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O PRAZER DE VIVER SEM: O QUE É A ASSEXUALIDADE?

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Academic year: 2021

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O PRAZER DE VIVER SEM: O QUE É A ASSEXUALIDADE?

Emanueli Haiduk1 - Celer Faculdades Erlei Francisco Tavares 2 - Celer Faculdades

Eixo Temático 1: Sexualidade Humana

Resumo

O objetivo deste estudo é entender o que é a assexualidade, tratando-a na perspectiva de uma forma de viver a sexualidade caracterizada pelo desinteresse da prática sexual, que pode ou não ser acompanhado pelo desinteresse por relacionamentos amorosos. A assexualidade não ganhou visibilidade na história como uma categoria específica, porém as lutas pelos direitos das outras formas de viver a sexualidades ajudaram a construir um caminho pelo qual essa tem garantido atualmente seu espaço. O termo ficou mais conhecido após o advento das redes sociais que proporcionaram um espaço de encontros, debates e produção literatura cientifica.

Palavras-chave: Sexualidade. Assexualidade. Redes Sociais.

1. INTRODUÇÃO

Vivemos em uma sociedade marcada pela cultura do prazer sexual, na qual praticar sexo é visto como algo fundamental e sinônimo de realização pessoal, mas a sexualidade é algo bem mais complexa do que se imagina e vai muito além de uma simples função biológica ou um meio de se obter prazer. Diante da diversidade sexual existente surgem aqueles que se denominam assexuais, pessoas que não sentem a necessidade de encontrar um parceiro sexual e são felizes assim. A assexualidade já foi considerada uma patologia, porém de acordo com alguns pesquisadores hoje é tratada como uma das formas de viver a sexualidade optando por não a praticar. Atualmente quem se auto identifica assexual luta para que esta categoria ganhe mais visibilidade e seja classificada como uma nova orientação sexual. Para compreender o conceito de Assexualidade, esta pesquisa fundamenta-se na perspectiva da autora Oliveira (2014) que construiu sua tefundamenta-se de doutorado chamada “minha vida de ameba” tratando do assunto, também foi realizada uma

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pesquisa de revisão bibliográfica através de materiais como artigos e livros que tivessem como assunto a assexualidade.

2. ASSEXUALIDADE: UMA FORMA DE VIVER A SEXUALIDADE

Segundo Negreiros (2004) citado pelo Ministério da saúde (2013, p.39) Sexualidade é um conjunto de características humanas que se traduz nas diferentes formas de expressar a energia vital, onde se manifesta a capacidade de se ligar ás pessoas, prazeres, desejos etc.… denominada por Freud de libido. A sexualidade não se limita a alguns conceitos, seu espectro é ainda maior e cada indivíduo a expressa de modo particular.

Diante das diversas formas de viver a assexualidade uma em especial está conquistando seu espaço e buscando uma maior visibilidade, a assexualidade, definida por Oliveira (2014, p. 15) como uma forma de sexualidade caracterizada pelo desinteresse pela atividade sexual, podendo ser ou não acompanhada pelo desinteresse por relacionamentos amorosos. Brigueiro (2013, p. 263) complementa que a AVEN, maior comunidade de assexuais do mundo, fundada nos Estados Unidos define a assexualidade como uma orientação sexual, entendendo-a como uma condição intrínseca das pessoas, ou seja, é algo que faz parte, e está dentro dos sujeitos assexuais, por tanto não é uma escolha.

2.1 BREVE HISTÓRIA DA ASSEXUALIDADE

A história da assexualidade costuma ser dividia em três marcos importantes: O primeiro se dá com a discussão sobre o desinteresse sexual fora do contexto patológico produzida por uma pequena produção acadêmico cientifica espalhada pelos últimos anos do século XX. Os pesquisadores da época não demonstraram interesse no assunto, o tema existe e é citado em vários artigos e capítulos de livros, porém, não houve o aprofundamento das ideias. O segundo marco importante que gerou uma visibilidade maior para a assexualidade foi a emergência das comunidades assexuais virtuais. No início dos anos 2000 os debates sobre assexualidade começaram se intensificar na internet, em 2001 surge a AVEN- Asexual visibility and Education Network (Rede de educação e visibilidade sexual), comunidade que teria por objetivo promover uma discussão pública sobre a assexualidade e o reconhecimento social desta como uma orientação sexual.

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O terceiro e último marco foi a retomada e o fortalecimento da produção acadêmico-cientifica sobre a assexualidade, que foi proporcionada pelo crescimento de comunidades virtuais. Atualmente a maior parte dos trabalhos publicados sobre assexualidade é produzida por pesquisadores canadenses, norte-americanos e europeus, com destaque para a área de psicologia. Um dos pioneiros foi o psicólogo Anthony Bogaert que iniciou o estudo cientifico da assexualidade pós AVEN. Bogaert, através de pesquisa faz uma diferenciação de assexualidade e transtornos sexuais como o transtorno do desejo hipoativo.

2.1.1 Assexualidade na contemporaneidade

A assexualidade ainda percorre sua trajetória em busca de ser legitimamente considerada uma orientação, sendo que nota-se hoje uma crescente visibilidade sobre o assunto, principalmente na Internet, onde novas páginas, blogs e matérias surgem a cada dia, tendo inclusive ocorrido o lançamento de um aplicativo de celular chamado ACE- Mundo Assexual que é destinado apenas para homens e mulheres assexuais que buscam algum tipo de relacionamento sem sexo. Este ano no Brasil também houve o lançamento do primeiro livro dedicado apenas a assexualidade, chamado “Assexualidades em Trânsito”, escrito por Luigi D´Andrea e publicado pela editora Metanoia que descreve a assexualidade como uma possibilidade de orientação sexual, e a despatologização da mesma.

A AVEN explica que cada indivíduo considerado assexual possui particularidades, podendo se manifestar de diferentes formas, como por exemplo: Assexuais românticos- se interessam em viver um relacionamento amoroso, mas não sentem a necessidade de ter relações sexuais com seus parceiros; Demissexuais- experimentam atração sexual somente quando se existe um forte envolvimento afetivo; Gray-a- podem sentir atração sexual em situações específicas, bem restritas e não totalmente claras e os Arromanticos- não sentem interesse em relações amorosas e nem sexuais.(OLIVEIRA, 2013, p.05). Vale lembrar também que alguns assexuais podem sentir desejos românticos por indivíduos do mesmo sexo ou do sexo oposto, conforme a orientação de cada um. Conforme D´ Andrea (2017, p. 92) estas classificações são usadas pela AVEN com o intuito de universalizar a linguagem e os sentimentos assexuais.

Apesar das diversas pesquisas um dos maiores problemas enfrentados pelos assexuais é de acabar com a patologização da classe, como cita Bogaert (2006) apud Oliveira (2013, p.01) “Em lugar do transtorno e do distúrbio, o desinteresse

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em atividades sexuais, porém em uma sociedade marcada pela cultura do sexo é difícil não se sentir incomodado pela pressão que esta faz.

A visibilidade que a assexualidade tem recebido atualmente nas redes sociais está aos poucos garantindo um espaço de acolhimento, porém, muito ainda precisa ser feito. Conforme Oliveira (2014, p.45) “A escola é uma das primeiras e mais importantes instâncias socializadoras, que oferece a crianças, adolescentes e jovens a coexistência com a diversidade social," porém, nada se fala sobre o conceito do termo assexualidade dentro destas instituições, e ainda de acordo com Oliveira (2014, p.136) A ausência desta discussão contribui para a patologização da assexualidade, uma vez que estes jovens poderão acreditar que são portadores de algum transtorno físico, ou psicológico, por não terem estes sentimentos. Portanto, observa- se a importância de se iniciar uma discussão sobre este e vários outros temas relacionados a diversidade de orientações sexuais existentes, para que este adolescente, na descoberta de sua sexualidade seja amparado da melhor forma.

3. CONCLUSÃO

Apesar de ser um termo considerado novo, a assexualidade é algo antigo. Atualmente a categoria ainda não tem seu merecido reconhecimento e por muitos é considerada uma incógnita, mas graças a expansão das redes sociais houve uma maior visibilidade que gerou novos debates, proporcionando assim, um campo para novas pesquisas. Diante do exposto percebe-se que a escola seria um espaço ideal para o termo assexualidade ser inserido, garantindo assim, a redução do preconceito e da exclusão de pessoas que não se encaixam nos padrões considerados sexo-normativos, traçando o início de um caminho para a assexualidade ser tratada como uma nova orientação sexual.

THE PLEASURE OF LIVING WITHOUT: WHAT IS ASSEXUALITY? Abstract

The objective of this study is to understand what is asexuality, treating it in the perspective of a way to live a sexuality, characterized by disinterest in sexual practice, which may or may not be accompanied by disinterest in relationships. Asexuality has not gain visibility in history as a specific category, but as struggles for the rights of other ways of live a sexuality, helping build a path to make sure your space. The term became better known after the social networks that provided a space of meetings, to discuss and production of scientific literature.

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REFERÊNCIAS

AVEN – Asexual Visibility and Education network: www.asexuality.org

BRIGUEIRO, Mauro. A emergência da assexualidade: notas sobre política sexual, ethos científico e o desinteresse pelo sexo. Rio de Janeiro.2013. Disponível em: <

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-64872013000200012> D´ ANDREA, Luigi. ASSEXUALIDADES EM TRÂNSITO: Deslocando sobre o arco-íris com tonalidades cinza e preto. 1. Ed. Rio de Janeiro. Metanóia, 2017.

LOURO, Guacira Lopes. O CORPO EDUCADO: PEDAGOGIAS DA

SEXUALIDADE. 2ª Edição Autêntica. Belo Horizonte 2000. Disponível em: <

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/1230/Guacira-Lopes-Louro-O-Corpo-Educado-pdf-rev.pdf?sequence=1>

MINISTÉRIO DA SAÚDE. CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA: Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília.2013.

OLIVEIRA, Elisabete Regina Baptista de. MINHA VIDA DE AMEBA: Os scripts sexo normativos e a construção social das assexualidades na internet e na escola. São Paulo. 2014.

OLIVEIRA, Elisabete Regina Baptista de. SAINDO DO ARMÁRIO: A

ASSEXUALIDADE NA PERSPECTIVA DA AVEN – ASEXUAL VISIBILITY AND EDUCATION NETWORK. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais

Eletrônicos), Florianópolis, 2013. Disponível em:<

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