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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM BLUMENAU (SC): PREPARANDO PARA O TRABALHO OU PARA A CIDADANIA?

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM BLUMENAU (SC): PREPARANDO PARA O TRABALHO OU PARA A CIDADANIA?

Andréa Acioli de Barros, Professora da Rede Pública Municipal de Blumenau/SC; Especialista em Orientação, Supervisão e Gestão. e-mail: andreadebarros@terra.com.br Ancelmo Schörner, Professor do Departamento de História da UNICENTRO/PR, campus de Irati; Doutor em História. e-mail: ancelmo.schorner@terra.com.br RESUMO

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Blumenau; Trabalho; Cidadania. INTRODUÇÃO

Esta comunicação discute a relação entre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o mundo do trabalho em Blumenau/SC. As inovações tecnológicas, a crise do taylorismo e do fordismo, e o desenvolvimento das relações de produção capitalista nos últimos anos do século XX, criaram as condições necessárias à flexibilidade da produção. Quanto ao tipo de trabalhador demandado pela produção flexível e pelo novo sistema produtivo, é possível evidenciar novas características e aptidões: necessita-se de um trabalhador com múltiplas habilidades e busca-se capacidades e virtudes antes não valorizados no trabalhador. Este é um dos fortes motivos para vários empresários reivindicarem uma educação mais abrangente e de melhor qualidade, não sem repassar, contudo, os custos da formação da mão-de-obra ao Estado. É neste contexto que começam a se organizar no Brasil os centros de Educação de Jovens e Adultos, notadamente nas redes públicas de educação, como em Blumenau, onde isso começou a acontecer em 1984.

Assim, o sobjetivos do trabalho estão voltados para entender o papel da EJA na formação educacional de pessoas que, por diversos motivos, não tiveram acesso à educação (ensino médio e fundamental) na época correspondente; analisar como a EJA foi se transformando ao longo do tempo, e como, em diversos tempos, ela esteve voltada para atender mais aos interesses do capital do que do estudante propriamente dito, e estudar como a EJA poderia servir, efetivamamente, para a formação de cidadãos.

A pesquisa começou a ser desenvolvida em 2004 pela autora Andréa Acioli de Barros em e foi realizada no Centro de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria Estadual de Educação e no Centro de Educação de Jovens e Adultos (rede municipla). Ela consistiu no levantamento de dados sobre a história da EJA no município, número de alunos atentidos até aquele momento, empresas que aderiram ao projeto, objetivos do projeto e como ele foi transformado em política pública.

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A EJA é representativa de um movimento que começou com as reformas educacionais das décadas de 1980 e 1990. Tais reformas refletem o embate entre as forças antagônicas da sociedade: a expressão das reivindicações da classe trabalhadora, que se alargaram com o maior espaço ocupado pelos seus intelectuais na infra-estrutura de poder; e a reação da elite econômica, que parece “atender” as demandas da classe trabalhadora, mas que o faz no interesse de acomodação desse estrato, de forma a não descuidar do esforço necessário para avançar na valorização do capital.

Breve história da EJA.

Nos anos 1940 a Educação de Adultos era entendida como uma extensão da escola formal, principalmente para a zona rural. Nos anos 1950 ela passou a ser entendida como uma educação de base, com desenvolvimento comunitário. Com isso, surgem, no final dos anos 1950, duas tendências significativas na Educação de Adultos: uma que a entendia como uma educação libertadora (conscientizadora) e proposta por Paulo Freire (1979); a outra a

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ao mesmo tempo, produzindo as suas experiências, a práxis, o seu conhecimento e a sua cultura.

A Educação de Jovens e Adultos em Blumenau.

O Estado começou a atuar na educação de adultos em Blumenau no ano de 1984, quando duas salas foram cedidas pelo colégio Celso Ramos. A prioridade de então era dar continuidade ao que vinha sendo feito pelo antigo Mobral. Na época participavam do programa pessoas com mais de 30 anos que tinham a 4ª. Série. O programa estava organizado em módulos, que tinham a duração de dois anos e se fazia uma disciplina de cada vez. O currículo é a Educação geral, o antigo científico.

Nos primeiros anos chegou-se a formar, em média, 850 alunos. Entre as razões que levaram essas pessoas a voltarem aos bancos escolares estavam a necessidade de se manter no emprego ou conseguir um e crescer profissionalmente. As empresas (Linhas Círculo, Supermercado Big, Coteminas, Hering (a primeira), Hospitais Santa Isabel e Santa Catarina, Karsten, Lancaster, Malharia Cristina e Souza Cruz) que tinham o número necessário de alunos eram atendidas “in loco” (Pesquisa feita no Centro de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria Estadual de Educação pela autora Andréa Acioli de Barros em 10 de novembro de 2004).

Em 1989 a Secretaria Municipal de Educação criava a Escola Municipal de Ensino Supletivo, que atendia em, 2004, 321 educandos.

Os grupos de alfabetização de adultos foram criados através de um decreto municipal com o principal objetivo de atender a comunidade e as empresas, como previa a LDB, com a idéia da suplência, jovens e adultos que vêm para a escola recuperar o tempo perdido. A relação com as empresas, se dava no levantamento da demanda, na ocupação de um espaço no local, o lanche, material para educandos (Material da Secretaria Municipal de Educação de Blumenau sobre a EJA. s/e).

Em 1997 foi criado o MAC (Movimento de Alfabetização e Cidadania), que tinha como objetivo a promoção e alfabetização de mulheres da 3ª idade, pois entendíamos que este segmento sempre foi marginalizado pela nossa sociedade, não tendo oportunidades de acesso a escola. A partir da nossa visita aos locais de implantação do projeto, verificamos a necessidade de atender também jovens e adultos de ambos os sexos. Em 2004 o MAC atendia 81 educandos em sete pólos e tinha como objetivo principal uma alfabetização para além dos processos de escolarização, centrado nos interesses e aspirações dos mesmos (Prefeitura de Blumenau, 2003a).

Como conseqüência destas discussões e desta construção coletiva, surge o projeto da Escola Semestral de 5ª a 8ª série do ensino fundamental, na modalidade supletivo com avaliação no processo, que hoje conta com nove escolas e atende 1.750 educandos, a fim de atender as necessidades e peculiaridades do coletivo de educandos(as), jovens e adultos e educadores(as), amparadas pelo regimento único das unidades da rede municipal de ensino de Blumenau. Este projeto pretende possibilitar a seus(as) educandos(as) oportunidades educacionais apropriadas, onde na estrutura, organização e funcionamento do curso ministrado, será assegurada a melhoria da qualidade do processo escolar. É importante frisar que esta proposta rompe com as barreiras da escola seriada regular que evidencia a memorização e é cultuada pela pedagogia da repetência e da evasão/exclusão (Prefeitura de Blumenau, 2003a). Além disso, a EJA tinha o compromisso de organizar e possibilitar a ampliação dos conhecimentos, valorizando o papel educador do grupo.

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Dessa forma, pretende-se trabalhar com as pessoas em sua totalidade, com suas experiências, seus conhecimentos construídos historicamente, suas culturas, seus problemas, seus direitos, suas responsabilidades, seus sonhos e desafios; uma educação que tenha nestes jovens e adultos mais que alunos, mas sujeitos de um processo de educação continuada, que acontece também na escola, onde estes sujeitos estão inseridos na perspectiva de transformação social, realizando intervenções na realidade.

Essa concepção de EJA remete para ressignificação dos saberes da idade adulta, como tempo de formação de seres humanos como alunos educandos e os adultos educadores. Entendendo formação humana, como um processo global, é fundamental a valorização da vivência cultural, dos saberes dos alunos tratando-os como adultos conscientes de seus limites e possibilidades. Assim o objetivo é o de valorizar a experiência dos alunos como pessoas: jovens, adultos, com experiência de vida consolidada, mas que estão buscando ampliar seus conhecimentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto foi possível rever alguns aspectos da educação de jovens e adultos, tais como o histórico da EJA e sua evolução, a formação do professor e suas práticas de ensino na EJA, além de constatar que a EJA é uma educação possível e para além da formação para o capital. Ao longo dos anos, o avanço da tecnologia e da economia tem feito com que as pessoas sintam necessidade de retornar à sala de aula para aprimorar seus conhecimentos ou conseguir um diploma atestando uma escolarização mais elevada.

É oportuno lembrar que todos podem e devem contribuir para o desenvolvimento da EJA: os governantes devem implantar políticas integradas para a EJA, as escolas devem elaborar um projeto adequado para seus próprios alunos e não seguir modelos prontos, os professores devem estar sempre atualizando seus conhecimentos e métodos de ensino, os alunos devem sentir orgulho da EJA e valorizar a oportunidade que estão tendo de estudar e ampliar seus conhecimentos.

Referências bibliográficas.

BERNARDIM, Márcio Luiz. Educação do trabalhador: da escolaridade tardia à educação necessária. Guarapuava: Unicentro, 2008.

DEL PINO, Mauro Augusto. Educação, trabalho e novas tecnologias. Pelotas: UFPel, 1997.

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. Material da Secretaria Municipal de Educação de Blumenau sobre a EJA. s/e.

Prefeitura de Blumenau. Educação de Jovens e Adultos. (2003a). Disponível <http://www.blumenau.sc.gov.br/educacao/educjovad.asp>. Acesso em 02 de novembro de 2004.

Prefeitura de Blumenau. Política de Educação de Jovens e Adultos: projeto de formação 2003 para formadores. Blumenau, 2003b.

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TAUILE, José Ricardo e OLIVEIRA, Carlos Eduardo. Difusão da automação no Brasil e os efeitos sobre o emprego: uma resenha da literatura nacional. Rio de Janeiro, IEI/UFRJ, 1987.

ZENI, Dayse Schramm. Estudo sobre a indústria de informática do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Série Documentos, Núcleo de Estudos Industriais, nº. 1, outubro de 1992.

Referências

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