoa | EP 05 Eu empregada doméstica. 2017 (20m08s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=I3NEPopY1jM>

ROUCHOU, Joelle. Entrevista na história oral e no Jornalismo. XXII Simpósio Nacional de História. João Pessoa, 2003. Disponível em: <http://www.encontro2014.rj.anpuh.org/resources/anais/anpuhnacional/S.22/ANPUH.S22.35 9.pdf>

SILVA, Gislente, et al. Análise da apuração jornalística na cobertura da posse de Jair Bolsonaro. Revista Novos Olhares. Vol.9 N.2. ago-dez/2020. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/novosolhares/article/view/172488>

TORRES, Heloísa. Mais de um milhão de diaristas e empregados domésticos dispensados. Bom dia Brasil. 21 de agosto de 2021.

VALIATI, Eni Aparecida. De escravos a trabalhadores domésticos: Trajetória histórica e legislativa de uma classe batalhadora – direitos, legislação, cidadania (Fins do século XIX à contemporaneidade). Volume II. Chopinzinho. 2016. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2 016_pdp_hist_unicentro_eniaparecidavaliati.pdf5>

WENTZEL, Marina. O que faz o Brasil ter a maior população de domésticas do mundo. BBC News Brasil, Basiléia, 26, fevereiro, 2018. Disponpivel em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43120953>

Zumbi Somos Nós - Completo. Direção: Frente 3 de Fevereiro. Produção: Frente 3 de Fevereiro. 2007. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=jVHmoqHciD8>

(24)

ANEXO A – Ficha do TCC

FICHA DO TCC Trabalho de Conclusão de Curso JORNALISMO UFSC

ANO 2021

ALUNO Maria Eduarda da Silva

TÍTULO As Val da vida real: vivências de empregadas domésticas ORIENTADOR Leslie Sedrez Chaves

MÍDIA Impresso Rádio x TV/Vídeo Foto Website Multimídia

CATEGORIA Pesquisa Científica Produto Comunicacional

Produto Institucional (assessoria de imprensa) x Produto Jornalístico (inteiro) Local da apuração: Reportagem livro reportagem ( ) (x) Florianópolis ( ) Brasil

( ) Santa Catarina ( ) Internacional ( ) Região Sul País:__________

ÁREAS Jornalismo, cinema, audiovisual, cultura

RESUMO No Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas são trabalhadoras domésticas. Deste número, 92% são mulheres. Uma rotina composta de tarefas que foram atribuídas ao longo dos anos para mulheres como limpar, passar e cozinhar, que são atividades diárias dessas trabalhadoras. Este trabalho de conclusão de curso (TCC) é um documentário em vídeo que tem como objetivo apresentar a realidade de mulheres que vivenciam diariamente esta profissão em Florianópolis. Além disso, faz referência ao filme “Que horas ela volta?” que mostra a história de Val, uma pernambucana que se muda para São Paulo em busca de oferecer uma vida melhor para a filha e trabalha como empregada doméstica. Em segundo plano, o documentário irá abordar as desigualdades sociais presentes na profissão, os traços da escravidão ocorrida no país, já que em sua maioria a profissão é representada por mulheres negras, pobres e de baixa escolaridade.

(25)

ANEXO B – Declaração de Autoria e Originalidade

Eu, Maria Eduarda da Silva, aluno(a) regularmente matriculado(a)a no Curso de Jornalismo da UFSC (JOR/CCE/UFSC), matrícula 16201442, declaro para os devidos fins que o Trabalho de Conclusão de Curso intitulado As Val da vida real: vivências de empregadas domésticas é de MINHA AUTORIA e NÃO CONTÉM PLÁGIO.

Estou CIENTE de que em casos de trabalhos autorais em que houver suspeita de plágio será atribuída a nota 0,0 (zero) e que, adicionalmente, conforme orientação da Ouvidoria e da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), “em caso de suspeita ou verificação de plágio, o professor deverá notificar o Departamento no qual está lotado para as providências cabíveis".

Autorizo a publicação do TCC no Repositório Digital da UFSC.

Florianópolis, 05 de maio de 2021

__________________________________ Assinatura

(26)

ANEXO C – Roteiro

VÍDEO ÁUDIO

IMAGENS - JORNAL NACIONAL

BOM DIA BRASIL

NO FIM DO ANO PASSADO O PAÍS REGISTROU UM NÚMERO RECORDE DE TRABALHADORES DOMÉSTICOS, MAIS DE 6 MILHÕES.

93% DOS TRABALHADORES DE CASAS FAMÍLIAS SÃO MULHERES. 70% NEGRAS E ALGUMAS SÓ COM UMA RENDA PRA SUSTENTAR A FAMÍLIA.

OFF_1

IMAGENS “QUE HORAS ELA VOLTA?”

QUE HORAS ELA VOLTA É UM FILME BRASILEIRO QUE MOSTRA A VIDA DE VAL, UMA EMPREGADA DOMÉSTICA QUE TRABALHA EM SÃO PAULO E MORA NA CASA DOS PATRÕES. VAL SE MUDOU DE PERNAMBUCO PARA SÃO PAULO A FIM DE DAR UMA VIDA MELHOR PARA SUA FILHA.

POR MAIS QUE ESSA HISTÓRIA SEJA FICTÍCIA, ELA RETRATA A VIDA DE MILHÕES DE MULHERES QUE TRABALHAM DIARIAMENTE COMO EMPREGADAS DOMÉSTICAS NO BRASIL. AGORA ESTE FILME CONTA UM POUCO DAS VIVÊNCIAS QUE INSPIRARAM A HISTÓRIA DE VAL.

SONORA - LEILA DA SILVA MEU NOME É LEILA DA SILVA EU TENHO 41 ANOS E SOU EMPREGADA

DOMÉSTICA. IMAGENS - LEILA TRABALHANDO SOBE SOM MÚSICA ABERTURA

AS VAL DA VIDA REAL: VIVÊNCIAS DE EMPREGADAS DOMÉSTICAS

GC - LEILA DA SILVA Doméstica

QUANDO EU MORAVA NO OESTE CATARINENSE MINHA MÃE ERA CUIDADORA E DAÍ DESSAS FASES DE

(27)

CUIDADORA DELA, ELA LEVAVA A

GENTE JUNTO PARA O TRABALHO, AÍ EU JÁ COMECEI ALI, É, TIPO SENDO BABÁ, DEPOIS JÁ FUI MORAR COM AS

PESSOAS E DAÍ JÁ FUI AJUDANDO LAVAR UMA LOUÇA, FUI AJUDANDO A LIMPAR UMA CASA.

GC - SILMA DA SILVA SANTOS Faxineira

NA VERDADE EU FUI MORAR NA CASA DE UMA FAMÍLIA TIPO ASSIM PARA AJUDAR A FAMÍLIA E NO FIM A MULHER ACABOU SENDO A MINHA MADRINHA DE CRISMA E NO FIM ACABOU QUE EU TRABALHAVA E NÃO RECEBIA NADA. GC - JOCIELE BARBOSA

Doméstica

EU TRABALHEI NA CASA DE UMA TIA, EU SAIA DA ESCOLA, TRABALHAVA MEIO PERÍODO EU SAIA DA ESCOLA 11H/12H E DE LÁ IA PARA A CASA DESSA MINHA TIA, TRABALHO EM CASA DE FAMÍLIA DESDE OS MEUS 11 ANOS GC - MARIA TEREZINHA FLORIANO

Doméstica

COMECEI COM 13 ANOS A MINHA MÃE QUE ME INDICOU PARA TRABALHAR SONORA - LEILA DA SILVA VIDA DE DOMÉSTICA É DESDE OS 10/12

ANOS QUE A GENTE JÁ SABIA LIMPAR UMA CASA JÁ IA NA CASA DA VIZINHA ENTÃO ASSIM ERA MINHA VIDA

IMAGENS

-CRIANÇA REALIZANDO SERVIÇO DOMÉSTICO

OFF DADOS SOBRE O TRABALHO INFANTIL

DE ACORDO COM DADOS DA

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT) MAIS DE 93% DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES ENVOLVIDOS NO TRABALHO

DOMÉSTICO NO BRASIL, SÃO MENINAS EM NÚMEROS ABSOLUTOS, SÃO MAIS DE 214 MIL GAROTAS EXECUTANDO TAREFAS DOMÉSTICAS NA CASA DE TERCEIROS.

DESSES NÚMEROS, 67% DAS CRIANÇAS E JOVENS SÃO NEGRAS.

(28)

...SERÁ QUE OS POBRES DE OUTROS DE OUTRO PAÍS SOFREM IGUAIS AOS POBRES DO BRASIL?

GC - LUANA KAROLINE GONSAGA Faxineira

EU VENHO DE UMA FAMÍLIA DE EMPREGADAS DOMÉSTICAS, ENTÃO ASSIM MINHAS DUAS AVÓS

TRABALHARAM COMO EMPREGADA DOMÉSTICA A VIDA TODA INCLUSIVE, EU TENHO UMA AVÓ QUE PAROU RECENTEMENTE DE TRABALHAR, VAI FAZER 70 ANOS ESSE ANO, VAI FAZER UNS 5 ANOS QUE ELA PAROU

GC - LUCIANA LEITE Doméstica

MINHA MÃE FOI EMPREGADA

DOMÉSTICA DURANTE 40 ANOS SABE, SEMPRE FOI E EU SEMPRE VI ISSO ACONTECENDO.

GC - EVELIN DOS SANTOS Faxineira

EU COMECEI A IR COM ELA PRA AJUDAR ELA E DAÍ ELA FALAVA ASSIM “AH TU ME AJUDA E EU TE DOU DINHEIRO” AI EU IA PRA AJUDAR ELA E AÍ EU FALAVA “NÃO MÃE NÃO PRECISA” PORQUE EU FICAVA COM DÓ SABE? ELA IA PRA TRABALHAR PRA CONSEGUIR O DINHEIRO DELA E DAÍ EU PEGAVA E PEGAVA E FALAVA QUE NÃO.

SONORA - SILMA DA SILVA SANTOS ENTÃO NA ÉPOCA LÁ TINHA O DIZER “AH MULHER NÃO PRECISA DE ESTUDAR” ENTÃO FICA ASSIM NAQUELA, DAÍ COMO EU FUI PARA TRABALHAR EU SAÍ DA ESCOLA. DAÍ EU NÃO ESTUDAVA NA VERDADE, NESSA CASA EU FICA O DIA INTEIRO PRESA O DIA INTEIRO SOZINHA COM AS

CRIANÇAS. EU MORAVA LÁ FICAVA DIRETO.

SONORA - MARIA TEREZINHA FLORIANO

EU DORMIA LÁ, DORMIA LÁ, DAÍ ELA DAVA O CAFÉ DA MANHÃ E BOTAVA UMA METADE DE PÃO E UMA XÍCARA DE CAFÉ, E DAÍ DE MEIO DIA ELA DAVA E FAZIA O PRATO, UMAS DUAS TRÊS COLHERES DE ARROZ E UMA DE FEIJÃO

(29)

SÓ AQUILO DALI E UM COPO DE ÁGUA E DEPOIS SÓ NO OUTRO DIA

SONORA - LUANA KAROLINE GONZAGA EU FUI CUIDAR DESSA CRIANÇA, ERA BACANA PORQUE NO COMEÇO EU TINHA QUE CUIDAR DAS COISA DA CRIANÇA, ENTÃO ASSIM DA

ALIMENTAÇÃO DELA. E AÍ TEVE NO MEIO DO CAMINHO ASSIM EU FUI COMEÇANDO A SER SOLICITADA PARA OUTRAS COISAS, E AQUILO NÉ, VOCÊ JÁ ESTÁ LÁ NA CASA DA PESSOA, VOCÊ PRECISA DO DINHEIRO, E AÍ VOCÊ VAI FAZENDO. NO FINAL DO ANO E ACHO QUE FOI A PARTE MAIS DIFÍCIL EM RELAÇÃO AO SERVIÇO DOMÉSTICO, EU FUI CONVIDADA DE NOVO PARA

TRABALHAR COM ESSA FAMÍLIA, E EU RECEBI A SEGUINTE MENSAGEM PELO WPP “ OI LUA, VOCÊ JÁ ESTÁ PARA SE FORMAR NA FACULDADE?” E ESSA PESSOA TRABALHA NA UFSC, AI EU FALEI ASSIM “NÃO AINDA UNS ANOS NÉ, POR QUE?” “ AH PORQUE EU ESTAVA CONVERSANDO COM O MEU MARIDO, E A GENTE DECIDIU QUE SE VOCÊ JÁ SE FORMASSE ESSE ANO, A GENTE QUERIA QUE VOCÊ VIESSE TRABALHAR PRA GENTE, A GENTE ATÉ ASSINA SUA CARTEIRA COMO BABÁ. E AI ALI EU FIQUEI, FOI UM ESTALO ASSIM, FOI MUITO DIFÍCIL PORQUE EU PENSEI O QUE É QUE FAZ ESSAS PESSOAS, ACHAREM QUE EU TÔ ME FORMANDO COMO PSICÓLOGA, EM UM DOS

MAIORES CURSOS DE PSICOLOGIA DO PAÍS, VOU TRABALHAR PRA ELES ASSIM QUE ME FORMAR COM A CARTEIRA ASSINADA,QUE ELES ATÉ PODEM ASSINAR COMO BABÁ.

O QUE QUE VAI ME BLINDAR DAS MAZELAS DO SERVIÇO DOMÉSTICO? SE NEM UM DIPLOMA TÃO IMPORTANTE COMO O DA UFSC ME BLINDA, POSSO USAR JALECO SE EU QUISER NO HOSPITAL, ISSO NÃO ME BLINDA DAS

(30)

MAZELAS DO SERVIÇO DOMÉSTICO DE ME CONSIDERAREM INFERIOR, ENFIM GC - MARIA TEREZAWIETHORN

Advogada trabalhista do Sindicato dos Empregados Domésticos de Florianópolis

TEM MUITO RESQUÍCIO DA ESCRAVIDÃO AINDA SABE? TEM EMPREGADORES HOJE EM DIA QUE QUER CONTRATAR EMPREGADAS PARA MORAR JUNTO, CÊ JA VIU ISSO? MORAR, EMPREGADA, MORAR.

IMAGENS

MG1 CASO MADALENA GORDIANO

MADALENA GORDIANO PASSOU OS ÚLTIMOS 38 ANOS SEM PODER

COMANDAR A PRÓPRIA VIDA. NO DIA 27 DE NOVEMBRO ELA FOI RESGATADA POR AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO E PELA POLÍCIA FEDERAL NESTE

APARTAMENTO NO CENTRO DE PATOS DE MINAS. DE ACORDO COM OS AUDITORES MADALENA VIVIA EM CONDIÇÃO ANÁLOGA A ESCRAVIDÃO AJUDAVA A ARRUMAR, A COZINHAR, A LAVAR O BANHEIRO, PASSAR PANO NA CASA.

IMAGENS

QUE HORAS ELA VOLTA?

VAL: ELES TÃO DOIDO PARA LHE CONHECER, ESTÃO NUMA ANSIEDADE JÉSSICA: ELES QUEM?

VAL: DONA BÁRBARA, DOUTOR CARLOS, FABINHO, O POVO TODO. JÉSSICA: DEPOIS A GENTE MARCA UM TEMPINHO PRA IR LÁ

VAL: NÃO NÓS JÁ ESTAMOS INDO JÉSSICA: ACABEI DE CHEGAR VAL, TÔ CANSADA DEPOIS A GENTE MARCA COM TEMPO DIREITINHO, AÍ EU VOU LÁ. VAL: NÃO MAS, NÓS TAMO INDO PRA LÁ AGORA, OXE EU MORO LÁ

JÉSSICA: COMO ASSIM TU MORA LÁ? TA ME LEVANDO PARA CASA DOS TEUS PATRÕES?

VAL: EU MORO NO SERVIÇO, JÁ FALEI MORO NO SERVIÇO

JÉSSICA: TU MORA NO QUARTINHO DOS FUNDOS DA CASA DELES

(31)

IMAGENS

DOCUMENTÁRIO ZUMBI SOMOS NÓS

O BRASIL É UM PAÍS COM TRADIÇÃO ESCRAVOCRATA. NO BRASIL, A DIREITA TEM TRADIÇÃO ESCRAVOCRATA, A ESQUERDA TEM TRADIÇÃO

ESCRAVOCRATA, NEGROS TEM

TRADIÇÃO ESCRAVOCRATA, BRANCOS TEM TRADIÇÃO ESCRAVOCRATA. A ESCRAVIDÃO FOI ALGO QUE

CONTAMINOU DE MANEIRA PÉSSIMA AS RELAÇÕES NO BRASIL. VENDEM-SE ATÉ HOJE APARTAMENTOS COM QUARTO DE EMPREGADA, TRADIÇÃO

ESCRAVOCRATA PX, TRADIÇÃO EECRAVOGRATA É CULTURAL E CULTURA VOCÊ NÃO ELIMINA COM DECRETO, VOCÊ NÃO ELIMINA COM DECRETO. UM SUJEITO CONSTRUIR UM APARTAMENTO COM QUARTO DE EMPREGADA PX TER UMA SENZALA, TER UMA SENZALA, TER UMA SENZALA DENTRO DO APARTAMENTO PX,

TRADIÇÃO ESCRAVOCRATA, TRADIÇÃO ESCRAVOCRATA, TRADIÇÃO

ESCRAVOCRATA, TRADIÇÃO

ESCRAVOCRATA, POR ISSO PARA E OLHE PARA A BASE.

SONORA - LEANDRO ASSIS Roteirista e Quadrinista

IMAGENS

Quadrinhos “Os Santos”

AI EU COMECEI A FAZER UM QUADRINHO DE HUMOR FAZENDO PIADA COM O GOVERNO BOLSONARO, MAS EU SENTI FALTA AINDA DE FALAR DE QUEM VOTOU NO BOLSONARO, PELO MENOS UM GRUPO QUE EU CONHEÇO BEM, QUE É DO RIO DE JANEIRO, ZONA SUL, AMIGOS MEUS, PARENTES MEU. ENTÃO EU COMECEI A FAZER UMA TIRA QUE SE CHAMAVA COMO VOCÊ FALOU “OS BOLSOMINIONS” PORQUE A

PRIMEIRA IDEIA ERA FAZER UMA BRINCADEIRA, NÃO ERA PRA FAZER UMA BRINCADEIRA, MAS HOJE EU EXPLICO COMO BRINCADEIRA ASSIM MEIO GLOBO REPÓRTER DOS

BOLSOMINIONS, QUEM ELES SÃO, ONDE MORAM, COMO SE REPRODUZEM E DO QUE SE ALIMENTAM, MAS AÍ A

PRIMEIRA TIRA JÁ TINHA EMPREGADA DOMÉSTICA DELES, NA SEGUNDA TEVE EMPREGADA DOMÉSTICA DE NOVO E EU FUI PERCEBENDO QUE ERA UMA

(32)

DINÂMICA, ERA O MAIS INTERESSANTE PARA A HISTÓRIA. POR QUE SE EU ENTENDO QUE ESSA ELITE ECONÔMICA BRASILEIRA, ELA DESUMANIZA

OS PRETOS, OS POBRES PORQUE NÃO OS VÊ COMO HUMANOS IGUAIS A ELES E FAZ QUESTÃO DE COLOCAR ABAIXO. NÃO NÃO QUER CONVIVER, MAS AO MESMO TEMPO PRECISA DO SERVIÇO DELES. ENTÃO NO RIO DE JANEIRO FICAM NAS FAVELAS, MUITO PRÓXIMAS DA CIDADE, DA ZONA SUL, MAS AO MESMO TEMPO ELES TEM QUE FICAR NA FAVELA. QUER DIZER A POLÍCIA TA ALI CONSTANTEMENTE OPRIMINDO, COM AS ARMAS APONTADAS PARA A FAVELA PARA MANTER

AQUELE PESSOAL CONTIDO E OBEDIENTE.

TEXTO

COMPREENDI QUE NAQUELA ÉPOCA OS ESCRAVIZADORES ERAM IGNORANTES CAROLINA MARIA JESUS

SONORA - SILMA DA SILVA SANTOS TEVE UM DIA QUE EU TAVA COM MUITA DOR DE CABEÇA. AÍ EU PEGUEI E FALEI QUE EU TAVA COM COM DOR DE

CABEÇA, E DAÍ ELE CHEGOU E DISSE PRA MIM ASSIM, ELE ME CHAMAVA DE SIL NÉ, “SIL É SÓ ABRIR AS PERNAS QUE PARA DE DOER A CABEÇA” E

SONORA

MARIA TEREZINHA FLORIANO

DEPOIS PEGUEI UMA OUTRA QUE O PATRÃO ERA UM SEM VERGONHA QUE TENTOU INVADIR O QUARTO. TINHA UMA MOÇA QUE TRABALHAVA E ELA TINHA ME FALADO, AI ELE FICAVA A NOITE TODA RODANDO E MEXENDO NA PORTA DO QUARTO. AI NO OUTRO DIA EU FALEI PRA ELA, ELA DISSE QUE ERA MENTIRA. DIZIA QUE ERA MENTIRA E EU DIZIA NÃO MAS A OUTRA TINHA FALADO, ESQUECI O NOME DELA, FAZ MUITO TEMPO, AI ELA DIZIA QUE É MENTIRA DELA QUE ELE NÃO FAZ ISSO.

(33)

SONORA

JOCIELE BARBOSA

É EU JÁ PASSEI BASTANTE APERTO ASSIM, PELO FATO DE TRABALHAR COM PESSOAS QUE NÃO RECONHECEM, DE PESSOAS QUE ACHAM QUE POR VOCÊ SER FAXINEIRA OU É EMPREGADA VOCÊ É BICHO, VOCÊ NÃO É BICHO. JÁ PASSEI POR SITUAÇÃO DE EU IR FAZER FAXINA NUMA CASA ENORME PASSAR O DIA INTEIRO SEM COMER, SEM COMER NADA, CHEGAR NO FINAL DO DIA, ISSO EU TINHA UNS 13 ANOS MAIS OU

MENOS, CHEGAR NO FINAL DO DIA PATROA TE DÁ, PATROA DONA DE UM MERCADO, E PATROA DELA TE DAR 10 REAIS PELA FAXINA.

SONORA

MARIA TEREZA WIN

A EMPREGADORA SE ACHA NUMA

POSIÇÃO SUPERIOR À EMPREGADA E NO CASO QUALQUER COISA QUE A

EMPREGADA COLOCA, QUALQUER COISA QUE A EMPREGADA FALA ELA NÃO TEM RAZÃO, É SEMPRE A MESMA QUEIXA QUE OUÇO AQUI.

IMAGENS

QUE HORAS ELA VOLTA

JÉSSICA: AH NÃO SEI ONDE TU APRENDEU ESSAS COISAS QUE NÃO PODE ISSO, NÃO PODE AQUILO, TAVA ESCRITO EM LIVRO COMO É QUE É, QUEM TE ENSINOU? TU CHEGOU AQUI E FICARAM TE EXPLICANDO ESSA COISAS VAL: ISSO AÍ NINGUÉM PRECISA

EXPLICAR NÃO, A PESSOA JÁ NASCE SABENDO O QUE PODE E O QUE NÃO PODE. TU PARECE QUE É DE OUTRO PLANETA

JÉSSICA: TÔ SABENDO, NASCE SABENDO SONORA - LEILA DA SILVA TIPO QUANDO VOCÊ MORA NUMA CASA

DE FAMÍLIA VOCÊ SÓ TEM HORÁRIO PARA LEVANTAR PRA DEITAR VOCÊ NUNCA TEM HORÁRIO. PORQUE AÍ COM CRIANÇA PEQUENA UM DIA ELES TEM UMA REUNIÃO, UM DIA ELES TEM UMA FESTA UM DIA ELES TEM ISSO E VOCÊ SEMPRE FICA NÉ? ENTÃO EU NÃO

(34)

DORMIA, CHEGAVA NA SEXTA-FEIRA NOITE EU VINHA EMBORA, IA PARA CASA DA MINHA MÃE OU DA MINHA IRMÃ. MAS, ASSIM DURANTE A SEMANA A GENTE NÃO TINHA HORA PRA

DORMIR.

SONORA - LUCIANA LEITE EU ACORDAVA POR EXEMPLO 6H30 DA MANHÃ PARA POR CAFÉ PRA CRIANÇA PRA PODER MANDAR PRA ESCOLA, E CONTINUAVA NÃO TINHA TEMPO DE LAZER NENHUM, NENHUM. O LAZER QUE A GENTE TINHA ÀS VEZES ERA VER UM FILME COM A CRIANÇA SE NÃO TINHA, ÀS VEZES ESTAVA DE NOITE, CANSADA JÁ A NE, E ÀS VEZES A

PESSOA CHEGAVA BATIA NA TUA PORTA PRA PEDIR, PRA PEDIR ALGUMA COISA. SONORA - LEILA DA SILVA ENTÃO O QUARTO ERA DO LADO DA

LAVANDERIA E TIPO, LAVANDERIA, COZINHA E DAÍ EU ACORDAVA ASSIM DE MADRUGADA AQUELE CHEIRO DE COMIDA, EU OLHAVA PARA O RELÓGIO “AH AINDA EU POSSO DORMIR” AI QUANDO EU CHEGAVA DE MANHÃ NA COZINHA MEU DEUS TAVA UM

PANDEMÔNIO ERA PANELA ERA TUDO, PORQUE A PATROA PERDIA O SONO E ELA IA PRA COZINHA ADIANTAR O ALMOÇO MAS EM COMPENSAÇÃO DEIXAVA TUDO VIRADO TUDO JOGADO. E ERA UMA FAMÍLIA ASSIM BOA ENTRE ASPAS PORQUE ELES ME DAVAM A PASSAGEM DE IR PRA UMA VEZ POR MÊS IR MEUS FILHOS, AÍ UMA VEZ POR MÊS EU IA VISITAR ELES, ELES

PAGAVAM A IDA E EU A VINDA, OU VICE-VERSA. MAS ASSIM Ó, EU SÓ PODIA COMER DEPOIS DE TODO MUNDO EU SÓ PODIA COMER AS FRUTAS DA LAVANDERIA QUE TAVAM EM CIMA DA SECADORA EU NÃO PODIA COMER NADA QUE TINHA NA COZINHA ENTÃO ASSIM, ÀS VEZES EU IA ALI PRA PRAIA EM COQUEIROS E CHORAVA SENTADA PENSANDO NOS MEUS FILHOS MAS O

(35)

SALÁRIO ERA BOM. AÍ EU PENSAVA NELES.

SONORA - LEANDRO ASSIS IMAGENS

Quadinhos “Os Santos”

ESSA RELAÇÃO MUITO ESCANCARADA POR QUE O PADRÃO O RICO BRANCO LEVA ESSA PESSOA PRA DENTRO DA PRÓPRIA CASA E CONVIVE COM ELA E MANTÉM ESSA DINÂMICA DE

DESUMANIZAÇÃO, MESMO FALANDO QUE É DA FAMÍLIA, QUE É AMIGA E ETC. O QUARTO DE EMPREGADA COMO DIZ A PRETA RARA É UMA SENZALA É UM ARMÁRIO MUITAS VEZES SEM JANELA ONDE A FAMÍLIA AINDA GUARDA OS ENFEITES DE NATAL, AINDA SERVE DE DESPENSA PRA FAMÍLIA. O BANHEIRO DE EMPREGADA MUITAS VEZES ELE NÃO TEM CONDIÇÃO. É MUITO COMUM DE TER AQUELAS COISAS DOS PATRÕES QUE SEPARAM TALHER, QUE SEPARAM PRATO, QUAL O MOTIVO DE SEPARAR TALHER PRATO E COPO A NÃO SER

ESCANCARAR O FATO DE QUE O PADRÃO NÃO CONSIDERA A EMPREGADA UMA HUMANA DA MESMA QUALIDADE DELE. DEVE SER SUJA, DEVE SER DOENTE, ENTÃO O QUE SE PASSA NA CABEÇA DE UM BRANCO RICO PRA MANTER UMA CONDIÇÃO DESSA?

IMAGENS

PRETA RARA TEDX TALK

E EU SEMPRE FALO QUE O QUE ERA A CASA GRANDE NO PASSADO SÃO OS APARTAMENTOS DE LUXO HOJE. O QUE ERAM OS EMPREGADOS DOMÉSTICOS DO PASSADO NUM PASSADO NÃO TÃO DISTANTE TA? TÁ BEM PERTINHO DA GENTE SÃO AS EMPREGADAS

DOMÉSTICAS HOJE, A SENZALA MODERNA É O QUARTINHO DA EMPREGADA.

TEXTO

OS MEUS FILHOS NÃO SÃO

SUSTENTADOS COM PÃO DA IGREJA. EU ENFRENTO QUALQUER TRABALHO PARA MANTÊ-LOS

(36)

IMAGENS

QUE HORAS ELA VOLTA

VAL: TU AINDA VAI FAZER EU PERDER MEU EMPREGO

JÉSSICA: AI FODA-SE

VAL: Ó O PALAVRÃO VAI LAVAR ESSA BOCA COM SABÃO, ME RESPEITE QUE EU SOU SUA MÃE

JÉSSICA: NÃO É MINHA MÃE NÃO É NADA SANDRA QUE ME CRIOU VAL: SANDRA LHE CRIOU COM O

DINHEIRO QUE EU MANDAVA TODO MÊS PRA ELA PRA PAGAR SUA ESCOLA, PRA PAGAR SEU DENTISTA, SANDRA FICOU COM A PARTE BOA, SANDRA FICOU DE JUNTO DE TU E EU AQUI SÓ

TRABALHANDO RALANDO, TA ME OUVINDO? SANDRA QUE É TUA MÃE, A CONTA DA SANDRA SAÍ DE QUEM JÉSSICA: TA VAL CHEGA

VAL: AH TO CANSADA SABE , DE FICAR OUVINDO ESSE TIPO DE COISA,

CANSADA, CANSADA SONORA -LUANA KAROLINE

GONZAGA

EU TINHA DUAS AMIGAS QUE PEGAVAM O MEU FILHO NA ESCOLA, NOS DIAS QUE O PAI DELE ESTAVA TRABALHANDO ATÉ MAIS TARDE E QUE EU ESTAVA TRABALHANDO TAMBÉM. ENTÃO EU MEIO QUE DEPENDIA DA BONDADE DE ESTRANHOS, DEPENDIA DE TER AMIGAS ENFIM. E O PAI DELE TAMBÉM FAZIA ESSA MÃO, O PAI DELE SEMPRE FOI MUITO PRESENTE, SEMPRE CUIDOU BEM CUMPRIU O PAPEL DE PARENTALIDADE. DEPOIS QUE A GENTE SE SEPAROU, O MEU ATUAL COMPANHEIRO, NA ÉPOCA AINDA NÃO ERA COMPANHEIRO NEM NAMORADO O NORTON, ELE PEGAVA MEU FILHO NA ESCOLA, FICAVAM UM TEMPO COM MEU FILHO, DEPOIS ME ENTREGAVA, LEVAVA A GENTE PRA CASA ENFIM. ERA ESSA A FUNÇÃO, ERA

(37)

BASICAMENTE TER UM FILHO

PIPOCANDO NO COLO DE QUEM FOSSE POSSÍVEL PARA EU PODER TRABALHAR. SONORA - LUCIANA LEITE CHEGUEI A SER DENUNCIADA ATÉ NO

CONSELHO TUTELAR PORQUE EU SAIA DE CASA MUITO CEDO, ELA MORAVA NO SANTA MÔNICA, E EU MORAVA NO CAMPECHE, E ANTERIORMENTE NO RIO TAVARES, HOJE TRÂNSITO TÁ

MARAVILHOSO MAS ANTIGAMENTE ALI O TRÂNSITO ERA UM CAOS. ENTÃO EU SAIA DE CASA TIPO ANTES DAS 6H DA MANHÃ E CHEGAVA EM CASA 23H DA NOITE PORQUE EU TAVA FAZENDO GRADUAÇÃO. E QUERENDO OU NÃO OS MENINOS FORAM CRIADOS SOZINHOS, É MUITO TRISTE ISSO. ISSO É MUITO RUIM, EU FALEI QUE ISSO NÃO IA ACONTECER COM MEUS FILHOS POR QUE ISSO ACONTECEU NA MINHA CASA.

SONORA- SILMA DA SILVA SANTOS ELES MALTRATARAM A EVELIN, NA VEZ O MENINO DISSE PRA MIM, QUE ELES TINHAM TV À CABO E A EVELIN QUERIA ASSISTIR UM FILME, UM DESENHO SEI LÁ E DAÍ ELE PEGOU E O MENINO PEGOU E FALOU PARA O PAI DELE “EU NÃO MANDO ELES SEREM POBRE,

PORQUE ELES SÃO POBRE QUE NÃO TEM NENHUMA TV A CABO PRA ASSISTIR". SONORA- JOCIELE BARBOSA E TEVE UM CERTO DIA QUE ACONTECEU

DA MINHA FILHA FICAR DOENTE, MINHA FILHA DO MEIO FICAR DOENTE E O MEU MARIDO NA ÉPOCA JÁ VIAJAVA QUE ELE É CAMINHONEIRO E ELE NÃO TAVA EM CASA E EU CHEGUEI LÁ PEDIR PARA O PATRÃO UM VALE PARA LEVAR MINHA FILHA NO MÉDICO COMPRAR REMÉDIO ESSAS COISAS E O PATRÃO CHEGOU E DISSE PRA MIM “TU TEM QUE SE ORGANIZAR, ISSO NÃO É PROBLEMA MEU, ISSO É PROBLEMA TEU VOCÊ TEM QUE SE ORGANIZAR” E AÍ EU DISSE "MAS EU NÃO PODIA ADIVINHAR QUE A MINHA FILHA IA FICAR DOENTE" DAÍ

(38)

ELE DISSE, “NÃO INTERESSA, VOCÊ TINHA QUE TER SE ORGANIZADO, VOCÊ TEM TEU SALÁRIO E DEVERIA

GUARDAR DINHEIRO PRA ISSO. DA ONDE QUE A GENTE ADIVINHAR QUE O FILHO DA GENTE VAI FICAR DOENTE? SONORA - LUANA KAROLINE GONSAGA E AI UM DIA EU FALEI QUE TINHA QUE

TRABALHAR QUANDO MEU FILHO VEIO PASSAR AS FÉRIAS COMIGO EM

FLORIANÓPOLIS, NAS FÉRIAS DE

JANEIRO DESTE ANO EU FALEI “ MAMÃE TEM QUE TRABALHAR '' MAS PORQUE VOCÊ TEM QUE TRABALHAR? MAS DO QUE VOCÊ TRABALHA? AI EU FALEI QUE TRABALHAVA COZINHANDO, ESSAS PESSOAS NÃO SABEM FAZER A PRÓPRIA COMIDA? ENTÃO EU EXPLICO NA

MEDIDA EM QUE A IDADE DELE PERMITE NÉ, O QUE É SERVIÇO DOMÉSTICO, PORQUE A MAMÃE TRABALHA DISSO, ENFIM, ELE NÃO APROFUNDA MUITO AS QUESTÕES, MAS ELE PERGUNTA ASSIM, MAS ESSAS PESSOAS NÃO FAZEM A PRÓPRIA

COMIDA? ESSAS PESSOAS NÃO LAVAM A PRÓPRIA ROUPA.

IMAGENS

LEILA TRABALHANDO

SOBE SOM

TEXTO

MAS, O POBRE NÃO REPOUSA. NÃO TEM O PREVILEGIO DE GOSAR DESCANÇO. CAROLINA MARIA DE JESUS

IMAGENS - JORNAL HOJE O DIRETOR GERAL DA ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DA SAÚDE ESTÁ DANDO UMA COLETIVA NESTE MOMENTO E ELE ACABA DE AFIRMAR QUE O NOVO CORONAVÍRUS PODE SER

CARACTERIZADO COMO UMA PANDEMIA.

(39)

IMAGENS - RJ1 A PRIMEIRA MORTE POR CORONAVÍRUS NO ESTADO DO RIO FOI CONFIRMADA AGORA A POUCO. É UMA MULHER DE 63 ANOS, DE MIGUEL PEREIRA, NO SUL DO ESTADO, ELA TRABALHAVA COMO EMPREGADA DOMÉSTICA. A PATROA DELA ESTEVE NA ITÁLIA E TAVA COM A COVID-19.

IMAGENS - FANTÁSTICO ELA TRABALHAVA COMO EMPREGADA

DOMÉSTICA DESDE OS 13 ANOS DE IDADE, PRA DAR TUDO DE BOM PRO FILHO, PRA AJUDAR A FAMÍLIA DESDE CEDO. SEMPRE FOI MUITO

COMPANHEIRA, SEMPRE BUSCOU AJUDAR TODO MUNDO, SEMPRE TRABALHOU MUITO PRA AJUDAR A GENTE, ENTENDEU?

CLEONICE, A TIA DO LUCAS, 63 ANOS, VIVEU TRABALHANDO MORREU DE CORONAVÍRUS.

SONORA - MARIA TEREZA WIETHORN A PANDEMIA ATRAPALHOU TODO MUNDO NA VERDADE, INCLUSIVE O NOSSO TRABALHO, PORQUE EU ACHO QUE ISSO DIFICULTA UM POUCO DE ELAS VIREM ATÉ O SINDICATO, PORQUE A MAIORIA DELAS USA ÔNIBUS E

MUITAS ESTÃO ME LIGANDO E TÃO DIZENDO QUE TEM MEDO DE PEGAR ÔNIBUS E VIM AQUI PORQUE TEM MEDO DE CONTRAIR CORONAVÍRUS.

SONORA - LUCIANA LEITE SABE DE UMA COISA QUE EU ACHO MUITO ESTRANHO É QUE AS MÁSCARAS QUE ELES USAM, ELES NÃO CUIDAM DELA, ELES NÃO LAVAM AS MÁSCARAS DELES. ELES TIRAM E DEIXAM LÁ, PRA TU LAVAR OLHA QUE HIPOCRISIA. EU TRABALHO O DIA TODO DE MÁSCARA, O DIA INTEIRO DE MÁSCARA PARA

LIMPAR A CASA, ELES NÃO USAM, A GENTE USA.

SONORA - SILMA DA SILVA SANTOS FIQUEI UNS 15/20 DIAS SEM

TRABALHAR, ME AFETOU BASTANTE SABE? E DAÍ NESSE PERÍODO BEM DA

(40)

PANDEMIA QUANDO FAZIA O TERCEIRO DIA QUE TAVA VOLTANDO A

TRABALHAR, DAÍ PEGOU FOGO NA MINHA CASA, ACONTECEU MUITA COISA ASSIM SABE?

SÓ QUE ASSIM, UMA DAS MINHAS PATROAS ME AJUDOU BASTANTE, NÃO TENHO O QUE RECLAMAR SABE? ESSA PESSOA AJUDOU BASTANTE

SONORA - JOCIELE BARBOSA ENTÃO COMO AGORA TÁ MEIO COMPLICADO POR CAUSA DESSA

PANDEMIA EU PERDI BASTANTE FAXINA E TAVA COM A SEMANA CHEIA

NA PANDEMIA AS PESSOAS TAVAM DESESPERADAS PARA LIMPAR A CASA, AGORA VOLTOU A PANDEMIA AS PESSOAS TÃO SEGURANDO UM POUCO MAIS, ATÉ PELA INCERTEZA NÉ, ATÉ PELO FATO DE HOJE EM DIA MUITAS PESSOAS NÃO TÃO PODENDO SE DAR AO LUXO DE TER UMA FAXINEIRA. A

PRIMEIRA COISA, DEU DIFICULDADE DEU UMA CRISE A PRIMEIRA COISA QUE CORTA É O QUE? FAXINEIRA,

EMPREGADA É SEMPRE ASSIM, COMO QUE A GENTE NÃO PRECISASSE DAQUELE DINHEIRINHO.

IMAGENS

-DOCUMENTÁRIO CAROLINA

15 DE JULHO DE 1955, HOJE É

ANIVERSÁRIO DE MINHA FILHA, VERA EUNICE. EU QUERIA DAR UM PAR DE SAPATOS PARA ELA, MAS O CUSTO DOS GÊNEROS ALIMENTÍCIOS NÃO NOS PERMITE A REALIZAÇÃO DOS NOSSOS DESEJOS. ATUALMENTE NÓS SOMOS ESCRAVOS DO CUSTO DE VIDA.

TEXTO DO OFF CAROLINA MARIA DE JESUS FOI UMA

ESCRITORA BRASILEIRA QUE FICOU FAMOSA COM SEU LIVRO "O QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA

FAVELADA", DE 1960. ELA MOSTRA O COTIDIANO DA PRÓPRIA VIDA NA FAVELA, ESCANCARANDO UMA

(41)

REALIDADE QUE A SOCIEDADE NÃO QUERIA VER. CAROLINA FOI UMA MULHER NEGRA, PERIFÉRICA QUE SEMPRE FEZ DE TUDO PARA CRIAÇÃO DE SEUS FILHOS, CAROLINA ERA CATADORA DE PAPEL.

IMAGENS CAROLINA

CAROLINA E FILHOS TEXTO

EU NÃO ESTOU DESCONTENTE COM A PROFISSÃO QUE EXERÇO

CAROLINA MARIA DE JESUS

SONORA EVELIN DOS SANTOS AS VANTAGENS QUE EU VEJO PRA MIM, E ISSO É PRA MIM NA MINHA VIDA, ACHO QUE PARA OUTRAS PESSOAS PODE SER OUTRA COISA, EU ACHO QUE É CONSEGUIR CONCILIAR E EU ACHO TAMBÉM QUE É MUITO PARTICULAR DESSA PESSOA PRA QUEM EU

TRABALHO. ELE JÁ DISSE PRA MIM, VOCÊ PODE MUDAR OS DIAS CONFORME VOCÊ FOR ESTUDANDO PORQUE ESSA PESSOA ME INCENTIVA MUITO A ESTUDAR, ELA FALA “NÃO TEM QUE ESTUDAR” AÍ TEVE ATÉ SEMESTRE PASSADO QUE EU CANCELEI

DISCIPLINAS E ELE DISSE, NÃO PODE DEIXAR ISSO ACONTECER SABE, ELE ME INCENTIVA MUITO, ELE DIZ, PODE

MUDAR OS DIAS SONORA - MARIA TEREZINHA

FLORIANO

TENHO QUARTO DENTRO DA CASA, TEM BANHEIRO NO QUARTO, TEM

TELEVISÃO TEM TUDO QUE EU QUERO QUERO ALI DENTRO DO QUARTO

MELHOR QUE TÁ EM CASA, PORQUE DAÍ DÁ 14H E EU TÔ LÁ DEITADINHA VENDO TELEVISÃO

(42)

ACABO DE LIMPAR A COZINHA DO ALMOÇO, NÃO FAÇO MAIS NADA ELES QUE VÃO LÁ FAZ O CAFÉ, ÀS VEZES ELA LEVA COISA LÁ NO QUARTO PRA MIM COMER “Ô DESCONFIADA”

SONORA - JOCIELE BARBOSA EU GOSTO MESMO É DE CASA DE FAMÍLIA, EU SEMPRE GOSTEI MAIS ASSIM DE CUIDAR DE FAMÍLIA. EU ACHO QUE JÁ PELO FATO DE, EU SOU MUITO FAMÍLIA, ENTÃO ASSIM FAZER UM BOLO, UMA LIMPEZA ASSIM NA CASA, O CHEIRINHO DE LIMPEZA DE UMA CASA É MARAVILHOSO.

SONORA- LUCIANA LEITE EU TENHO GRATIDÃO, SABE? EU TENHO GRATIDÃO COMO É QUE EU VOU DIZER, É PORQUE ELA, QUERENDO OU NÃO É UM TRABALHO, É UM TRABALHO MAS É UM LADO EMOCIONAL, EU GOSTO DELA SABE GOSTO MESMO DA PESSOA DELA. A GENTE PEGA AMOR NÉ. É UMA

RELAÇÃO EMOTIVA, A RELAÇÃO DE EMPREGADA DOMÉSTICA COM PATRÃO ÀS VEZES ELA ULTRAPASSA ISSO, COMO EU MESMO DISSE, NÃO TEM COMO SER SÓ PROFISSIONAL, VOCÊ LIMPA A CASA DA PESSOA, VOCÊ TRABALHA COM A PESSOA, SABE O QUE ELA COME, SABE COMO ELA SE VESTE, VOCÊ CONVIVE COM ELA O TEMPO INTEIRO, ASSIM NAQUELE PERÍODO ACABA QUE ELA FAZ PARTE DA TUA VIDA

SONORA - SILMA DA SILVA SANTOS ISSO QUE NÓS TEM HOJE SE NÃO É EU FAZER UM ACERTO NUM SERVIÇO MEU DE DOMÉSTICA, NÓS NÃO TERIA ENTRADA NESSE TERRENO AQUI. O DIA QUE DEUS RESOLVER ME LEVAR, EU QUERO DEIXAR MEUS FILHOS BEM, É O MEU SONHO.

SONORA - LEANDRO ASSIS EU TAMBÉM NÃO ESPERAVA, DE VERDADE QUE EU NÃO ESPERAVA A REAÇÃO EMOCIONADA DAS

EMPREGADAS DOMÉSTICAS, EU ACHAVA QUE ELAS IAM VER QUE É A

(43)

REALIDADES DELAS, ELAS PODIAM DISCORDAR DE UMA COISA OU DE OUTRA,DE COMENTAR, MAS A EMOÇÃO QUE ELAS TRAZEM MOSTRA UMA NECESSIDADE MUITO GRANDE DE SEREM VISTAS, DE VEREM A REALIDADE DELAS REALMENTE EXIBIDA. É MUITO POUCO AINDA PELO VISTO ENTÃO.

SONORA - LUANA SANTOS EU ACHO QUE SE MINHA MÃE NÃO

ESTIVESSE RALADO O TANTO QUE ELA RALOU, PARA PODER PERMITIR QUE EU AVANÇASSE MAIS QUE ELA AVANÇOU, NÃO TERIA ACONTECIDO. ENTÃO É UM TRABALHO COLETIVO, É UM TRABALHO DA MINHA AVÓ TER PERMITIDO, QUE MINHA MÃE PERMITISSE, E QUE EU POSSA PERMITIR. QUEBRAR ESSE CICLO É UM JEITO DE OLHAR PARA AS

MULHERES E FALAR ASSIM “ OLHA SÓ O QUE É QUE NÓS PODERÍAMOS SER SE NÃO NOS DIZEM, QUE NÓS DEVEMOS SER ISSO AQUI”

SONORA - LEILA DA SILVA É GRATIFICANTE TUDO ISSO, PORQUE QUANDO EU FIQUEI DOENTE, EU PENSAVA MUITO NOS MEUS FILHOS, PORQUE SE EU FICO DOENTE O QUE VAI SER DELES, MAS EU ADOECI PELO FATO NÃO VER OS MEUS FILHOS TODO DIA EU SÓ VIA ELES NO DOMINGO, PORQUE EU SÓ QUERIA TRABALHAR E SEMPRE DAR O MELHOR PRA ELES, MAS HOJE COMO EMPREGADA DOMÉSTICA EU CONSEGUI VIVER MAIS COM MEUS FILHOS. EU NÃO TENHO NEM PALAVRA PRA DIZER O QUANTO EU SOU GRATA DE SER UMA EMPREGADA DOMÉSTICA. EU AMO MINHA PROFISSÃO

TRANSIÇÃO SOBE SOM

IMAGENS

(44)

Leila da silva, uma das domésticas é minha mãe, e este filme é uma homenagem a ela e a todas as empregadas domésticas que conheci até hoje! IMAGENS

FOTO LEILA E FILHOS CRÉDITOS

PRODUÇÃO, ROTEIRO E EDIÇÃO MARIA EDUARDA DA SILVA

DIREÇÃO

MARIA EDUARDA DA SILVA ENTREVISTADOS

EVELIN DOS SANTOS BASQUES JOCIELE BARBOSA

LEANDRO ASSIS LEILA DA SILVA

LUANA KAROLINE GONSAGA MENDONÇA

LUCIANA LEITE

MARIA TERESA WIETHORN MARIA TEREZINHA FLORIANO SILMA DA SILVA SANTOS

IMAGENS

MARIA EDUARDA DA SILVA

IMAGENS CEDIDAS ARQUIVO PESSOAL BOM DIA BRASIL CAROLINA FANTÁSTICO JORNAL HOJE JORNAL NACIONAL LEANDRO ASSIS MG1

QUE HORAS ELA VOLTA? RJI

(45)

TEDX TALK

ZUMBI SOMOS NÓS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MAIO/2021

ORIENTAÇÃO

LESLIE SEDREZ CHAVES CURSO DE JORNALISMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Referências

Documentos relacionados

Este estudo avaliou a condição periodontal de gestantes acompanhadas em dois municípios, um com PSF e outro sem, mostrando que apenas a idade e o fumo foram os fatores de risco

Os transistores BJT possuem baixo ganho, portanto necessitam de alta corrente de base para serem chaveados, uma das formas de minimizar o problema é utilizar a configuração

MATEUS VALÉRIO DA COSTA JOÃO PAULO SOUZA MADEIROS DANIEL DE SOUZA MEDEIROS RITA DE CÁSSIA SILVA OLIVEIRA DANIELA YASMIM MORAIS COSTA DALIELMA VANESSA DA SILVA JOÃO VITOR

Avaliar o padrão respiratório, movimentação da parede torácica e eficiência ventilatória em indivíduos portadores de DPOC, com graus moderado e grave de obstrução da via

Essa norma tem por objetivo estabelecer critérios para projeto de melhoria do fator de potência nas instalações elétricas das Unidades Consumidoras através da instalação

Para alterar a pistola de desconexão de segurança com união roscada Kränzle p ara sistema de encaixe de troca rápida. Equipamento

(Adaptado de: OLIVEIRA, A. Disponível em: &lt;http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/fisica-sem-misterio/o-caos-e-a-ordem&gt;. Sistemas químicos que exploram reações químicas de