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ESTUDO AMBIENTAL EM UMA FEIRA - LIVRE - CAMPINA GRANDE/PB

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Academic year: 2021

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ESTUDO AMBIENTAL EM UMA FEIRA - LIVRE - CAMPINA

GRANDE/PB

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Silvana Fernandes Neto ; Bruno Soares Abreu ; Werônica Meira ; Sandra A. de Souza ; 5

Vera Lúcia Antunes de Lima

1 – Geógrafa – Mestranda em Rec. Naturais – silfeneto@yahoo.com.br 2 - Economista – Mestrando em Rec. Naturais – abreu.ufcg@gmail.com 3 - Meteorologista – Doutoranda em Rec. Naturais – UFCG – weronicam@yahoo.com.br

4 - Admin. Empr - Doutoranda em Rec. Naturais – UFCG – sandra.adm@hotmail.com 5 - Prof. Centro de Tecn. e Rec. Nat. - Dr. Eng. Agrícola - UFGC – antuneslima@gmail.com

Universidade Federal de Campina Grande – UFCG

RESUMO

O presente estudo objetivou avaliar os impactos ambientais causados pela realização de uma feira- livre localizada na porção central do município de Campina Grande – PB. Para tanto, utilizou-se a metodologia de listagem (Check-list), onde foi possível observar alguns aspectos relevantes a exemplo de: poluição sonora, poluição visual, ausência de higiene local, instalações inadequadas, entre outras No que tange aos impactos positivos, pode-se apontar: geração de emprego e renda para as famílias dos produtores participantes através da criação do ponto de comercialização, maior comodidade aos consumidores aquecendo e desenvolvimento da economia local. A partir dos aspectos observados, elaborou-se medidas mitigadoras como alternativas que impeçam ou minimizem os impactos causados pela realização da mesma.

Palavras-Chave: desenvolvimento local; valoração de produtos; feira-livre

INTRODUÇÃO

Para que haja a devida compreensão de questões de proteção e preservação do meio ambiente, bem como crescimento e desenvolvimento econômico, faz-se necessário um estudo que avalie os impactos ambientais causados por certas atividades no setor.

Denomina-se impacto ambiental a “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota e a qualidade dos recursos ambientais”, CONAMA 01/86:01.

Dentro deste contexto, temos o caso da Feira Agropecuária Regional de Campina Grande - FEAGRO, que se realiza semanalmente na parte central do município de Campina Grande – PB.

Esta feira-livre foi criada, quando um grupo de produtores rurais, sentindo as dificuldades enfrentadas para comercialização de seus produtos, se organizaram e fundaram uma associação, visando fortalecer a comercialização em conjunto de seus produtos. Ainda, a tomada de decisões com gerenciamento contínuo, planejamento de produção e, acima de tudo, evitar a comercialização de produtos não característicos da região, ou seja, comercializar apenas os produtos próprios das unidades de produção.

Assim, o objetivo primordial da FEAGRO é a comercialização de produtos gerados por pequenos agricultores e seus familiares do município e das regiões do brejo, cariri e agreste paraibano, sem a interferência de atravessadores. Tem-se na feira um espaço de sociabilização, onde os produtores procuram junto a sua família e a sua comunidade uma alternativa da sustentabilidade sócio-econômica-ambiental.

Embora a feira seja um empreendimento de importância sócio-econômica, tanto para pequenos produtores rurais, como para os consumidores que da mesma se abastecem, ainda não existe estudos e diagnósticos que tratem de problemas relacionados ao funcionamento de uma feira livre. Sendo assim, este projeto foi realizado com o intuito de avaliar os impactos ambientais associados à mesma, com o levantamento dos problemas encontrados no ambiente de realização da feira, bem como, dos produtos ali comercializados, dentre outros aspectos.

Acredita-se que esse estudo venha contribuir com engrandecimento dos produtores, possibilitando aos mesmos, agregar valores aos seus produtos, bem como, contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas para o setor.

Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo a realização de um estudo para avaliar os impactos ambientais associados à feira-livre do “Parque do Povo”, enfatizando os problemas encontrados no ambiente de realização da feira, bem como, dos produtos ali comercializados,

CARACTERIZAÇÃO GERAL

Este estudo foi desenvolvido em uma feira-livre ( F E A G R O ) d e p r o d u t o s a g r o p e c u á r i o s e d e hortifrutigranjeiros, localizada na zona central do município de Campina Grande-PB, no local denominado “Parque do Povo”, conforme figura 01.

Revista Educação Agrícola Superior

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Campina Grande é considerada a segunda maior cidade do estado da Paraíba, com uma população superior a 354.370 habitantes, sendo uma densidade populacional em torno de 365 hab/km² distribuídos por uma área de 970 km², IBGE (2000).

Hoje o município é considerado um dos principais pólos industrial e tecnológico da Região Nordeste do país, exercendo grande influência política e econômica sobre outros 57 municípios do Estado da Paraíba (42,5% do território estadual).

Apresenta como principais atividades econômicas à extração mineral, culturas agrícolas, pecuária, indústrias de transformação, de beneficiamento e de software, comércio varejista, atacadista e serviços.

O município se encontra no Compartimento da Borborema, o qual é constituído de cinco microrregiões sendo Agreste da Borborema, Brejo Paraibano, Cariris Velhos, Seridó Paraibano e Curimataú.

Ainda o município está inserido na bacia hidrográfica do Rio Paraíba, uma das maiores bacias do Estado, responsável pelo abastecimento de água de grande parte da população paraibana.

Por se tratar de um município de pequeno a médio porte, Campina Grande também oferece diversas áreas ainda desocupadas (terrenos baldios), verdadeiro habitats para “fauna urbana”. A arborização, as praças, jardins, quintais, esgotos, açudes, e lixões também oferecem abrigo e alimento para animais diversos que vivem na cidade, de certa forma convivendo harmonicamente com a paisagem.

Em geral, a conservação dos sistemas de esgotamento sanitário ou acondicionamento do lixo não se encontra em boas condições, causando o aumento de certas populações de animais que acabam tornando-se vetores de inúmeras doenças. O fenômeno de pragas e endemias observadas em alguns bairros pode ser o indicativo de desequilíbrio ambiental.

METODOLOGIA

A feira–livre do “Parque do Povo” ocupa cerca de 2000m² de área coberta, onde são acomodados aproximadamente 40 bancas com produtos diversificados, figura 02.

Figura 02 – Feira-livre na pirâmide do Parque do Povo.

Podemos destacar os hortifrutigranjeiros, como hortaliças, frutas, legumes e grãos, na sua grande maioria produzidos sem agrotóxicos; produtos artesanais como colares, brincos e toalhas; derivados de animais como carnes, leite, ovos e queijos; ainda doces caseiros, produtos fitoterápicos, mudas de plantas, produtos de limpeza, entre outros.

Para identificar os impactos ambientais causados pela feira-livre, utilizou-se da metodologia de listagem - Check-List. Esta metodologia consiste na identificação e na enumeração sistemática dos fatores ambientais relevantes encontrados a partir das ações impactantes advindas da implementação do empreendimento, Rocha (1997).

A listagem representa um dos métodos mais utilizados em estudo de Avaliação de Impactos Ambientais, pois consiste na identificação e enumeração dos impactos, a partir do diagnóstico ambiental realizado por profissionais especializados. Com o diagnóstico, são relacionados os impactos decorrentes das fases de implantação e operação do Figura 01 – Localização do Parque do Povo em Campina Grande.

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empreendimento, categorizando-os em positivos ou negativos, conforme o tipo da modificação antrópica a ser introduzida no sistema analisado, Rovere (1992).

Para o levantamento dos dados, realizaram-se várias visitas “in loco”, com descrição e amplo registro fotográfico da feira. Ainda foram realizadas entrevistas com os produtores/comerciantes, compradores e moradores das proximidades do local onde se realiza a FEAGRO.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do estudo e dos resultados obtidos por meio dos questionamentos realizados e pelas visitas no local de realização feira-livre do “Parque do Povo”, pode-se observar tanto aspectos positivos como negativos.

Observações realizadas sobre os aspectos positivos Destacam-se cinco aspectos positivos:

·Geração de emprego e renda: incentiva a produção e a comercialização de produtos, principalmente no âmbito familiar;

·Aquecimento da economia local: como o comércio da feira, alguns estabelecimentos da redondeza acabam também tendo benefícios;

·Comodidade para os consumidores: como a feira ocorre semanalmente, os consumidores têm oportunidade de comprarem os produtos in natura próximo as suas residências;

·Desenvolvimento in loco: a economia da localidade de onde provêm os produtores é aquecida, pois os mesmos conseguem vender seus produtos e obter uma renda mais estável na família;

·Preços dos produtos mais acessíveis: devido a não presença de intermediários na comercialização, os produtos podem ser vendidos por um preço diferenciado.

Observações realizadas sobre os aspectos negativos Destacam-se treze aspectos negativos:

·Poluição visual: ocasionado pela forma inapropriada de exposição dos produtos, principalmente os de origem animal como: carnes, peixes, etc, figura 03.

Figura 03. Poluição visual.

·Poluição sonora: ruídos sonoros produzidos pelos carros, e pelas pessoas conversando alto;

·Poluição do ar: devido à má exposição, principalmente dos peixes, o mau cheiro exala pelo ambiente;

·Atrativo de vetores de doenças: a partir da exposição de derivados de produtos animais, a presença de insetos como mosca, baratas, entre outros, e de animais peçonhentos, são facilitados, com isto podem gerar doenças;

·Falta de higiene local e pessoal: os produtos são expostos de forma inadequada, bem como os comerciantes não tomam o cuidado devido para lidar com o produto e com o dinheiro;

·Ausência de condições básicas de saneamento: não se encontra água, nem banheiros higienizados, tanto para uso dos comerciantes como para os consumidores;

·Exposição inadequada dos alimentos: as carnes são expostas ao tempo, sem refrigeração e mesmo encima das bancadas sem o devido cuidado e condições adequadas, figura 04;

Figura 04. Exposição inadequada de carnes sobre as bancadas.

·Congestionamento no trânsito de veículos nas ruas de acesso: os consumidores estacionam seus carros em locais proibidos, enquanto efetuam suas comprar, infringindo as leis de trânsito;

·Obstrução do trânsito de pedestres: têm-se dificuldades de trânsito sobre a calçada, devido à presença de bancas e carros de atravessadores neste espaço, fazendo com que as pessoas andem pelo meio da rua, figura 05;

Figura 05. Atravessadores com produtos e bancas sobre a calçada.

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·Atração de comerciantes clandestinos: ocorre a presença de atravessadores comercializando outros tipos de produtos, descaracterizando o propósito da feira, figura 06;

Figura 06. Comerciantes clandestinos descaracterizando a FEAGRO

·Disposição inadequada de resíduos sólidos: os restos de resíduos são jogados ao chão a espera do recolhimento pelo pessoal responsável depois do horário da feira;

·Desperdício de alimentos: muitos alimentos são jogados fora, mesmo em condições de serem transformados ou consumidos, por não apresentarem bons aspectos, figura 07;

Figura 07. Restos de alimentos (bananas) sendo jogados fora. ·Atração de vândalos e saqueadores: pelo fato de aglomerar pessoas, muitos desses maus elementos, vindos de outras regiões da cidade, vem para o local ou para as redondezas para cometerem delitos;

PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS

MITIGADORAS

Com a finalidade de contribuir para mitigar os impactos negativos observados, apresenta-se as seguintes proposições:

1. Afastamento de ambulantes clandestinos que agregaram suas bancas de comercialização no entorno do empreendimento, pois o objetivo da feira é de facilitar para os

produtores associados à comercialização dos produtos vindos de suas propriedades;

2. Fiscalização permanente dos órgãos responsáveis pelo controle de tráfego de veículos próximo ao do empreendimento, permitindo a segurança dos motoristas e pedestres;

3. Fiscalização freqüente da vigilância sanitária, com intuito de evitar a exposição e a comercialização dos produtos de forma inadequada;

4. Maior suporte técnico, por parte da EMATER, ou órgão municipal responsável, aos produtores associados, com relação à produção, armazenamento e transporte dos produtos;

5. Aplicação de cursos para os produtores, de transformação de seus produtos, no sentido de agregar valor, de forma a ampliar a diversidade oferecida e os rendimentos;

6 . M a i o r d i v e r s i f i c a ç ã o d o s p r o d u t o s comercializados, uma vez que a oferta dos produtos e a diversificação são pequenas, os consumidores acabam optando pelos produtos oferecidos por vendedores clandestinos que ficam nas redondezas da feira;

7. Construção de sanitários próximos ao empreendimento, pois condições mínimas de higiene se fazem necessárias e os banheiros encontrados, além de ficarem distante do local, não apresentam condições de uso;

8. Melhoria na estrutura física (bancas) onde os produtores expõem seus produtos, pois as mesmas, por ser parte em madeira, favorecem a proliferação de bactérias, sugere-se a adoção de material que seja de fácil higienização;

9. Melhoria na infra-estrutura em geral, pois o espaço onde se realiza a feira, é mal iluminado, não se encontram pias com água e nem bebedouros;

10. Presença ostensiva de segurança no local, pois é comum acontecer delitos por saqueadores que transitam entre o público consumidor;

11. Cuidados com as condições de higiene pessoal no momento da comercialização, onde o produtor pega sem proteção nas mãos o produto e ao mesmo tempo o dinheiro para entregar ao comprador, sugere-se a utilização de luvas ou uma pessoa responsável pelo recebimento do dinheiro;

12. Melhoramento nas condições de higiene local, com a presença de maior número de coletores de lixo, distribuídos entre as bancas e nas proximidades das mesmas, pois o lixo ou sobra de produtos são largados ao chão;

13. Melhorias no acondicionamento dos derivados como peixes e carnes que ficam ao ar livre, pois poderiam ficar armazenados em caixas resfriadas ou já vir da propriedade congelados e acondicionados em caixas térmicas;

14. Criação de normas a serem seguidas pelos produtores, com relação a tipos de produtos comercializados e condições de comercialização;

15. Criação de uma lei municipal que regulamente a comercialização e a fiscalização dos produtos encontrados na feira, pois na prefeitura municipal não se encontra registros neste sentido;

16. Fiscalização freqüente por parte da secretaria de saúde e órgãos responsáveis, pelas condições de exposição dos produtos, principalmente os de origem animal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização da Avaliação dos Impactos Ambientais, na feira-livre do Parque do Povo - FEAGRO foi possível constatar e vivenciar as dificuldades enfrentadas por produtores rurais familiares, em ter um local adequado para comercializar seus produtos, satisfazendo as exigências de um mercado consumidor, enfrentando a concorrência com atravessadores.

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Avaliando o espaço do Parque do Povo, local onde os produtores rurais comercializam seus produtos, podemos constatar, através do Método de Listagem Check-List, alguns impactos positivos e negativos gerados pela feira-livre. Dentre os impactos negativos, destaca-se: poluição visual, poluição sonora, presença de vetores de doenças, falta de higiene local e pessoal, exposição inadequada dos alimentos comercializados, congestionamento no trânsito de veículos e pedestres, entre outros. Com relação aos impactos positivos mais relevantes, podemos destacar: geração de emprego e renda, aquecimento da economia local, comodidade para os consumidores, desenvolvimento in loco e preços dos produtos mais acessíveis que no comércio local.

Tentamos informar neste documento ações que devem ser priorizadas pelos órgãos públicos, para que não haja desperdícios de verbas, fazendo com que os resultados produzidos sejam otimizados e ainda mais positivos. Desta forma, acredita-se que esta pesquisa venha contribuir com a valorização dos produtores, possibilitando aos mesmos, agregar valor aos seus produtos. Ainda, conscientizar os órgãos públicos a investirem preventivamente em políticas setoriais que impeçam ou minimizem os impactos ambientais causados pela realização da feira.

REFERÊNCIAS

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA 01/86.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2000. Brasília, 2001.

ROCHA, J. S. M. (1997). Manual de projetos ambientais. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 423p. ROVERE, Emilio Lebre La. Metodologia de avaliação de

impacto ambiental. Documento final, Instrumentos de Planejamento e Gestão Ambiental para a Amazônia, Pantanal e Cerrado – Demandas e Propostas. Brasília: Ibama, 1992.

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